Na verdade ela beira os 63, a minha mãe. Mas antes do festão de aniversário, dia 28 de outubro, devemos ter uma bagunça generosa lá em casa daqui a um mês. Em 31 de agosto ela e meu pai comemoram nada mais, nada menos que 43 anos de casados. Cinco filhos e oito netos, é mole?
Apesar de toda essa carga.. apesar de ter passado muitos e muitos anos como dona de casa, essa super mulher é a responsável pelas minhas gargalhadas – ainda que não exteriorizadas – mais sinceras. É com ela que tenho os diálogos mais simples e mais ricos do dia a dia.
- E a França agora hein, mãe..!!? – comentei, lendo o jornal e tomando meu café com leite.
- Allé le blé!!!
- Bah!
- Esses franceses que não venham se fresquear! – dizia ela, temperando uns filés de peixe na pia da cozinha.
- Pois é.. quero só ver!
- Ainda bem que sábado vai ser light, não precisa voltar pro trabalho.
...
Sério.. fiquei pasmo! Minha mãe fala “light”.
Obs.. daqui apouco tem mais, voltem!
Friday, June 30, 2006
Wednesday, June 28, 2006
Saudade nova..
Já tive saudade de fugir, e uma vontade de ficar. Talvez fosse um fugir da saudade e ficar na vontade. Quando as confusões internas coincidem com as do mundo que nos cerca, tudo conspira para que até o ar que se respira nos fazer engasgar.
Há que se ter serenidade em meio à insanidade de querer viver e fazer tudo ao mesmo tempo para que se tenha certas percepções. Que por mais turbulentas que as coisas pareçam, a simplicidade de um parar e respirar recobra a consciência e devolve em forma de presente, o presente de tudo do melhor que já se quis.
Eu quis viver intensamente e me viciei
Um vício bom, disperso em horas, se esvai no tempo
O que eram apenas boas recordações
Passam a dar sinais de abstinência
Inicia-se logo uma busca incessante
Todo e qualquer vestígio faz valer um sacrifício
Até que se recorre ao poder de transformar
Imaginação em sensação
A lembrança de um simples beijo faz molhar a boca
Posso sentir na pele, a pele macia que me encosta quente
O perfume no pescoço, que ao suspirar arrepia
E o brilho nos olhos de cada bom dia
Os olhos correm ao relógio e meio dia já se foi, para onde não sei.
Minha saudade é nova que meu peito não dói, apenas constrói,
Entre risos e beijos, ofegantes desejos, uma vida que jamais sonhei.
Há que se ter serenidade em meio à insanidade de querer viver e fazer tudo ao mesmo tempo para que se tenha certas percepções. Que por mais turbulentas que as coisas pareçam, a simplicidade de um parar e respirar recobra a consciência e devolve em forma de presente, o presente de tudo do melhor que já se quis.
Eu quis viver intensamente e me viciei
Um vício bom, disperso em horas, se esvai no tempo
O que eram apenas boas recordações
Passam a dar sinais de abstinência
Inicia-se logo uma busca incessante
Todo e qualquer vestígio faz valer um sacrifício
Até que se recorre ao poder de transformar
Imaginação em sensação
A lembrança de um simples beijo faz molhar a boca
Posso sentir na pele, a pele macia que me encosta quente
O perfume no pescoço, que ao suspirar arrepia
E o brilho nos olhos de cada bom dia
Os olhos correm ao relógio e meio dia já se foi, para onde não sei.
Minha saudade é nova que meu peito não dói, apenas constrói,
Entre risos e beijos, ofegantes desejos, uma vida que jamais sonhei.
Monday, June 26, 2006
Um veado quase completo..
Analisando os elementos que compunham o caféda manhã, concluí:
- Comida de veado!
- Como assim?
- Quem mais compra essas coisas, senão um veado? Peito de peru defumado light, requeijão light, leite desnatado.. Pão de centeio light!!! Pão de centeio já é coisa de bicha, imagina pão de centeio light...! Esse pão é de veado!
- Besteira tua..
Passadas algumas semanas, lá estava eu no Bourbon, comprando peito de peru defumado light e requeijão light. Se minha mãe perguntasse alguma coisa diria que nem tinha visto. Minha distração seria meu álibi. Mas o pão eu não compraria nem por decreto. Além do mais, meu pai sempre compra cacetinho. Passei então a tratar o outro pão por “Pão de veado”.. “Alcança o pão de veado..”, “Acabou o pão de veado..”, assim.
Cada comentário era rebatido com.. “Não é pão de veaaaaado..”, “Mas bem que tu come, o pão de veado..” Ou então tinha algumas atitudes associadas de forma maliciosa.. “Hum.. camisa rosa e comendo pão de veado.. não sei não..”. Agora tudo recaía sobre o pão de veado.
Um teste viria, para confirmar a condição masculina convictamente.
Fui buscar um copo d’água na cozinha. Acendi a luz e voltei ao quarto. Abaixei-me para pegar o delicado chinelo que estava ao lado da cama.
- O que houve?
- Ossos do ofício.. Kafka
- Iiiihhh..
...
- (pááááá!!!) – um golpe seco com resultado nem tanto.
- Uuuuhhhi – ecoou do quarto
...
- Já trago a água.
- Houve um assassinato na cozinha, foi isso?
- Mais ou menos..
- Muito grande?
- Não. Pequena.
- Pode falar..
- É sério,. era pequena.
- Não devia estar sozinha..
- Tava sim!
- Elas nunca andam sozinhas..
- Pois estava.
Voltei à cozinha para limpar o local do crime e para a cerimônia fúnebre e avistei um familiar. Porém não foi possível dar o mesmo destino.
- Ponto pra ti..
- Quê..?
- Não estava sozinha.
- Eu te falei..
Bebi a água e me deitei. Mas ainda tinha sede.
- O que foi?
- Vou no banheiro..
- Hum..
- Que isso? Quer mais água?
- É..
...
- Ó!
- Obrigado!
- Na verdade fiquei com medo de voltar à cozinha..
- Hahahahahahaha! Da próxima vez me chama que eu mato!
- Hahahahahahaha, daí sim: um veado completo!!! Hahahahahahahha
- Hahahahahhahahahhahaha
- Hahahahhahahahahahha..
- Hahahahahhahaha
Friday, June 23, 2006
A melhor.. ou a limpa..?
Descobri um dos segredos da humanidade! O do porquê das pessoas relaxarem na aparência. Tem gente que é vaidoso por natureza. Se veste bem em qualquer ocasião, tá sempre reparando no próprio visual. Mas acredito que a grande maioria capriche na produção apenas quando está sozinha. Para um simples encontro com os amigos num bar, escolhe-se uma camisa impecável, uma calça que combine, o melhor sapato e aquele perfume infalível. Num final de semana na praia leva-se chinelo apenas por necessidade. É capaz de recorrer às compras na sexta à noite, em busca de uma bermuda ou um biqíni novo. Já vi gente levando gel para acampamento no meio do mato, pode?
Pode! Quando se está sozinho é preciso estar bonito até pra buscar o pão pro café da manhã. Nada de pantufas e pijama. Descobri isso numa fila de banheiro. Lembro das histórias inusitadas na fila do extinto Elo ou do Cabaret Voltaire. Daria pra escrever um livro.. Filosofias de uma fila de banheiro. Pois numa dessas estava eu - devidamente apertado – aguardando, quieto, a minha vez. Observei o primeiro da fila – um gordinho.
Certo que ele.. ou estava acompanhado ou não estava nem aí para as gurias. Uma camisa xadrez vermelha tipo toalha de cantina, uma calça social cinza-escuro e um relógio de pulseira amarela. Ele não podia ter se vestido assim pensando em despertar interesse em alguma mulher. Ou ele já tinha a dele ou ia ficar sozinho. De repente ele até tivesse tomado banho, só a roupa que era feia.
Aí é que está..! Será que não agimos assim quando estamos já há algum tempo com alguém? Não digo de colocar uma roupa feia, porque embora não se faça mais aquela produção de impacto, pelo menos o bom senso adverte no caso de camisa xadrez vermelha com calça chumbo e relógio amarelo. O que pode ocorrer é preocuparmo-nos mais em colocar uma roupa limpa e confortável do que vestir-se bem.
Desenvolvi essa teoria toda no intervalo de uma ida ao banheiro. Mesmo apertado falei isso pra guria que estava na minha frente, analisando o gordinho. Ao final ela concordou comigo, disse que era bem por aí mesmo, dando uma olhadela naquela camisa xadrez. Depois, virou-se pro meu lado, olhou as minhas roupas e lascou:
- E tu, vestiu a melhor roupa.. ou a limpa?
Após um rápido exercício mental, tive que responder..
- Pior que só passei em casa e passei a mão no que estava limpo.
O banheiro desocupou e ela entrou, levantantando as sobrancelhas e mostrando as palmas das mãos. Fiquei ali, apertado, pensando na minha teoria e estudando uma forma de rever meu vestuário. Hoje vou pra noite com minha camisa nova..
Pode! Quando se está sozinho é preciso estar bonito até pra buscar o pão pro café da manhã. Nada de pantufas e pijama. Descobri isso numa fila de banheiro. Lembro das histórias inusitadas na fila do extinto Elo ou do Cabaret Voltaire. Daria pra escrever um livro.. Filosofias de uma fila de banheiro. Pois numa dessas estava eu - devidamente apertado – aguardando, quieto, a minha vez. Observei o primeiro da fila – um gordinho.
Certo que ele.. ou estava acompanhado ou não estava nem aí para as gurias. Uma camisa xadrez vermelha tipo toalha de cantina, uma calça social cinza-escuro e um relógio de pulseira amarela. Ele não podia ter se vestido assim pensando em despertar interesse em alguma mulher. Ou ele já tinha a dele ou ia ficar sozinho. De repente ele até tivesse tomado banho, só a roupa que era feia.
Aí é que está..! Será que não agimos assim quando estamos já há algum tempo com alguém? Não digo de colocar uma roupa feia, porque embora não se faça mais aquela produção de impacto, pelo menos o bom senso adverte no caso de camisa xadrez vermelha com calça chumbo e relógio amarelo. O que pode ocorrer é preocuparmo-nos mais em colocar uma roupa limpa e confortável do que vestir-se bem.
Desenvolvi essa teoria toda no intervalo de uma ida ao banheiro. Mesmo apertado falei isso pra guria que estava na minha frente, analisando o gordinho. Ao final ela concordou comigo, disse que era bem por aí mesmo, dando uma olhadela naquela camisa xadrez. Depois, virou-se pro meu lado, olhou as minhas roupas e lascou:
- E tu, vestiu a melhor roupa.. ou a limpa?
Após um rápido exercício mental, tive que responder..
- Pior que só passei em casa e passei a mão no que estava limpo.
O banheiro desocupou e ela entrou, levantantando as sobrancelhas e mostrando as palmas das mãos. Fiquei ali, apertado, pensando na minha teoria e estudando uma forma de rever meu vestuário. Hoje vou pra noite com minha camisa nova..
Wednesday, June 21, 2006
Brincando na chuva..
Meu pai fica louco se saio de casa sem guarda-chuva quando está chovendo. “Olha o guarda-chuva!” – alerta ele enquanto tomo café. Sempre foi assim. E eu sempre tento dar um jeito de sair de fininho quando ele se distrai. Parece coisa de criança até.
Aliás, devo ter um que de criança que não me abandona. Por um lado dá um medo de, de repente, ter crescido e a mente não ter acompanhado. Mas por outro uma imensa alegria de ver graça em tudo. Mesmo quando me mantenho sério muitas vezes estou gargalhando por dentro. Digo isso por uma frase que ouvi dia desses: “Às vezes te vejo como uma criança.”
Na hora aquilo me soou estranho, quis saber o que, em mim, fazia passar essa imagem. Depois de um pouco de conversa, e de ver que não era uma crítica de uma imagem ruim, eu mesmo percebi muitos momentos dessa parcela criança.
Um deles, que me foi lembrado, foi o de apertar o botãozinho da sinaleira pra atravessar a rua. Um dia me disseram que dava choque, aquele botãozinho. E até hoje dá um friozinho cada vez que me aproximo da caixinha preta que o envolve. E talvez isso tudo se manifeste em trejeitos que fazem eu ter essa imagem.
E o que é ser criança? Não mais é que a faixa de idade em que temos um pouco mais de liberdade de expressão. Podemos brincar ajoelhados ou mesmo debruçados com carrinhos réplicas de Ferraris; encher o tanque de água simulando uma lagoa, podemos criar diálogos falando sozinhos, enfim, uma série de coisas que, se fizéssemos hoje, seríamos chamados de loucos.
À criança se dá essa liberdade, e até se criam escudos que defendem esses atos. Aquelas rodelas de couro costuradas nos joelhos das calças de abrigo pra poder se ajoelhar à vontade sem rasgar a roupa. Lembram? Parece ridículo hoje, não? Mais ridículo é imaginar um adulto brincando ajoelhado e criando diálogos imaginários com bonequinhos no meio da sala.
Então, já que minhas calças não podem ter as rodelas de couro nos joelhos, tampouco posso brincar ajoelhado ou criar diálogos com meus bonequinhos, recheio minha vida e, conseqüentemente, a de quem está ao meu redor com elementos que remetem à infância. Algum gesto, palavras, uma pronúncia errada propositalmente, lembrança dos brinquedos e das brincadeiras da época.. tudo para buscar e provocar o riso na sua forma mais pura e limpa.
Um riso puro e limpo. Feliz de quem não tem vergonha de mostrar sua parcela criança e assim o conserva. Muito melhor do que ter saudade de bons momentos é ter a consciência desses momentos e vivê-los intensamente, ainda que com jeito de criança. É o que torna cada instante eterno. Um durante sem gosto de acabar. Um agora com perfume de ontem e desejo de amanhã.. um enquanto um tanto quanto sem fim.
Aliás, devo ter um que de criança que não me abandona. Por um lado dá um medo de, de repente, ter crescido e a mente não ter acompanhado. Mas por outro uma imensa alegria de ver graça em tudo. Mesmo quando me mantenho sério muitas vezes estou gargalhando por dentro. Digo isso por uma frase que ouvi dia desses: “Às vezes te vejo como uma criança.”
Na hora aquilo me soou estranho, quis saber o que, em mim, fazia passar essa imagem. Depois de um pouco de conversa, e de ver que não era uma crítica de uma imagem ruim, eu mesmo percebi muitos momentos dessa parcela criança.
Um deles, que me foi lembrado, foi o de apertar o botãozinho da sinaleira pra atravessar a rua. Um dia me disseram que dava choque, aquele botãozinho. E até hoje dá um friozinho cada vez que me aproximo da caixinha preta que o envolve. E talvez isso tudo se manifeste em trejeitos que fazem eu ter essa imagem.
E o que é ser criança? Não mais é que a faixa de idade em que temos um pouco mais de liberdade de expressão. Podemos brincar ajoelhados ou mesmo debruçados com carrinhos réplicas de Ferraris; encher o tanque de água simulando uma lagoa, podemos criar diálogos falando sozinhos, enfim, uma série de coisas que, se fizéssemos hoje, seríamos chamados de loucos.
À criança se dá essa liberdade, e até se criam escudos que defendem esses atos. Aquelas rodelas de couro costuradas nos joelhos das calças de abrigo pra poder se ajoelhar à vontade sem rasgar a roupa. Lembram? Parece ridículo hoje, não? Mais ridículo é imaginar um adulto brincando ajoelhado e criando diálogos imaginários com bonequinhos no meio da sala.
Então, já que minhas calças não podem ter as rodelas de couro nos joelhos, tampouco posso brincar ajoelhado ou criar diálogos com meus bonequinhos, recheio minha vida e, conseqüentemente, a de quem está ao meu redor com elementos que remetem à infância. Algum gesto, palavras, uma pronúncia errada propositalmente, lembrança dos brinquedos e das brincadeiras da época.. tudo para buscar e provocar o riso na sua forma mais pura e limpa.
Um riso puro e limpo. Feliz de quem não tem vergonha de mostrar sua parcela criança e assim o conserva. Muito melhor do que ter saudade de bons momentos é ter a consciência desses momentos e vivê-los intensamente, ainda que com jeito de criança. É o que torna cada instante eterno. Um durante sem gosto de acabar. Um agora com perfume de ontem e desejo de amanhã.. um enquanto um tanto quanto sem fim.
Monday, June 19, 2006
Ainda sobre vulcões...
Fragmentos do texto que escrevi no dia 17 de janeiro, sobre vulcões..
Que amantes incondicionais são como vulcões: podem passar um bom tempo na calmaria, totalmente pacíficos. Porém, por baixo de uma espessa crosta, extremamente dura de rocha que é, escondem uma paixão que, quando em erupção, nada mede sua temperatura. Derretem as mais sólidas camadas magmáticas que os encrostam.
O fogo é que atrai homens e mulheres, é comum e fundamental aos amantes.
Não precisava mais de pedras, e sim de abalos sísmicos.
Hoje, cinco meses depois, digo que, há muito, um forte tremor fez me descobrir vulcão. Depois, abalos menores não foram capazes de causar impacto sequer parecido. Assim, por anos e anos sem registros sísmicos relevantes como o de outrora, a camada de crosta tornou-se cada vez maior e mais difícil de ser quebrada.
Cheguei a acreditar que jamais sentiria o sangue como lava quente percorrendo as veias sedentas de calor. Passaria o resto dos dias como montanha que tinha sim um calor incontrolável guardado, e que assim ficaria. Contentaria-me com lembranças saudosas e intempéries efêmeras que não provariam desse calor.
Como pode o homem ser tão descrente e despretensioso? Talvez medo de sofrer, de se frustrar, de sentir que se subiu tão alto que uma queda seria fatal a qualquer sentimento futuro. Mas por razões que estão acima do entendimento veio à tona o incandescente numa fusão de lavas, antes distintas, agora únicas.
O calor supera o medo, e a maior preocupação é, não a de se frustrar, mas de não frustrar. De que um eventual sofrimento não diminui nem oculta tantos momentos de felicidade sem medida. Sintonia e desejo alimentam o fogo e mantém a chama, que por dois corpos num só, se alastra, funde vontades e sonhos, faz uma cadeia de atos que culmina em êxtase mútua.
Se as noites não podem ser maiores, são infindas até que se adormeça. E que bom que não são eventuais. São todas e são plenas.
Que amantes incondicionais são como vulcões: podem passar um bom tempo na calmaria, totalmente pacíficos. Porém, por baixo de uma espessa crosta, extremamente dura de rocha que é, escondem uma paixão que, quando em erupção, nada mede sua temperatura. Derretem as mais sólidas camadas magmáticas que os encrostam.
O fogo é que atrai homens e mulheres, é comum e fundamental aos amantes.
Não precisava mais de pedras, e sim de abalos sísmicos.
Hoje, cinco meses depois, digo que, há muito, um forte tremor fez me descobrir vulcão. Depois, abalos menores não foram capazes de causar impacto sequer parecido. Assim, por anos e anos sem registros sísmicos relevantes como o de outrora, a camada de crosta tornou-se cada vez maior e mais difícil de ser quebrada.
Cheguei a acreditar que jamais sentiria o sangue como lava quente percorrendo as veias sedentas de calor. Passaria o resto dos dias como montanha que tinha sim um calor incontrolável guardado, e que assim ficaria. Contentaria-me com lembranças saudosas e intempéries efêmeras que não provariam desse calor.
Como pode o homem ser tão descrente e despretensioso? Talvez medo de sofrer, de se frustrar, de sentir que se subiu tão alto que uma queda seria fatal a qualquer sentimento futuro. Mas por razões que estão acima do entendimento veio à tona o incandescente numa fusão de lavas, antes distintas, agora únicas.
O calor supera o medo, e a maior preocupação é, não a de se frustrar, mas de não frustrar. De que um eventual sofrimento não diminui nem oculta tantos momentos de felicidade sem medida. Sintonia e desejo alimentam o fogo e mantém a chama, que por dois corpos num só, se alastra, funde vontades e sonhos, faz uma cadeia de atos que culmina em êxtase mútua.
Se as noites não podem ser maiores, são infindas até que se adormeça. E que bom que não são eventuais. São todas e são plenas.
Monday, June 12, 2006
Pra quem o cara agradece?
Quando algo nos surpreende, há uma tendência natural de nos perguntarmos: por quê!? Surpresas ruins, surpresas boas, surpresas corriqueiras e surpresas de cair o queixo. Surpresas que provocam sensações extremas, que nos fazem perder o controle, apresentam-se embaladas em papel de sonho.. mas guardam no recheio um sabor residual de algo muito real, e que se renova a cada bom dia.
Por que tudo isso? Achamos que conhecemos a nós mesmos e muito daqueles que estão ao nosso redor. Chegamos a apostar e querer que um dia seremos surpreendidos por pessoas e situações desconhecidas, quando estivermos desprevenidos. E acabamos criando defesas e barreiras, tanto para o novo quanto para o que já faz parte da nossa vida.
Acontece que, inconscientemente, as barreiras para o que ou quem conhecemos tornam-se mais frágeis, vulneráveis.. funcionam mais como advertências de não ultrapassar certos limites, e não bloqueio, como para o novo. E essas surpresas avassalam como o fogo que se alastra, e chutamos essas barreiras pra longe, nos permitindo tornar o que se achava conhecido em novo.. permitindo tornar-se novo, a cada ato, para quem era conhecido.
Desprovidos das defesas sentimos um calor incontrolável tomando conta.. buscamos à volta algo que sirva para conter, sabendo que longe já está. Nos arrastamos, já deitados de costas, numa vã tentativa de fuga. Mas as pernas já não mais respondem e não há forças para gritar. Deixamo-nos levar então, à mão do embalo dessa surpresa boa, sempre tentando entender a razão, o porquê.
Por sorte entendemos que preocupações e medos em demasia podem ocultar o sabor, sem igual, do presente. A sorte do amanhã não nos pertence. É prêmio a quem não deixa passar o hoje sem brilho. E já que não há mais tanta relevância em querer saber o porquê, apenas de viver intensamente cada segundo do presente que é hoje, nos resta então agradecer àquele que, por seus motivos, resolveu nos presentear assim: para cada dia bom, uma noite melhor; para cada bom dia doce, um boa noite enlouquecedor, e para todo antes ótimo, um agora maravilhoso..
Obrigado, JC!!!
Por que tudo isso? Achamos que conhecemos a nós mesmos e muito daqueles que estão ao nosso redor. Chegamos a apostar e querer que um dia seremos surpreendidos por pessoas e situações desconhecidas, quando estivermos desprevenidos. E acabamos criando defesas e barreiras, tanto para o novo quanto para o que já faz parte da nossa vida.
Acontece que, inconscientemente, as barreiras para o que ou quem conhecemos tornam-se mais frágeis, vulneráveis.. funcionam mais como advertências de não ultrapassar certos limites, e não bloqueio, como para o novo. E essas surpresas avassalam como o fogo que se alastra, e chutamos essas barreiras pra longe, nos permitindo tornar o que se achava conhecido em novo.. permitindo tornar-se novo, a cada ato, para quem era conhecido.
Desprovidos das defesas sentimos um calor incontrolável tomando conta.. buscamos à volta algo que sirva para conter, sabendo que longe já está. Nos arrastamos, já deitados de costas, numa vã tentativa de fuga. Mas as pernas já não mais respondem e não há forças para gritar. Deixamo-nos levar então, à mão do embalo dessa surpresa boa, sempre tentando entender a razão, o porquê.
Por sorte entendemos que preocupações e medos em demasia podem ocultar o sabor, sem igual, do presente. A sorte do amanhã não nos pertence. É prêmio a quem não deixa passar o hoje sem brilho. E já que não há mais tanta relevância em querer saber o porquê, apenas de viver intensamente cada segundo do presente que é hoje, nos resta então agradecer àquele que, por seus motivos, resolveu nos presentear assim: para cada dia bom, uma noite melhor; para cada bom dia doce, um boa noite enlouquecedor, e para todo antes ótimo, um agora maravilhoso..
Obrigado, JC!!!
Friday, June 09, 2006
Pobre do mosquitinho...
Essa semana recebemos um email para conhecimento e providências. O conteúdo: retirar os adesivos dos bonecos da vivo dos carros. Teria que mandar numa dessas empresas de sinalização. Eu tinha ido ali na Paquetá do Parcão comprar os kits pra assistir aos jogos do Brasil no Opinião. Quando voltei fiquei olhando o carro.. os bonecos.. e pensei: vou puxar uma pontinha do decalque...
A pontinha veio vindo, veio vindo... até que tirei todo o boneco da porta. Gostei da brincadeira e fui pro próximo. Assim fui.. até que tirei todos os adesivos do carro. Ficou muito diferente. Pois bem, precisava mandar lavar, embaixo dos adesivos tava bem limpinho, mas o resto... O problema é que ficou boa parte da cola na lataria, e vi que aquilo ia logo logo atrair sujeira.
Mandei lavar. Tive o cuidado de pedir pro cara remover a cola. Pergunta se ele tirou.. Óbvio que não. Cada vez que encostava a mão na porta grudava. Quando fui, enfim, sair com o carro, notei um pontinho escuro na porta do carona. Era um mosquitinho que grudara suas asas na cola da porta e se debatia como louco pra tentar sair dali. Percebi que tinha que ajudá-lo. Peguei a pontinha da chave e fui empurrar a asinha... ploft.. saiu um pedaço do pobre do bicho e grudou mais adiante.
Ele parou de se debater, não sei por quê. Bom, já que o bicho já era, resolvi meter a mão e, pelo menos, deixar a porta limpa, sem vestígios de mosquito suicida, ou de parte dele. “Salivei” o dedo e tentei tirar o corpo dali. Que nada... os restos do bicho foram se espalhando, se espalhando e sujando mais e mais a porta.
Desisti! Tá lá, o bicho!
Eight days a week...
Algo como o chocolate, que costuma quebrar regras. Quando longe dos olhos não perturba. Mas assim, como diante do chocolate favorito, o barulhinho da embalagem se abrindo, o aroma.. aliado à forma, textura.. temperatura, aquela que se derrete ao mais leve toque. Compulsão? Desejo? Vício? Descontrole... Eu diria prazer..
Sem nenhuma moderação quer mais, pede mais.. e estar longe dos olhos não é mais garantia de controle.. as horas passam, a noite cai.. às vezes fria, de repente quente..
Por que tão ardente? Se no calor o chocolate se derrete.. e busca novamente a boca que jamais sacia.. do prazer do sabor, de uma semana de oito dias...
Perspectiva...
Há duas semanas encasquetei com essa música do Jorge Mautner. Faz tempo que a conheço, sempre gostei. Mas agora eu queria a letra inteira, com as palavras em russo e tudo! Às vezes a ouço na Ipanema ou na FM Cultura. Então fui buscar a letra na rede mundial de computadores. Como bom seguidor de Murphy, não a encontrei. Deixei passar, procuraria outro dia. Não! Eu queria a letra agora (há duas semanas) e estava disposto a vasculhar o site que fosse para encontrá-la. Procurei, procurei, procurei.. nada! Google, Altavista.. nada! Tomei uma atitude de emergência: coloquei anúncio no nick do msn: “Alô!!! Um UPA e um BEIJO pra quem me conseguir a letra de Perspectiva do Jorge Mautner” Fiz isso depois de esgotar todas as fontes onde eu poderia procurar.
O engraçado foi ver a preocupação do pessoal, não sei se com o meu desespero ou com a recompensa. Sim, porque teve gente que até perguntou se tinha como ganhar a recompensa sem ter me conseguido a letra. Hahahhahahhaa!!! E outros.. “bah, não achei nada!”, “Não consegui achar essa música..” É óbvio! Óbvio! Eu estava há duas semanas procurando. O que leva uma pessoa a pensar que em cinco minutos acharia? E olha que não foram poucos. Mas, de qualquer forma, gostei muito do empenho do pessoal.
Depois dessas duas semanas a atitude mais drástica: eu ia comprar o cd. Azar! Como o personagem sou eu.. não tinha na Banana Records e nem na Multisom. Acabei comprando na Toca do Disco e... pirata! Ou seja, sem encarte!
Só que agora.. eu!!!! Tive o trabalho de digitar a letra todinha e publico, para todo o mundo, coim exclusividade, para todos os amantes da boa música e das boas palavras..
Perspectiva – Jorge Mautner e Nelson Jacobina
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Assim vou caminhando
Por esta vida
Assim eu vou andando
Por esta imensa avenida
Vivendo não sei bem por quê
Sempre numa grande expectativa ahh
E avenida em russo quer dizer perspectiva
E avenida em russo quer dizer perspectiva
Sendo assim eu lhe pergunto
Se você não quer ser
A minha avenida, a minha ávida vida
A minha expectativa, a minha perspectiva
A minha expectativa, a minha perspectiva
Por exemplo
Perspectiva é avenida
Avenida Nevsky: perspectiva Nevsky
Avenida Getúlio Vargas: perspectiva Getúlio Vargas
Avenida Brasil: perspectiva Brasil
Avenida Paulista: perspectiva Paulista
É.... glasnost... transparência
E abertura é perestroika
Karandash é lápis e babushka é vovó
E camarada, ah camarada é tovarish
E paz, paz é mir mir mir
Gosto de quem gosta...
Para a rua, tambores e poetas
Ainda há palavras lindas
U R S S – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Ó tu, União Soviética, Cristo entre as nações
Para o júbilo, o planeta ainda está imaturo
É preciso arrancar alegria lá do futuro
Morrer nesta vida não é difícil
O difícil é a vida e seu ofício
E os demais todo mundo sabe
O coração tem moradia certa
Bem aqui no meio do peito
Mas é que comigo
A anatomia ficou louca
E sou todo, todo, todo, mas todo...
Coração
A pontinha veio vindo, veio vindo... até que tirei todo o boneco da porta. Gostei da brincadeira e fui pro próximo. Assim fui.. até que tirei todos os adesivos do carro. Ficou muito diferente. Pois bem, precisava mandar lavar, embaixo dos adesivos tava bem limpinho, mas o resto... O problema é que ficou boa parte da cola na lataria, e vi que aquilo ia logo logo atrair sujeira.
Mandei lavar. Tive o cuidado de pedir pro cara remover a cola. Pergunta se ele tirou.. Óbvio que não. Cada vez que encostava a mão na porta grudava. Quando fui, enfim, sair com o carro, notei um pontinho escuro na porta do carona. Era um mosquitinho que grudara suas asas na cola da porta e se debatia como louco pra tentar sair dali. Percebi que tinha que ajudá-lo. Peguei a pontinha da chave e fui empurrar a asinha... ploft.. saiu um pedaço do pobre do bicho e grudou mais adiante.
Ele parou de se debater, não sei por quê. Bom, já que o bicho já era, resolvi meter a mão e, pelo menos, deixar a porta limpa, sem vestígios de mosquito suicida, ou de parte dele. “Salivei” o dedo e tentei tirar o corpo dali. Que nada... os restos do bicho foram se espalhando, se espalhando e sujando mais e mais a porta.
Desisti! Tá lá, o bicho!
Eight days a week...
Algo como o chocolate, que costuma quebrar regras. Quando longe dos olhos não perturba. Mas assim, como diante do chocolate favorito, o barulhinho da embalagem se abrindo, o aroma.. aliado à forma, textura.. temperatura, aquela que se derrete ao mais leve toque. Compulsão? Desejo? Vício? Descontrole... Eu diria prazer..
Sem nenhuma moderação quer mais, pede mais.. e estar longe dos olhos não é mais garantia de controle.. as horas passam, a noite cai.. às vezes fria, de repente quente..
Por que tão ardente? Se no calor o chocolate se derrete.. e busca novamente a boca que jamais sacia.. do prazer do sabor, de uma semana de oito dias...
Perspectiva...
Há duas semanas encasquetei com essa música do Jorge Mautner. Faz tempo que a conheço, sempre gostei. Mas agora eu queria a letra inteira, com as palavras em russo e tudo! Às vezes a ouço na Ipanema ou na FM Cultura. Então fui buscar a letra na rede mundial de computadores. Como bom seguidor de Murphy, não a encontrei. Deixei passar, procuraria outro dia. Não! Eu queria a letra agora (há duas semanas) e estava disposto a vasculhar o site que fosse para encontrá-la. Procurei, procurei, procurei.. nada! Google, Altavista.. nada! Tomei uma atitude de emergência: coloquei anúncio no nick do msn: “Alô!!! Um UPA e um BEIJO pra quem me conseguir a letra de Perspectiva do Jorge Mautner” Fiz isso depois de esgotar todas as fontes onde eu poderia procurar.
O engraçado foi ver a preocupação do pessoal, não sei se com o meu desespero ou com a recompensa. Sim, porque teve gente que até perguntou se tinha como ganhar a recompensa sem ter me conseguido a letra. Hahahhahahhaa!!! E outros.. “bah, não achei nada!”, “Não consegui achar essa música..” É óbvio! Óbvio! Eu estava há duas semanas procurando. O que leva uma pessoa a pensar que em cinco minutos acharia? E olha que não foram poucos. Mas, de qualquer forma, gostei muito do empenho do pessoal.
Depois dessas duas semanas a atitude mais drástica: eu ia comprar o cd. Azar! Como o personagem sou eu.. não tinha na Banana Records e nem na Multisom. Acabei comprando na Toca do Disco e... pirata! Ou seja, sem encarte!
Só que agora.. eu!!!! Tive o trabalho de digitar a letra todinha e publico, para todo o mundo, coim exclusividade, para todos os amantes da boa música e das boas palavras..
Perspectiva – Jorge Mautner e Nelson Jacobina
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Assim vou caminhando
Por esta vida
Assim eu vou andando
Por esta imensa avenida
Vivendo não sei bem por quê
Sempre numa grande expectativa ahh
E avenida em russo quer dizer perspectiva
E avenida em russo quer dizer perspectiva
Sendo assim eu lhe pergunto
Se você não quer ser
A minha avenida, a minha ávida vida
A minha expectativa, a minha perspectiva
A minha expectativa, a minha perspectiva
Por exemplo
Perspectiva é avenida
Avenida Nevsky: perspectiva Nevsky
Avenida Getúlio Vargas: perspectiva Getúlio Vargas
Avenida Brasil: perspectiva Brasil
Avenida Paulista: perspectiva Paulista
É.... glasnost... transparência
E abertura é perestroika
Karandash é lápis e babushka é vovó
E camarada, ah camarada é tovarish
E paz, paz é mir mir mir
Gosto de quem gosta...
Para a rua, tambores e poetas
Ainda há palavras lindas
U R S S – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Ó tu, União Soviética, Cristo entre as nações
Para o júbilo, o planeta ainda está imaturo
É preciso arrancar alegria lá do futuro
Morrer nesta vida não é difícil
O difícil é a vida e seu ofício
E os demais todo mundo sabe
O coração tem moradia certa
Bem aqui no meio do peito
Mas é que comigo
A anatomia ficou louca
E sou todo, todo, todo, mas todo...
Coração
Tuesday, June 06, 2006
Nuvens...
Há mais ou menos 4 anos fiz um curso de fotografia. Eu acabara de me dar de Natal uma câmera reflex, sonho de muitos anos. Uma Yashica, preta, robusta, novinha em folha! Saí distribuindo meus clics indiscriminadamente, ora pelas ruas da Capital, ora pela orla de Torres. Sem nenhum conhecimento técnico, apostava na sorte pra que saísse, ao menos, alguma foto bacana.
E saíram! Em março, quando mandei revelar os filmes, tive uma surpresa muito boa: muitas das fotos eram merecedoras de moldura. Me empolguei mais ainda pra fazer o tal curso. Fiz e aprendi bastante coisa interessante. Como revelar fotos, por exemplo. Mas um outro ponto do curso que me deixou de queixo caído foram os filtros. Bah, existe filtro pra tudo que se pode imaginar.. pra dar efeito de estrelinha, pra bater foto bem de pertinho, pra dar um tom de determinada cor..
Mas o filtro mais legal de todos é o polarizador! Tu encaixa ele na frente da lente e ele polariza a luz dispersa, tirando o reflexo da água e dos vidros, e dando vida aos tons de verde das árvores e realçando o azul intenso do céu, fazendo ali contrastar o branco das nuvens que ficam como algodão no anil. Uma maravilha aos olhos..
E eu, que sempre gostei de apreciar as nuvens, especialmente quando elas permitiam à minha fértil imaginação formar coisas das mais diversas, estava fascinado! Agora o cachorro, urso, dinossauro.. tinham um toque especial. Podia perder horas apreciando as formas mais diversas e fascinantes que as nuvens de algodão tomavam.
Assim, como as chamas de uma fogueira e as ondas do mar, as nuvens encantam pelo simples fato de, mesmo sendo diferentes umas das outras, em nenhum momento perderem a graça e a beleza, e a capacidade de fazer nossa imaginação viajar. Como podem..? Nenhuma igual à outra, nenhuma sem brilho, sem a graça, todas belas, especiais, mágicas..
E pensar que são água.. e que um simples estender de braços não as alcança, há que se ir aos céus para senti-las. E não são palpáveis, apenas úmidas, completamente.. e em dias de chuva, uma delas, carregada positivamente, e outra, negativamente, se aproximam.. e do seu contato, tamanha energia é produzida que seu efeito é sentido a distâncias extremas. E seu contato não cessa.. até que precipitam mutuamente.. como se não fossem parar.. e não param. Ainda que a previsão seja de sol, nunca se sabe quando vai chover, mas quando chove..
E saíram! Em março, quando mandei revelar os filmes, tive uma surpresa muito boa: muitas das fotos eram merecedoras de moldura. Me empolguei mais ainda pra fazer o tal curso. Fiz e aprendi bastante coisa interessante. Como revelar fotos, por exemplo. Mas um outro ponto do curso que me deixou de queixo caído foram os filtros. Bah, existe filtro pra tudo que se pode imaginar.. pra dar efeito de estrelinha, pra bater foto bem de pertinho, pra dar um tom de determinada cor..
Mas o filtro mais legal de todos é o polarizador! Tu encaixa ele na frente da lente e ele polariza a luz dispersa, tirando o reflexo da água e dos vidros, e dando vida aos tons de verde das árvores e realçando o azul intenso do céu, fazendo ali contrastar o branco das nuvens que ficam como algodão no anil. Uma maravilha aos olhos..
E eu, que sempre gostei de apreciar as nuvens, especialmente quando elas permitiam à minha fértil imaginação formar coisas das mais diversas, estava fascinado! Agora o cachorro, urso, dinossauro.. tinham um toque especial. Podia perder horas apreciando as formas mais diversas e fascinantes que as nuvens de algodão tomavam.
Assim, como as chamas de uma fogueira e as ondas do mar, as nuvens encantam pelo simples fato de, mesmo sendo diferentes umas das outras, em nenhum momento perderem a graça e a beleza, e a capacidade de fazer nossa imaginação viajar. Como podem..? Nenhuma igual à outra, nenhuma sem brilho, sem a graça, todas belas, especiais, mágicas..
E pensar que são água.. e que um simples estender de braços não as alcança, há que se ir aos céus para senti-las. E não são palpáveis, apenas úmidas, completamente.. e em dias de chuva, uma delas, carregada positivamente, e outra, negativamente, se aproximam.. e do seu contato, tamanha energia é produzida que seu efeito é sentido a distâncias extremas. E seu contato não cessa.. até que precipitam mutuamente.. como se não fossem parar.. e não param. Ainda que a previsão seja de sol, nunca se sabe quando vai chover, mas quando chove..
Friday, June 02, 2006
Significados de um tchau..
Um tchau, geralmente, é a última palavra de um diálogo. É o que caracteriza o desligamento, seja ele físico ou não.. um telefonema, uma conversa no msn, um email..
Quando sentimos segurança em relação a alguém, um tchau é apenas como reticências, um segue, um continua, um até mais. Quando não, assusta. Não dá a certeza de um novo oi. Dependendo das circuntâncias que antecederam o tchau, em contrapartida àquela falta de segurança, essa incerteza assusta mesmo.
Podemos pensar que cada tchau pode ser uma despedida, ainda que já venha carregado de saudade. Um tchau ouvido como adeus pode ser a despedida mais triste quando se trata de alguém que se gosta e quer muito.
E não vai ser em palavras que um tchau vai mudar de significado. Deixar de ser despedida e se tornar até breve... Pequenas atitudes e gestos, com o passar do tempo, carregarão um tchau – antes de partida, sem garantia de retorno – de elementos que cada vez mais o deixarão com cara de até logo: o tom de saudade na entonação, a linha de um olhar, que estica sem romper, um derradeiro carinho, suave.. um último toque nas pontas dos dedos, que se seguram e.. finalmente se soltam, mas não pra se desprender.. como um último gole numa taça de um bom vinho que anseia encher novamente e ser deliciosamente degustado.
E por mais que tudo isso aconteça, o gosto bom da certeza incerta de uma despedida sempre vai deixar um próximo oi.. melhor do que todos os anteriores. Quando um tchau for o selo de algo saciado, aí sim seria de assustar. Por isso um bom tchau tem que ser, na origem, assim, tênue a um adeus, mas tão carregado de saudade que um medo bom o fará soar como um até breve...
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