Monday, July 03, 2006

Ah o futebol..

Acho que é de senso comum que toda atividade que envolve muito dinheiro, muita política e muita fama – fama dessas de colocar o nome na história – é passível de resultados distoantes à vontade geral, ainda que de uma nação inteira.

Ilude-se quem pensa no futebol dentro das quatro linhas, camiseta suada e bola na rede. Os uniformes não servem mais para não confundir os jogadores de um time com os do outro, estilistas desenvolvem designs exuberantes e tecidos com tecnologia avançada. Foi-se o tempo das camisas surradas de malha e algodão.

Não houve cabeleira nessa Copa que não passou por algum “instituto de beleza”. Por certo os calções dos jogadores dvem ter um compartimento para guardar o lenço umedecido para não borrar a maquiagem.

Mas assim é, e duvido que mude. E eu, como a maioria dos brasileiros, continuaremos acreditando que nossos craques entrarão em campo dispostos a dar sangue pelos nossos times.

Descobri, nessa copa, que sou mais colorado que brasileiro. Bem mais. Minha euforia, vibração, nervosismo e até mesmo desespero não são comparáveis entre a seleção e o meu colorado. Sinto falta disso.. de ter essa identificação com o time que representa o nosso país. Em outras épocas era bem diferente. Dia desses peguei um táxi com um tiozinho que descre veu com detalhes a partida da final da Copa de 50 quando o Brasil perdeu para o Uruguai com mais de 170 mil no Maraca. O tio era tão desgraçado que me narrou os 3 gols da partida não deixando faltar nenhum jogador que tenha tocado na bola, seja do Uruguai ou do Brasil (Uru 2 x 1 Bra), com nome e sobrenome – ou apelido e nome.

Após o jogo o Brasil calou. Foi um silêncio que a nação só voltou a ver na morte do Getúlio. E descambou a falar do Getúlio. Mas aí é outro papo.

O fato é que o Brasil caiu no primeiro adversário à altura. É o problema de viver na ponta, com tantos craques. Nos damos ao luxo de passar 4 anos de amistosos, onde essas “estrelas” que vimos não são convocadas. Que saudade da magia do futebol.

Quatro estações...

Aos dez anos, as matérias da quarta série eram Língua Portuguesa, Matemática, Educação física, Estudos Sociais e Ciências. Numa dessas aulas de Ciências aprendemos as estações do ano. A professora sempre começava pela primavera e ia até o inverno. Primavera, verão, outono, inverno, sempre nessa ordem. E sempre com algum símbolo característico para cada estação. Os mais legais sempre foram as folhas dos plátanos para o outono e as flores para a primavera.

À medida que íamos crescendo fomos entendendo que existem muito mais características que definem uma ou outra estação. Sorvetes e picolés, praia e bronzeado, para o verão; café colonial e serra, chuva e frio, no inverno. Histórias infantis também se contextualizavam sazonalmente, como a fábula da formiga e da cigarra.

Se pensarmos nas coisas isoladamente, ainda que muito belas, talvez não durem mais do que uma estação, como o bronze do verão, ou a paisagem de folhas secas do outono. Os ciclos – compostos de vários elementos - contemplam todas as estações. As árvores, em especial as frutíferas, têm muito disso, de ciclos. Desde os processos de seiva bruta e seiva elaborada, fotossíntese, até a renovação das folhas e o amadurecimento dos frutos. E os frutos, mesmo depois de maduros e colhidos, trazem consigo novas sementes, que possivelmente darão continuidade ao ciclo, novamente passando por todas as estações.

Nenhuma árvore nasce para dar frutos apenas uma vez, numa só estação, e morrer. Uma árvore não é capim, que pode até ter um verde muito vivo, se alastrar pelos campos indiscriminadamente, mas não vive mais de uma estação, conseqüentemente não dá frutos e tampouco embeleza quando sem folhas. Uma árvore é única. Requer muito cuidado para que sempre produza bons frutos, e seja sempre forte e vistosa, em todas as estações.

2 comments:

Anonymous said...

Antes de tudo: te organiza!! Dois post´s num só, pro cara ler numa segunda pós-eliminação do Brasil, é pra sacanear!!! Com relação a desclassificação da "selecinha", nada mais óbvio: nunca houve um ajuntamento de atletas tão óbvios, a ponto de a imprensa ter que criar notícia sobre a bunda do Dentucho ou a barriga do Gordonaldo pra ter o que veicular, pois não havia sequer uma convocação polêmica. Nem o Mineiro foi contestado na subistituição ao Edmilson.
Agora a maior obviedade já escrita por ti: nada supera o amor pelo Colorado! Apesar das inglóris vividas a tempos atrás, nada como adentrar o Beira-Rio ouvindo a galera cantando:"Ô, ô, ô, ô Inter!!! Ô, ô, ô, ô Inter...".
Abraços do amigo e boa semana.

Anonymous said...

É Obvio!!!
As frases "A maior obviedade já escrita por ti" do Pitoko somado a " mas Amor, tu és mulher" que ouvi do Dê confirmam o que eu já sabia: dessa dor eu não sofro mais. Amargurei aos 15 anos quando o Meu Grêmio perdeu pro Ajax. A partir daí perdi a inocência. Talvez eu não saiba perder e por isso minha indignação com um país parado pelo futebol. E por favor, não se decepcione e não confunda futebol com patriotismo!
Agora tb, por não arriscar, por não querer sofrer, não sei o que é a galera gritando Oh Oh Oh Oh! Quem sabe um dia, hein???

As quatro estações?
É preciso regar a plantinha!

Saudade! Beijos da Pi!

Minhas fotos no