Depois do pequeno contratempo com a numeração dos assentos, tratamos de descansar. Por mais confortáveis que fossem as poltronas, foram oito horas até a ilha. No caminho a recorrente reflexão sobre uma viagem como aquela. Não sobre essa vez, especificamente, mas uma longa viagem em geral.
O meu ponto de vista, e acredito que o da Alice também, é de que uma viagem é um investimento cultural tão rico ou mais do que o conhecimento que nos é oferecido nas escolas. Eu não gostava das disciplinas de história no primeiro grau, e isso foi uma dificuldade a mais para o jornalismo, pois tive de estudar por conta alguns fatos importantes. E em cada viagem a preparação envolve um breve estudo sobre o lugar, os costumes, a cultura, etc. Depois, estar nesses lugares é como um diploma, um certificado que mistura conhecimento e prazer que ninguém mais te tira.
Na última hora do trajeto a ansiedade em pisar no solo da ilha era grande. Cabe lembrar que paralelamente ao prazer de estar chegando a uma ilha grega existe um constante raciocínio lógico e organizado em como proceder cada ato: descer do ferry; checar as malas e pertences; conseguir um transporte até o hotel; chegar ao hotel; confirmar a reserva; entrar no quarto e o quarto corresponder às fotos. Nunca esquecendo que o primeiro contato sempre é em grego: Parakaló!
A primeira ótima impressão foi o azul forte e transparente do mar contrastando com as possíveis emoldurações do porto. Negociamos uma corrida numa van até Megalochori e subimos o paredão. Não lembro de ter visto ninguém subindo de mula, mas vi que seria algo completamente impraticável. Finalmente chegamos ao hotel e fomos recepcionados pela proprietária Arguiro (ou algo assim). Nos orientou até o quarto, e as palavras, se precisassem ser ditas, faltariam a cada passo a mais, dada a incrível exuberância da vista que se apresentava. O quarto era exatamente como as fotos, mas aquela paisagem à nossa frente não podia ser traduzida numa imagem digital ou impressa.