Diz que não se faz, mas acho hipocrisia.. eu analiso quase todos os meus relacionamentos, sejam os de amizade ou os de paixões. Faço uma espécie de gráficos e tabelas mentais na busca de evidenciar pontos que levem a uma maneira mais sensata de encontrar alguém que concilie afinidades, química e vontade de querer estar com alguém, e só com este alguém.
As afinidades já temos, cada um, as suas. Podemos mudar um pouco, vir a conhecer lugares, comidas e músicas antes não apresentados. Mas nada que seja tão significativo. A química só se conhece do jeito que aprendemos no primeiro grau: experimentando. Um corpo A reage (ou não) com um corpo B. A isso somam-se as afinidades, os momentos vividos antes desse, e a mística curiosidade do que ainda pode vir a acontecer. Se a reação resultar em uma explosão de sensações, aí está o primeiro passo pra se alcançar o seguinte: a vontade de querer estar só com este alguém.
Às vezes mudamos um pouco a ordem, e colocamos como premissa inicial não estar só com um alguém. Aí podem aparecer afinidades e química, mas vai ser bem mais difícil demover a premissa inicial, ainda mais quando ela for verificada com freqüência.
E quando a ordem é mudada fica difícil mesmo.. a premissa inicial pode até ser a de querer sim, estar só com um alguém, mas se não der espaço à química, por exemplo, tudo vai por água abaixo.
Isso porque ficamos com medo quando alguém abre seus sentimentos em relação a nós. A barreira natural que muitos de nós temos para com novas pessoas se reforça quando essas novas pessoas demonstram algum interesse. Embora eu perceba e saiba o quão arriscado é abrir os sentimentos antes de fechar as três premissas, prefiro assim: deixar claro que há interesse de minha parte. Não deixa de ser uma mudança na ordem, mas a dificuldade em contornar isso, a conquista dos sentimentos alheios até que se perca o medo, a luta contra si próprio, contra o próprio corpo e mente em controlar atitudes, em saber esperar.. isso tudo é o que alimenta mais a vontade de afirmar os três argumentos.
Por isso que considero importante deixar rolar as coisas nessa ordem: afinidades, química e vontade de querer estar só com este alguém que já confirmou os dois argumentos anteriores. Mas os três são fundamentais. É como uma mesa de três pernas. Se uma delas quebra, a mesa desaba. E sobre essa mesa é que, aos poucos, vai se construindo tudo o que vai sendo vivido, como um equilibrista que vai colocando taças de cristal, uma sobre a outra. É a fragilidade de toda relação que investiu nos três pontos fundamentais.
O mais engraçado é que depois que se concretizam esses pontos fundamentais, a parte que antes relutara em aceitar a revelação de sentimentos e interesses, recobra essas afirmações demonstrando uma incerteza e um querer, um medo de não sentir e apostar sozinho.
Quando um peito se abre aparecem muitas coisas lá guardadas. Os órgãos vitais gritam por algo que lhes instiguem a continuar vivos. Pulmões anseiam ofegar e um coração disparar. Por todo um corpo um sangue quer ferver, quando na retina de olhos brilhantes reflete a luz de uma união de formas de forma que se perceba e sinta que nada disso se sente sozinho.
1 comment:
ual...bem diferente dos textos habituais...mas incrivelmente bem escrito e bonito. Parabéns Raul, você disse tudo!
Abração pra ti e tudo de bom guri!
P.S.: mesa de 3 pernas?! hahaha
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