Thursday, April 29, 2010

Como é mais fácil ser bronco...

Com a mulher da limpeza, lá do trabalho, que teve a habilidade de passar um produto no mouse do meu computador e deixá-lo grudento. Eu já peço, a cada vez que trocam a pessoa da limpeza, que não precisa organizar a minha mesa. Mas não adianta, quando volto do almoço vejo que houve uma tentativa de organização. Então um dia notei que o mouse tava pegajoso, como quando se arranca um adesivo de um plástico. Pensei no que eu poderia ter sujado, até que caiu q ficha que devia ser um produto da mulher. Aí pensei numa maneira de perguntar a ela sem ser “bronco” e ela confirmou que “Só passei um paninho.” O pior foi que tive que deixá-la terminar o serviço, mas quando vi que estava quase perdendo o meu mouse emborrachado ThinkPad, pedi que deixasse assim. Agora ele tá lá.. grudentinho.

Com um monte de coisas que eu não consigo entender, como esses guris principalmente guris – que tatuam o seu próprio nome em um dos braços, enorme assim.

Com essa nova moda de as mulheres usarem calça de palhaço. Essas com o fundilho lá no joelho. Deve ter algum outro nome, eu imagino. Mas não existe coisa mais horrorosa! E elas usam, e não ficam se sentindo mal! Ao menos não parece que estão.

Com os erros e incoerências com a nossa Língua Portuguesa, principalmente pelos comunicadores. Agora estou implicando com o “recorde”. Eu também acho que soaria melhor “récorde”, como muitos falam, mas não é assim. Poderiam ter aproveitado a mudança ortográfica e ter definido que a partir de agora seria “récorde”. Mas não, não tem acento, é uma paroxítona e se fala reCORde. Não me importo que as pessoas do meu convívio falem, mas o brabo é ver num telejornal um falando récorde e outro recorde, na mesma matéria.

Eu poderia tentar entender essas coisas como normais. Mas não, eu fico bronco. Ainda que eu não demonstre, fulminei com pensamentos a mulher da limpeza, quase me arranco os cabelos quando vejo essas calças de palhaço e quando ouço “récorde” no rádio ou na tv.

Monday, April 12, 2010

Um apaixonado na cozinha...

Antes de casar eu apreciava os melhores e mais sofisticados xis da cidade. Era um saudoso do xis animal, do extinto Coyote, ali na Goethe. Eu e o Everton comíamos dois xis animal acebolado depois de cada dia de prova do vestibular da PUC. Hoje a cidade conta com inúmeras opções de xis cavalos, de dois andares, com filé, bacon, dois ovos, pepino, câmara de pneu e rolha picada. Alguns, como o Speed, na Lima e Silva, tudo isso e “algo mais”.

Quando casei houve uma mudança radical na minha alimentação que teve vários colaboradores. Um deles, o Vitor, além de ótimo professor, me oportunizou conhecer o magnífico Mesa de Cinema. Ali vi que meu potencial para apreciar a boa mesa ia muito além do xis do Cabecinha, do Speed. Com o tempo resolvi me aventurar por essas bandas da cozinha. Comecei com alguns assados. Sempre com algum incremento além do sal, geralmente o adobo. Adobo é um mix de temperos, basicamente orégano, tomilho, pimenta vermelha e algumas variações, dependendo da marca.

Um tempo depois vieram as massas e o risoto. Eu sempre achei que massa era massa, e só. Fiquei fascinado com a pasta di grano duro. O risoto foi outro marco, principalmente depois de conhecer o Tutto Riso. Hoje fazemos muito risoto, quase sempre muito bons.

Mas ultimamente acho que perdi a mão. O encanto se foi, alguma coisa aconteceu. Poderiam dizer que o cozinheiro está apaixonado, porque o sal e a picância tem sido exagerados. Eu sempre quis fazer um bacalhau. E em pedaços, pois desfiado seria muito simples. Fiz o dessalgue como sugerido e o assei. Ficou simplesmente impraticável! Deixei uns dois dias na água. Entendi que foi pouco. Mas sou brasileiro... Resolvi fazer outro para a Páscoa, dessa vez com os sogros de convidados. Deixei o bicho uns quatro dias trocando a água. Digamos que tenha ficado... aceitável. Mas eu acho que deveria ter menos sal.

Semana passada inventei de fazer um molho que há anos queria, o bechamel. Sempre achei que seria muito complicado e envolveria ingredientes não usuais, como manteiga, ovos, e outras coisas que geralmente não comemos. Li algumas receitas e vi que era basicamente simples. Ainda por cima achei a receita do espetacular “Al borgheto” do Atelier de Massas. A receita toda não seria tão simples, com o molho, funghi, e brócolis ao vapor. Como eu estaria sozinho, resolvi tentar. Bah! Ficou um negócio de bom!

Quando a Alice chegou, de tanto que eu falei, ela quis experimentar. Teria tudo pra dar certo, melhorando o que, na primeira tentativa já tinha ficado muito bom. Não sei se foi pela saudade, sei lá, sei que exagerei tanto na pimenta vermelha (além do adobo) que nem eu, que adoro pimenta, consegui comer. Mas eu sou brasileiro...

Thursday, April 08, 2010

Pedágio

Antes de eu contar sobre o episódio do pedágio preciso chegar até lá. Tínhamos passado pelo mais difícil em termos de comunicação, o grego moderno da Grécia. Se fosse o grego antigo.. ih! Já tinha até recebido instruções de como funcionava a nossa motoneta, em grego.

Depois de quase uma semana na Grécia, mudamos radicalmente para a França num roteiro que assusta qualquer um que - como nós - só fala português. Estrategicamente simples, vejamos: Fomos de Paris a Rennes via trem. Lá pegamos um carro, visitamos o Mont Saint Michel e depois fomos para uma mini-piccola-cidadezinha, mas que todos já devem ter ouvido falar: Savigné-sur-Lathan. Mil e trinta e três habitantes.

Todo nosso itinerário foi pensado, repensado e muito detalhado. Tudo para evitarmos imprevistos, principalmente nos perdermos ou pagar uma conta indevida de pedágio. E realmente rodamos uns 200km sem maiores contratempos. Fomos aos castelos. A dona da Closerie La Fontaine, onde nos hospedamos, falava exclusivamente francês. E não era por opção. Nada, nada, nada de inglês. E aí!? Não sei como, mas conseguimos que ela nos emprestasse alguns mapas e nos desse algumas dicas de como chegar ao primeiro chateau, o Chenonceau.

Havia uma diferença na dica que ela nos deu. Dizia para pegarmos a autoestrada, enquanto tínhamos traçado um trajeto por uma via secundária. Nas autoestradas haveria o pedágio, e não tínhamos ideia de quanto pagar, nem como, uma vez que não há atendentes, como aqui. Pedágios, sem chance! Era o nosso lema. Sem contar que o site da Michelin oferece três opções de rota entre as cidades: mais rápido, mais econômico e mais bonito. Os mais baratos são os mais bonitos, pois cruzam as cidades por belos campos verdes.

Como já eram cerca de 14h, queríamos chegar logo ao castelo, almoçar e retornar por volta das seis da tarde. Sabíamos também que há trechos em que a estrada não cobra pedágio, e imaginamos que ela não iria nos oferecer justamente uma rota que precisássemos pagar. Talvez ela tenha dito que teria o pedágio, mas essa parte eu não entendi... só essa... Nos despedimos e tomamos o rumo do chateau. Logo encontramos o acesso à A10, a estrada maldita! Andamos por ela um pouco, e veio a cena que não queríamos: uma praça de pedágio. Gelei! E o pé abandonou o acelerador. Buzinas! 140 era o limite, e eu devia estar a uns 30km/h. Maaaas... vi que os carros chegavam na cancela, apertavam um botão e passavam. Não pareciam estar pagando. Nos aproximamos, apertei o tal botão e a máquina imprimiu um tíquete. Juro que pensei que fosse algo como um registro apenas para fins estatísticos. Depois de meia hora de completo frio na barriga avistamos a nossa saída. E outra cena nada agradável: outra praça. Agora tudo fazia sentido, tu entra na estrada e recebe o registro do km, e o valor é cobrado de acordo com o trecho percorrido. Separei o cartão de crédito e umas moedas. Havia somente máquinas, nada de pessoas. Me aproximei, inseri o tíquete e ele pediu o cartão. 3 euros. Normal! Mensagem: Cartão refusé, algo assim. E nada do tíquete. Eu já tava meio que suando frio, o carro em completo silêncio. Quando olhei para a Alice a máquina fez um barulho e só vi nosso tíquetezinho ser cuspido e sair voando pela estrada. “Olha lá ele!” E ele indo, voando longe já. Tinha bastante vento. A Alice saiu correndo atrás do papelzinho e eu fiquei ali tentando entender. Quando ela voltou tentamos de novo. Os carros todos iam para as outras cancelas. Inseri novamente o papel, depois o cartão, mas a mensagem foi a mesma. E não achamos nenhuma máquina que aceitasse dinheiro ou moedas. Pânico e colapso absoluto. Pior, a máquina não devolveu o papel. Eu sabia que estávamos sendo filmados, mas chutei o balde. Fizemos a volta e retornamos. Foi a única saída que conseguimos raciocinar. Iríamos perder mais 30 minutos pra voltar onde entramos, depois retornar pela estrada que tínhamos planejado e o combustível. Na volta avistei outra saída. Mas a praça de pedágio estava lá. Usamos o limite de velocidade da pista e voltamos ao lugar de origem. E havia uma cabine com uma mulher. Salve! Nada de inglês também. Expliquei a ela por mímica que o papel tinha voado pela janela. Ela então apontou para o preço máximo da estrada; 36 euros. Se eu não tinha o tíquete ela poderia supor que eu tivesse andado todo o trecho. Aí sim! O nível de engasgo, frio na barriga, era absurdo. Até que ela perguntou onde tínhamos entrado. E eu disse que tinha sido ali mesmo, naquela cancela. Só tínhamos entrado e feito a volta. Então ela me passou um termo em que eu me responsabilizava que tinha entrado ali. Nos cobrou o trecho mínimo: 2 euros. Finalmente conseguimos sorrir, rir, gargalhar e, também, sentir fome. Eram 4 da tarde. Depois disso, nada mais de dicas!

Tuesday, April 06, 2010

Tenho andado distraído

Há dias ouvia um toc toc estranho quando caminhava. Como se um pé fizesse e o outro não. No início, há cerca de uma semana, achei que fosse o jeito de pisar. Para um pé torto que nunca teve sucesso algum no futebol, esse argumento foi perfeito, e fiquei tranquilo. Até que ontem, subindo as escadas para a minha sala, já aqui no trabalho, a diferença do toc toc era muito evidente. E por mais que eu virasse o pé, não acompanhava o barulho do outro. Tive então a brilhante ideia de olhar para os pés e constatar o óbvio: era um pé de cada sapato.

Minhas fotos no