Os últimos dias tem se revelado carregados. Uma certa energia negativa bombardeia a base do equilíbrio. Não sei se afeta a uma maioria, mas o trânsito causa em mim, imenso mal. Um mal controlado que me faz por vezes buzinar e xingar com ira os motoristas vizinhos, em pleno silêncio. Mas quem me vê dirigindo observa um ser calmo que para na faixa de pedestre e dá vez a outros carros. Só que num olhar mais amplo vejo animais cortando a frente, embrenhando-se incontrolavelmente para mudar de faixa visando chegar antes, não ao destino, mas à frente do próximo sinal, que obviamente está fechado.
Encaro essa rotina pela manhã, durante o dia e ao final da tarde. Presencio os mais impensáveis absurdos. Mas o trabalho requer essa predisposição. Meu nível de vida me coloca nessa condição. A inexistente infraestrutura de Porto Alegre colabora para que eu encare, rindo, essa doce rotina infernal.
Quando a máquina está engrenada dessa maneira consigo, sim, rir ao trânsito. Riso leve e espontâneo, não louco. Considero como degraus de uma escada que me elevará a um plano onde desfrutarei das maravilhas do meu mundo. A minha casa e a minha família. E por considerar tão nobre este desfrute me sinto tão mal quando um grupo, em nome da empresa, inventa uma "reunião de trabalho" com pernoite e pescaria.
Mais uma vez eu fui o bronco. Falei a verdade: que não gosto de pescaria e não gostaria de abrir mão de uma noite com a minha esposa para uma atividade como essa. Houve mais algumas contestações, mas ao fim prevaleceu a decabida ideia de um que foi comprada pelo grupo. Assim vamos, compulsoriamente para o extra da "reunião de trabalho" em nome da bendita integração. Assim, a rotina infernal do trânsito é quem ri de mim com suas buzinas e freadas e faz com que, da mesma maneira com que fulmino em pensamento os maus motoristas, assim observe os que implementam tais ideias.
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