Thursday, April 27, 2006

Um véio magal...

Será que vamos guardar algumas de nossas manias mesmo quando formos bem velhinhos? Homem – via de regra – adora carro. Por motivos financeiros, não se vê mais tantos carros esportivos, roncos de motores, aceleradas.. o que se vê é a magaleada enfiando aerofólios e spoilers em carrinhos de passeio e um clip de funk no dvd poluindo os ouvidos alheios. Antigamente era tri comum Opala 6 cilindros ou Maverik de 6 ou até 8 cilindros e seus roncos inconfundíveis. Um carro do mesmo porte hoje, como um Omega ou Mustang, é privilégio de pouquíssimos, muitas vezes em idade avançada que não querem mais saber de exibir os roncos dos motores.

Pois não é que hoje vi um Maverikão 4 portas novíssimo. Inteiraço mesmo. Branco, rodas originais, tudo original, aliás. Pilotando? Um senhor.. beeeem velhinho! Vestia um casaco Gabardine creme. E o que ele fazia? Acelerava! Brllrlrlrlrlrllruuuuuummm.... E mais.. Balançava o carro enquanto acelerava, segurando no freio de mão. Bah, daí eu não acreditei! O véio parecia um guri brincando de acelerar e balançar o carro na sinaleira. Muito engraçado! Claro, se fosse um gurizão eu ia chamar de magal. Mas achei engraçado. Será que eu vou brincar de enfiar a mão na boca aos 76?

Eu tenho um ímã pra veado...

Olha, num breve exercício mental lembrei de alguns episódios. Pensei logo em outra coisa pra não virem mais e más recordações. Já até publiquei uma delas (22/06/04), que foi aquela em que um magrão me convida pra dividir uma cerveja e eu, ingenumente, aceito. Aí ele me convida pra sairmos do balcão e sentarmos numa mesa, que ele tinha tudo o que eu queria.. fala sério!

Noutra ocasião eu e uns colegas de serviço estávamos saindo ali do Bauru e Cia, na Demétrio e indo pegar o carro na Espírito Santo. Eua ia na frente e os guris logo atrás. No sentido contrário vinham dois senhores, já de cabelos brancos, um deles com um blusãozinho rosa bebê sobre os ombros e brincos dourados nas duas orelhas. Ao passar por mim, falou: “Ui.. meu gaaaaaalo!!!” Eu inventei de perguntar “O quê?” e aí sim.. “Te chamei de meu galo, ué!!!”. Acabou totalmente com a minha reputação entre os colegas.

Vou puxar só essas duas do arquivo, tá mais que bom.

Mas aí tô eu no Azimute, bem tranqüilo, eu e dez gurias. Pra não dizer que era só eu de homem tinha o namorado de uma das gurias. Aí fui no bar buscar uma cerveja. Me escorei no balcão e fiquei esperando o garçom me atender. Tava bem cheio, muita gente no bar. De repente senti uma assoprada quente e contínua no pescoço, muito de perto. Imaginei logo, não se tratar de uma mulher. Mas fiquei frio, nem ohei pro lado. Mas aí veio de novo.. mais demorado ainda.

Eu odeio briga, ainda mais em bar. Em lugar nenhum, pra falar a verdade. Sou tri cagão. Olho roxo e cara esfolada não são pra mim. Mas eu precisava tomar uma atitude. Tomara que eu não tivesse que brigar, mas se tivesse, azar! Vierei-me e olhei bem pra cara do marmanjo. Nem cara de veado tinha.

- Tu tá com algum problema? – já falei pensando que ia ter que enfiar a mão na cara do infeliz.
- Não, por quê? – bem cara de pau!
- Não mesmo?
- Não..
- Então tá.

Voltei-me ao balcão e pedi a cerveja. Ele não fez mais nada. Pode não ter sido a atitude de muitos, mas achei a mais sensata pra que o veado visse que eu não tinha gostado e sem causar tumulto no bar.

Contei pras gurias e elas deram risada! Uma delas até perguntou como era o figura. Quando o descrevi ela disse: “eu sabia!”. Diz ela que entrou no bar, olhou pro magrão e deduziu: é!

No dia seguinte voltamos ao Azimute. E quem encontramos? O tal! Bah.. quando as gurias me mostraram vi ainda que ele tava me olhando, talvez reconhecendo da noite anterior. Curtimos a noite tranqüilamente, sem percalços. Ele ainda conversou com uma de nossas amigas, dizendo que tinha adorado seu perfume. Ela respondeu que tinha versão masculina. O que ele disse? Que tinha gostado era daquele mesmo! Quando descemos pra ir embora faltava uma das gurias. A Sandi. Uma das nossas amigas prontamente disse que subiria novamente pra chamá-la. Voltou toda se rindo.

- O que houve?
- (ela não parava de rir)
- Fala, mulher!
- (risadas)
- Já sei, ela ficou com o veado!
- ... (balançou a cabeça positivamente, rindo muito)

Bah, quando contei o episódio do bar pras gurias, essa nossa amiga não tava. O pior, depois, foi agüentar as piadinhas das gurias de que ele só tinha ficado com a Sandi pra se aproximar de mim. Pode? Hahahahahahahaha!!!!

Monday, April 24, 2006

Meus parabéns!!!

Eu tinha dez anos e nunca tinho ido a um velório. No dia de finados sempre íamos no cemitério de Canoas, onde estavam os túmulos de dois avós. Mas a enterros e velórios ainda não.

Aos dez anos eu tava na quarta série e tinha aulas de português com a tia Carla Lemos, que era nossa vizinha. Um amor de pessoa. Antes de eu ser seu aluno vivia indo à sua casa brincar com um coelho que ela tinha. Grande, branco e com os olhos bem vermelhos. Depois que passei a ser seu aluno não quis mais ir lá brincar com o coelho. Talvez tenha estabelecido no meu subconsciente uma relação de distância professor/aluno.

Nesse mesmo ano, o marido da dona Carla tava com uns problemas financeiros e deu uma sumida. Todos achavam que ele ia procurar algum tipo de ajuda, pedir dinheiro emprestado, sei lá. Mas simplesmente sumiu e não deu notícias. A dona Carla que tinha qiue se virar desdobrando os credores que não paravam de aparecer, além de não saber mais onde procurar o marido.

O desespero foi tanto, que ela mandou um de seus filhos à praia, ver se ele não tinha ido se exilar na casa que tinham em Capão. Naquela época não tinha celular, as informações demoravam bem mais pra chegar. No final do dia, finalmente, a notícia de que o Seu Heitor realmente tinha se recolhido à casa de Capão. E lá, num ato de profundo egoísmo e falta de humildade pra pedir ajuda, cortara os pulsos. Deixava assim, além de todas as contas, a dor tatuada na mulher e nos três filhos.

A comoção lá na rua foi geral. Todos trataram de consolar Dona Carla e seus filhos. Depois de um tempo, a família conseguiu reverter a situação financeira e até hoje vivem muito bem. Aliás, a casa da Dona Carla é a mais simpática de toda a rua. Mas ainda tinha o velório e o enterro do Seu Heitor, que foi lá no João XXIII.

Minha mãe era muito amiga da Dona Carla. Mas meu pai não quis acompanhá-la no velório. Aí ela me convidou. Fomos com um vizinho, o Seu Fernando. Era uma noite chuvosa e fria de uma quarta-feira de agosto. Desci correndo do Del Rey do Seu Fernando e me abriguei embaixo de uma marquise. Nunca vi tanta gente lá da rua reunida. Minha mãe me deu a mão e nos aproximamos da capelinha onde acontecia o velório.

Tinha uma fila enorme de pessoas que chegavam até a Dona Carla, falavam baixinho no seu ouvido, abraçavam-na e saíam. Resolvi que ia entrar na fila e acompanhar a minha mãe. Fiquei à frente dela. Só que tinha um porém: eu Não sabia o que se dizia a uma viúva numa hora dessas. E não quis perguntar à minha mãe. Ah, e eu era a única criança presente. Fiquei ali, quietinho na fila esperando a minha vez. Tentava escutar o que diziam, mas não tinha como.

Faltava só uma pessoa, o Seu Agostinho. Foi lá, sussurrou, deu um abraço e saiu. Era a minha vez. Eu já estava um pouco tremendo pelo frio que fazia. Não tinha a mínima idéia do que se falava naquela ocasião. Me aproximei. Dei os quatro passos que separavam o primeiro da fila até a poltrona da Dona Carla. Abracei-a, puxei ar pra pegar um pouco de fôlego e soltei, de uma só vez:

- Meus parabéns!

Wednesday, April 19, 2006

Herança de mãe...

Minha mãe não sabe, mas ela me deixou uma herança em vida que dinheiro nenhum paga. Na verdade fiquei procurando uso pra essa palavra que só ouvi sendo pronunciada com naturalidade nas novelas da globo nos idos de 80. Nessas novelas em que marmanjos como a Lucinha Lins e o Cássio Gabus Mendes tratam os pais por mamãe e papai, que meiguinho. Pois nessas novelas se falava muito em herança.

A herança a que me refiro, que minha mãe me deixou na infância e que só me dei conta há alguns dias, não tem dólares, nem apartamentos, nem sítios nem haras – aliás, haras é outra coisa que só vi em novela – é uma coisa muito mais simples: me chamar lá do pátio, quando eu estava brincando, pra tomar o café da tarde...

- Raulziiiiiiiiiiiiinho!!! – gritava ela da cozinha.
- Quêêêêê.. mããããe...??? – eu respondia, invariavelmente brincando com meus Playmobil
- Vem tomar café!!!

Na verdade eu já sabia, porque o cheirinho do café passado percorria todos os cantinhos do pátio e invadia até as cozinhas - desprovidas de minha mãe - dos vizinhos, que não se continham e davam uma espiadela por cima do muro, sempre fazendo um comentário..

- Passando um cafezinho, Dona Nair?
- Tô.. daqui a pouquinho minha filha chega do colégio e gosta de tomar um café..

Falavam isso por cima do muro, muitas vezes sem ver umas às outras. Quem mora em casa tem dessas coisas. E era bom aquele café. Posso dizer que até hoje é, mas o segredo estava nas guarnições. Elas é que são minha herança. Naquele tempo o pão não era esse cacetinho amassado que comemos hoje. Era pão de meio e pão de quarto, que o seu Herny, o italiano do armazém, vendia quentinho. Minha mãe servia o café com leite na minha caneca de porcelana, um hábito que tenho até hoje, e cortava o pão de meio, ainda quente, em fatias de dois dedos, e passava a manteiga da Corlac, aquela do papel dourado.

Eu arregalava os olhos pra manteiga que se derretia em cima da fatia do pão e assoprava o café pela borda da caneca pra não queimar a língua. Isso quando minha mãe não inventava de fazer um bolo de laranja, que igual nunca vi. Até hoje o velho pé de laranja ornamenta o nosso pátio e colore-se de laranja em setembro. Minha diversão era colher as laranjas com um artefato de madeira com uma lata de nescau na ponta e depois, fazer delas o suco para o bolo. Lembro que ela dava o toque final no bolo com uma calda de laranja por cima e as raspas da casca que perfumavam toda a casa.

São essas coisas que nenhum hotel de luxo, nenhum restaurante mais requintado, nem mesmo os cafés coloniais de gramado vão conseguir reproduzir. Existia toda a mística que envolve uma criança que brinca no pátio com seu Playmobil e terá o maior prazer em interromper o seu brinquedo, porque tudo o que a rodeia é amor, desde o seu lar, a sua mãe e tudo o que ela faz.

Monday, April 17, 2006

Uma Páscoa com a família que a gente escolhe..

Depois do Carnaval, o evento mais esperado por todos é um só: a Páscoa. Mas não a Páscoa assim.. como é que eu vou dizer? Aquela loucura toda que se sucedeu lá pelas bandas de Jerusalém há dois mil anos e lembrada até hoje como uma das maiores histórias de amor já ocorridas. Todo aquele sacrifício, todo aquele sangue, toda a entrega, não são suficientes pra fazer frente aos coelhinhos de chocolate e todos seus ovinhos. Mesmo sem saber explicar a relação de um coelho com a Páscoa e muito menos da relação do ovo com esse coelho, a indústria do chocolate, nessa época, é mais promissora a cada ano. Ainda que o mascote achocolatado fosse trocado por uma galinha grávida, garanto que em pouco tempo o sucesso seria obtido.

Isso é só uma observação. Eu faço a minha parte nesse sucesso todo do chocolate. E quanto à história do JC na cruz, apenas lembro, nenhuma atitude mais cristã. Uma coisa que sempre procuro fazer é passar esse momento com o maior número de amigos possíveis. A galera sempre se agiliza pra uma trip na praia ou um acampamento, seja nos canions de Cambará do Sul, na Cascata do Chuvisqueiro ou às margens do Paranhana em Três Coroas. Qualquer lugar é lugar quando se quer curtir um fim de semana entre amigos.

Assim foi a Páscoa deste ano. As propostas iniciais eram muitas, desde o Forte Santa Tereza, no Uruguai até a praia da Pinheira, em SC. Depois de lotar a caixa de emails com discussões se íamos pra cá ou pra lá, acabamos optando pelo camping de Três Coroas. E isso só foi acontecer na tarde de quinta. Chegamos até a pensar em desistir, pelas desistências, mas como não é número que faz uma indiada acontecer, prosseguimos. Eu ia fazer uma indiada à parte, mas fui interceptado.

Pra garantir lugar nos carros, que eram poucos, saí do trampo correndo e comprei uma passagem pra Três Coroas para as 20h de quinta. Fui pra casa organizar as coisas e partir logo. Às 18:10, extamente, entrei em casa. O Plano: até 18:30 arrumar a parte das roupas e até às 19h os outros utensílios: lonas, cordas, fósforos, fogãozinho, panela, bola.. e tudo mais que se pode usar num camping. A barraca tava na casa de um amigo. Eu iria de táxi de casa até a rodoviária, passando na casa desse amigo pra buscar a barraca. A idéia era de eu chegar na rodoviária de Três Coroas e ficar esperando a galera num boteco qualquer.

Eu tava bem tranqüilo dobrando uma camiseta amarela e ajeitando-a na mala quando vi as horas. PQP!!! 18:50h E eu ainda não tinha nem tomado banho. Bah, passei voando embaixo do chuveiro e tratei de arrecadar tudo o que eu via pela frente.. isqueiro, cordinha, lâmpada, violão, rádio,... entrei no primeiro táxi que vi e dei o destino.

Parênteses: o tiozinho motora do táxi tinha mais tique que louco de porta de hospital. Se remexia todo no banco e dava uns solavancos pra arrancar o carro. Uma hora virei pra ele e fiquei olhando sério, como perguntando se ele tava com algum problema. Parou de pular na hora. Ainda quis dizer que acampar na Barra do Ribeiro e Magistério seria mais interessante que Três Coroas... tsc tsc tsc

No caminho pra casa do meu amigo recebi a ligação da Ro, que já saiu dizendo:

- Não compra passagem!
- Como assim?
- Não compra, a gente vai junto. Aí tu vai com a gente!
- Bah, que show! Eu já comprei, mas tudo bem. Guardo-a de recordação.

Parei no Bourbon e fui comprar as coisas que faltavam, esperando eles chegarem, ela e o Scooby. Dali em diante foi só tranqüilidade. Lá no camping foi aquela função de sempre.. escolher lugar pra colocar as barracas, retirar as pedras* que estorvavam, catar tocos pra fazer a fogueira, procurar tomadas pra luz...

* Esse lance das pedras foi engraçado. Achei o lugar ideal pra colocar a barraca, mas tinha uma pedra de tamanho considerável incomodando. Passei uma meia hora escavando na volta e me matando pra tirar a dita cuja dali. Ficou um baita buracão. Montei toda a barraca e no fim, a surpresa: o buraco tava longe da barraca. Não faria diferença nenhuma se a pedra ficasse ali.

O segundo carro chegou no meio da madrugada agitando todo mundo. Era a primeira noite de uma Páscoa muito divertida no meio do mato. No sábado jogamos futebol com uma gurizada que tava acampada por lá, entre eles um magrão com a camiseta do MST. Os guris o apelidaram na hora de "Zé Rainha". Foi muito engraçado, e serviu de inspiração pra uma boa sessão de risadas na manhã seguinte. O Rodrigão puxou a seqüência de frases, e nós demos continuação..

- Quando o Zé Rainha pegou a bola teve um latifúndio pra trabalhar!
- Hahahahahhahaha
- Zé Rainha só queria saber de invadir a área!
- Hahahahhahahha
- Zé Rainha entrou impedido!
- Hahahahahahhaha
- Eu vi: Zé Rainha amanheceu acampado na área do campo!
- Hahahahahahhahahaha
- Zé Rainha orientava sua equipe: nada de marcação homem a homem, a marcaçao deve ser por área!
- Hahahahahahahahahahaha

E assim foi.. como é bom rir de qualquer besteira. Aliás, esse foi um dos pontos marcantes do findi: diversão. Tudo era motivo de graça, de riso. Na sexta giramos horas na cidade em busca de peixe, mas tava tudo fechado. Acabamos num pesque e pague, onde fomos muito bem recebidos pela família que almoçava. Ficamos ali de papo e acabamos comprando um peixe de 8kg. Eles foram tão receptivos que nos deram os peixes que não tinham comido, assim como a salada de maionese. Tiveram todo o cuidado em dizer que não se tratava de sobra, mas que já haviam comido e não tinham mais fome. E nem precisava, os peixes e a salada estavam numa travessa sobre a mesa, ainda quentinhos. Momento ímpar!

Imagem & Ação

Quem já jogou sabe que esse é um dos molhores jogos que já foi inventado, ainda mais quando se joga regado a ceva, caipira e vinho. Caneta e papel, inspiração pras mímicas, divisão dos times.. e lá vai! Pode virar a ampulheta! Olha.. o jogo era pura risada! Saía cada desenho, cada mímica que nos mijávamos de rir.. mas uma carece de menção honrosa:

- Tá, eu vou desenhar.. - disse o Scooby
- Tá, vai lá então, pode começar?
- Pode. - viraram a ampulheta.
- ... (ele desenhando.. parecia uma forca)
- FORCA!
- ABAJUR!
- Faz outro desenho!
- .... (outro desenho... igual!)
- SAMAMBAIA! - HAHAHAHAHHAHA
- QUE PUTARIA É ESSA?
- FAZ OUTRO DESENHO, VAI ACABAR O TEMPO!
- ... (ele circulava aquilo que pareciam um monte de samambaias)

O tempo acabou. O time das gurias vibrava. Mas o que seria aquilo? Então ele revelou, pra espanto geral, inclusive das gurias:

- Um Laboratório, oras - falou na maior cara de pau!

Mau Deus, aquilo não era laboratório nem se tivesse legenda. Ele ainda tentou fazer um bonequinho ao lado, do tamanho daquilo que era pra ser um microscópio. Depois a ampliação da lâmina, que ficou parecendo um prédio.. olha.. sem comentários. Vou scanear e colocar aqui o desenho, aguardem!

Depois de tudo, só o que tenho a fazer é agradecer por um final de semana tão especial, sem todos os amigos que eu gostaria, mas onde cada um dos que foram fizeram encher cada minuto. Todos se divertindo com todos, sem máscaras, sem incompatibilidades. E se a paixão de JC não foi mais lembrada que os chocolates, com certeza a vivemos um pouquinho, na partilha do peixe, na ajuda pra montar e desmontar as barracas, na humildade em aceitar o peixe daquela família, e, principalmente, por fazer acontecer algo que estava quase morto. Ainda que com poucos integrantes, deixar marcado um evento que foi aberto a todos, sem restrições.

Monday, April 10, 2006

Trilha sonora...

Tenho uma estranha mania de associar músicas a filmes. Quem me conhece sabe: basta alguém cantarolar uma melodia, ou ouvir um trechinho de uma música quando se troca de estação no rádio e eu já lanço..

- Tu viu esse filme?
- Qual? – as pessoas perguntam.

Aí entra a minha indignação. Além de eu querer que todos tenham visto os mesmos filmes que eu, quero que tenham decorado a trilha sonora de cada um deles.

- Apocalipse Now! Vai dizer que tu não viu!!!!?
- Não. Não vi.
- Bah.. tens que ver!

Então tento convencer a pessoa de que ela precisa ver o tal filme. Invariavelmente é assim. Ontem mesmo.. dois dos meus sobrinhos estavam lá em casa. Faziam arte por toda a casa: espalhavam a areia que o pai comprou pra terminar a reforma dos fundos, jogavam água nos cachorros, subiam na grade do portão.. essas coisas que guri faz. Mas um deles, o Mano, tem um viés pra música. Toca violão. E pior que toca direitinho!

Vendo o guri tocar me encorajei e fui pro teclado com os dedos bastante enferrujados. Mas consegui brincar com a Blowers Daughter, do filme Closer – Perto Demais. Tanto que minha irmã ficou me assistindo à porta, e pediu que eu ensinasse o Mano a tocá-la no violão.

Já fui logo falando do filme:

- Ah, tu viu esse filme, então?
- Não, qual? – tri boiando, ela!
- Closer! – numa entonação de obviedade.
- Não..
- Closer, perto demais
- Não, não vi. Com quem é? É bom?
- Ah deixa.. é bom, uma hora tu pega pra ver.

Me caiu a ficha, então, de que ela entendera como sendo a música do Seu Jorge com a Ana Carolina.. “É isso aí”.

É isso aí, às vezes tenho uma vontade de ter um cinema e passar para os meus amigos todos os filmes bons que já vi.

Boa semana a todos!

Thursday, April 06, 2006

Distantes...

Ainda eu fique sem palavras. Ainda que eu fique sem jeito. Nem sei se vou saber te olhar. Só sinto algo estranho no peito enquanto conto as horas. A cada dia que passa repenso se devo ou não ir ao teu encontro.
Aí encontro o ombro dos amigos, e neles o incentivo a não desistir. Depois de tanto tempo não há mais motivos para protelar. Não há porque esperar uma oportunidade. Hei de fazê-la. Desenraizar os pés da comodidade e regar com um abraço apertado os campos de um laço fraterno que outrora fora esquecido.
Não haverá mais, então, essa falta, mas sim o compromisso de não deixar esse nó soltar-se novamente. E noutro abraço selar-se-á, agora, a saudade.

Manias internérdicas

Nerd porque, por eu achar que essas coisas remetem a pessoas muito ligadas num troço, não necessariamente nos estudos. Me refiro a emoticons do msn e comunidades do orkut, pra não espraiar muito. Não vou dizer que dá raiva ou que odeio, mas é um saco tentar manter uma conversa no msn cheio de “Ois” piscantes, “bom dias” cheios de estrelinhas com um passarinho em cima do B, tendo que entender que um bonequinho andando na tela é um “vou”, e uma casinha esquiita é a própria casa. Tem pessoas que conseguem escrever uma grase sem que apareça uma única palavra crua, só desenhinhos. Eu acho legais muitos emoticons, mas uns criativos, usados vez lá que outra. Indiscriminadamente assim, não. Fiquei de cara esses dias que fui escrever alguma palavra que tinha “lamb” no meio e me apareceu uma vaquinha dando um lambida! Aí tive que trocar pra maiúsculo.

Outra coisa que eu não entendo são essas comunidades de “Eu sou fã do fulano..” Pior, o convite enviado pelo próprio fulano! Hahahahhahahaha O orkut já tem aquela paradinha de classificação pra colocar quem são teus fãs. Tá mais do que bom. Agora uma comunidade.. dá licença! Até tenho nas minhas comunidades uma de fãs do Décio. Mas o cara é o cara, se tiver 18 comunidades com o mesmo nome entro em todas. Agora os reles mortais.. deleto! Hehehehe..

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Amansa burro: o textinho ali de cima fiz para um amigo que não vê a irmã há alguns anos.

Tuesday, April 04, 2006

Numa madrugada, num quarto frio...

Aos amigos recorri quando fui tomado pela falta de tudo, apesar do tudo que me era oferecido. Era uma manhã de atípico frio de março e a noite anterior fora marcada pelo medo de caminhar algumas quadras numa rua de poucas casas com a iluminação falha. Na lembrança as mesmas risadas inéditas dos mesmos amigos surpreendentes como companhia. Naquela noite, ao contrário das outras, havia me deitado cedo. Não sei ao certo que horas eram quando duas sensações insuportáveis me acordaram e ao mesmo tempo me prenderam à cama. As poucas horas que passaram desde que adormeci serviram pra fazer os rins trabalharem e preencherem todo o volume da bexiga; e o cair brusco da temperatura não fizeram conhecimento do fino lençol que me cobria.

Uma imensa força não foi suficiente pra conseguir abrir os olhos. Estaria ainda dormindo enquanto o corpo sofria aquelas sensações desconfortantes? As forças então foram usadas pra tentar acordar com o auxílio do corpo que tremia sem parar e das pernas unidas uma à outra pra não molhar a cama. Os olhos, enfim, se abriram. Mas o corpo insistia em tentar abraçar mais o fino lençol em vão. Parecia que o frio aumentava. Recobrei o tino e me levantei. Notei que a janela ficara aberta e por isso uma brisa muito fria invadia o quarto naquela madrugada. Fui ao banheiro e depois estendi o cobertor que hibernava no roupeiro. Enrolei-me feito um lagarto no casulo e adormeci, permanecendo assim por mais umas cinco horas.

A manhã já se fazia quente novamente e alguns raios de sol faziam fachos de luz por entre as frestas da veneziana culminando em algum desenho estranho na parede, próximo à tomada. Em vã tentativa de decifrá-los refletia sobre tudo o que estava ao meu redor e como eu estava me sentindo em relação a essas coisas. Foi então que percebi que minha agenda mental não era suficiente pra dar conta de tantos afazeres, tantos amigos, tantos sentimentos conflitantes, tantas coisas pra dizer, mas nenhuma palavra pra expressar. Uma vontade de fugir e uma saudade de ficar. Pensamentos, sensações e sentimentos dúbios, reversos, imersos num mar confuso e turbulento.

Se as coisas não fossem amarradas seriam muito mais fáceis. E não teriam nenhuma graça. Tudo causa, tudo implica. E como tudo que nos satisfaz plenamente depende de alguém, tudo o que fizermos repercutirá uma reação. Boa ou ruim. Às vezes ruim sem que tenhamos vontade de que acontecesse assim. Às vezes boa demais sem que desejássemos que acontecesse assim. Digo que depende de alguém porque posso achar que me satisfaço plenamente com o sol que nasce no horizonte do oceano, mas logo preciso compartilhar esse momento. Tudo o que sentimos passa por uma necessidade de ser exposto.

Talvez a dor seja guardada. Por vezes é. Talvez por querer preservar a reação de quem está próximo a nós. Já o riso geralmente é exposto e quer ser muito compartilhado. Intensificado se for possível. Mas nesse momento eu estava só. Eu, o fino lençol, o cobertor que me salvou, o desenho feito pelo sol na parede e todo o universo do meu quarto. Nada podia ser compartilhado, nem mesmo um sorriso que não aconteceu. Nem mesmo uma lágrima. Nem o calor do corpo que agora não mais precisava se cobrir. Nem o brilho dos olhos nem o quente dos lábios.

A vida toma sentido pela esperança de que nada disso transborde e se perca. Que nada disso vá embora, apenas acumule. Até mesmo a dor, porque ela valorizará a vitória de cada batalha. Mas que principalmente se acumule os sorrisos que provocarão outros, as lágrimas que farão chorar outros olhos, o calor do corpo, que junto a outro parecerá febril, o quente dos lábios que em outros lábios.. braços estarãoa eriçar e olhos a se fechar, olhos que destes que brilham.. por estes se farão perder.

Minhas fotos no