Monday, January 30, 2006

Momento impagável...

Tava tomando uma Bohemia no Paradouro Nacional, em Atlântida, quando cheguei à conclusão de que não posso viver sem óculos de sol. O meu Ray-Ban quebrou e o Mormaii de 10 pila que eu comprei em Atlântida Sul, esqueci em Porto. Vi passando uma tiazinha com aquele monte de óculos cravados num isopor.

Levantei o braço e chamei a tia.

- Oi, é tudo o mesmo preço ou varia?
- Varia, moço.. esses aqui são 10, esses aqui 15 e esse daqui 25.. ele é especial.
- Hum.. sei. Esse daqui é 10?
- É, esse daí é 10.
- Legal esse daqui.
- É, é muito bonito.. tem saído bastante desse – sempre o mesmo papo..
- A senhora tem um espelho?
- Ah, desculpa.. tá aqui ó.
- Gostei, vou ficar com ele. Quer um gole? – ofereci o copo da cerveja enquanto eu pegava o dinheiro.
- Ah eu quero um golinho. – tomou com gosto aquele gole.
- Tá bem geladinha né?
- Tá, bem gelada..
- É Bohemia.
- Hum.. não conhecia. Muito boa.
- Pode tomar mais.. – servi mais no copo.
- Ah, obrigado seu moço, vou aceitar.
- Não precisa me chamar de “seu”, meu nome é Raul.
- Ah tá, o meu é Sandra. Tu és de Porto Alegre?
- Sou sim, e a senhora?
- Eu moro lá também, mas sou dE Bagé.
- Ah legal.. terra de gaudério mesmo.

E assim fomos passando o tempo. Ela falando das vendas, da filha, do patrão, do calor, enfim.. um monte de assuntos que deve ter acumulado por passar o dia inteiro perambulando na orla com aqueles óculos. Fui um bom ouvinte, creio eu. Até que ela se soltou mais e disse que gostava de ir a bailões no centro. Conversamos mais um pouquinho e ela enfim se foi. Saiu dizendo:

- Brigado, moço! Muito boa essa Booo.. Bohemia né?
- É. Tchau.. sucesso nas vendas!
- Brigado, moço!

A cerveja desceu até melhor depois daquela prosa e dos óculos. Uma semana sozinho nos faz ficar mais receptivos a essas pessoas que geralmente não conversamos.

Volto a Porto um pouco corado do sol, renovado pela paisagem da sacada do hotel e pelo incessante barulho do mar, convicto de que seria interessante passar umas duas semanas a fio numa praia – não a trabalho – eu ia ficar tri perdido se fosse morar em outra cidade, com muita saudade, e um pouco mais calejado...

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