Quando diziam que as pessoas devem (ou deveriam) ter um porto seguro, sempre fiz pouco caso. Sempre me imaginei auto-suficiente, e resolvia as turbulências sofridas a minha maneira: na rua. Quase sempre deu certo. Porém, minha falta de medida na rua era proporcional ao que me afligia, embora sempre negasse passar por qualquer temeridade. Assim protagonizei histórias que serviriam de prato farto pra um personagem de desgraças.
Não vou dizer que me arrependo. Mas se eu fui alegre nos momentos de Tom Sem Freio, Exagerado, Nau à deriva, posso dizer que, ora bem ancorado, ora com um rumo bem definido com velas e leme na mesma direção, agora sou realmente feliz.
Ao oceano em meio a enormes ondas. Desta vez nenhuma delas foi capaz de nos levar de volta à terra firme. Talvez não tenhamos respeitado os perigos dos mares em outras investidas. E desta vez, com repeito e cautela, fomos onde nunca ninguém foi. E eis que me deparo com uma tempestade iminente. Não há tempo de voltar, senão enfrentá-la. É sabido que todas as forças, toda a perspicácia e toda audácia será necessária. E assim, com o devido respeito destemido, seremos recompensados com um imenso oceano, por hora calmo, apenas espelhando um sol forte. E um horizonte...
De minha parte, sei que só cheguei até aqui pela certeza das águas cristalinas e calmas do porto que vejo naqueles olhos. É neles que adormeço e revigoro para uma nova manhã. Não exatamente a certeza de uma volta, porque quem está sempre presente não precisa voltar. A dona desses olhos levo comigo. É a mão suave que vou segurar firme na hora da batalha final. Naqueles braços é que vou adormecer à espera do tão sonhado amanhecer.
3 comments:
Maravilha meu irmão... é bom saber que hoje você navega em aguas calmas, sempre torci por isso. Sempre torci para tu encontrar os teus olhos e nele enchergar o quão belo a vida pode ser. Adorei o texto, sei que também encontrarei os meu olhos, já que os meu óculos eu quebrei para dar sorte a um outro amor.
*suspiros!
Que lindo...
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