Recebi do Jurânio uma tentativa de votos natalinos fora do lugar-comum – não sei se o hífen está correto. Desejava aos constantes na lista do email dificuldades elevadas à n-potência num texto cujo tom me lembrou muito o Sunscreen, aquele video que teve uma versão em português com narração do Bial. Apenas em tom, pois o Sunscreen tem um texto “do bem”, é otimista. Para finalizar, nos desejou de forma muito pessimista que, um dia, tenhamos um feliz Natal.
Considero-me um tradicionalista e otimista. Por outro lado gosto de ver o empenho para mudanças; gosto de quando algumas pessoas – amigos ou não – te dão a real sem maldade. Sem querer usar o que dizem como um investimento pessimista para futura promoção pessoal. Não creio que tenha sido esse o motivador, entendi como dificuldades que provoquem desafios, superações pessoais e, sobretudo, profissionais. O sucesso, enfim. Só que nos desejou a parte suja.
E nessa época de festividades, em que o aniversário do JC consta como um ilustre coadjuvante, acho que as pessoas querem o bom e velho otimismo. Eu sou assim, pelo menos. Olho sorrindo para o ano que passou, agradeço o que tive de bom e torço que o ano seguinte seja melhor. Tudo muito generalizado, superficial, mas que me deixa leve, imune a eventuais contratempos (sem hífen?) e, por que não, monótono.
A Alice já me cobrou algumas vezes por aquele Raul impulsivo, surpreendente, imprevisível. Fazer isso com responsabilidade é uma meta. No Natal, porém, eu assisti a tudo sem responsabilidade e sem mais nada, apenas estampando um sorriso que não era meu. Vi minha sobrinha obesa aos 8 anos, que passara a tarde tomando refrigerante comer até todos perceberem que era de mais. Vi a teimosia da minha irmã caçula promover um Papai Noel que ninguém viu para a mesma sobrinha. Assisti ao silêncio da mesa só ser quebrado pelo barulho da tv. Vi os presentes que ficaram acumulados no canto da sala serem atirados pelo ar aos seus donos pela mesma sobrinha que buscava mais um com o seu nome. Assim a Alice recebeu o presente que passei dias pensando e horas escolhendo:
- Ó, Alice.
Assim recebi a linda camisa que ela me deu. Assim, também, recebemos os infelizes: a bermuda xadrez, um bermudão até a canela, um vestido tomara-que-caia e uma blusinha frente única. Coisas que nunca usamos nada parecido que inspirasse um presente assim. Depois de tudo conseguimos rir. Mas era preciso um desabafo. Restou o desafio de uma receita com o melhor do tradicional e impulsos surpreendentes. Não apenas para um feliz Natal.
1 comment:
Também me pergunto onde esta apatia comunitária vai nos levar, me acho saudoso dos impulsos estraviados, e olho pro horizonte pensativo... mas nunca encontro uma resposta... ..
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