Tenho andado bastante por estradas de chão da zona Sul do Estado rumo a cidadezinhas de poucos mil habitantes e meia dúzia de ruas. Sigo pela BR116 até o km aproximado e ali me despeço do asfalto. Ando vinte, trinta, quarenta e poucos quilômetros pela terra, levantando poeira, desviando de buracos e procurando o rumo certo.
Meu guia é quase sempre o instinto. Algum senso de orientação que me leva a escolher o melhor caminho entre tantas bifurcações sem placa de orientação. Quando há placas, rio sempre das muitas pintadas à mão:"D. FELICIANO ->".
Algumas vezes fui auxiliado pelo GPS, mas é muito limitado. Possui apenas um mapa geral com as estradas federais e algumas estaduais. Então quase todas essas estradinhas não aparecem. Das vezes que tentei pedir auxílio a alguém, ninguém apareceu! Quilômetros e quilômetros sem um vivente. E em algumas cidadezinhas pequenas, já na zona urbana, ninguém nos pátios das casas, e quase nenhum comércio. Verdadeiros vilarejos fantasmas.
Todos esses empecilhos são uma verdadeira terapia pra quem mora em Porto Alegre. Literalmente não aguento mais o nosso trânsito. E não quero gastar linhas para me lembrar deste inferno. Só sei que nesses dias que percorro o chão batido me enriqueço do silêncio, do verde, da diversidade de aves que me acompanham, e até outros animais, como lagartos, cobras e borboletas. Sou um refém dos recursos da metrópole. Mas é bom poder me tratar nesses caminhos do Rio Grande.
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