Tentaram nos assustar. Eram 8h da manhã de segunda, 1° de junho quando eu terminava de ajeitar as malas. Sempre escutamos a Itapema FM, que toca músicas agradáveis intercaladas com alguns drops de manchetes. Geralmente notícias burocráticas como o índice de aceitação do governo ou culturais, como os shows que estão para vir para Porto Alegre. Só que naquele dia o locutor interrompeu o jeito descontraído e falou com voz de plantão noticiário de filme que havia desaparecido um avião da companhia aérea francesa Air France com cerca de 200 pessoas a bordo no trecho Rio – Paris. Era justamente o trecho que faríamos: Rio – Paris. O último contato da aeronave, que saíra às 19h de domingo do Rio, teria sido por volta das 6h da manhã. Naquela hora, às 8, não tinha nenhuma notícia concreta. A Alice saiu do quarto e perguntou: “E agora?”.
Deixei as malas de lado, levantei e fui até ela. Abracei-a e disse que tudo daria certo. No fundo eu estava com muito medo, mas não podia abandonar tudo ali. Se essas coisas podem apresentar-se como um sinal para se desistir de algo, para mim era um sinal de que, por maior que fosse o desastre, o nosso voo estaria a salvo. Não tínhamos muito tempo pra refletir o que fazer, o voo para o Rio era às 10h40min. No Galeão, centenas de jornalistas e TVs de todas as partes lotavam as áreas comuns em busca de entrevistas. Mas ainda nenhuma notícia do que havia ocorrido, só especulações. Aguardamos até o embarque, às 16h20min, naquele ambiente nada favorável para o início de uma viagem de duas semanas em férias.
De nossa parte, o fato mais intrigante, além de irmos pela Air France, era de que tentei comprar as passagens saindo no domingo, mas o atendente disse que não havia mais no valor que eu queria, apenas na segunda. Como iríamos chegar aqui no sábado, 13, e ter o domingo para descansar, não faria muita diferença adiantar o cronograma para mais um dia. Só que nosso voo, mesmo que fosse no domingo, não seria no mesmo horário do AF447 (19h), e sim no das 16h20min.
Fomos e voltamos muito bem. Durante a viagem vimos muito pouco sobre os desdobramentos do acidente e conseguimos aproveitar ao máximos as maravilhas que nos foram oferecidas.
2 comments:
foi vc que nos assustou!
Um acidente, não poderia te deter... todos assustamos por qualquer coisa por menor que seja. Desafiar o medo, é o que nos dá o tom da vitória... vá e volte, voar faz bem. ;-)
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