Se disséssemos que tudo o que acontece conosco é obra do acaso seríamos escravos da ingenuidade. Muitas coisas acontecem por casualidade mesmo, mas uma boa parte, o grosso das páginas que escrevemos na nossa estada por essas bandas é, nada mais que, um aprendizado, ou melhor, um ensinamento em busca de um aprendizado. O fato de existir um ensinamento não implica que haja um aprendizado.
Trocamos de emprego, de curso, de faculdade, de cidade, de país, de mulher, de homem, de sexo até! Tudo em busca de viver o novo de uma maneira melhor do que o já foi passado. Deixar de fazer aquela manifestação infeliz diante da nova sogra, ter mais iniciativa no novo emprego, ser mais atencioso com a nova namorada, e essas coisas todas que, com jeitinho e vontade, podemos ir moldando afim de melhoras na nossa vida e de quem convive conosco.
Mas o autor desse do nosso roteiro parece estar nos testando sempre. Volta e meia tu te deparas com uma determinada situação e logo pensa: “bah, já vi esse filme!” E acaba, seja por esquecimento ou por duvidar que as coisas aconteçam numa certa lógica, criando um mesmo fim. Ou, pelo menos, disponibilizando matéria-prima para uma obra que já não deu certo.
Mas existem aquelas coisas que nunca deram errado, mas insistimos em fazer, como se estivéssemos pedindo pra que acontecesse alguma coisa diferente. É a adrenalina do perigo, é o tesão do risco. Tenho um amigo que sempre diz a mesma coisa quando falamos sobre paraquedismo: “É muita vontade de morrer!”
Num raciocínio mais frio até pode ser. Porém, os mais audazes precisam de adrenalina, precisam de tesão pra dar tempero a quase tudo o que fazem. Não há graça no óbvio, no certinho. O risco de a corda não fazer abrir o pára-quedas, de parar o carro num lugar não muito seguro pra dar um beijo mais demorado, de a porta abrir..., de o pai acordar, de a pílula falhar... incontáveis riscos que apimentam os mais insanos atos, arrepiam os mais inertes pêlos e afloram um desejo que explode, mas que jamais sacia...
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