Thursday, July 27, 2006

Pessoas complicadas...

Cortava um pedaço da fatia da pizza quatro queijos quando a conversa quebrou dos amenos “passa a mostarda.. passa o azeite.. obrigado!” para uma pergunta de opinião pessoal.

- O que tu acha das pessoas que passam uma imagem superficial?

O silêncio congelou a cena travando até mesmo o movimento do corte na fina fatia, enquanto na mente milhares de cenas carentes de opinião própria não deixavam opinar alheiamente.

- Se eu dissesse que são pessoas complicadas não estaria olhando pra mim.
- Hum.. eu não diria que tu és uma pessoa complicada. Aliás.. isso nunca seria uma coisa que eu diria sobre ti.
- Hum.. talvez seja por isso que estamos aqui. Pois bem.. sobre as pessoas que passam uma imagem de superficialidade.. eu diria que ninguém voltaria pra casa pensando: “Que pessoa interessante..!”

Terminei de cortar o pedaço e o levei à boca.

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Equilíbrio...

O grande problema é quando alguém se acha superior na relação. (ou inferior) Aí se pode cair na armadilha de achar que domina o sentimento da pessoa, e que manter a relação só depende de si. Aos poucos uma pequena brecha no sentimento vai se abrindo a novos interesses - não necessariamente a outra pessoa - mas se fica muito vulnerável. Podemos até não querer acreditar, mas a outra pessoa sente o afastamento. Conscientemente ou não, subestimamos os sentimentos apaixonados e acabamos subestimados pela sorte do amor.

Quando se vê a pessoa como uma igual, como segura de si e dos seus sentimentos, se sente uma vontade de conquistar novamente a cada minuto. Tudo o que se faz é em função de satisfazer a pessoa, de certa forma. E fazemos as coisas empolgados, não como obrigação. É preciso sentir um certo mistério. É preciso, em todos os beijos, o mesmo tesão do primeiro. Limpar as cinzas e dar espaço à brasa nova. O equilíbrio está na cumplicidade em querer manter o mesmo fogo, às vezes mais intenso, outras menos, sempre numa intensidade em que nenhum dos dois se queime, mas que se sinta calor. Equilíbrio a quem recai a sorte do amor.

Monday, July 24, 2006

A saga do telefone... (continuação)

Na terça-feira passada me ligaram pra dizer que “infelizmente não vai ser possível entregar seu telefone...”

Gelei! Tremi! Eu já tava chegando em casa... de noitezinha.. aquele frio.. Mas comecei a suar a testa na hora! Mas mantive a calma e deixei a moça continuar...

“...fora do endereço de correspondência! Só lá no prédio sede mesmo.”

Uuuuuffa!!! Disse que não tinha problema. Então ela deu o prazo de 5 dias úteis.

- Mas moça, 5 dias era a partir de ontem, quando fiz o pedido pela terceira vez!
- Não, senhor.. 5 dias conta a partir de hoje.
- (suspiro) tudo bem!

Aí ontem a nossa secretária lá do prédio sede ligou, dizendo que tava lá, o meu telefone. Bah.. inacreditavel!

Tá aqui agora, o bicho.. falando e tudo! Vamos ver quanto tempo dura!

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Do mar, teu rumo...

Dos olhos, o espelho de águas profundas por onde navego sem norte, guiado pela sorte do meu coração.
Dos cabelos, o vento em brisa, que sopra minha vela e traz pra perto o rumo incerto do horizonte.
Da pele, o calor das noites e madrugadas frias. Das enluaradas e quentes, o suor.
Das mãos, o carinho de quem não veleja mais sozinho. Abandonei a solidão.
Dos braços, o abraço que me conforta o peito onde teu rosto descansa.
Da boca os lábios, e destes, o beijo. De bom dia, de boa noite, de desejo.

Monday, July 17, 2006

A saga do telefone...

Nunca tive muita sorte com telefones celulares. Na verdade, nunca é muito tempo. Já pude sim, receber e fazer chamadas normalmente, olhar para o visor e ver ali as funções básicas prontas para serem usadas, terminar uma ligação e o telefone continuar ligado.. essas coisas que qualquer telefone celular faz.

Uma coisa que nunca fui mesmo, é exigente quanto aos extras. Capacidade de memória, câmera fotográfica, não sei quantos torpedos ao mesmo tempo.. essas frescuras. Telefone pra fazer e receber chamadas e pronto.

Ia tudo muito bem até meados de 2003. O bom e velho 5125 resistia a todas as provas às quais era submetido. Tombos sucessivos, o coitado sofria. E sempre manteve-se inteiro. A não ser a antena.. Ai ai! Será que nunca tive nenhum telefone que ficou intacto mesmo? Pois esse a antena vivia quebrada! Eu a colava com Super Bonder, mas não durava muito. Mas pelo menos funcionava!

Eis que ganhei um novo. Um 8260.. a vedete dos TDMA. Não durou 2 dias. Eu tava ali no posto da Silva Só esperando um amigo. Eu num carro e ele noutro. Eu tinha parado o carro ao lado da lojinha de conveniência: telefone novo no ombro esquerdo, cabeça torta pra esse ombro, copo de cerveja na mão esquerda e mão direita segurando o volante. Meu amigo pára o carro ao lado do meu e diz ao telefone: “olha pro lado!” Não tive dúvidas, virei a cabeça pro lado esquerdo. Blubpt! No mesmo instante senti que faltava um pesinho sobre o ombro esquerdo. Olhei pra dentro do copo e vi o telefone que ganhara havia dois dias submerso na cerveja.

Com umas sucatas de telefone consegui trocar o display. Funcionou até.. A tecla do número 2 ficou com um mau contato. Volta e meia eu o abria pra dar uns ajustes. Na festa de final de ano da vivo resolvi me atirar na piscina. Cheguei num colega de confiança e deixei com ele as chaves do carro, carteira e máquina fotográfica. Pulei na piscina! Com o telefone no bolso!!! EEEEEEEEEEEEEEE!!!! Apelidaram o telefone de Aquaplay! E o pior é que funcionou depois, por mais uns dias. No final de 2004, com o advento do CDMA, ganhamos aparelhos novos. Eu digo ganhamos pois trabalho na vivo e não precisamos comprar telefone. Eu tava passando a virada do ano em Imbé com uma turma de amigos, então, nova. Já estávamos no último dia do final de semana e fomos dar um pulo na praia. Eu tava ali, bem tranqüilo.. brincando na areia e tomando uma ceva. Até que veio uma onda invasora, daquelas que fazem todo mundo sair correndo e levantei-me correndo. A bolsa com as minhas coisas (máquina fotográfica, celular, carteira,...) tava um pouco longe de mim e alguém a levantou a tempo de não molhar. Molhou só a alça. Era uma bolsa dessas novas, com compartimento pra telefone onde? Exatamente! Na alça! Esse não teve nem choro, a água do mar fez o bichinho morrer na hora.

Fui fazer a solicitação na intranet. Nome completo, matrícula, Rg, tipo sangüíneo.. e passar pela aprovação de uns 5 gestores. Ao que passava uns 5 dias eu consultava no sistema. Pedido cancelado! Isso aconteceu umas 4 ou 5 vezes. Uma hora era porque não tinha o tal modelo no depósito, outra era porque um gestor esquecia de aprovar.. e a cada cancelamento desses eu tinha que contar toda a história por telefone antes de fazer um novo pedido.

Abre um parêntese

Nesse meio tempo eu fiquei usando emprestado um telefone do meu chefe. Durou as três semanas de novela do novo pedido. Fui carregar a bateria pra entregar a ele com um carregador de outra marca... Tééééc! Um cheirinho de queimado e nunca mais ligou. Tá aqui na gaveta até hoje.

Fecha.

Passadas as três semanas recebi o telefone. Bem bonitinho! Meio gay até! Branco com azul-claro, parecia uma saboneteira. Mas funcionava que era uma maravilha até o primeiro tombo. “Searching for network...” era a mensagem que aparecia no display. Aí tu dava uma torcida nele e ele voltava a funcionar. Fiquei nessa função de torcer o telefone até o final do ano passado, quando não adiantava mais torcida, porrada nem nada. Antes de fazer o novo pedido tive que pegar um laudo com a assistência técnica. Resultado do diagnóstico: “sem conserto”. Mais três semanas de novela de pedido na intranet e, enfim, um telefone novo!

Nunca entendi por que este telefone não funcionou direito. Não me lembro de tê-lo derrubado, nem de ter derramado nada nele. Mas logo que o recebi já começou a dar umas rateadas. Muito raramente, é bem verdade, mas rateava. Se desligava sozinho, aparecia aquela mensagem de “searching for network...”

Pra quê aquelas reticências??? Pra eu ficar esperando? Nunca achou a network, se quiserem saber. Tinha que desligar, tirar a bateria e ligar de novo. Só que o problema foi aumentando, até que não funcionou mais mesmo. Fiz uma intervenção cirúrgica com um papelzinho dobrado e o dito funcionou por uns 2 meses, rateando bem lá de vez em quando.

Hoje meu telefone tem a duração de uma chamada. Se ele não desliga durante a conversa, desliga no fim. Simplesmente apaga! Em todas, literalmente! Por conta disso me vi obrigado a pedir um novo telefone; conseqüentemente, a concordar com todos aqueles que dizem que o call center da vivo é o pior que existe.

Hoje foi a nona vez que liguei..

- Você está ligando do número tal tal tal... (como se eu não soubesse..) se quiser alguma informação de outra linha, digite o número da linha com o código de área.
- ...(digito o número)
- Após falar com um de nossos atendentes, não desligue! A vivo precisa da sua opinião. Carolina Queiroz, no que posso estar ajudando?
- Meu telefone.. blá blá blá..
- Senhor, qual o número do aparelho pra que eu possa estar olhando no sistema?
- Por que vocês pedem pra eu digitar o número se eu vou ter que dizer depois?
- Senhor, faz parte do procedimento. O senhor pode estar falando o número da linha?
- 51.. 99...
- Senhor, seu pedido foi cancelado porque o modelo pedido saiu de circulação. Estava dando muita reclamação.
- :| E vocês não iam me avisar? Por que pediram um outro número de contato?
- Sengundo consxta no sistema, foi tentado contato com o senhor e não foi conseguido.
- Ninguém tentou contato.
- Senhor, então eu não saberia estar lhe dizendo. O senhor terá que estar fazendo um novo pedido... blá blá blá...

E assim foi. Fiz um novo pedido que deve demorar uns 5 dias pra que chegue o aparelho. Isso, claro, se não ocorrer nenhum contratempo. Mantenho-vos informados.

Friday, July 14, 2006

Uma mesinha de três pernas...

Uma vez escrevi assim: que afinidades, química e querer estar com alguém, e só com este alguém eram as três premissas fundamentais para a manutenção de um relacionamento. Não apenas no sentido de duração, mas em intensidade, desejo constante, saudade nova renovada a cada instante.

Esses elementos seriam como uma mesa de três pernas, o número mínimo necessário para que se mantenha em pé. Se uma delas quebra, a mesa desaba. E sobre essa mesa se constrói aos poucos tudo o que vai sendo vivido, como um equilibrista que com habilidade coloca as taças de cristal, uma sobre a outra. É a fragilidade de toda a relação que investiu nos três pontos fundamentais.

Será que existiria algum quarto ou quinto ponto necessário para a mesinha se manter em pé? Ouvi falar de um banquinho de piano que vivia caindo, justamente por ter só três pernas. Onde entraria, por exemplo, uma situação em que se espera companhia, mas as duas partes não têm a mesma disposição?

Diferenças existem, e também são muito importantes. Acho que ninguém suportaria conviver com alguém completamente igual a si.. as mesmas manias, os mesmos defeitos, a mesma mecha no cabelo.. ia ser muito chato. Voltando à química, uma das bases fundamentais.. dois elementos distintos, com características diferentes, podem produzir uma mistura homogênea.

E quando existe a certeza de estar vivendo mutuamente o melhor momento, nenhuma diferença se contrapõe com vantagem a quaisquer daqueles três elementos. Apenas tempera a mistura, sem nunca deixar de ser homogênea..

E como um dia já escrevi..

Por todo um corpo, um sangue faz ferver, quando na retina de olhos brilhantes reflete a luz de uma união de formas, de forma que se perceba e sinta que nada disso se sente sozinho.

Monday, July 10, 2006

Quero viajar...

Acho que chega um momento na rotina das pessoas que faz com que elas precisem renovar os ares por uns dias. Pois bem, o meu chegou. E por graças, sorte e mais qualquer outra variante, não exclusivamente.

A primeira idéia de destino foi, obviamente, Bombinhas. Um lugar reservado a poucos felizardos. Sempre gostei de definir esse lugar em poucas palavras.. uma só, talvez: mágico!

Se for esse mesmo, o destino, será como reconhecer um lugar que tenho como uma peça extra da casa, reviver a brisa, o pisar descalço na areia, apreciar de ângulos diferentes as curvas que formam aquela maravilha.

Mas o rumo tomado for outro, da mesma forma será vivido intensamente por quem carece absorver o mais belo que há para se oferecer. Tanto as belas formas reservadas pela geografia, com seus verdes e demais coloridos, quanto a mística guardada nas entranhas arquitetônicas herdada de todos os povos que por ali tenham passado.

Um momento não apenas de apreciar beleza, mas viver e absorver a beleza. Algo como uma obra-prima única criada por artistas renomados, e que a cada ato vai tomando forma, sendo esculpida por quatro mãos de habilidade ímpar inspiradas mutuamente em si mesmas.

Friday, July 07, 2006

Esse cara..

Fazia horas que eu torcia pela presença do Régis nos nossos churras. Ele até compareceu em alguns na Associação, mas não é a mesma coisa. Quando tem muita gente fica todo mundo disperso, e uma das coisas mais legais no Régis são as histórias que ele conta. Na verdade, pode-se dizer que a vida desse cara é uma história, onde a cada dia surge um episódio inédito.

Aí fizemos um churras de menor impacto e o dito apareceu. Ele e suas histórias incríveis. Todas elas na manga, prontas para deter a nossa atenção e encher o ambiente de riso. Não demorou e ele desatou a contar da vez em que foi dar uma banda de bicicleta com uma namorada do Parcão até a zona sul, acompanhados de uma garrafa de Daikiri Bacardi. Ela tomou um trago e caiu tanto tombo na bicicleta que ele perdeu as contas. E assim foi.. a da boca na calcinha, a do balão, da gata Morgana.. uma melhor que a outra.

O mais interessante é que as histórias não são mirabolantes, são fatos do cotidiano, que para pessoas como ele – um pouco atrapalhadas – ganham requintes por vezes desatrosos. Mas o que mais prende, sem dúvida, é o jeito com que ele as conta. Ele pode contar 34 vezes a mesma história, e nas 34 prenderá o mais disperso fio de atenção e fará brotar risadas de todos os cantos ecoantes da boca. Segundo uma amiga que também estava na platéia do churras: “eu já ouvi muitas vezes essa história, e cada vez é diferente de ouvir..”

Por vezes me pergunto também.. como pode algumas coisas serem, na lógica, tão iguais, mas no momento, sempre diferentes, e nunca deixarem de ser boas. Melhores, aliás..

Aproveito o momento para registrar aqui, um texto desse cara. Um cara que quem conhece logo vê tratar-se de uma pessoa ímpar. Não apenas por essas histórias, mas por fazer dos momentos simples da vida episódios divertidos, de colocar exclamação no final de todas as frases. “Ele fala com exclamação..!” Disse Alice.

Aprendiz de Palhaço

Régis

Acendem-se os refletores !
Abrem-se as cortinas !

- Respeitável público ! ! ! !

O ambiente todo é envolvido por uma música característica, inconfundível, que identifica bem e se mescla em harmonia com todo o espaço, dando ao conjunto um toque de magia e expectativa. Passam a desfilar em frente à platéia vários artistas caracterizados conforme a sua função, a sua especialidade, ao aplauso incessante do público curioso pelo espetáculo que vai iniciar !

São eles, trapezistas, malabaristas, domadores, ilusionistas, mágicos, palhaços. Por um momento imagino o que deve estar se passando no pensamento de cada um deles, na expectativa também deles de como irão se comportar os espectadores diante do show que será apresentado. Imagino e tento me transportar para o papel de cada um, tentando imaginar como me sentiria eu se estivesse tendo que interpretar cada um dos papéis dos personagens que ali estão se apresentando. Conforme vou imaginando, passo a verificar que também eu participo de um grande espetáculo. Um espetáculo em que diariamente estamos fazendo parte, e nem notamos. Um espetáculo em que participamos com várias características diferentes umas das outras, conforme a situação apresentada, fazendo em cada situação um papel diferente.

Muitas vezes sou anfitrião da apresentação, com todas as pompas e regalias pertinentes à mesma, tendo a honra de recepcionar os meus convidados com toda a atenção que merecem. Sou o dono de um universo diminuto, mas soberano sobre as atividades executadas, sendo o responsável pela harmonia e bem estar em que estão envolvidas as pessoas que foram convidadas à participar da cerimônia. Sou o soberano de um feudo imaginário onde estão presentes ao meu redor pessoas que me são muito importantes, e por isso merecem a minha maior atenção e minha sincera admiração.

Em outras vezes sou o domador, enfrentando um leão à cada dia, tendo sempre como desafio a certeza, a desvantagem da minha fragilidade e a confiança em mim mesmo.
Sou sabedor que a batalha é diária e constante, que não poderá ser deixada para mais tarde sob pena de esse tempo demorar muito a chegar, e eu estar mais velho e conseqüentemente mais fraco fisicamente quando vir a acontecer, dando muita vantagem para o inimigo. Sou sabedor de que poderei até perder a luta, mas que só saberei isso se tiver tentado ao menos uma vez. Sou sabedor de que mesmo tentando e perdendo uma vez, só poderei vencer a luta se tentar novamente.
E inteligente o suficiente para saber que se já tentei uma vez, e fui derrotado, tenho grande chance de obter a derrota novamente se tentar da mesma maneira.
...
Em outras vezes sou o alimentador de animais, que continua perseverante e dedicado nas minhas atividades, mesmo sabendo que jamais serei valorizado pelos meus serviços. E mesmo fazendo uma atividade que muitas vezes não é valorizada, e nem mesmo notada, tenho consciência que meu papel é muito importante para alguém, mesmo sabendo que essa pessoa seja a que realmente recebe os aplausos do público, como no caso do domador, quando coloca a sua cabeça na boca do animal.

Muitas vezes me apresento como malabarista, tentando equilibrar muitos problemas ao mesmo tempo, mantendo a serenidade para que consiga manter a estrutura o mais estável possível, porém sendo sabedor de que o pilar que sustenta tudo poderá romper-se num pequeno toque colocando a baixo toda uma estrutura que apresenta-se bastante sólida. Talvez, realmente o motivo a que leva a estrutura a continuar sólida é exatamente essa magia de conseguir transmitir a sensação de robustez, embora tenha sensação de fragilidade, não deixando transparecer para os que se apóiam nela.

E em algumas outras vezes me apresento como Palhaço. Isso mesmo. Palhaço! Palhaço que soa muitas vezes como ofensa, deboche, desprezo! Em muitas vezes cheguei até a usar essa característica para xingar alguém, não imaginando que com a passar do tempo, isso soaria para mim como o maior dos elogios. O Palhaço é simplesmente um artista, talvez o maior artista. Ele tem o dom de na simplicidade do seu ofício, conseguir transformar a realidade em sonho, ou talvez, o sonho em realidade, deixando aflorar apenas o lado inocente de nossas vidas, o lado criança, o lado alegre que possuímos, e que muitas vezes são afogados por todas as outras caracterizações.

Deixa aflorar o sonho que escondemos por estarmos envolvidos em uma vida agitada, corrida, de inversão de valores, de agressões e diferenças, o sonho de uma realidade que está presente dentro de nós mesmos, uma realidade que apenas ficou de lado, renegada por valores que nem mesmo nós sabemos por que modificamos. Sou um desses artistas que, tentam resgatar um pouco da simplicidade da vida, do sorriso estampado pela simples satisfação e alegria de se poder sorrir ! Do prazer de se poder dar uma boa gargalhada, mesmo que já se conheça o motivo, a história, a piada !

Pensando bem, não posso me comparar com um Palhaço, não posso ter essa pretensão, não tenho toda a bagagem necessária para assumir essa responsabilidade, sou isso sim apenas um aprendiz de Palhaço ! Alguém que tenta descobrir em cada um esse lado afogado, reprimido, deixado de lado, que tenta obter de cada um sorriso alegre, despreocupado uma risada gostosa, debochada, uma gargalhada desenfreada!
Alguém que com a ajuda dos amigos, consegue montar o seu circo sempre que tem oportunidade, e repassa velhas e conhecidas piadas e histórias, sempre bem aceitas pelo pequeno público que se apresenta, e que mesmo já conhecedor do final que se aproxima, retribui com uma participação talvez mais importante do que a participação do projeto de artista, premiando com uma risada o todo o esforço dedicado.

Devemos todos tentar ser um pouco Palhaço, um muito Palhaço, sempre que pudermos devemos distribuir alegrias, sorrisos, felicidade. Só dessa maneira seremos recompensados com o mesmo presente ofertado.
E, quando algum dia eu tiver a certeza de que consegui fazer todo mundo feliz, quando eu conseguir arrancar de cada pessoa um sorriso de satisfação, uma risada liberada, uma gargalhada despreocupada, e principalmente quando eu tiver a certeza de não fui o motivo de uma lágrima no rosto de quem quer que seja, que eu não tenha feito mais ninguém triste, neste dia eu poderei ser promovido a Palhaço.

E aí sim, quando fecharem-se as cortinas e terminar o espetáculo, quando todos retornarem para às suas residências, podem ter a certeza que é esse aprendiz de Palhaço, a pessoa mais feliz!
...
Acendem-se os refletores !
Abrem-se as cortinas !

- Respeitável público ! ! ! !


Porto Alegre, 08/12/2004

Monday, July 03, 2006

Ah o futebol..

Acho que é de senso comum que toda atividade que envolve muito dinheiro, muita política e muita fama – fama dessas de colocar o nome na história – é passível de resultados distoantes à vontade geral, ainda que de uma nação inteira.

Ilude-se quem pensa no futebol dentro das quatro linhas, camiseta suada e bola na rede. Os uniformes não servem mais para não confundir os jogadores de um time com os do outro, estilistas desenvolvem designs exuberantes e tecidos com tecnologia avançada. Foi-se o tempo das camisas surradas de malha e algodão.

Não houve cabeleira nessa Copa que não passou por algum “instituto de beleza”. Por certo os calções dos jogadores dvem ter um compartimento para guardar o lenço umedecido para não borrar a maquiagem.

Mas assim é, e duvido que mude. E eu, como a maioria dos brasileiros, continuaremos acreditando que nossos craques entrarão em campo dispostos a dar sangue pelos nossos times.

Descobri, nessa copa, que sou mais colorado que brasileiro. Bem mais. Minha euforia, vibração, nervosismo e até mesmo desespero não são comparáveis entre a seleção e o meu colorado. Sinto falta disso.. de ter essa identificação com o time que representa o nosso país. Em outras épocas era bem diferente. Dia desses peguei um táxi com um tiozinho que descre veu com detalhes a partida da final da Copa de 50 quando o Brasil perdeu para o Uruguai com mais de 170 mil no Maraca. O tio era tão desgraçado que me narrou os 3 gols da partida não deixando faltar nenhum jogador que tenha tocado na bola, seja do Uruguai ou do Brasil (Uru 2 x 1 Bra), com nome e sobrenome – ou apelido e nome.

Após o jogo o Brasil calou. Foi um silêncio que a nação só voltou a ver na morte do Getúlio. E descambou a falar do Getúlio. Mas aí é outro papo.

O fato é que o Brasil caiu no primeiro adversário à altura. É o problema de viver na ponta, com tantos craques. Nos damos ao luxo de passar 4 anos de amistosos, onde essas “estrelas” que vimos não são convocadas. Que saudade da magia do futebol.

Quatro estações...

Aos dez anos, as matérias da quarta série eram Língua Portuguesa, Matemática, Educação física, Estudos Sociais e Ciências. Numa dessas aulas de Ciências aprendemos as estações do ano. A professora sempre começava pela primavera e ia até o inverno. Primavera, verão, outono, inverno, sempre nessa ordem. E sempre com algum símbolo característico para cada estação. Os mais legais sempre foram as folhas dos plátanos para o outono e as flores para a primavera.

À medida que íamos crescendo fomos entendendo que existem muito mais características que definem uma ou outra estação. Sorvetes e picolés, praia e bronzeado, para o verão; café colonial e serra, chuva e frio, no inverno. Histórias infantis também se contextualizavam sazonalmente, como a fábula da formiga e da cigarra.

Se pensarmos nas coisas isoladamente, ainda que muito belas, talvez não durem mais do que uma estação, como o bronze do verão, ou a paisagem de folhas secas do outono. Os ciclos – compostos de vários elementos - contemplam todas as estações. As árvores, em especial as frutíferas, têm muito disso, de ciclos. Desde os processos de seiva bruta e seiva elaborada, fotossíntese, até a renovação das folhas e o amadurecimento dos frutos. E os frutos, mesmo depois de maduros e colhidos, trazem consigo novas sementes, que possivelmente darão continuidade ao ciclo, novamente passando por todas as estações.

Nenhuma árvore nasce para dar frutos apenas uma vez, numa só estação, e morrer. Uma árvore não é capim, que pode até ter um verde muito vivo, se alastrar pelos campos indiscriminadamente, mas não vive mais de uma estação, conseqüentemente não dá frutos e tampouco embeleza quando sem folhas. Uma árvore é única. Requer muito cuidado para que sempre produza bons frutos, e seja sempre forte e vistosa, em todas as estações.

Minhas fotos no