Uma vez por semana, ao menos, almoço com uns amigos aqui perto. E tem um deles que sempre reclama tão logo entra no restaurante.
- Bah, vamos embora daqui, vamos comer em outro lugar. Detesto fila pra comer.
Até que ele tem certa razão. Mas a comida dali é boa, e levando em conta o tempo de deslocamento até outro estabelecimento, e o risco de também estar cheio, acabamos ficando. E ouvindo os reclames desse amigo.
- Detesto esperar pra comer.. – fica ele resmungando.
Fosse só a espera por uma mesa, pelo tal restaurante ser muito procurado, tudo bem. Mas existe também a fila no buffet. Essa sim é triste. Tem gente que simplesmente não pensa no conjunto. É a minha vez de servir e danem-se os outros.
A pessoa analisa os pratos, escolhe um sem nenhum defeitinho de fabricação. Depois o garfo, de preferência com nenhum dente torto ou amassado e, por fim, a faca, com o fio devidamente em dia. Isso são só os instrumentos. Aí então passa-se a escolher o arroz. Primeiro o figura dá uma amassada no arroz, pra soltar a parte a ser servida. Mas não toda a parte. Dentre os grãos soltos escolhe-se uma porção. E a pessoa de trás esperando. E a fila aumentando.
O alface! Tem gente que escolhe o alface! Eu imagino o trabalho da cozinheira soltando as folhas do pé e as lavando. Qualquer uma é uma. Estão todas devidamente selecionadas. Mas não, as pessoas precisam avaliar a área da folha de alface e a textura do verde.
E aqueles que tentam se enganar no buffet e se matam na sobremesa? Bah! Mulher então... Chegam a catar dois ou três grãozinhos de feijão, e duas bolinhas de ervilha. Se cai uma a mais no prato é retirada. Controle de qualidade extremo. E a fila aumentando. Depois comem dois pratinhos de pudim de leite condensado. Pra compensar – argumentam.
E assim os restaurantes ganham essa fama, de que são cheios e têm fila até pra servir o buffet. Certas pessoas deviam encarar um bandejão de RU pra ter mais modos.
Thursday, August 24, 2006
Wednesday, August 23, 2006
Gelo...
Era pra ser um simples alô de boa tarde. A semana terminava, e sempre é bom demarcar que "hoje é sexta-feira!". Parece que as horas seguintes passam mais depressa depois de ouvir um "Hoje é sexta-feira!". Pois eu iria fazer meu anúncio de que era sexta e tentar tornar as horas seguintes mais doces na vida de alguém.
Mas ela não atendeu. E antes que pensasse qualquer besteira de que não quisesse falar comigo, me cortei: é muito atarefada! Em seguida o telefone tocou. Era ela. A mesma voz doce de sempre. Anunciei a sexta e deixei a palavra com ela. Falou, falou, falou. Disse que tudo corria bem. Até que hesitou..
- ...aqui vai tudo bem, daqui a pouco vou embora e... tsc, depois eu falo contigo.
- O que foi?
- Não, nada. Quero falar contigo, mas é melhor deixar pra depois.
- Pode falar..
- Não, depois eu converso contigo. Se bem te conheço tu não vai gostar.
- Tudo bem..
Se ela soubesse o frio na espinha que dá um "quero falar contigo", não o faria assim, como quem diz que vai ao supermercado comprar pão e leite. E era uma sexta, ainda teria a aula de Telejornal pra produzir. Certamente eu não agüentaria até às 23h para saber do que se tratava.
Logicamente as horas remanescentes da sexta, em vez de passarem mais depressa, estagnaram-se no meu relógio biológico e voltei para as oito da manhã. Meu raciocínio para a produção da matéria da aula travou. Não consegui mais pensar em nada que não naquele avassalador e determinado "quero falar contigo".
O que seria, meu Deus? Alguma crise repentina de ciúmes? Mas a troco de quê? Que eu saiba ela não teria nenhum elemento argumentativo para ciúmes. Uma difamação! Isso! Uma difamação. Com o atual engajamento político que vivemos, é natural que o brasileiro leve para a sua vida a parte suja da coisa. E passe a usar isso com as pessoas do deu dia-a-dia.
Assim, alguma amiga invejosa pode ter dito coisas a meu repeito. Sim, era isso. Só podia ser. E como eu faria pra criar uma argumentação em meu favor se sequer sabia qual era o assunto? Estava perdido. Ela, que tinha a bomba nas mãos, tinha todo o tempo pra pensar em como me aniquilar da pior maneira, caso eu não tivesse uma boa desculpa pra aquilo que ela sabia que não fiz. Mas como foi dito, eu que me defendesse. Eu estava perdido!
Tentei pensar em outra coisa. Mas nada me vinha. A matéria pra aula de telejornal! Não podia perder. Ainda faltava uma hora pra eu sair do trabalho e ir pra casa. Por sorte o chefe me pediu um favor casual que fez eu perder a atenção no tempo. Quando vi, já passava das dezessete e podia continuar me preocupando em casa e depois na aula.
Quantos meses, quanta dedicação, quanta coisa boa.. ploft! Assim! Não era justo! Pra piorar meu azar perdi o ônibus um pouquinho antes de chegar à parada. Depois, os semáforos levavam uma vida.. Ainda tinha a aula. Eu não iria agüentar! Termina a aula, professor! - eu implorava em silêncio. Agora eu já não sabia mais se queria mesmo enfrentar a situação ou protelar mais um pouco. A testa suava. Via os lábios do professor se movendo, mas não ouvia nada.
A aula terminou. E agora? Não tinha mais como fugir. Adentrei no T9 e sentei com o meu dilema. Lembrei de todos os momentos bons entre nós. Não era justo. Não era. Como ela podia acreditar em alguém que não conhecia a nossa história. Será que eu deveria apenas ligar e tentar conversar por telefone? Não. Ia ser homem e encarar de vez aquela situação.
A bateria do meu telefone acabou, pra piorar a situação. E eu não lembrava o número do apartamento. Só faltava, agora, era tocar no apartamento errado. Daí sim. E acordar algum tiozão velho, gordo e ranzinza, justamente na hora da sua janta sagrada. Era o meu dia de desgraça mesmo. Apertei o botão, cheio de medo.
- Oi..
- Oi, tô aqui embaixo..
A voz até que era a mesma voz suave de sempre. Primeiro bom sinal. Talvez não fosse tão grave assim. Ou ela estaria esperando pra me aniquilar depois, pra não fazer escarcéu ali na rua. Subi quieto. Ela me olhava. Nesse momento os olhos falavam muito mais do que qualquer palavra. Depois de alguns instantes ela lascou, mas aind suave..
- Tu estás tão quieto..
- Eu sou quieto.
- Hahahaha
- Hahahaha
Risadas.. outro bom sinal, mas podiam ser risadas sarcásticas. Então fui ao ponto:
- Tu disse que queria falar comigo..
- ..(silêncio)
- O que foi?
- Hahahahahhahahhahahahhahaha não acredito! Eu nem lembrava mais! Hahahahhahaa!!!
- Fala, por favor!
- Ah não, agora vou te deixar mais curioso..
- Tu não quer ir na formatura, amanhã, é isso?
- Hahahahahaha! Claro que é. É só isso!
Eu me odeio!
Mas ela não atendeu. E antes que pensasse qualquer besteira de que não quisesse falar comigo, me cortei: é muito atarefada! Em seguida o telefone tocou. Era ela. A mesma voz doce de sempre. Anunciei a sexta e deixei a palavra com ela. Falou, falou, falou. Disse que tudo corria bem. Até que hesitou..
- ...aqui vai tudo bem, daqui a pouco vou embora e... tsc, depois eu falo contigo.
- O que foi?
- Não, nada. Quero falar contigo, mas é melhor deixar pra depois.
- Pode falar..
- Não, depois eu converso contigo. Se bem te conheço tu não vai gostar.
- Tudo bem..
Se ela soubesse o frio na espinha que dá um "quero falar contigo", não o faria assim, como quem diz que vai ao supermercado comprar pão e leite. E era uma sexta, ainda teria a aula de Telejornal pra produzir. Certamente eu não agüentaria até às 23h para saber do que se tratava.
Logicamente as horas remanescentes da sexta, em vez de passarem mais depressa, estagnaram-se no meu relógio biológico e voltei para as oito da manhã. Meu raciocínio para a produção da matéria da aula travou. Não consegui mais pensar em nada que não naquele avassalador e determinado "quero falar contigo".
O que seria, meu Deus? Alguma crise repentina de ciúmes? Mas a troco de quê? Que eu saiba ela não teria nenhum elemento argumentativo para ciúmes. Uma difamação! Isso! Uma difamação. Com o atual engajamento político que vivemos, é natural que o brasileiro leve para a sua vida a parte suja da coisa. E passe a usar isso com as pessoas do deu dia-a-dia.
Assim, alguma amiga invejosa pode ter dito coisas a meu repeito. Sim, era isso. Só podia ser. E como eu faria pra criar uma argumentação em meu favor se sequer sabia qual era o assunto? Estava perdido. Ela, que tinha a bomba nas mãos, tinha todo o tempo pra pensar em como me aniquilar da pior maneira, caso eu não tivesse uma boa desculpa pra aquilo que ela sabia que não fiz. Mas como foi dito, eu que me defendesse. Eu estava perdido!
Tentei pensar em outra coisa. Mas nada me vinha. A matéria pra aula de telejornal! Não podia perder. Ainda faltava uma hora pra eu sair do trabalho e ir pra casa. Por sorte o chefe me pediu um favor casual que fez eu perder a atenção no tempo. Quando vi, já passava das dezessete e podia continuar me preocupando em casa e depois na aula.
Quantos meses, quanta dedicação, quanta coisa boa.. ploft! Assim! Não era justo! Pra piorar meu azar perdi o ônibus um pouquinho antes de chegar à parada. Depois, os semáforos levavam uma vida.. Ainda tinha a aula. Eu não iria agüentar! Termina a aula, professor! - eu implorava em silêncio. Agora eu já não sabia mais se queria mesmo enfrentar a situação ou protelar mais um pouco. A testa suava. Via os lábios do professor se movendo, mas não ouvia nada.
A aula terminou. E agora? Não tinha mais como fugir. Adentrei no T9 e sentei com o meu dilema. Lembrei de todos os momentos bons entre nós. Não era justo. Não era. Como ela podia acreditar em alguém que não conhecia a nossa história. Será que eu deveria apenas ligar e tentar conversar por telefone? Não. Ia ser homem e encarar de vez aquela situação.
A bateria do meu telefone acabou, pra piorar a situação. E eu não lembrava o número do apartamento. Só faltava, agora, era tocar no apartamento errado. Daí sim. E acordar algum tiozão velho, gordo e ranzinza, justamente na hora da sua janta sagrada. Era o meu dia de desgraça mesmo. Apertei o botão, cheio de medo.
- Oi..
- Oi, tô aqui embaixo..
A voz até que era a mesma voz suave de sempre. Primeiro bom sinal. Talvez não fosse tão grave assim. Ou ela estaria esperando pra me aniquilar depois, pra não fazer escarcéu ali na rua. Subi quieto. Ela me olhava. Nesse momento os olhos falavam muito mais do que qualquer palavra. Depois de alguns instantes ela lascou, mas aind suave..
- Tu estás tão quieto..
- Eu sou quieto.
- Hahahaha
- Hahahaha
Risadas.. outro bom sinal, mas podiam ser risadas sarcásticas. Então fui ao ponto:
- Tu disse que queria falar comigo..
- ..(silêncio)
- O que foi?
- Hahahahahhahahhahahahhahaha não acredito! Eu nem lembrava mais! Hahahahhahaa!!!
- Fala, por favor!
- Ah não, agora vou te deixar mais curioso..
- Tu não quer ir na formatura, amanhã, é isso?
- Hahahahahaha! Claro que é. É só isso!
Eu me odeio!
Friday, August 18, 2006
O rumo do sol nascente...
Num repente, o enigmático gerenciador de todos os relógios do mundo os fazia parar. Assim foi desde a tarde de quarta-feira. Parecia que aquela noite não chegaria nunca. Fiquei num estado que cheguei a temer pela saúde.
Até que, enfim, segurei aquela mão suave e dela não mais soltei. A frieza que me congelava os nervos se acabava com o calor daquele abraço, ligado por aquelas mãozinhas. E esse calor fez com que os relógios de todo o mundo voltassem a funcionar normalmente.
A tão temida tempestade chegou. Inevitavelmente chegou com ondas gigantes. Mas gigante também era a nossa bravura. A certeza do meu porto no espelho daqueles olhos e no calor daquelas mãos me seguraram em pé. E as onze velas inflaram como se 50 mil soprassem juntos, e o velho casco de carvalho foi como escudo durante todo o tempo.
Ao final, molhados e exaustos, sorrimos entre lágrimas. Vibramos, choramos, sorrimos. A tempestade passara. Tomamos o oceano, agora calmo. Naquele abraço adormeci. O tão sonhado amanhecer estava tão perto. O olhos no horizonte e o rumo do sol nascente. Sempre junto do meu porto seguro, com os dedos entrelaçados naquela mão suave, o calor daquele abraço e o brilho provocante dos olhos onde me perdi.
Até que, enfim, segurei aquela mão suave e dela não mais soltei. A frieza que me congelava os nervos se acabava com o calor daquele abraço, ligado por aquelas mãozinhas. E esse calor fez com que os relógios de todo o mundo voltassem a funcionar normalmente.
A tão temida tempestade chegou. Inevitavelmente chegou com ondas gigantes. Mas gigante também era a nossa bravura. A certeza do meu porto no espelho daqueles olhos e no calor daquelas mãos me seguraram em pé. E as onze velas inflaram como se 50 mil soprassem juntos, e o velho casco de carvalho foi como escudo durante todo o tempo.
Ao final, molhados e exaustos, sorrimos entre lágrimas. Vibramos, choramos, sorrimos. A tempestade passara. Tomamos o oceano, agora calmo. Naquele abraço adormeci. O tão sonhado amanhecer estava tão perto. O olhos no horizonte e o rumo do sol nascente. Sempre junto do meu porto seguro, com os dedos entrelaçados naquela mão suave, o calor daquele abraço e o brilho provocante dos olhos onde me perdi.
Tuesday, August 15, 2006
Porto seguro...
Quando diziam que as pessoas devem (ou deveriam) ter um porto seguro, sempre fiz pouco caso. Sempre me imaginei auto-suficiente, e resolvia as turbulências sofridas a minha maneira: na rua. Quase sempre deu certo. Porém, minha falta de medida na rua era proporcional ao que me afligia, embora sempre negasse passar por qualquer temeridade. Assim protagonizei histórias que serviriam de prato farto pra um personagem de desgraças.
Não vou dizer que me arrependo. Mas se eu fui alegre nos momentos de Tom Sem Freio, Exagerado, Nau à deriva, posso dizer que, ora bem ancorado, ora com um rumo bem definido com velas e leme na mesma direção, agora sou realmente feliz.
Ao oceano em meio a enormes ondas. Desta vez nenhuma delas foi capaz de nos levar de volta à terra firme. Talvez não tenhamos respeitado os perigos dos mares em outras investidas. E desta vez, com repeito e cautela, fomos onde nunca ninguém foi. E eis que me deparo com uma tempestade iminente. Não há tempo de voltar, senão enfrentá-la. É sabido que todas as forças, toda a perspicácia e toda audácia será necessária. E assim, com o devido respeito destemido, seremos recompensados com um imenso oceano, por hora calmo, apenas espelhando um sol forte. E um horizonte...
De minha parte, sei que só cheguei até aqui pela certeza das águas cristalinas e calmas do porto que vejo naqueles olhos. É neles que adormeço e revigoro para uma nova manhã. Não exatamente a certeza de uma volta, porque quem está sempre presente não precisa voltar. A dona desses olhos levo comigo. É a mão suave que vou segurar firme na hora da batalha final. Naqueles braços é que vou adormecer à espera do tão sonhado amanhecer.
Não vou dizer que me arrependo. Mas se eu fui alegre nos momentos de Tom Sem Freio, Exagerado, Nau à deriva, posso dizer que, ora bem ancorado, ora com um rumo bem definido com velas e leme na mesma direção, agora sou realmente feliz.
Ao oceano em meio a enormes ondas. Desta vez nenhuma delas foi capaz de nos levar de volta à terra firme. Talvez não tenhamos respeitado os perigos dos mares em outras investidas. E desta vez, com repeito e cautela, fomos onde nunca ninguém foi. E eis que me deparo com uma tempestade iminente. Não há tempo de voltar, senão enfrentá-la. É sabido que todas as forças, toda a perspicácia e toda audácia será necessária. E assim, com o devido respeito destemido, seremos recompensados com um imenso oceano, por hora calmo, apenas espelhando um sol forte. E um horizonte...
De minha parte, sei que só cheguei até aqui pela certeza das águas cristalinas e calmas do porto que vejo naqueles olhos. É neles que adormeço e revigoro para uma nova manhã. Não exatamente a certeza de uma volta, porque quem está sempre presente não precisa voltar. A dona desses olhos levo comigo. É a mão suave que vou segurar firme na hora da batalha final. Naqueles braços é que vou adormecer à espera do tão sonhado amanhecer.
Thursday, August 10, 2006
Um sonho vivo...
É de muito que criamos os sonhos. Os guris, logo que ganham os primeiros carrinhos de brinquedo, já começam a nutrir, nas suas cacholinhas de guri, a idéia de ter um carro quando adultos. Montam em pensamento carros dos mais incrementados, com aerofólios e instrumentos de ponteiro, turbo e insulfilm. O pior é que depois de adultos, uns esquecem e transformam os automóveis em carros alegóricos.
Mais tarde, nas aulas de geografia, são apresentados a mundos incríveis muito além das fronteiras do muro de casa. E desses mundos se formarão os sonhos das viagens, mas estes não serão restritos aos guris. As meninas receberão as mesmas aulas e terão também suas viagens dos sonhos.
Assim como os guris criam seus sonhos de carros, as gurias têm um sonho muito mais bonito, muito mais rico do que o materialismo de ter um carrão. Elas sonham com uma família e um lar. Talvez por brincarem de casinha e boneca, sei lá. Talvez por isso também, amadureçam mais cedo. Enquanto os porra-loucas dos guris se imaginam dentro de uma máquina a duzentos por hora, as gurias estão lá.. com um maridão, numa casa aconchegante embalando o doce sono de uma criança. Um sonho que chega a ser quase sagrado, esse das gurias.
Ainda hoje ouvi do amigão Régis a seguinte frase: "A família é a menor igreja do mundo!" Falou isso porque eu contei pra ele que ontem, quando fui sair pra ver o jogo do Inter, fui até o quarto e dei um abraço apertado no meu pai. "Sorte, pai!" – falei baixinho, mas com muita vontade. E isso é uma coisa muito rara. Lá em casa o carinho todo fica por conta da minha mãe. Mas foi bom aquele abraço forte. Um abraço esperado há anos. Certo que ele lembrou do calor daquele abraço e do "sorte" quando foi dormir.
E é esse sonho que vejo se realizar. Aquela guriazinha pequena de apelido tão miudinho vem me dizer que vai ter um Piolhinho. Ora mas que coisa mais linda! Num mesmo momento vejo uma mistura de sonho, festejo e realização. Quando percebo estar vivendo o melhor, quando percebo que não é o sonho que é real, mas sim que o real, de tão bom, parece sonho, percebo também que não é um presente único. E o que posso desejar é que seja uma criança de muitos sonhos. Sonhos de carrinhos, de bonecas, de um lar e, principalmente, de uma família.
Mais tarde, nas aulas de geografia, são apresentados a mundos incríveis muito além das fronteiras do muro de casa. E desses mundos se formarão os sonhos das viagens, mas estes não serão restritos aos guris. As meninas receberão as mesmas aulas e terão também suas viagens dos sonhos.
Assim como os guris criam seus sonhos de carros, as gurias têm um sonho muito mais bonito, muito mais rico do que o materialismo de ter um carrão. Elas sonham com uma família e um lar. Talvez por brincarem de casinha e boneca, sei lá. Talvez por isso também, amadureçam mais cedo. Enquanto os porra-loucas dos guris se imaginam dentro de uma máquina a duzentos por hora, as gurias estão lá.. com um maridão, numa casa aconchegante embalando o doce sono de uma criança. Um sonho que chega a ser quase sagrado, esse das gurias.
Ainda hoje ouvi do amigão Régis a seguinte frase: "A família é a menor igreja do mundo!" Falou isso porque eu contei pra ele que ontem, quando fui sair pra ver o jogo do Inter, fui até o quarto e dei um abraço apertado no meu pai. "Sorte, pai!" – falei baixinho, mas com muita vontade. E isso é uma coisa muito rara. Lá em casa o carinho todo fica por conta da minha mãe. Mas foi bom aquele abraço forte. Um abraço esperado há anos. Certo que ele lembrou do calor daquele abraço e do "sorte" quando foi dormir.
E é esse sonho que vejo se realizar. Aquela guriazinha pequena de apelido tão miudinho vem me dizer que vai ter um Piolhinho. Ora mas que coisa mais linda! Num mesmo momento vejo uma mistura de sonho, festejo e realização. Quando percebo estar vivendo o melhor, quando percebo que não é o sonho que é real, mas sim que o real, de tão bom, parece sonho, percebo também que não é um presente único. E o que posso desejar é que seja uma criança de muitos sonhos. Sonhos de carrinhos, de bonecas, de um lar e, principalmente, de uma família.
Wednesday, August 02, 2006
Real encanto...
Tudo começou com um email. Um simples email, de poucas e simples palavras. Porém, de uma simplicidade pura e objetiva que naquele final de tarde despertavam algumas lembranças merecedoras de serem revividas. Não que outras lembranças boas sejam menos merecedoras, mas aquelas lembranças tinham um quê de promessa de que se revividas teriam muito mais a oferecer.
Mas depois de tanto tempo.. Poderia soar estranho. Se bem que todas as vezes, por mais que demorasse, tinham sido como um dia após o outro, apenas com um toque a mais de inspiração cativante. Talvez aquela coisa do sabor residual.
Assim, aquela saudação a quem a criatividade cativava, devolvida com um elogio, saudade, um beijo e reticências duplas, criativou a catividade em um nó que os passos seguintes foram empurrados em êxtase por instinto, lembrança e desejo. Uma certa serenidade ao telefone não ocultava que aquela mesma voz suave e doce tinha, pessoalmente, um gosto bem melhor.
O suficiente para que as pálpebras se fizessem cortinas de veludo às retinas num sonho acordado. Aos ouvidos uma resistência inicial destoava, e só serviu para alimentar a criatividade persistente. Ouvia por trás daquele não um sim. Um sorrateiro sim subliminar no leve tchau fazendo-me recorrer a um último apelo. Não podia deixar escorrer todo aquele enlevo solitário por entre os dedos. E antes que pendesse em frustração, uma rápida resposta de vontades ansiosas era trazida pelos ares e fazia rebrotar nos cantos dos lábios um sorriso. Alguém mais no mundo achava que aqueles sonhos eram merecedores de serem revividos.
E só mais uma pessoa no mundo era suficiente para que tais lembranças viessem à tona mutuamente, e era justamente dela que provinha a tal resposta radiante. Foi então selado, sem que percebessem, algo tão bom e sem carência de explicação que seria preservado em zelo mútuo pelo tão almejado tempo sem medida.
As horas seguintes foram de intensa expectativa. Minuto a minuto. Até que, enfim, chegou o momento da aproximação. Apesar da proximidade natural do abraço, apesar do calor e da certeza de um toque tenro e macio, os lábios hesitaram em tocar-se. Aguardaram até o primeiro brinde. Depois de alguns goles, risadas soltas e olhares que insistiam em se alinhar por mais movimentos que o corpo fizesse.. um beijo. O residual do sabor já dava sinais de que não se podia mais adiar.
Quando o desejo do corpo e a saudade dos olhos e do sorriso são cúmplices, não há força que seja contrária. Depois de alguns dias de assimilação, a comprovação de havia sim, muito mais a ser oferecido por reviver aquelas lembranças. Um exemplo, talvez um dos melhores, é a certeza de, a cada dia, acordar e ver que não se trata de um sonho. Ou melhor.. um real momento de tamanho encanto que se faz parecer sonho. A cada dia, a cada noite, a cada beijo..
Mas depois de tanto tempo.. Poderia soar estranho. Se bem que todas as vezes, por mais que demorasse, tinham sido como um dia após o outro, apenas com um toque a mais de inspiração cativante. Talvez aquela coisa do sabor residual.
Assim, aquela saudação a quem a criatividade cativava, devolvida com um elogio, saudade, um beijo e reticências duplas, criativou a catividade em um nó que os passos seguintes foram empurrados em êxtase por instinto, lembrança e desejo. Uma certa serenidade ao telefone não ocultava que aquela mesma voz suave e doce tinha, pessoalmente, um gosto bem melhor.
O suficiente para que as pálpebras se fizessem cortinas de veludo às retinas num sonho acordado. Aos ouvidos uma resistência inicial destoava, e só serviu para alimentar a criatividade persistente. Ouvia por trás daquele não um sim. Um sorrateiro sim subliminar no leve tchau fazendo-me recorrer a um último apelo. Não podia deixar escorrer todo aquele enlevo solitário por entre os dedos. E antes que pendesse em frustração, uma rápida resposta de vontades ansiosas era trazida pelos ares e fazia rebrotar nos cantos dos lábios um sorriso. Alguém mais no mundo achava que aqueles sonhos eram merecedores de serem revividos.
E só mais uma pessoa no mundo era suficiente para que tais lembranças viessem à tona mutuamente, e era justamente dela que provinha a tal resposta radiante. Foi então selado, sem que percebessem, algo tão bom e sem carência de explicação que seria preservado em zelo mútuo pelo tão almejado tempo sem medida.
As horas seguintes foram de intensa expectativa. Minuto a minuto. Até que, enfim, chegou o momento da aproximação. Apesar da proximidade natural do abraço, apesar do calor e da certeza de um toque tenro e macio, os lábios hesitaram em tocar-se. Aguardaram até o primeiro brinde. Depois de alguns goles, risadas soltas e olhares que insistiam em se alinhar por mais movimentos que o corpo fizesse.. um beijo. O residual do sabor já dava sinais de que não se podia mais adiar.
Quando o desejo do corpo e a saudade dos olhos e do sorriso são cúmplices, não há força que seja contrária. Depois de alguns dias de assimilação, a comprovação de havia sim, muito mais a ser oferecido por reviver aquelas lembranças. Um exemplo, talvez um dos melhores, é a certeza de, a cada dia, acordar e ver que não se trata de um sonho. Ou melhor.. um real momento de tamanho encanto que se faz parecer sonho. A cada dia, a cada noite, a cada beijo..
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