Monday, March 24, 2008

Fazendo arte...

A verdade é que eu sempre quis ser um artista. Sou exibicionista quando noto que faço algo diferente, que prende a atenção alheia. O problema é que minhas habilidades são medíocres e desconcentradas. Manifesto dotes um pouco acima da média no desenho, em esculturas, na música, na fotografia, na escrita, na natação, no futebol e nas matemáticas. Porque o esporte e os cálculos também são uma forma de expressar a arte.

E esse pouco acima da média gera uma esperança de sucesso, que numa pessoa exibicionista, leva a crer em resultados, e gastar o tempo em cursos e o dinheiro em sonhos. Fiz um curso de teclado quando tinha quinze anos, e sonhava ser um grande pianista, um dia. Comprei um teclado Yamaha muito lindo e me dei de Natal. Depois veio o gosto pelo violão. Não cheguei a fazer curso, mas comprei um violão Folk e muito já gastei em revistas especializadas. Fiz escolinha de futebol aos dezesseis, e como boa parte dos guris brasileiros, sonhava em ser jogador de futebol e fazer uma carreira de astro. Até quando fiz natação pela primeira vez, aos vinte, me imaginava nas raias dos campeonatos mundiais, batendo recordes olímpicos e tal.

No desenho foi onde comecei a manifestar essas habilidades medíocres, no Jardim de Infância. Fazia os melhores desenhos da turma, embora em espaço reduzido da folha. Com as massinhas de modelar fazia aviõezinhos, helicópteros, tanques de guerra e bonecos. Os coleguinhas me cercavam e pediam para eu fazer algum modelo para eles, e reclamavam que os que fazia para mim ficavam mais bonitos. Todavia, nunca dediquei-me a desenvolver essas práticas, como fiz com a música e os esportes, por exemplo.

A fotografia talvez tenha sido onde manifestei os melhores resultados. Também foi onde gastei mais tempo e muito mais dinheiro. Muito mais! Não me arrependo. Há uns seis anos, numa tentativa de tornar o trabalho conhecido, fiz umas ampliações 30x45cm de algumas das melhores fotos e expus na Redenção. Quase ninguém parou pra olhar, e acabei não vendendo nenhuma. Talvez devesse ter tentado mais, mas não me vejo parado num domingo de sol esperando que alguém se digne a folhear um álbum e, quem sabe, adquirir uma foto.

Agora, quando vejo exposições de telas, esculturas em madeira ou pedra, me dá um certo arrependimento de não ter feito nada nessa área, ainda que de maneira medíocre, como fiz com tudo. Mas logo penso que seria mais uma dessas habilidades que um dia será lembrada sem uma contribuição destacada. Também penso, agora mais amadurecido em termos de arte – quem sabe precisando de um pequeno incentivo – em focar as habilidades em uma certa área e efetivar o exibicionismo, até então reprimido. Nunca esquecendo, todavia, que a arte é mais terapia que produto.

3 comments:

Eduardo Grando de Andrade said...

E ai Raul. Talvez o que voce esteja passando e' uma especie de complexo de existencia. Nessa idade a gente pensa que deveria ter feito isso, ter feito o outro, ter se dedicado mais naquilo e que, hoje nao seria mais possivel pois estamos velhos demais para comecar algo - com certeza. Chega dar aquela vontade de poder voltar no tempo...

Mas tambem quando eramos novos nao davamos a minima para se dedicar ao maximo em certas coisas. Dai hoje bate um certo arrependimento.

Isso e' super normal meu, acontece com todo mundo. As vezes nos pegamos refletindo a respeito disso.

E' nesse ponto que surgem as pessoas com grande talento: na vontade de dar ao maximo de si em algo, se dedicar ao extremo e principalmente de nunca, mas nunca desistir, nem que para isso seja necessario ficar dezenas e centenas de domingos no sol da Redencao com ampliacoes 30 x 45. E' nessa ai que surgem os Picassos, os Dylans, os Peles, os Sennas, etc. Dessa vontade incensante.

Nao adianta ficar se culpando de nada, tem e' que olhar para o que somos hoje, sinceramente falando: execelente pessoas.

Anonymous said...

querem saber da arte do raul? peçam para ele mostrar o texto da cabana do turquinho...

Anonymous said...

E eu que não posso fazer gol no nosso jogo que os guris falam que é espírita...
Acontece. Também já sonhei em ser um grande jogador de futebol, em ter uma banda de rock e fazer um Planeta Atlântida inteiro pular sob ordens dos meus acordes. Acho que só no surfe que eu entrei consciente que nunca seria grande coisa...
Faz parte da vida, é legal isso! Hoje já não penso em ser famoso - embora conheça um número absurdo de pessoas, que às vezes até me assusto. Só quero me dedicar a essa profissão que escolhemos. Ah, por sinal, essa matéria que o Vitor falou, foi bastante comentada na aula. Parabéns, puta trabalho.

abraço

Minhas fotos no