Saímos de Porto Alegre tendo como destino Atenas sob um ambiente carregado de dúvidas e especulações sobre o acidente da véspera, no voo AF447, e a segurança do transporte aéreo.
Durante uma viagem a um país estrangeiro – no caso, dois – geralmente temos boas e más experiências de tratamentos recebidos. Sendo na maior parte do tempo clientes, antes da denominação turistas, entendemos que, além de respeito, um pouco de gentileza sempre vai bem.
No aeroporto de Paris, o funcionário da polícia poderia nos ver apenas como dois estrangeiros, olhar nossos passaportes e as fotos e nos liberar. Ele foi um pouco mais adiante: ao ver que éramos brasileiros, sorriu e disse: “Você está feliz?”. Respondemos que estávamos muito felizes, o agradecemos, e tivemos nossa primeira boa impressão. Cerca de uma hora e meia depois estávamos embarcando para Atenas com algumas poucas palavras: kalimera (bom dia), kalispera (boa tarde), kalinihta (boa noite), parakalô (por favor) e efharistó (obrigado), que no alfabeto grego se escreve assim: Eυχαριστώ. Fácil, né?
A briga e as descobertas com o idioma foram uma aventura à parte. Nos rendeu situações engraçadas, mas nos mostrou, mais uma vez, que temos uma educação completamente pobre sobre culturas e línguas. Tanto na Grécia quanto na França acabamos nos virando com o nosso pobríssimo inglês apoiado moralmente por algumas noções de espanhol e italiano. No Hotel Metropolis, em Atenas, resolvi ousar. Já tinha decorado os números de zero a dez. Então olhei no nosso guia como era quarenta. Já no segundo encontro com o recepcionista pedi a chave do nosso quarto: “Saranda dio” (42). Ele sorriu, surpreso, e nos entregou a chave, repetindo o “saranda dio”.
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A primeira vista da janela do quarto confirmava nossa escolha pela localização. No alto da Acrópole, o Partenon já esperava nossa visita do dia seguinte. Apesar de muito cansados da viagem tomamos um banho e fomos visitar a Ágora Antiga e conhecer um pouco dos arredores do hotel, tudo a pé. Estávamos muito bem localizados. As ruas eram cheias de lojinhas de souvenirs e restaurantes. Algumas bancas de frutas e turistas e muitos e muitos gregos. Nessa noite experimentamos o souvlaki de porco, que é um espetinho, e a salada grega, com tomates, azeitonas, pepino, cebola roxa, azeite de oliva e uma deliciosa fatia de queijo feta. Para acompanhar bebemos a Retsina, um vinho branco típico.
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No dia 3 subimos até o terraço para tomar o café da manhã olhando para a Acrópole, que foi o nosso passeio daquela tarde. Em seguida do café fomos visitar o Museu Arqueológico Nacional que ajudou a formar, juntamente com os monumentos, uma idéia de como devia ser a civilização naqueles dois mil e poucos anos antes. No museu, a riqueza está puramente nas peças expostas. Não é bonito como o Louvre, não tem telas nas paredes. Quase tudo são esculturas e vasos pintados. Há também uma ala com muitas jóias, a maioria delas em ouro. Colares e coroas enormes, com folhas de árvore e ramos em ouro extremamente brilhante.
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A visita aos monumentos da Acrópole não é simples. Embora fisicamente seja apenas um monte seco, com construções em ruínas, um sentimento forte de imaginar como pode o homem ter feito tudo aquilo há tanto tempo intriga a todo instante. Agradeci por poder pisar ali. Era o nosso último dia em Atenas. Na manhã seguinte embarcamos num ferryboat gigante para Santorini.
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A Alice sempre faz fotos nas agências de Correios por onde passamos. Esta, em especial, na Acrópole, foi bem bacana.