Wednesday, May 31, 2006
O poder da brisa e do vento sobre as dunas...
Sempre gostei de apreciar as dunas da praia. Talvez mais até do que o próprio mar. Quando criança gostava de passear por aquelas dunas gigantes que tinham perto da lagoa de Quintão. Nem chamávamos de dunas, na época. Crescemos conhecendo aqueles grandes morros de areia por cômoros.
Muitas e muitas vezes saí a caminhar sem rumo pelas areias brancas e finas em alto relevo nos finais de tarde. Os passos deixados no chão eram apagados pelo vento que sempre soprava mais forte à noite. No outro dia, já de manhã, não havia mais marcas, fossem de pegadas ou de qualquer elemento externo que viesse a marcar a superfície da areia.
Outro fato impressionante é como aquelas dunas gigantes se movem tão rápido. O vento que sopra, mexe apenas com as areias da superfície. Mas acabam por deixar à mostra o que tem por baixo. E assim, pouco a pouco, sem que se perceba na hora, a grande duna se deixa levar longe. Algo impensável para uma estrutura que aparenta tamanha firmeza.
O superficial dá essa impressão de não mexer com o que está por baixo. Mas o superficial é justamente o que está exposto. E por mais que a grande duna pareça não se deixar abalar por uma simples brisa, esta pode soprar contínua, persistente, revelando camadas cada vez mais profundas e as deixando sensivelmente vulneráveis.
Assim são conduzidas, por maiores e fortes que sejam dunas, pelo vento e pela brisa que sopram sem parar. Desde os grãos de areia mais finos e sensíveis da superfície até os mais profundos e resistentes que a sustentam.
Quando menos se espera montes de areia, antes firmes e incólumes, vulneráveis estarão a brisas e ventos despretensiosos que os levarão a terrenos desconhecidos, quem sabe numa só duna, maior e mais bela. O importante é que mantenham a forma e o significado belo daqueles que os apreciam. E nunca se desmanchem à simples areia do chão, sem forma, sem significado, sem sentido. Sejam sempre duna, com sua superfície sensível e estrutura resistente.
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