Thursday, March 16, 2006

O boné amarelo...

Show é um negócio engraçado. Pensa só.. o Santana ontem, por exemplo. Analisando muito friamente, o que o cara faz, é mexer freneticamente os dedos da mão esquerda sobre as cordas de aço da guitarra enquando as vibra - com o auxílio de uma palheta – com a mão direita. Só!

É claro.. a combinação desses toques todos produz uma melodia intrigante de tão boa, que nenhum mortal como nós seria capaz de reproduzir. Muito menos, muito menos produzir. E o cara inventou aquilo! E toca do mesmo jeito, não erra nada, com a naturalidade de quem escova os dentes. O cara é o cara!

Mas aí eu penso.. por aqueles toques melodiosos dos dedos do Carlos Santana ele ganhou o mundo. Ele toca a guitarra, não canta, (tem um magrão que canta pra ele) e por esse seu trabalho, ganhou o mundo! Pessoas no mundo inteiro esperam uma visita do mexicano ao seu país, organizam seus horários, convidam amigos e pagam 80 reais pra assistir àquela exibição de talento.

Eu não conseguiria reunir 10 pessoas que pagassem 1 real pra me assistir trabalhando. Nem a pau!

Mas tem outra coisa engraçada em show. Encontrar pessoas conhecidas na multidão. Mais.. tem gente que surta se alguém consegue encontrá-lo de longe. Se o vir pela TV então.. capaz de ter um ataque cardíaco.

Aconteceu no show do U2 em São Paulo. Ninguém me contou, eu vi! Já tinham fechado a Hot Area e nós estávamos ali, comemorando por termos conseguido entrar e esperando o tempo passar. Como ali dentro não é atrolhado, podíamos ficar conversando na boa, sentar ou levantar a qualquer hora, ir ao banheiro tranqüilamente, enfim. Ao meu redor: duas patricinhas, uma delas de rosa e boné amarelo; Alice e Catherine, mãe e filha, as que me deram a bandeira do Brasil no final do show; um casal.. ele, o Carlos, bem magrinho, ela, Márcia, pesava umas três vezes o peso dele. Muito gigante! Daquelas que têm seios grandes, mas que a massa que tem abaixo ultrapassa, fazendo uma forma única, e muito alta. Daquelas que suam o cantinho da testa ao menor sinal de calor. Os dois e um amigo.

Entre os assuntos que discorriam, Alice advertia a filha Catherine sobre a conta do celular, que tinha dado muito alto, que era pra ela maneirar e tals. Foi ela fechar a boca, Márcia pediu o telefone emprestado, caso Alice não se importasse. Bah, não acreditei.. ela tinha acabado de reclamar da conta do telefone! Mas emprestou. Na maior cara de pau, olhou o número no seu telefone e ligou com o de Alice..

- Alôôôôôô!!!!?
Tiiiia? A Carla tá aí?
Não?
Tá, tudo bem. Ela tá no show?
à hããã.. tá, me dá o número então..
Tá.. oooito.. ã hã meia cinco.. tá.. tá.. obrigaaaada!

Desligou, e com a mesma cara de pau e naturalidade disse que só faria mais uma ligação. Ligou.

- Caaaaaaaaaarla!!!! Oooooooooooi!!!!
Eu to aqui na hot area!!!! Isso, aqui no palco..
Onde cê tá?
Na arquibancada? Ah tá.. no anel bem de cima
Camiseta preta.. cê não tá vendo?
Olha aqui.. bem em frente à caixa de som.. não, mais pro lado, peraí!

Nisso ela passou a mão no boné amarelo da patricinha, que ficou boquiaberta.

- Eu tô sacudindo um boné amarelo, tá vendo?
Aqui.. cê tá vendo? Tá vendo? Tá vendo?
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Amigaaaaaaaaaaaaaaaaaa AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

A cena foi das mais clássicas. A Márcia, com seu físico de cinturinha de kombi pulava, e tudo nela balançava. Sacudia o braço que parecia um salame daqueles que ficam pendurados com um cordão amarrado na volta, e gritava sem parar. Gritava muito! E a chamada correndo. Mas era tão engraçado que a Alice nem reclamou, todos riam muito, inclusive o Carlos, o namorado e a patricinha, a qual ela subtraíra o boné amarelo. Cada berro dela era ensurdecedor, e eu me deitava no chão de tanto rir. Foi clássico!

Mas Márcia queria roubar a cena mais uma vez. E conseguiu. Num show é comum, os caras colocam as gurias na garupa.Uma perna da moça de cada lado do pescoço e a nuca do rapaz no paraíso. Ela nas alturas, acima de todos. Braços erguidos e peitos estufados na camiseta. Coisa mais linda!

Ao ver aquela cena, Márcia não hesitou..

- Ah não, eu também quero!! – olhou pro namorado.

O silêncio se instaurou. Ninguém mais falava nada, só observavam a cara de pré falecido do Carlos. Cara de carro daqueles filmes americanos que são esmagados numa prensa. Mas o anjo da guarda de Carlos deu os ares..

- Aaaaai, amor.. tadinho, não vai poder, tá com o joelhinho machucado. – todos respiraram aliviados. E logo veio outra bomba...

- Aháááááá.. mas você não tááááááááá....!!!! – e apontou pro amigo.

- Te fudeu, magrão!!! – concluiu o Carlos.

1 comment:

Anonymous said...

Mas falando do Santana....imagina se ele cantasse????
Abraços amigos.
Tow sempre aqui!!

Minhas fotos no