Thursday, March 30, 2006

Minha mãe bebe e perde os critérios...

Faz horas que não falo sobre minha mãe. É uma pena, principalmente pra ela, que o que tenho a contar não lhe seja muito favorável.

Meu pai é um figura muito conservador e nada festivo. Não tolera palavrões, mau comportamento das crianças, música alta, conversas esticadas no telefone, bebedeiras e nem chegar tarde em casa. Tirando o “chegar tarde em casa” e “música alta”, nada do resto eu pratico em casa. É certo que meus tragos deixam vestígios por horas depois que eu acordo, mas lá em casa não bebo um gole sequer. Deixo meus eventuais palavrões pra rua e, se possível, mantenho o bom comportamento.. hehehehe

Quem acaba sofrendo o pênalti é minha mãezinha. Dona de um vasto vocabulário chulo, uma queda significativa por umas geladas a qualquer hora do dia e que, se pudesse, vivia fazendo palhaçadas pra alegrar quem está por perto, tem que “se comportar” em casa. Mas ela é feliz, o que importa pra Dona Anair é ver a casa sempre em harmonia. Seu Antônio, por mais que tudo ande na boa, tá sempre reinando com alguma coisa. É só não ligar que ele logo se aquieta.

Já disse aqui que ele vai pra praia só depois que todos já foram e começa a bater a saudade. Pois é.. por conta disso minha mãe deita e rola lá na praia. Todos os dias do verão me ligava pra contar das suas peripécias. Das quais, uma delas me deixou consideravelmente chocado.

O sapo..

Nossa casa da praia fica a cinco quadras do mar. Há poucas casas construídas por perto. Alguns cômoros de areia e um que outro banhado de água da chuva, o que atrai bastante os sapos, que vivem invadindo a casa em busca de insetos.

Ainda era de manhã quando minha mãe e minha irmã foram no mercadinho buscar umas cervejas pra tomar durante o dia, coisa que não acontece aqui em Poa. Aqui, duas garrafas durante o almoço bastam, não importa quantas pessoas estejam à mesa. Assim passaram o dia. As crianças brincando nos cômoros de areia e elas se gelando e rindo. Almoço preparado regado a cerveja e, logo depois, uma soneca.

No final da tarde elas voltavam a dar início aos trabalhos, mais umas geladas, as crianças correndo e gritando nos cômoros.. todos felizes.

Minha mãe tem um sério problema de incontinência, tanto urinária quanto... deixa pra lá. Ainda era de tardezinha quando ela, já bem embalada pelas cervejas que tomavam, sentiu que pre-ci-as-va ir ao banheiro. Como os sinais eram adversos, resolveu que ia no dos fundos. Como além de adversos, os sinais eram de extrema urgência, resolveu dar a volta por fora da casa. Levantou-se de fininho e deu início à empreitada de chegar ilesa ao banheiro e, enfim, aliviar-se. Sentiu que uma forte pressão a forçava a não mais prender uma nádega junto à outra. Mas recém havia passado pela primeira janela. Ainda restavam duas.

Enquanto isso as crianças continuavam brincando e minhas irmãs bebendo e rindo, lá na frente. Na última curvinha que antecedia o banheiro, o inevitável... Minha pobre mãezinha não se conteve e.. como vou dizer? Isso mesmo que vocês estão pensando! Antes mesmo de entrar no banheiro, como todos estavam lá na frente, tirou as calças premiadas e largou no tanque. Terminou o serviço no vaso e tomou um banho. Ainda tonta, colocou uma roupa limpa e voltou lá pra frente com as gurias, que não desconfiaram de nada.

À noite minha sobrinha se preparava pra ir com as amigas pra boate, enquanto minha mãe, agora limpinha, e minhas irmãs lá.. se gelando e dando uma olhada na gurizada. Prepararam a janta, assistiram TV e foram dormir.

Já de manhã, minha sobrinha voltou pra casa, lavou o rosto e foi dormir, enquanto todos acordavam. Levantou-se um pouco antes do almoço, já reclamando:

- Que droga esses sapos! Tão por toda parte! – resmungava com voz sonolenta.
- O que foi, minha filha.. te incomodaram? – Consolou minha irmã.
- Ahhh.. cheguei e fui lavar o rosto ali no tanque. Tinham umas roupas da vó. Eu tirei pro lado e tinha um baita dum sapo! Eu joguei água nele, mas ele não quis sair.

Todos entreolharam-se. A essa hora o tanque já havia sido limpo, e o então sapo, retirado.

- TALIIIITHAAAAAA!!!! – gritou minha outra irmã.
- É.. eu jogava água nele e dizia: “Sai, sapo!” mas ele não saía. Aí lavei o rosto e fui dormir.

Acho que já estava na hora de o meu pai aparecer...

Monday, March 27, 2006

Ele sabia das coisas...

Certo que ele tinha engolido uma enciclopédia, o Maurício Kroef. Certo! Eu era estagiário numa empresa de relógios-ponto eletrônicos pra concluir o segundo grau. O Maurício fazia estágio de engenharia, pela UFRGS. Engenharia Elétrica na UFRGS, o curso mais temido entre os espinhentos estudantes de eletrônica e afins do segundo grau. E o Maurício já estava lá, com conhecomento profundo sobre todas as coisas que conversávamos, em meio aos testes nas plaquinhas dos relógios-ponto.

Tinha horas que eu parava tudo e pensava: o cara só pode estar de sacanagem! Ele deslanchava a falar sobre a invasão russa à Auschwitz, em 45, travando batalha com os alemães. E falava aquilo com uma riqueza de detalhes que impressionava. Em seguida passava a falar de algum esporte, lembrando o medalha de ouro no lançamento de dardos nas olimpíadas de 68. Eu tentava passar para algum esporte mais popular, como futebol, mas aí ele vinha com a escalação completa da seleção olímpica do mesmo ano.

E olha que ele não era nerd, ao menos não parecia. Vivia falando das boemias com os colegas da engenharia nos bares da Cidade Baixa e das aventuras amorosas que passava. Mulheres das mais interessantes que conhecia na noite e acabavam enroscadas nos lençóis do seu apartamento. Eu ouvia aquilo admirado, com as mãos no queixo. As histórias que ouvia dos guris do colégio não passavam de uns amassos nos corredores do Parobé.

Um dia Maurício chegou com uma questão intrigante: que quando o cara tá muito apertado, muito apertado mesmo, a sensação de alívio ao urinar chega a ser melhor que a do gozo. Não pode! - Eu pensava. Não lembro muito bem, mas se não me engano, na época eu ainda não tinha experimentado tal prazer, o de atingir o clímax do orgasmo com uma mulher. Quem me dera! Mas era, sem dúvida, o que eu mais anseava. Agora ficar apertado eu já tinha ficado um monte de vezes, e até sabia que a sensação era maravilhosamente boa. As últimas gotas até vinham acompanhadas de um “Ahhhhhhhh....” Mas aquilo não podia ser melhor do que gozar, não podia.

Anos depois, já tendo passado por algumas aventuras carnais, lembrei da questão do Maurício. Esperei até a primeira festa, onde seria mais provável eu ficar apertado. O problema era que eu nunca conseguia reunir as duas sensações na mesma noite. Uma porque eu não era louco de ficar apertado e não ir ao banheiro, caso tivesse um por perto. Outra porque não era toda hora que se conseguia ir pra cama com uma mulher. A dúvida foi tomando conta de tudo o que eu queria saber.

Finalmente chegou o dia. Estava numa festa ali na Cristóvão. Elektra, acho que era. Os espelhos dos banheiros eram vazados e podia se ver quem estava no espelho do outro lado, no feminino. Ali o pessoal trocava olhares e, se fosse de interesse mútuo, encontravam-se depois na pista. O problema é que o banheiro era sempre muito cheio. Na última vez que fui ao banheiro, já bem apertado por conta da cerveja que tomávamos no balcão, pintou um desses olhares com uma menina do outro lado.

Já de volta ao balcão, eu ficava tentando achá-la na pista. Ela estava perto da parede oposta, me olhando. Fui até lá. Mal nos cumprimentamos e logo nos beijamos. Foi um beijo longo, bom, daqueles de esquecer até a música que tá tocando. Quase não conversamos. A sintonia dos beijos e das carícias apontavam pra que buscássemos um lugar mais apropriado pra continuar a noite. Não precisei perguntar.. e ela também não respondeu, apenas sorriu...

Mas eu tava muito apertado de novo. Precisava ir pela última vez ao banheiro. Ela ia me esperar perto do caixa. Enquanto cruzava a pista a situação foi se tornando crítica ao ponto de eu achar que não seguraria até chegar ao banheiro. E se tivesse fila? Ah, eu faria no corredor mesmo. Engraçado é que quando o cérebro sabe que tu tá te dirigindo pra um banheiro, fica praticamente impossível segurar, como se o tempo limite fosse dado por uma ampulheta.

Consegui chegar ao banheiro, só um magrão na fila. Apura que eu tô apertado – falei. Ele foi rapidinho e saiu. Escorei a cabeça na parede, abri as calças e aaahhhhhhhhhh.... Quando a gente bebe, é mais legal fazer xixi assim, com a cabeça escorada na parede.

Só que não fez o barulhinho tradicional na água do vaso..

PQP!!! PQP!!! PQP!!! PQP!!!

Na hora senti um quentinho escorrendo pela perna esquerda. Olhei pra baixo e constatei que minha noite acabara de ir por água abaixo, ou melhor, perna abaixo. Uma imensa mancha escura contrastou com o claro do jeans. O que eu ia fazer? Como ia me apresentar à moça todo mijado? Não tinha como.. E pior.. se eu contasse o que tinha acontecido e ela não se importasse?

Não, não, não.. eu é que não ia passar por tamanho mico. Além de ter que sair do banheiro todo mijado e, inevitavelmente, ouvir piadinhas. Já abri a porta com cara de brabo. Ai que alguém se atrevesse a falar alguma coisa. Passei pela pista sério, firme, sentindo agora, que a calça estava gelada. Poucas situações são piores que essa. Na hora não conseguia lembrar de nenhuma outra.

A moça estava lá, perto do caixa. Me avistou de longe e percebeu que não estava indo ao encontro dela. Não sei o que pode ter pensado, mas fui direto pra saída. Não dei nem tchau, nem olhei. Saí e fui embora, adiando mais uma vez a comparação sugerida pelo sábio Maurício. Ele que nunca deve ter se mijado nas calças.

Thursday, March 23, 2006

Um dia especial pra um cara muito especial...

Décio tinha 8 anos quando teve o primeiro contato com um violão. Enquanto a maioria dos gurizinhos da sua idade esfolavam os joelhos jogando bola nas calçadas da Floresta ou na quadra da Florida, ele estava lá, isolado no seu quarto. Abraçado no seu violão e produzinho os primeiros acordes que o despertariam para um gosto ímpar pela música e o revelariam um talento sem igual.

Ao contrário da maioria do hobbys, Décio não abandonou jamais seu violão, e o gosto pela música e por fazer música só aumentou. Seu pai, o Seu Décio, que também era músico de talento, o alimentava com muito Beatles e tudo o que julgasse bom para lapidar os tímpanos debutantes do guri.

Quando eu o conheci, há uns 2 anos, ele já mostrava que tinha uma veia diferente pra coisa. E todos gostavam de ouvi-lo, fosse com a guitarra ou com o violão. Era ele chegar nos churras da galera e já ia um lá desligar o rádio e todos já se acomodavam à sua volta esperando o tom que ele ia dar. O legal de tudo é que ele nunca se mixava, a gente pedia e ele tocava. “Toca aquela, toca aquela outra..!” a gente pedia.

Durante esse tempo ele já passou por algumas bandas. Diz ele que nunca teve a pretensão de seguir uma carreira comercial, embora sempre que tocava o fazia com muita seriedade e dedicação, o que lhe rendia muitos aplausos e admiração. Assim ele nos cativou, e assim que ele sempre arrasta um de nós onde quer que vá tocar.

Ontem ele me ligou. Eu tava na frente do trampo do Pitoko, o esperando pra almoçar e ouvindo o Passado a Limpo, na Pop Rock. Aliás, um dos poucos programas que ainda dá pra se ouvir nessa rádio. Pois bem.. ele ligou..

- Ô cara, tudo bom?
- E aí locão, tudo bem!
- Ô cara, tu tá sentado? - daquele jeito bem pausado do Décio..
- Tô sim..
- Eu preciso te falar um negócio..
- Tá, fala!
- Ô cara.. o vice presidente do Inter... me convidou... (aqui eu pensei que o convite era pra assistir ao jogo nas cabines)
...pra tocar o hino do Inter e o hono do Rio Grande antes do jogo...


(instante de silêncio)

- PUUUUUUUUUTAAAAAQUEEEEOPARIIIIIIIIIIU BATMAN!
- Cara, não tô acreditando..
- Caraaaaaaalho cara, que afude!!! Como é que tu conseguiu isso?
- Um amigo meu blá blá blá conhece o vice presidente blá blá blá e eu to aindo hoje de tarde lá pra passar o som
- Bah, meu velho.. meus parabéns! blá blá blá..

O meu plano era de ir pra aula e pegar a chamada das 21:15. Só que, no meio da tarde ele me mandou uma msg dizendo que tocaria justamente às 21:15. Eu ia ser obrigado a gazear essa aula. Mas a das 19:30 não tinha como faltar. Entrei na aula e segurei até às oito e meia. Saí de fininho e me larguei voando pro Beira Rio. Tão logo entrei no estádio já ouvi um som de guitarra.

Era ele!

Subi alguns degraus na arquibancada e pude vê-lo. Ele tava ali na beira do gramado, ele e sua guitarra. Nos alto falantes de todo o estádio a melodia arrepiante do hino do Rio Grande. Era ele, era o Décio, diante de pelo menos 30 mil colorados, imprensa, funcionários e de todos que possuíam ouvidos. Ele caminhava leve no gramado enquanto tocava. Ao final do hino fez uma graça, deixando a guitarra no suporte e se abaixando pra fazer um solo de encerramento.

Quando terminou, o locutor do estádio anunciou:

- Agora Décio Jr. Vai tocar o hino do Sport Club Internacional!!!!

A galera já começou a vibrar. Ele tirou a camisa preta e revelou uma camiseta branca do Inter. Fez um sinal com os braços e levantou ainda mais a massa. E tocou o hino do Colorado. Eu arrepiei. Eu não conseguia acreditar que era ele, o Décio, que tava ali.

Fico imaginando o que representou esse momento pra ele. Com certeza nada paga. Um presente que ele e nós todos merecemos. Fiquei muito feliz por ele mesmo. O cara é o cara! Não conseguimos nos encontrar depois do jogo. Não vejo a hora de sentar com ele numa mesa de bar e saber, no tete a tete os pormenores de tudo.

Monday, March 20, 2006

A história de Júlio Caribe...

Júlio Caribe adorava dar uma volta de barco pelas águas da praia do Coqueirinho. Ele passava o dia todo na praia e, volta e meia, aceitava uma carona pra aventurar-se nas águas de Coqueirinho. Ia de uma ponta a outra, ria, passava por trás da Ilha do Padre e voltava. Geralmente dava mais umas voltas no mesmo barco nos dias seguintes e depois ficava um bom tempo na praia. Mesmo que os barcos que andasse ainda estivessem por ali. Mesmo que o passeio tivesse sido ótimo. Até que surgia um outro barquinho. Um novo barco enchia os olhos de Júlio e trazia as lembranças da face oculta da Ilha do Padre. E lá ia ele. Mais uns dias de aventuras e lá estava Júlio de volta à praia.

Não faltavam conselhos ao Júlio Caribe largar de vez aqueles barquinhos e se empenhar num projeto maior. Já que ele gostava tanto das maravilhas do mar, que desse jeito de navegar numa embarcação de maior porte. Aí sim sairia dos limites da quase que totalmente conhecida praia do Coqueirinho. Outros mares o esperavam. Quem sabe uma volta ao mundo.

Mas o Julio Caribe sabia que esses barcos grandes davam muito trabalho. Depois de estar em alto mar, teria que enfrentar a tempestade que surgisse. Isso o assustava muito. Mas a expectativa das maravilhas que viria a descobrir o faziam pensar com mais carinho no assunto.

Na verdade Júlio já havia navegado numa embarcação dessas. Ficou por um bom tempo no mar. Só que quando viu-se no limite entre perder-se no Atlântico e continuar sua vidinha na prainha, não quis arriscar. Passou um bom tempo até assimilar o arrependimento. E por um bom tempo nem quis mais saber das aventuras nos barquinhos, por mais charmosos e insinuantes que fossem.

Anos depois Júlio do Caribe voltou a se embrenhar nas curvas que costeavam a Ilha do Padre e andou em alguns barcos bem interessantes. Alguns deles até guardavam um projeto de se tornar barcos maiores, mas Júlio não queria mais passar por aquele momento de escolha novamente. Só iria se entregar ao oceano quando estivesse convicto desde o primeiro dia.

Então o Júlio Caribe observou um fato que o intrigou. Ele podia muito bem perambular pela orla de Coqueirinho, dar umas voltas nos barquinhos que havia por ali, até aí tudo bem. Mas caso ele avistasse um desses barcos maiores, empolgantes, que poderiam levá-lo a águas distantes, tudo complicava. Os pequenos barcos se colocavam à frente do Júlio Caribe e não o deixavam chegar perto da embarcação que lhe empolgara.

Numa bela noite na Praia do Coqueirinho teve uma festa entre os locais. Júlio foi molhar os pés na água e avistou, ante a luz que vinha da lua cheia no horizonte, a silhueta de um belo veleiro. Ficou encantado, deslumbrado, leve... Cada parte do barco que a luz revelava fazia os olhos de Júlio brilharem mais.

É esse, pensou!

Por dias Júlio do Caribe passou a admirar e se encantar mais e mais no belo veleiro e imaginar a longa, maravilhosa e empolgante viagem que faria nele.

Sem saber dos seus planos, Júlio pode chegar sem problemas ao veleiro. Chegou a dar umas voltas pela praia, porém, ainda não era hora de o barco partir. E ele teve que voltar à praia. Nos dias seguintes as manobras do veleiro produziam ondas que não deixavam Júlio se aproximar. E nos dias em que ele chegava, não partiam.

Foi aí que ficou evidente que Júlio Caribe queria algo mais que uma volta na praia ou pela Ilha do Padre. Ele queria ganhar o Oceano.

Foi aí que Júlio Caribe descobriu quão turbulentas podiam ficar as águas da Praia do Coqueirinho pela fúria de alguns pequenos barcos. Tentaram afogá-lo, tentaram puxá-lo pra cima de outros barcos, tentaram fazê-lo voltar à praia. E ele voltava. Assim foram os dias seguintes, as semanas seguintes...

Thursday, March 16, 2006

O boné amarelo...

Show é um negócio engraçado. Pensa só.. o Santana ontem, por exemplo. Analisando muito friamente, o que o cara faz, é mexer freneticamente os dedos da mão esquerda sobre as cordas de aço da guitarra enquando as vibra - com o auxílio de uma palheta – com a mão direita. Só!

É claro.. a combinação desses toques todos produz uma melodia intrigante de tão boa, que nenhum mortal como nós seria capaz de reproduzir. Muito menos, muito menos produzir. E o cara inventou aquilo! E toca do mesmo jeito, não erra nada, com a naturalidade de quem escova os dentes. O cara é o cara!

Mas aí eu penso.. por aqueles toques melodiosos dos dedos do Carlos Santana ele ganhou o mundo. Ele toca a guitarra, não canta, (tem um magrão que canta pra ele) e por esse seu trabalho, ganhou o mundo! Pessoas no mundo inteiro esperam uma visita do mexicano ao seu país, organizam seus horários, convidam amigos e pagam 80 reais pra assistir àquela exibição de talento.

Eu não conseguiria reunir 10 pessoas que pagassem 1 real pra me assistir trabalhando. Nem a pau!

Mas tem outra coisa engraçada em show. Encontrar pessoas conhecidas na multidão. Mais.. tem gente que surta se alguém consegue encontrá-lo de longe. Se o vir pela TV então.. capaz de ter um ataque cardíaco.

Aconteceu no show do U2 em São Paulo. Ninguém me contou, eu vi! Já tinham fechado a Hot Area e nós estávamos ali, comemorando por termos conseguido entrar e esperando o tempo passar. Como ali dentro não é atrolhado, podíamos ficar conversando na boa, sentar ou levantar a qualquer hora, ir ao banheiro tranqüilamente, enfim. Ao meu redor: duas patricinhas, uma delas de rosa e boné amarelo; Alice e Catherine, mãe e filha, as que me deram a bandeira do Brasil no final do show; um casal.. ele, o Carlos, bem magrinho, ela, Márcia, pesava umas três vezes o peso dele. Muito gigante! Daquelas que têm seios grandes, mas que a massa que tem abaixo ultrapassa, fazendo uma forma única, e muito alta. Daquelas que suam o cantinho da testa ao menor sinal de calor. Os dois e um amigo.

Entre os assuntos que discorriam, Alice advertia a filha Catherine sobre a conta do celular, que tinha dado muito alto, que era pra ela maneirar e tals. Foi ela fechar a boca, Márcia pediu o telefone emprestado, caso Alice não se importasse. Bah, não acreditei.. ela tinha acabado de reclamar da conta do telefone! Mas emprestou. Na maior cara de pau, olhou o número no seu telefone e ligou com o de Alice..

- Alôôôôôô!!!!?
Tiiiia? A Carla tá aí?
Não?
Tá, tudo bem. Ela tá no show?
à hããã.. tá, me dá o número então..
Tá.. oooito.. ã hã meia cinco.. tá.. tá.. obrigaaaada!

Desligou, e com a mesma cara de pau e naturalidade disse que só faria mais uma ligação. Ligou.

- Caaaaaaaaaarla!!!! Oooooooooooi!!!!
Eu to aqui na hot area!!!! Isso, aqui no palco..
Onde cê tá?
Na arquibancada? Ah tá.. no anel bem de cima
Camiseta preta.. cê não tá vendo?
Olha aqui.. bem em frente à caixa de som.. não, mais pro lado, peraí!

Nisso ela passou a mão no boné amarelo da patricinha, que ficou boquiaberta.

- Eu tô sacudindo um boné amarelo, tá vendo?
Aqui.. cê tá vendo? Tá vendo? Tá vendo?
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Amigaaaaaaaaaaaaaaaaaa AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

A cena foi das mais clássicas. A Márcia, com seu físico de cinturinha de kombi pulava, e tudo nela balançava. Sacudia o braço que parecia um salame daqueles que ficam pendurados com um cordão amarrado na volta, e gritava sem parar. Gritava muito! E a chamada correndo. Mas era tão engraçado que a Alice nem reclamou, todos riam muito, inclusive o Carlos, o namorado e a patricinha, a qual ela subtraíra o boné amarelo. Cada berro dela era ensurdecedor, e eu me deitava no chão de tanto rir. Foi clássico!

Mas Márcia queria roubar a cena mais uma vez. E conseguiu. Num show é comum, os caras colocam as gurias na garupa.Uma perna da moça de cada lado do pescoço e a nuca do rapaz no paraíso. Ela nas alturas, acima de todos. Braços erguidos e peitos estufados na camiseta. Coisa mais linda!

Ao ver aquela cena, Márcia não hesitou..

- Ah não, eu também quero!! – olhou pro namorado.

O silêncio se instaurou. Ninguém mais falava nada, só observavam a cara de pré falecido do Carlos. Cara de carro daqueles filmes americanos que são esmagados numa prensa. Mas o anjo da guarda de Carlos deu os ares..

- Aaaaai, amor.. tadinho, não vai poder, tá com o joelhinho machucado. – todos respiraram aliviados. E logo veio outra bomba...

- Aháááááá.. mas você não tááááááááá....!!!! – e apontou pro amigo.

- Te fudeu, magrão!!! – concluiu o Carlos.

Tuesday, March 14, 2006

Piscina de bolinhas...

Eu sempre digo que as pessoas mais felizes são aquelas que guardam um pouco da inocência de criança dentro de si. Isso num âmbito psicológico. Já no material diria que felizes plenos são os que não precisam de grandes posses ou dinheiro pra se divertir. Os que conseguem fazê-lo no simples.

Eis que um dos momentos mais divertidos que guardo - e acredito que muitos mais não hesitariam em fazer isso hoje – é a piscina de bolinhas que eu brincava ali no Iguatemi. E o melhor: era de grátis! Minha mãe, que nessa época ainda era Dona de Casa, depois que terminava os afazeres do lar levava eu e a minha irmã pra brincar na tal piscina.

Pra nós aquilo era o paraíso. Estar num ambiente isolado dos grandes, e criança tem essa rivalidade com os adultos, com o único propósito de brincar. Naquele momento não haveria nenhuma tormenta de estudo, de manter a roupa limpa, de não correr pra não se machucar.. nada!

Como se não bastasse nossa alegria de poder, de vez em quando, brincar na piscina de bolinhas do shopping, uma vez os caras se puxaram.. trouxeram o Parquinho da Turma da Mônica!!! Bah, nem era de se acreditar! Um parquinho inteiro, todo com massinhas de modelar (eu era craque em fazer esculturazinhas de massinha), folhas em branco e canetinhas, escorregadores, puffs com as caras do Cascão e do Cebolinha e o brinquedo mais perfeito que podiam nos apresentar: o Elefante!

Bah, o Elefante era sem explicação. Um enorme colchão inflável montado dentro da cabeça do Elefante verde da Turma da Mônica. Ali ficávamos pulando, dando cambalhotas, rolando de um lado pro outro... muito bom!

Hoje vejo ambições da vida assim, como querer mergulhar numa piscina de bolinhas particular. Mas assim como algumas crianças eram barradas por idade ou por tamanho, ou até por mães que simplesmente não deixavam brincar, alguns dos nossos ideais esbarram em adversidades que nossa parcela inocente não entende, e nos limita a olhar para aquele brinquedo de longe, mesmo sabendo que foi feito pra nós.

Até o dia em que o guarda dormir e eu invadir minha piscina de bolinhas à noite. Quando já for dia e todos perceberem minha alegria de criança e o envolvimento com o brinquedo, tenho certeza que ninguém vai querer nos afastar...

Monday, March 13, 2006

A grande questão..

Quem eu quero ou quem me quer???

Queria que fosse mútuo..

Wednesday, March 08, 2006

A minha alegria atravessou o mar...

Quarta-feira da semana que precedia o Carnaval. Eram quase duas da tarde quando eu iniciava mais uma entre tantas aprontadas. Sim, daquelas que só acontecem comigo e que me rendeu, pela amada Pi, o apelido de Corpo Fechado, vulgo Papaéu.

Meu vôo estava marcado para as 14:15h de quinta. Almocei com um brother na rodoviária de SP (estação Tietê do Metrô) e estava prestes a voltar pro Rio. Comprei a passagem de ônibus SP/RJ para as 14:20h. Poderia curtir o restante do dia e a manhã do dia seguinte na cidade maravilhosa. Mas não seria tão simples assim.

Cinco pras duas, uma amiga ligou. Ainda não tínhamos nos visto, e ela ficou indignada quando soube que eu estava indo embora. Queria que eu tomasse pelo menos um chopp com ela e as amigas. Lá fui eu.. cancelei a passagem e deixei o horário em aberto. No final da tarde me encontrei com elas na casa de uma amiga, a qual tinha me passado o endereço.

Conversamos um pouco ali e fomos tomar um chopp. Eu e mais umas 5 mulheres. Foi muito divertido, embora minha participação tenha se resumido a rir das besteiras que elas falavam, e que não eram poucas.

Eram quase dez da noite quando elas me largaram na estação do metrô pra eu ir pro Rio. Tava tudo certinho, era só eu ver o próximo horário de ônibus e ir.. ao que eu tive o seguinte raciocínio:

Eu ia passar a noite viajando, ia chegar no Rio com uma mala e uma mochila e não ia poder nem pegar uma praia, já que não teria onde deixar as bagagens até o início da tarde, quando sairia o vôo. Na hora me veio a idéia de curtir uma noite em SP mesmo. Deixaria as bagagens num guarda volumes e sairia pro Rio na manhã seguinte. Viajaria dormindo e chegaria quase na hora do vôo. Perfeito! Ou não...

Sem pestanejar deixei as tralhas no guarda volumes da estação e peguei um táxi até a Vila Olímpia, onde tinham uns barzinhos. Acabei ficando no Favela, que era o mais movimentado. Fiquei ali, degustando um chopp e saboreando um caldinho de feijão. Coisa mais boa! Às cinco da manhã fui embora. Teria que pegar um táxi até a estação mais próxima e dali, o metrô até a estação Tietê.

O garçom disse que eu poderia pegar um ônibus, em vez de táxi, já que passava um ali na frente e o ponto final era justamente na estação. Esperei um pouco e veio o tal ônibus. Entrei, paguei a passagem e... apaguei.

- Ô magrão, acorda! Final da linha! – me cutucou o cobrador.

Acordei apavorado, entrei na estação, comprei o bilhete do metrô, esperei.. embarquei. Quando abri os olhos eu estava quase no fim da linha do metrô. Tinha passado e muito a estação Tietê, que era a da rodoviária. Desci as escadas rolantes, subi do outro lado, peguei o metrô de volta e... dormi de novo! PQP!

Dessa vez acordei umas cinco estações depois. Lá fui eu.. tudo de novo. Desce escada rolante, sobe do outro lado.. embarca e... dorme! PQP!

Resumindo: eu dormi 6 (seis) vezes na porá do metrô. Acho que conheci São Paulo inteira dormindo. Até que na última, como eu tinha passado só duas estações, resolvi ir em pé. Se eu dormisse ia cair no chão. Finalmente consegui descer. Só que aí me deparei com outro problema. Fiquei quase duas horas naquela função vai-volta dormindo. Eram 7h da manhã, e um ônibus pro Rio demora umas 6h de viagem.

Consegui passagem pras 7:40h e comecei a fazer os cálculos.. mais seis horas dariam 13:40h na rodoviária. O vôo era às 14:15 do Galeão, certo que não daria tempo. Azar, fui assim mesmo. Como o esperado, o ônibus chegou na rodoviária do Rio exatamente às 13:40. Pulei pra dentro de um táxi e perguntei se o motora conseguia estar até às 14:15 no Galeão.

- Já estamos lá! – afirmou ele, convicto.

Às 14:13h cheguei no aeroporto e corri até o guichê da Tam. As pernas estavam bambas. Não sabia o que faria se perdesse o avião. A minha passagem era promocional e não aceitava trocas. A moça emitiu oi bilhete.. uuuuuuuufa!

14:40! O Vôo tinha atrasado. Bah, muita sorte mesmo!

E assim pude viajar, finalmente, tranqüilo.

O Carnaval...

Nessa mesma quinta, subimos de Porto Alegre pra Laguna, pro Carnaval. Chegamos lá na madruga e já demos início aos trabalhos. De leve.. só pra dar embalo pros próximos dias, que prometiam.

A rotina não mudava muito.. abastecíamos um ou dois isopores de ceva e gelo e íamos pra algum lugar. O cenário sim, mudava. No primeiro dia fomos até uma prainha que tem ali do lado.. Itapirubá. Muito astral, com mar dos dois lados. Fizemos campeonato de A Última Chance, acho que é um quadro do programa do Huck. Amarramos uma camiseta no cantinho da goleira e ali tentávamos acertara bola. O Rodrigo comandava o espetáculo fazendo uma narração muito engraçada.

Na casa também aconteciam coisas muito engraçadas, o que era de se esperar já que ali se instalavam 21 pessoas. Fizemos uma lista das atrocidades que a gente falava, depois eu trago pra cá. Na porta da geladeira colamos uma consumação de bar, que nós mesmos confeccionamos. Ali a gente marcava um x pra cada ceva que tomasse. Isso quando lembrasse. E era muito x. Lá pelas tantas alguém se indignou e escreveu: “Bibi demais”, e assim foi. Tudo era graça, tudo era motivo de riso.

Na avenida escolhíamos um lugar pra estacionar os isopores e curtíamos a bagunça geral da galera. O legal de Laguna é que todo mundo fala com todo mundo. Parece que as pessoas se desprendem de seus escudos e todos têm um só propósito que é a folia e a diversão.

O domingo, como sempre, foi marcado pelo fato de os homens se vestirem de mulher. A bagunça começa na casa, onde as gurias nos ajudam a escolher as roupas e a fazer a nossa maquiagem. A galera se liberta.. hahahahha.

Não me lembro se foi na sexta ou no sábado.. sei que um magrão inventou de estragar o jipe bem na frente da nossa casa. E o jipe era virado em som. Pra que... Fizemos a festa ali na frente da casa mesmo. O magrão, que na verdade era gordão, pulava como criança em cima do capô do jipe. O capô afundava e ele nem aí.

Os dias e as noites seguintes seguiram nesse embalo. Festa de dia e de noite.. muita, muita e muita ceva. Uma pena que acaba. Uma festa única de diversão sem igual. Uma casa ocupada só por amigos que faziam festa em qualquer lugar e a qualquer hora. Sem preço!

Que venha 2007!

Thursday, March 02, 2006

RaU2...

Sinceramente, eu achava que nada superaria o show dos Stones. Mesmo tendo passado a maior parte do tempo preocupado em conseguir manter o lugar onde estava e também a integridade física, o que não foi nada fácil.

No domingo eu estava perdido. Não sabia se ficava no Rio, se ia conhecer Cabo Frio ou ia pra São Paulo. Pela propaganda que me fizeram preferi conhecer Cabo Frio. Fiz muita festa e conheci uma das praias mais lindas e limpas que já vi.

Segunda-feira comecei a tomar rumo pra algo que eu imaginava ser grandioso, mas que ainda era muito incerto. Na rodoviária do Rio, na fila pra comprar a passagem, conheci dois novos amigos: a Cíntia e o Jéferson. Os dois tinham ido no show dos Stones e a Cíntia também ia no U2. Ficamos ali na rodoviária tomando um chopp enquanto aguardávamos os respectivos ônibus.

Já em São Paulo encontrei o Zé Gota na saída do show e pude perceber a sua empolgação. Mesmo assim não imaginava o que me esperava na noite seguinte. Ele fora no show da segunda e eu iria no de terça.

Acordei cedo, tomei um café e fui pro estádio. Aí aconteceu o primeiro contratempo. Eu ainda não tinha retirado o ingresso, e imaginava que pudesse fazer isso no Morumbi, local do show. Não podia, só no Pacaembu. O pior é que eu já estava na rua do Morumbi. Eram 10h da manhã. Tive que sair perguntando pra um monte de gente que ônibus eu pegava pra chegar no Pacaembu. Três horas e meia depois e quatro ônibus, consegui voltar ao Morumbi e encarar a quilométrica fila.

Não queria passar pelo mesmo sufoco do show dos Stones. Então, já que eu ficaria longe do palco nem ia me estressar. Nisso, fiquei sabendo que liberariam os 4 mil primeiros da fila pra Hot Area, um espaço reservado, grudado no palco. Antes de iniciarem as vendas especulava-se que os ingressos pra esse espaço seriam vendidos a mil reais.

Esqueci todo o sofrimento do show de sábado e novamente estava disposto a passar pelo que fosse pra entrar na tal Hot Area. Às 3h, quando abriram os portões meu pensamento não saía disso, de conseguir entrar ali. Avistei o gramado e saí correndo muito, tentando passar quem estava na frente, porque uns iam caminhando. Corri, corri, corri.. até que vi os seguranças pedindo pra gente se acalmar e fazendo sinal pra entrarmos na Hot Area. Assim que passei na catraca minhas pernas começaram a tremer. Muita gente gritava, uns choravam. Eu simplesmente não acreditava.

Corri pra frente do palco e me agarrei na grade. Olhava pro palco ali na minha frente, a menos de quatro metros. Loucura! O que eu teria feito pra merecer tamanho presente?

Olhei pra trás e vi que já tinham bloqueado as catracas, e a galera já começava a se acumular na grade que dividia a hot area. Tive muita sorte em ter conseguido entrar.

As horas passaram voando até começar o show. Como não estava atrolhado, pudemos esperar na boa, sentados, sem aquele tumulto todo.

O show...

Não há como eu descrever em algumas linhas a sensação de estar lá. Cada acorde, cada toque na bateria, cada palavra do Bono... tudo era de arrepiar. Um espetáculo sem igual, sem preço. Uma sensação de não haver lugar nenhum que se queira estar senão ali. Agradeço muito por esse momento, e sugiro que quem gosta de boa música um dia se disponha a assistir esse espetáculo. Maravilhoso!

Uma lembrança...

Antes de começar o show, conversei com os que estavam à minha volta, entre eles uma mãe com sua filha. Alice e Catherine, respectivamente. A Alice contou de todos os shows que já assistiu.. Paul McCartney, Rod Stewart, Stones, e por aí vai. Tinha consigo uma enorme bandeira do Brasil, que deixou pendurada na grade até o final do show. Sacudia a bandeira toda empolgada a cada música.

A todo momento a Alice reclamava por não venderem cerveja dentro do estádio. Combinei então de tomarmos uma gelada na saída. Assim que terminou saímos e compramos duas latas dos ambulantes ali de fora. A Catherine quis levar uma bandana do U2. Custava 1 real, e ela procurava se tinha trocado. Como eu tinha algumas moedas, saquei uma de 1 real e entreguei ao vendedor. Ao que Alice, sua mãe, interviu:

- Deixa eu retribuir com uma lembrança então. Toma esta bandeira! – e me ofereceu a enorme bandeira do Brasil.
- Que isso, Alice!? Não tenho como aceitar! Não posso aceitar mesmo!
- Por favor, você disse que vai a muitos shows. Leva consigo ela sempre. Vai ser uma lembrança desse shows e das suas amigas de São Paulo.
- Bah.. muito obrigado mesmo! Não sei como agradecer!
- Que isso, garoto, não precisa agradecer não!

Fui pra casa boquiaberto. Pelo show e pelo presente que ganhara. Coloquei a bandeira às costas e fui embora.

Mais uma vez agradeço por tamanha generosidade do Cara lá de cima.

Ainda tem o Carnaval...

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