Sinto essas horas finais de 2011 como os últimos grãos de uma ampulheta sobre o balcão onde guardo os recortes da minha vida. Não são, por certo, os últimos instantes desta vida, mas o final de mais um capítulo não menos repleto que os anteriores.
O sentimento de ver as horas passarem como a areia que se esvai pelo pequeno orifício é nada mais que saudade de um ano que muito ensinou. Olho sorrindo para trás e carrego na mochila de 2012 paz e serenidade talvez não experimentadas antes.
O exercício da calma e do controle me fez aprimorar as sutilezas do prazer que estava à volta. Assim senti, a cada dia que passou, orgulho de ser plenamente feliz.
Os sonhos a realizar são apenas parte de um projeto maior.
Quase todos os dias um colega invadia a minha sala e me perguntava se já havia inventado alguma coisa para ganhar dinheiro. Até o dia que enchi o saco e respondi: “Quer saber? Não quero ganhar dinheiro!” Houve espanto. Então expliquei que estava fazendo absolutamente tudo o que queria.
Não acho que sou uma pessoa que se satisfaz com pouco, mas algumas poucas coisas, quando bem feitas, dão um prazer difícil de atribuir simplesmente ao dinheiro.
As nossas viagens, as nossas comidinhas – as rapidinhas e as demoradinhas, a nossa casa, o nosso amor e o olhar cúmplice da Alice nesses momentos é impagável; a risada solta da Alice nesses momentos é impagável.
E hoje estou assim, valorizando e muito esses sabores que este ano maravilhoso proporcionou. Senti falta, como sempre, de mais encontros com os amigos, mas fico feliz por saber que os de fé aguardam sem pressa e com saudade aquele abraço.
Saravá, meu povo! Feliz Ano Novo!
Thursday, December 29, 2011
Friday, December 09, 2011
Jardim interno...
Passado o trauma do evento em Pelotas e recarregado o ânimo, não vejo outra saída para retardar a insanidade do que criar um universo à parte deste. Tenho ouvido e lido menos notícias e mais músicas, o que ajuda um pouco. Mas não é possível ficarmos alheios ao que nos cerca, como a queda dos ministros, o desvio do dinheiro público, o tráfico e os assaltos e até as discussões de condomínio.
Às vezes tenho que me balizar para não ficar comentando só sobre tragédias do cotidiano. Se a janela para a rua não mostra o belo, apreciemos o intramuros. Então valorizo, ainda que inserido nesse caos, o pequeno ambiente familiar, a Alice e a Flora, os nossos momentos juntos, mesmo que não fazendo nada, atirados na cama, o simples fato de alimentar o bichinho e tentar entender seus sinais. Esses momentos pinçados de entretenimento e descanso tem tamanha fonte de energia que me animam a buscar mais atividades que reforcem esse lado de apreciar com prazer e não com tristeza ou pesar. Porque até assistir às pessoas servindo-se no almoço me assusta.
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