Depois de uma semana e meia de volta ao trabalho percebo que ainda não aterrissei. Nem no trabalho, nem nas aulas. A mesa assusta qualquer desavisado, mas não a ponto de me fazer organizá-la. Ainda bem que a Rita sequer tira o pó acumulado, e não é por falta de vontade. Às vezes, quando chego da rua, ela está – cuidadosamente – limpando os poucos espaços vazios entre as pilhas de papéis que visivelmente são lixo. Mas ela os deixa ali. E acredito que vai ser assim, pelo menos até o meio do ano: um estado de flutuação em que corpo e mente só se encontram à noite, quando a porta é fechada.
É nesse momento que o dia realmente acontece, ou seja, não passa tão somente no calendário ou na página da agenda. Se é preciso guardar um instante para marcar a história dos meus dias, guardo toda a noite e as primeiras horas. O acordar e o café da manhã são como uma carga de energia e riso para os mais conturbados dias. A noite inicia e termina com um leve toque de lábios que nos fazem adormecer depois de saciados os mais acirrados diálogos entre dois corpos e duas mentes em harmonia.
Vôo e volto até os mais esperados dias, sem deixar que o agora se perca..
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