Thursday, February 14, 2008

Pois então, Punta del Este

Aqueles dias sob condições precárias no acampamento do Forte Santa Teresa nos fizeram ansiar por Punta. Hotel, água verdadeiramente quente, praia próxima, nenhuma preocupação com animais peçonhentos, vida civilizada, enfim.

Levantamos acampamento na manhã de terça e rumamos pra Punta del Este. Digamos que Punta é algo assim como uma grande vitrine. Não se pode negar, a cidade é lindíssima para o que se propõe: o urbano, com seus arranha-céus, quase que invadindo o natural, o mar e o rio. Digo isso porque Punta não tem morros, como santa Catarina, que enfeitam naturalmente as praias.
Em Punta o belo se faz do urbano, da construção, dos iates, das ruas asfaltadas. Ruas e calçadas de modo geral limpos e com um padrão. Vitrines e fachadas estampando cuidadosamente seus produtos. Muitas grifes famosas estão ali.

A gastronomia é requintada. Da rua podemos apreciar as mesas postas com taças, talheres e pratos sobre toalhas e sobre-toalhas e guardanapos em tecido. Dá até medo de olhar o cardápio. Os garçons todos de colete preto e gravata borboleta.

Café expresso mais barato: 45 pesos! No último dia achamos um a 35 pesos.

Como chegamos por volta da uma da tarde, fomos observar as ofertas. Vimos uma pizzaria grandona, Il Mondo della Pizza, tipo a Hut que tinha na Nilo, mas numa esquina, em área de circulação. Achamos que ali a comida seria em conta. E até era, pro padrão de Punta. A cerveja de litro custava 119 pesos (onze reais e noventa), e assustou um pouco.

Achamos então as Empanadas Ricas y Famosas, que serviam o que dá nome ao estabelecimento. Muito saborosas e muito recheadas a módicos 25 pesos. Ali o preço da cerveja era bem mais humano.. 70 pesos.

O Chivito do Marcos também é uma ótima opção. Fica mais pro lado do porto. O chivito impressiona pelo sabor e pelo tamanho. O método é um pouco diferenciado. O chapista vai gritando os ingredientes e tu diz se quer ou não. O meu, que eu quis quase tudo, menos a cebola, ficou enorme. E muito bom!

O passeio pelo porto é maravilhoso. Aquela infinidade de iates e veleiros mais o rio ao entardecer fazem um fundo perfeito para as fotos. Ali os pescadores vendem seus peixes frescos diretamente ao consumidor. À noite uma série de bares, como os da Fernando Gomes, enfeitam ainda mais o lugar.

Fizemos também um belo passeio à Isla Gorriti, num barco guiado por esse tio como marinheiro.



Não gosto de ficar reclamando das coisas pelo preço, mas Punta é dinheiro, e muito, o tempo todo. A beleza do lugar não se sustenta por si, parece que é preciso cheirar a dinheiro para se desfrutar das coisas.

- Amigo, como funciona o lance do guarda-sol e a cadeira de praia?
- Essa cadeira com o guarda-sol, 600 pesos por todo o dia. Aquela cadeira e aquele guarda-sol, 400 pesos.
- Obrigado.

Ficamos no sol mesmo, com protetor e sentados na canga, apreciando a praia que mais parecia uma piscina. Lindo mesmo! E então fui conferir os preços do bar:

Água: 50 pesos
Long neck: 90 pesos
Salada de frutas: 120 pesos
Caipirinha: 190 pesos

E assim por diante.

Com fome, com sede e ilhados, voltamos ao continente. Na volta fomos presenteados com a visita de alguns lobos-marinhos no porto. Deviam estar ali comendo as sobras dos pescadores. Dois deles, certamente já saciados da fome lagarteavam ao sol e nos permitiram algumas fotos.

Já ouvi muita gente dizer que Porto Alegre tem o pôr-do-sol mais lindo do mundo. Na certa bairristas que nunca foram a Punta. O sol se punha, naquela semana quase às nove da noite, e com aquele rio, aquele porto, aquela brisa e a beleza da Alice ali.. não tem comparação. Já vi muito o pôr-do-sol no Guaíba, e acho lindíssimo. Lá vi apenas um, e fiquei maravilhado. Isso que o sol não tava “gigante”. Mas em alguma época do ano deve ficar, e deve ser mais bonito ainda.

Outro diferencial de Punta, durante o dia, é a velharia. A concentração de gente idosa impressiona. Aí dá pra entender um pouco da cidade e seus estabelecimentos requintados. Pouquíssimas pessoas chegam a um ótimo nível financeiro quando jovens. E acredito que não seja em punta que invistam seu dinheiro. Os velhos bem de vida, esses sim estão lá. Os vovôs com seus Jaguar, Mercedes, BMW, Audi... e as vovós mais repuxadas que balão de festa de criança no dia seguinte (já foi repuxado, mas já tá meio enrugadinho). Na praia ficam com aquela cor de cenoura de bronzeamento artificial.

Dizem que a noite de Punta começa pelas 2.. 3 da manhã. Talvez o pessoal mais jovem estivesse por lá a essa hora. Mas os que vimos nas ruas e nas praias durante o diam eram, em sua maioria, velhos.

Libros Libros

Os livros, em geral, não são caros. A maioria das publicações fica entre 200 e 400 pesos. A Libros Libros, uma das livrarias de maior expressão por lá, tem um acervo imenso, com muitas obras sobre música, arte e cinema, além dos clássicos. Uma bela livraria. Nós trouxemos a nossa lembrança em espanhol. O meu, Cien Años de Soledad, do García Marques, numa edição especial em capa dura. Até tem nas livrarias daqui, mas o de lá tem um gosto especial. Assim como o da Alice: Don Quijote de la Mancha, do Cervantes e com ilustrações de – simplesmente – Salvador Dalí. Magnífico! Espetacular! Apreciamos nossa aquisição daquela noite na cama do hotel, folheando sem uma ordem e lendo trechos, nos deliciando com os livros e com um Trapiche Cabernet Sauvignon maravilhoso.

Até mais, Punta del Este!

1 comment:

Anonymous said...

Raulzito! Quanto tempo!
Seu blog agora está um diário de bordo? Que chique!
Deixei seu link entre os meus, ok? Refiz meu antigo blog. Legal que continua escrevendo...
Bjos.

Minhas fotos no