Ouvi de dois amigos pelos quais sou apaixonado dizerem um ao outro que o problema de ambos é que precisam se apaixonar por alguém. Perplexo, meu amigo perguntou se ela não estava apaixonada, já que vinha aparecendo nos encontros da turma com um affair.
- Não! – disse ela convicta.
Aí me lembrei da história do vulcão. Uma vez me disseram que amantes incondicionais são como vulcões: podem passar um bom tempo na calmaria, totalmente pacíficos. Porém, por baixo de um espessa crosta, extremamente dura de rocha que é, esconde uma paixão que, quando em erupção, nada mede sua temperatura. Derrete as mais sólidas camadas magmáticas que o encrostam.
Assim era essa minha amiga. Beatriz. A Bia tinha paixões vulcânicas. Parecia que tinha atração por fogo. Inocentes nós. Depois de um tempão vim a saber que o fogo é que atrai homens e mulheres. Enfim, o fogo é comum e fundamental aos amantes. E por isso nenhum dos guris se atrevia a se engraçar com a Bia. Nossas caras repletas de espinhas ainda não ardiam a brasa que cativava o corpo ardente de Beatriz.
E não adiantava, se o tipo não despertasse a paixão de Beatriz a ponto de eruptir, ela o reduzia a mais uma rocha que futuramente seria avassalada pela lava quente que brotaria das profundezas do coração de Bia. Ela não precisava de mais pedras. Bia queria abalos sísmicos. Só aí que foi me cair a ficha da convicção dela ao dizer que não estava apaixonada.
E com o delay que é reservado a nós homens, descobri mais tarde que aquelas paixões vulcânicas não eram uma particularidade da Beatriz. Ela apenas descobrira mais cedo que se suas paixões podiam arder em fogo não tinham por que estagnar em pedra. Felizes aqueles que descobrem sua parte vulcão e sua parte tremor e dividem entre si abalos e erupções, expelindo magmas incandecentes ejetando para longe as pedras que os atravancam e só o que se solidifica são suas lavas que se fazem fundir.
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