Cresci com a imagem da foto do Getúlio pendurada num dos pilares da garagem da casa dos meus pais. Uma foto velha, em um tom desbotado puxando pro marrom. Mas o Getúlio permaneceu firme ali durante anos. Depois dele, ouvi muito falar do Brizola, mas a imagem que tinha dele, ainda vivo, destoava daquela que meu pai se agarrava, de um homem forte. Para mim não parecia ter forças para brigar com a vibrante imagem do Collor, por exemplo.
E esse foi o responsável pela minha grande decepção política. Eu não votei em 89, tinha 12 anos. Então, depois de correr atrás do caminhão do Collor pra ganhar camisetas com os guris da rua e sentir a desaprovação do meu pai, minha parte rebelde da adolescência me fez tomar rumo de uma terceira tendência. Assim tornei-me um petista. Nada radical, nem muito explícito. Simpatizava, apenas. Tanto que não votei na eleição em que me era facultado.
Acho que meu pai não gostou muito quando me viu com o bigode do Olívio durante a campanha para o governo do Estado, e isso o enraizou fortemente na sua nova convicção tucana. Por um lado até entendo, pois ele associava o PT à anarquia. E me chamava de descamisado – brincando – quando eu ficava sem camisa em casa.
Hoje quero mais que os políticos se explodam. Não sei qual a parcela de culpa do Lula nisso tudo que acontece no país, mas “simpatizo” com o governo dele. Coisa que eu não conseguia com o Fernando Henrique e com o Rigotto, e agora com a Yeda, a versão gaúcha do David Bowie. Não consigo ver nada de bom no governo dela e, sinceramente, torço contra.
Achei engraçado isso quando vi o sentimento de desaprovação refletido no meu pai. Ele não aceita o Lula de jeito nenhum, algo semelhante ao que acontece com alguns amigos. Esses dias eu falava com meus pais a respeito de provas de concursos e minha mãe levantou a questão do hífen. Meu pai não podia perder:
- É coisa desse bobalhão que tá lá. – ele nem cogita chamá-lo de Presidente.
- Pai, era só o que faltava, colocar a culpa da reforma ortográfica no Lula, que nem sabe escrever direito...
- Pois é, mas ele assinou!
É por isso que uma mudança política é tão difícil!
Tuesday, March 31, 2009
Wednesday, March 18, 2009
Estão tentando retomar o controle...
Entre os diversos males dos quais somos obrigados a conviver, o que mais me procupa é a drogadição. Mais que assalto – que vem em segundo – mais que o câncer e as doenças do coração. Mais que o Gremio ser campeão da Libertadores (o Roth no comando me garante isso).
Não tenho medo do efeito das drogas, tampouco curiosidade: em quase 32 anos nunca experimentei um baseado. O que me assusta é a atmosfera criminosa que circunda o “inofensível” consumo. Não creio que seja um entendedor do assunto, mas acompanho quase que diariamente, nos jornais, as apreensões de drogas e prisões de envolvidos. Vejo a epidemia do crack ligada a assaltos a pessoas e furtos em residências e a cocaína e a maconha ao roubo de carros e bancos.
Então ouço rumores otimistas, se assim puder dizer. A epidemia do crack seria mal vista pelos traficantes, os que efetivamente tem algum controle. Lembrei de quando fazia as primeiras excursões pro Farol de Santa Marta, com os amigos de um colega da eletrônica, lá por 96. Entre todos os ocupantes dos dois ônibus, apenas eu e a namorada de um cara não fumávamos. Os demais compensavam e bem. E por incrível que pareça, no meio de todo aquele buffet do mal, havia uma regra: não era permitido loló. Nunca entendi o porquê, mas chegavam a bater em quem se escondia no banheiro do ônibus pra enfiar a cara no saco plástico.
Talvez para o crack haja uma argumentação melhor. Existe uma parcela de consumidores que ainda tem poder de consumo com dinheiro, mas à medida em que a classe social diminui, a fatia aumenta, e a moeda passa a ser os bens: roupas, panelas, tênis, relógios, enfeites de casa, maçanetas, assoalhos, torneiras, janelas e tudo mais que surgir numa imaginação em plena fissura.
Quem sabe...
Não tenho medo do efeito das drogas, tampouco curiosidade: em quase 32 anos nunca experimentei um baseado. O que me assusta é a atmosfera criminosa que circunda o “inofensível” consumo. Não creio que seja um entendedor do assunto, mas acompanho quase que diariamente, nos jornais, as apreensões de drogas e prisões de envolvidos. Vejo a epidemia do crack ligada a assaltos a pessoas e furtos em residências e a cocaína e a maconha ao roubo de carros e bancos.
Então ouço rumores otimistas, se assim puder dizer. A epidemia do crack seria mal vista pelos traficantes, os que efetivamente tem algum controle. Lembrei de quando fazia as primeiras excursões pro Farol de Santa Marta, com os amigos de um colega da eletrônica, lá por 96. Entre todos os ocupantes dos dois ônibus, apenas eu e a namorada de um cara não fumávamos. Os demais compensavam e bem. E por incrível que pareça, no meio de todo aquele buffet do mal, havia uma regra: não era permitido loló. Nunca entendi o porquê, mas chegavam a bater em quem se escondia no banheiro do ônibus pra enfiar a cara no saco plástico.
Talvez para o crack haja uma argumentação melhor. Existe uma parcela de consumidores que ainda tem poder de consumo com dinheiro, mas à medida em que a classe social diminui, a fatia aumenta, e a moeda passa a ser os bens: roupas, panelas, tênis, relógios, enfeites de casa, maçanetas, assoalhos, torneiras, janelas e tudo mais que surgir numa imaginação em plena fissura.
Quem sabe...
Tuesday, March 10, 2009
2009
Depois dos 81 anos do pai, do Carnaval e das férias, 2009 começa. Começa um pouco mais lento do que eu esperava, com menos metas estabelecidas objetivamente. Esse ver passar o tempo sem definições concretas a curto e médio prazos causam uma pequena frustração. Devia ter guardado uns dias antes das férias para organizar isso. Então coloco os pés no chão e tento dar conta do agora com algumas trivialidades úteis para não deixar o tempo passar simplesmente pensando. Só que as trivialidades, por mais simples que sejam, esbarram em processos lentos e pessoas sem vontade e sem possibilidade de cobrança. Desanima, profissionalmente falando.
Enquanto isso, os objetivos não profissionais estão bem traçados e prometem muito prazer. Semana que vem recomeça o italiano. E procuro assunto e inspiração para dar início a um livro..
Enquanto isso, os objetivos não profissionais estão bem traçados e prometem muito prazer. Semana que vem recomeça o italiano. E procuro assunto e inspiração para dar início a um livro..
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