Quando organizamos a viagem, o horário do ferryboat de Atenas até Santorini, às 7h da manhã não assustava muito. Não tínhamos muita escolha: o outro horário – 15h – nos deixaria na ilha quase à meia-noite. Acordamos por volta das 5h do dia 4 de junho e pegamos o metrô até o porto. Ainda deu tempo de tomar um bom capuccino antes de embarcarmos.
O porto, apesar de não ter quase nenhuma infra, tem uma escada rolante gigante para atravessar a avenida, e impressiona pelo tamanho dos barcos que levam milhares de turistas às ilhas todos os dias, além de carros e caminhões.
Entregamos a passagem e vimos que tínhamos feito um bom negócio em ter pago um pouco a mais pelo lugar demarcado no lounge com poltronas de avião. A passagem mais barata era no deck, porém, apesar de imenso, essa área é bem reduzida, com cadeiras de plástico, vista só para as laterais e o assoalho completamente molhado. Com isso, as poltronas internas eram muito disputadas.
Embora apenas o alfabeto seja grego – os algarismos eram arábicos – o sistema de numeração nos atrapalhou. Havia uns 5 lounges, o nosso era o segundo, com duas fileiras de poltronas. Procurei pelos nossos números e encontrei uma senhora de idade, grega, na nossa poltrona. Fiz uns barulhos, emendei um “please, sorry” e mostrei nosso bilhete. Ela resmungou em grego e ficou parada. Como ela não esboçou nada em inglês, mostrei-lhe novamente o bilhete. Com isso a mulher que estava dormindo no banco de trás, onde seria o lugar da senhora, levantou. Olhou os bilhetes, resmungou em grego e pulou um banco pra trás. A velha, demonstrando certa indignação, passou para o lugar da que estava dormindo. Pronto, nos acomodamos. Então comecei a observar que a numeração, que estava indicada no encosto da poltrona, correspondia ao lugar da frente. A velha estava certa. E tivemos passar pra frente. Eu acho que a velha não deve ter gostado. Mas eu falei um novo “sorry!” pra ela.
Era o início, atrapalhado e cômico, de uma viagem de 8 horas pelo Mar Egeu até a ilha de Santorini.