Friday, July 27, 2007

S.O.S Cinema

Vale pra DVD também!

Tá estreando Duro de Matar 4 neste final de semana. Tudo bem, gostei muito do primeiro da série, e gosto muito do Bruce Willis. Mas se for pelo ator sou mil vezes mais O Sexto Sentido. Duro de Matar não tem sentido nenhum assistir.

O brabo é que a indústria do cinema investe suas grandes produções nessas - para mim - baboseiras, como Shrek, Homem Aranha, Harry Potter,...

Quero filmes simples, sem efeitos especiais, que contem histórias não tão mirabolantes. Quero filmes que prendam a atenção, com piadas realmete engraçadas e com diálogos ricos.

Nem o Woody Alen se salva! Esses dias tentamos ver o Scoop, mas tivemos que abandonar antes de completar 1 hora de filme. Uma palhaçada só!

Não quero uma lição de vida, apenas que o tempo não seja perdido.

Forte abraço a todos e um ótimo final de semana!

Tuesday, July 24, 2007

Heróis nacionais...

Sempre achei que o brasileiro não acreditava muito no Brasil. É triste ver um país do nosso tamanho, com pesquisas avançadas em muitas áreas, entre elas tecnologia e medicina, mas sempre um país de terceiro mundo, ou em desenvolvimento.

Há quanto tempo vemos os Estados Unidos, Canadá, China, etc. dispararem no quadro de medalhas dos jogos olímpicos? Não basta dizer que precisamos investir no esporte, dando melhores condições para os atletas que já treinam habitualmente. Deveríamos incluir modalidades que não são difundidas por aqui, mas que valem medalha nos jogos. Os atletas passam 4 anos se esforçando para garantir sempre as mesmas 20 medalhas de ouro, enquanto os Estados Unidos, numa respirada, estão com 50, 60...

As sete novas maravilhas do mundo...

Quando vi que o Cristo Redentor concorria para as sete maravilhas achei que fosse piada. Com todo respeito que tenho pelo JC e toda minha admiração pela beleza do Rio, digo que não seria, para mim, uma maravilha do mundo. Aí fui conferir as outras 20 concorrentes e logo achei as 7, sem o Cristo, óbvio. Pensei que fosse uma escolha séria, criteriosa, não apenas uma eleição através de um site. Imaginei que se algum monumento fosse fugir do critério histórico seria a Estátua da Liberdade, quem sabe a Torre Eiffel. Mas não, quem apareceu lá em terceiro lugar foi justamente o Cristo Redentor. Isso me fez repensar sobre aquela questão do brasileiro não acreditar no Brasil.

Agora apareceu essa de votar no Ayrton Senna como maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos. Por mais que eu goste do Senna, por mais que eu tenha chorado sua morte, e acreditado que, se não tivesse morrido daquela forma, seria sim, um dos maiores pilotos das história. Mas isso se... Só que ele morreu e parou. E o Schumacher seguiu e ganhou tudo o que podia e se tornou, até então, o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos. Eu sei, ele é alemão, talvez prepotente, mas o título é lógico, e ele foi campeão muito mais vezes. Mas depois da escolha do Cristo Redentor, não sou eu que vou duvidar se elegerem o Senna como o maior piloto.

P.S. Dei uma conferida agora.. o Senna tá com 68% contra 28 do alemão.

Viva o Brasil!

Thursday, July 12, 2007

Paris, te amo...


Ontem fomos assistir a Paris, te amo.

São 21 curtas, de aproximadamente cinco minutos que contam histórias de amor ocorridas na Cidade Luz. Gostei, principalmente, por não ser em forma de documentário. Entre os diretores estão Walter Salles e Gerard Depardieu, mas foi Alexander Payne que finalizou com esta obra:

14e arrondissement
Alexander Payne

Narração da atriz Margo martindale

- Próximo?
- Eu!

Essa história é sobre um dia muito especial da minha recente viagem a Paris.

Durante toda minha vida sonhei em conhecer essa cidade, por isso estudei francês por dois anos. Guardei meu dinheiro e fui para Paris passar 6 dias.
Depois de cinco dias, ainda não havia conseguido me acertar com a diferença de fuso, e sempre ficava um pouco cansada.

Era minha primeira viagem à Europa. Gostaria de ter ficado pelo menos duas semanas, mas não podia: havia deixado meus cachorrinhos, Lady e Bumper, sozinhos.

Amei os museus e as ruas de Paris. Só a comida não era boa como eu imaginava. Pensei em fazer a viagem com uma excursão, mas sou uma pessoa muito independente. Desde que comecei a trabalhar como carteira em Denver, passei a caminhar muito todos os dias. E mais: eu queria uma autêntica aventura estrangeira, e praticar meu francês.

- Com licença!
- Pois não?
- Onde encontro um bom restaurante por aqui?
- Depende... Que tipo de comida você gosta?
- Qualquer uma.
- Chinesa?
- Pode ser.

Dizem muitas coisas a respeito de Paris. Que é lá que os artistas encontram inspiração; que é lá que as pessoas vão encontrar algo novo em suas vidas; dizem que lá você pode encontrar o amor!

Claro, na minha idade não tenho essas expectativas. No entanto, durante esses dias pensei em muitas coisas da minha vida. Pensei se tivesse nascido em Paris, ou sempre tivesse muito dinheiro, a ponto de poder viver lá.

Imaginei entregando cartas todos os dias, numa ruazinha como esta. E conhecendo as pessoas que moram aqui. Tenho certeza que elas são muito simpáticas.

Eu visitei um cemitério famoso, onde muitas celebridades foram enterradas. Vi a sepultura de Jean Paul Sartre e Simon Bolivar. No meu guia dizia que eram dois escritores franceses famosos, que se amavam muito, e por isso foram enterrados juntos.

Vi também a tumba de um homem chamado Porfirio Diaz, que, segundo meu guia, foi um ditador no México durante 35 anos. Era interessante estar tão próxima de um homem tão poderoso, mas que não podia mais andar nem falar nada, como eu podia.

Pensei na minha irmã Patty, que morreu tão jovem, e na minha mãe, que morreu de câncer no ano passado.

Um dia eu também serei enterrada, e provavelmente ninguém irá me visitar. Mas não vou me importar, estarei morta.
Mas não sou uma pessoa triste. Ao contrário: sou uma mulher feliz com muitos amigos e dois cãezinhos maravilhosos.

Só que às vezes eu gostaria de ter alguém pra dividir coisas como essas. Por exemplo: quando vi Paris do terraço de um arranha-céu, quis dizer para alguém: Não é linda?

Mas não havia ninguém comigo. Pensei no meu ex-namorado Dave, como ele teria gostado dessa viagem. Ao mesmo tempo me senti uma estúpida, pois faz onze anos que não falo com ele. Agora ele está casado e tem três filhos.

Então encontrei um amável parquinho. Sentei em um banco e comi um sanduíche que havia comprado. Estava muito bom!

E então alguma coisa aconteceu. Algo difícil de descrever. Sentada ali, sozinha, num país estrangeiro, longe do meu trabalho e de todos que eu conheço, um sentimento pairou sobre mim.

Foi como lembrar de coisas que nunca conheci antes ou que sempre esperei conhecer, mas que eu não sabia o que era.

Talvez algo que eu tenha esquecido, ou perdido durante toda minha vida. Tudo o que posso dizer é que senti, ao mesmo tempo, alegria e tristeza. Mas não tanta tristeza quanto alegria, porque me senti viva!

Sim, viva!

Foi nesse momento que senti que estava apaixonada por Paris.
E que Paris estava apaixonada por mim.

Enfim...

Depois de penar um pouco para passar nas nove cadeiras, estou prestes a ingressar no último semestre. Agora serão 21 créditos a me separar do tão esperado canudo.

Pode parecer nada mais que a obrigação, uma vez que a duração normal do curso é de 4 anos, e este é o quinto. Talvez não seja nada de mais, mas sempre vi a conclusão de um curso superior como algo muito distante. Hoje é palpável, e realmente, nada de tão emocionante.

O que importa é que, no final do ano, a escolha que fiz como realização pessoal, estará, enfim, concluída!

Desde já, agradeço o apoio recebido todos os dias, em forma de carinho, incentivo, espera e sorriso.

Te amo, Alice!

Esta semana foi minha irmã...

Terça foi a apresentação do Trabalho de conclusão da minha irmã para a banca. Acho que ela se saiu bem. Nunca imaginava ver minha irmazinha falando tudo direitinho, evitando os vícios de linguagem “e coisa”..

Wednesday, July 04, 2007

Bar...

Se o ilustre Tiago Vargas tivesse um Bar & Restaurante, imagino que seria no centro. Mais ou menos assim:


A casa oferece mais de 250 sabores de pastéis

Monday, July 02, 2007

Penetra de penetra...


Sábado fomos com um casal de amigos: o Luiz e a Aline, ali no News Pub. Ficamos num cantinho, entre a escada e uma mesa. O bar estava bem cheio. Logo que chegamos uma turma que estava ali perto, junto com o pessoal da mesa ao nosso lado, começou a se reunir e se preparar para uma comemoração de aniversário.

Aniversário sempre diverte os bares porque todo mundo canta parabéns junto, mesmo quem não conhece. Nós fomos um pouquinho mais além.. Os garçons trouxeram três bolos de chocolate, aparentemente muito deliciosos. Os guris acenderam as velinhas para as três aniversariantes e todos cantaram parabéns, inclusive nós.

Colocaram os três bolos na mesa ao nosso lado e começaram a cortar as fatias. Distribuíram para os convidados e, depois de um tempo, fizeram mais um brinde com champagne. Nessa hora ninguém mais comia bolo, e o miolo de um deles todinho ficou ali à nossa espera.

Assim que o pessoal da mesa se dispersou, e alguns foram embora, fui até o balcão e pedi pratinhos pro bolo, como se fosse um dos convidados. A garçonete me entregou um saco com vários pratinhos e garfinhos. Levei-os pra mesa.

Na bandeja do bolo tinha ficado a faca e uma espátula. Quando fui cortar o bolo, duas gurias se aproximaram da Alice. Uma delas falou:

- Hum! Um bolo! Quem tá de aniversário?

E a Alice, sem titubear, apontou pra Aline:

- É ela!
- Ah, meus parabéns!

A Aline, sentada no cantinho, encarnou a aniversariante:

- Obrigada!
- Ahhh, mas que tímida! A típica canceriana, como eu!
- É..
- Olha que gracinha, bem tímida! Que legal! Eu não sabia que podia comemorar com bolo.

E a Aline seguiu:

- É, dá sim. Eles oferecem o bolo e champagne, só que o champagne acabou.
- Ah, que legal!

Deu pra notar que não éramos os únicos interessados no bolo. Elas devem ter nos visto ali e que o miolo devia ter sobrado.

- Corta pra elas também.. – me disse Alice, baixinho.

Servi os pratinhos e a Alice ofereceu para as novas penetras. Elas nem sequer esboçaram recusar:

- Ah.. obrigada!

Só faltou perguntarem se era só aquilo! Comeram, ficaram um pouco por ali e logo saíram fora, na maior cara de pau!

Friday, June 15, 2007

Ainda sobre as pizzas...

Acabaram de me ligar.

Não reconheci o número, mas como no meu trabalho quase nunca se sabe quem está ligando, atendi:

- Alô!
- Alô, Raul?
- Sim?
- Aqui é a esposa do Onir, da fixa, tudo bom?
- Tudo bem!

Fixa refere-se à Telefonia Fixa. Nós trabalhamos com Telefonia Celular e temos muitos contatos com eles. Mas nesse curto tempo não consegui lembrar de nenhum assunto que tivesse ficado pendente. Muito menos com a esposa do Onir, da fixa. Eu sempre retribuo o "tudo bom" com "tudo bem", acho que tem mais a ver. E ela prosseguiu:

- Por acaso ficaram algumas pizzas contigo?
- Só um pouquinho, só um pouquinho. Eu acho que tu ligaste pro número errado. Não sei de nenhuma pizza!
- Ah..! Então é o outro Raul. Desculpa!
- Tudo bem.

Era pizza!

Wednesday, June 13, 2007

Dia de Santo Antônio...

Amelinha entrou na sala esbaforida. Chegou atrasada, atirou a sombrinha sobre a mesa, o casaco na cadeira e a bolsa no chão. Os cabelos molhados grudados ao rosto revelavam que a chuva estava realmente forte. Mas ela não parecia chateada pelo banho. Alguma coisa incomodava – havia alguns dias – a Amelinha.

Todos notavam que o humor dela piorava, mas ninguém sabia o porquê. Amelinha sempre foi muito reservada. Não contava sobre sua vida particular a ninguém, nem mesmo à Rita Borges, com quem sempre tomava um café depois do almoço.

Rita sabia tudo sobre todos. Prestes a se aposentar, a enfermeira-chefe da ala infantil da Santa Casa era ouvidos para todas as histórias ocorridas durante os 36 anos de trabalho. Há quem diga que sabia mais até do que os azulejos azul-claros trazidos pelos portugueses. Todos confiavam suas histórias à Rita Borges, desde os médicos mais tradicionais ao servente recém contratado.

Menos a Amelinha.

E olha que a Rita se esforçava. Todos os dias depois do almoço encontrava Amelinha no corredor da ala B e tomavam o cafezinho da Dona Mariana, do terceiro andar. Rita sabia que a bagagem de vida de Amelinha era pesada. Mas não adiantava, Amelinha só falava dos seus pacientes. Aliás, só deles ela falava sobre a vida particular. Dos pacientes e dos familiares. A serenidade de Amelinha confortava as tias mais desesperadas.

Só que naquela manhã a serenidade de Amelinha não tinha aparecido. Nem naquela nem nas anteriores. Os pacientes já começavam a manifestar a falta do carinho de Amelinha.

Ela precisava falar. E foi justamente com Rita Borges que Amelinha se abriu.

- Preciso de um namorado!

Rita quase caiu da cadeira. Em todos aqueles anos Amelinha jamais falara sobre sua vida íntima. Ninguém sabia sequer seu estado civil. Para garantir a exclusividade do depoimento Rita tratou de fechar a porta da sala das enfermeiras. E Amelinha continuou seu desabafo.

Começou a namorar cedo, aos 15 anos. Depois de dois anos se casou. Não teve nenhum filho, e aos 32 ficou viúva. Nem disso Rita sabia, que Adamastor, o marido de Amelinha, havia falecido. Eis que às vésperas do 12 de junho Amelinha resolvera dar um basta na solidão que a assolava há oito anos. O luto por Adamastor já tinha escurecido o bastante a vida amorosa daquela mulher.

Na verdade, Amelinha tinha tomado essa decisão há dois meses. Os anos fizeram com que se tornasse uma mulher desinteressante, ninguém olhava pra ela. E isso passou a atormentá-la. Foi aí que decidiu, num final de tarde, ao passar em frente à capela do hospital, recorrer a Santo Antônio.

Chegou em casa, enrolou o santo numa calcinha vermelha e o acomodou na gaveta do roupeiro: a gaveta das calcinhas.

Rita alternava estados de palidez e rubor.

- E então? – quis saber mais, Rita.
- E então que a partir desse dia minha vida é um inferno.
- Não funcionou?
- Funcionar, acho que funcionou, mas eu não deixei acontecer nada.
- Como assim?
- É que só aparece desgraça, Rita!
- É mesmo?
- É.. no mesmo dia que o coloquei lá, fui tomar banho e tocou a campainha. Dificilmente alguém toca lá em casa. Era o zelador. E eu o atendi enrolada na toalha.
- E aí?
- Aí nada. O velho, além de feio é casado e não tirava os olhos de mim.
- Imagino.
- Não, tu não imagina. Ele só tinha ido entregar uma correspondência. Mas quando me viu quis entrar. Tive que pedir pra ele ir embora. E ainda tive que ouvir uma piadinha!
- Risos. E apareceu mais alguém?
- Apareceu, mas tudo assim.
- Assim como, de toalha?
- Não. Tudo ou velho, ou desdentado, e todos tarados!
- Mas não foi o que tu pediu?
- Até foi, mas eu queria um homem bonito.
- E tu pediu que fosse bonito?
- Acho que não. Só disse que queria um homem.
- Então, amiga. O santo não tem como adivinhar.
- É, né?
- Claro. Faz o seguinte: tira o santo de lá, deixa ele dormir uma noite sozinho, e na próxima tu faz a simpatia, dessa vez pedindo que o homem seja bonito e com todas as qualidades que tu quiser.

Boa sorte, Amelinha!


Dia dos Namorados..


Amelinhas e Ritas Borges à parte, ontem foi o nosso dia. Dia de quem a gente gosta de ficar, dia dos Namorados e namoradores da vida. Dia dos Apaixonados! Dia das apaixonantes. Dia dos casais lindos. Dos feios também. Afinal, os feios também amam.

Mas o dia de ontem foi especial por ser o nosso segundo ano juntos em comemoração à data. Aliás, no ano passado, só fomos assumir o namoro mesmo às vésperas do Dia dos Namorados.

O que já era bom foi sendo lapidado. A poesia foi tomando o lugar das rebarbas e o que parecia sonho é hoje uma realidade maravilhosa.

Neste Dia de Santo Antônio te desejo, Alice, um maravilhoso Dia dos Namorados, todos os dias!

Wednesday, May 30, 2007

Trocando as pizzas...

Dizem os noticiários que o frio de ontem foi o pior dos últimos 20 anos. Eu digo que é o pior dos meus 30 anos. Mas por mais que esteja frio, sei que vou chegar em casa me aquecer. Banho, beijo, edredom, carinho, aquecedor, beijo, vinho, beijo,... Decidimos então, numa dessas noites de fome e frio intensos, pedir uma pizza.

Mas só de pensar em levantar pra pegar o telefone o frio já aumentava. Era preciso mentalizar a ação, agir e voltar pra cama. O pior seria descer pra buscar.

Liguei e efetuei o pedido. Levaria cerca de 30 minutos. Separei o dinheiro e voltei pra cama. Ali do segundo andar dá pra ouvir o barulho da moto se aproximando. No que passou uns 20 minutos coloquei uma roupa decente – leia-se: calça jeans, chinelo e blusão sem camisa – e ficamos esperando pelo barulho da moto, que não demorou.

Peguei os tickets, as moedas, a chave e desci correndo. Cheguei lá embaixo e olhei pelo vidro, mas não vi nada de motoboy. Fiquei ali por mais um minuto, morrendo de frio e espiando pelo vidro ao lado da porta (de calça jeans e chinelo). Ciente de que havia me confundido com o barulho da moto subi. Antes de entrar no apartamento passei pelo vizinho de porta em vestes contrastantes à minha: terno e gravata.

Nos cumprimentamos, entrei no apartamento e ele desceu. Voltei pra cama gelado e fiquei esperando por novo barulho de moto, que já estava passando dos 30 minutos prometidos. Mais um tempinho e novamente a moto.

- Agora é! – afirmamos convictos.

Saí da cama, novamente, correndo, peguei o dinheiro e as chaves e desci. Já podia imaginar o cheirinho quente do queijo esticando,... Olhei pelo vidro e lá estava ele, o motoboy. Abri a porta, mas achei estranha a embalagem. Tudo bem – pensei – deve ter faltado a caixa original e colocaram nessa, da Só Pizzas.

Segurei a pizza e fui entregar o dinheiro, quando o cara puxou um refri de dentro da bolsa. Achei mais estranho ainda, nunca pedimos refri.

- É da Pizza Hut?
- É do 202?
- Não!
- Não!

Olhei pra trás e tava chegando o vizinho, ainda de terno. A pizza ainda estava nos meus braços. Entreguei como se eu fosse o entregador.

- Bah, me enganei! Já é a segunda vez que desço e não é a minha pizza.
- Pois é! Antes eu também achei que fosse o barulho e desci.

Subimos rindo e eu, mais uma vez, sem a pizza e louco de frio. No terceiro barulho de moto, que chegou antes do outro motoboy sair era, finalmente, a nossa pizza.

Ainda bem que é o segundo andar.

Thursday, May 24, 2007

A pessoa é o que é...

Houve um tempo em que combinávamos um churrasco na Garagem do pai da Karina às 11 horas da manhã de um domingo pós festa, e às 2, não parava de chegar gente. A maioria dos assuntos fluía naturalmente, pois muitos estavam na mesma festa da noite anterior, outros estavam em um aniversário não sei de quem, etc.

Nesse tempo a gente tinha o número de, pelo menos, umas três pessoas do Druída. Ligávamos pra lá avisando que estávamos chegando e queríamos ingresso mais barato. Umas duas vezes por mês éramos maioria absoluta no Druída. Era, sem dúvida, a nossa casa. Escrevo no plural porque nesse tempo não se fazia nada com menos de dez pessoas, não importava o dia da semana.

Se fosse num tempo bem mais remoto, eu diria que eu havia mudado. Mas não. O tempo mudou tudo. A pessoa é o que é. Eu sou o mesmo, meus amigos são os mesmos. Mas o tempo nos mudou. Embora as pessoas não tenham mudado, foram, de certa forma, reagrupadas. Uns se afastaram e uns se aproximaram. Eu e a Alice nos aproximamos bem, por exemplo.

Posso dizer que sinto sim, saudade daquele tempo. Mas uma saudade enquanto lembrança, não de sentir falta. Não trocaria por nada nem por nenhum outro momento da minha vida, a vida que vivemos hoje. Escrevo no plural porque a minha vida, hoje, somos nós dois. E procuro lembrar sempre de ser a pessoa por quem ela se apaixonou; e olho pra ela como a olhei enquanto se aproximava até que déssemos o primeiro, longo e maravilhoso beijo.

Por isso acredito que cada um, não importa onde esteja ou com quem esteja, ainda é o que é, quem sempre foi. Fiquei um pouco surpreso com quantidade de pessoas que apareceram no meu aniversário. Fazia horas que a gente não se reunia em grande número. E disso sim, sinto falta. Claro que vale muito mais a energia do encontro do que o número de pessoas presentes. Fico feliz por saber que preservamos o nó desse laço.

Monday, May 21, 2007

Voltamos...

Em primeiro lugar quero agradecer a presença e a colaboração dos amigos e familiares para que tivéssemos uma celebração maravilhosa. Essa data será sempre lembrada como um dia muito especial, e que nenhum contratempo tiraria o brilho daquela noite.

Passamos meses, mas em especial as últimas semanas, sob uma pressão para que ficássemos nervosos. Existem algumas convenções – das quais, a maioria sou contra – em que nosso estado de espírito e opinião devem ser pautados pelo público em geral. Dois exemplos são: achar o nenê “a cara do pai, ou da mãe” e ficar nervoso antes de uma data como o casamento.

Eu costumo ser bastante otimista, então, para ficar nervoso só se alguma coisa realmente não está dando certo. Como a falta de luz no salão, por exemplo. Posso ter ficado ansioso, isso sim. Com a presença dos convidados, as nossas músicas, a minha roupa, a chegada da minha noiva linda, se ela ia olhar pra mim, o vestido, como ficariam as nossas fotos, o momento do “sim”, enfim, uma série de coisas que passariam de certa forma rapidamente e que eu queria eternizá-las nos instantes em que acontecessem. Não queria perder nada, não queria que nada desse errado, mas principalmente, queria muito sentir aquele sorriso e ver aqueles olhos lindos brilharem bem ali ao meu lado. Seriam bons minutos de silêncio, e eu queria ouvir sua voz..

Foi uma celebração linda, como esperávamos. Depois tivemos uma festa linda, com convidados que fizeram valer a grandiosidade do momento desde o abraço apertado até a hora em que dançaram e cantaram mesmo sem luz e sem som. Uma noite realmente inesquecível.

Paris...

Cada vez que paro para pensar em tudo o que acontece sempre surge a palavra sonho para melhor descrever o que vivemos. E se fazemos tudo pensando no melhor para nós dois, não há porque pensar no sentido de ilusão, mas num sonho real que vivemos acordados.

Nossa lua-de-mel foi a realização de mais um sonho, não apenas pelo lugar e toda a sua magia, mas a magia de cada momento, cada beijo, cada sorriso, cada olhar.. Um sonho vivo realizado e, sem dúvida, maravilhoso!

Friday, May 04, 2007

Sim!

Escrevi versos inspirados numa beleza real de uma forma sem par. Lapidei palavras e as imprimi em papel embebido para que fossem deliciadas, uma a uma, e dessem ao seu corpo tensão de desejo. Dos sonhos deste homem quedou a carne aos braços, e as palavras voltaram em sussurro envolvendo nossas almas. Teu amor é o meu desejo de todos os dias. E para tudo de tão maravilhoso que nos envolve, o meu Sim!

A todos meus amigos, muitíssimo obrigado pelo carinho e felicitações recebidos nestes dias. Voltamos daqui a duas semanas, cheios de fotos, de histórias e – sempre – com muito amor.

Au revoir!

Wednesday, May 02, 2007

Empatia...

O passar dos dias e a proximidade do evento trouxeram-me algumas constatações que me ajudaram a compreender um pouco mais de mim e do funcionamento do mundo; algumas que me serviram de ensinamento e outras que repassaria como sugestão.

Nunca mais tinha entrado tantas vezes na Igreja em tão pouco tempo. E o pior é que não tem mais a hora do beijo. Vou ter que falar – mais uma vez – com o padre para pedir que ele indique o momento. Se não indicar vai ter assim mesmo. Vai ser uma celebração linda!

Constatei que uma despedida de solteiro depende de uma série de elementos favoráveis para sua imposição. E com certeza os impositores farão todo o possível para reuní-los: o grupo para omitir a covardia, a história da civilização para embasar o machismo, uma alfinetada nos brios para desafiar a virilidade, e uma boa dose de hipocrisia.
Se a empatia é uma forte aliada nas relações de trabalho, diria que é fundamental em todas as relações. Colocar-se no lugar do outro: exercício tão simples e tão pouco usado. Ah se fizéssemos isso mais seguidamente, que diferente que seria. Deve ser muito estranho querer respeitar alguém.

A propósitos

Por que querer fidelidade para si, se não pode oferecê-la?
Nunca gostei de puteiro, nem de filme pornô e muito menos de puta.
Nunca gostei de brincar de casinha; meu amor é de verdade, e a minha casa é o lar do meu amor!

Dez, vinte, trinta!

Os 30 chegam com uma sobriedade que eu não imaginava. As atribulações todas me fazem sentir como à frente de um gol, prestes a bater um pênalti decisivo no Beira-Rio lotado. E se o ano passado foi de uma explosão, até então, inacreditável, trago dele a confiança para um momento maravilhosamente especial. Minha data, agora é a nossa, e nossa celebração será viva e vista sempre.

Ao novo casal mais feliz do mundo, amor e saúde!

Parabéns!


Tuesday, April 24, 2007

Preparando o biquinho...

Restando menos de duas semanas, o inglês, até então indecifrável, parece soar tão bem, e com tantas palavras e expressões de assimilação aceitáveis. Com certeza vai ser difícil, mas nada que caneta e papel, gestos e uma boa dose de paciência não resolvam. O que importa é que depois de todos esses meses em função, emails, orçamentos, telefonemas, visitas, escolhas, decisões, teremos selado um dos dias mais felizes para nós dois, e vamos ter muito do que rir na Cidade Luz.

“Ela é doente, né?”

Gosto de analisar diálogos alheios, de saber o ponto de vista de outras pessoas a respeito de assuntos comuns. Na quinta passada saí da Puc por volta das seis da tarde desesperado para chegar ao centro, encontrar a Alice e ir para o jogo do Inter. Todos sabiam que seria tarefa das mais ingratas vencer o Nacional por 3 a 0, mas nós estaríamos lá fazendo a nossa parte.

- Táxi!
- Vai pro campo?
- Não. Pro centro.
- Achei que fosse pro campo. Tá brabo de chegar lá.
- Não. Ainda vou encontrar minha noiva. Depois vamos pra lá.
- O quê!? Vocês ainda vão pra lá? Mas que horas são?
- Seis e dez.
- Ah não vai dar tempo!
- Vai sim. E se não der não tem problema.
- E tu vai levá ela no jogo?
- Vou. Ela vai a todos os jogos comigo.
- Meu Deus!
- Ela é doente também?
- É.
- Barbaridade! E essa tua camisa hein? Bonita né?
- É, é bonita sim. Ela me deu de Natal.
- É mesmo é? Eu quero dar uma pro meu guri. Bonita essa tua!
- Obrigado!
- Eu já fui doente pelo Inter, sabe?
- Hum..
- É. Doente mesmo. Já era homem grande, casado, dois filhos e lá: encolhido num cantinho ouvindo o jogo no radinho. Aí se o Inter perdia corria aquela lágrima aqui ó.– e apontava com o dedo -. Mas não vai pensar que eu sou chorão. Eu chorava sim, mas não deixava ninguém ver, viu!?
- Entendo.
- E assim ó: o cara cresce e começa a dar valor pra outras coisas, família, casa, filho,... um dia tu vai pensar que nem eu, tu vai ver, aí quer saber? O Inter que vá tomar no piiiiiiii!!!! Que Inter o quê! Vou dar o meu dinheiro praqueles mercenários? Nem pensar! Pego 50 pila e faço uma churrascada, bebedeira, sabe?
- Sei...
- Por que tu não faz assim: liga pra ela e fala: “Meu amor, vamos pra casa hoje. A gente vê o jogo na televisão comendo alguma coisinha...”
- Não cara. A gente não vê problema em ir no jogo. Ela se associou justamente pra poder ir.
- Mas vocês não vão chegar a tempo.
- Não tem problema.
- É.. ela é doente né? Então não adianta.
- ...
- Eu fiz uma casinha pra mim.
- Hum.
- É. Um sobrado que nem esse aí ó. E o cara gasta, sabe?
- Ah gasta!
- Quer dizer... gasta, mas é a tua casa né?
- Claro, vale a pena. O que incomoda às vezes é o pedreiro né?
- É isso mesmo! Eu consegui um cara que fez um preço bom: 25 pila por dia.
- Hum.
- Só que o desgraçado era um bêbado!
- Bah!
- É. Aí na segunda não ia porque tava bêbado. Na terça só ia de tarde. E tava meio mal ainda. Aí na quarta engrenava. Trabalhava quarta, quinta e sexta. Aí sábado e domingo não trabalhava, ia beber!
- É.. um dia ele tinha que descansar.
- Bêbado desgraçado! Aí pra parte de cima eu contratei outro cara. Ele, um parceiro e dois guri de ajudante.
- Aí rendeu?
- Bah, fizeram em duas semanas! Que trabalho bom!
- Tu vê.
- E eu lá.. entregando dinheiro pro bêbado desgraçado!
- Tá tudo trancado mesmo né?
- Tu viu só?
- Mas não tem problema, vamos lá. E o teu guri?
- Que que tem?
- Ele não vê o jogo?
- Não vê? Que nada.. vai a tudo que é jogo! Eu associei ele.

Monday, April 09, 2007

Tudo é uma oportunidade...

Um dia eu queria aprender a lidar com as oportunidades diárias. Vejo cada fato como uma oportunidade, não apenas aquilo que se apresenta como favorável. Muitas vezes temos a grande chance de fazer o que se considera como nada mais que o dever, e que se não feito, é capaz de arruinar um bem estar. Vivemos cercados dessas oportunidades ocultas, e o cumprimento de boa parte delas – ainda que seja um ato automático – nos diferencia do sujeito comum.

A justiça se dá por tornar possível o “nada mais que o dever” em sucesso, mas este cabe ao detentor da arte do tratamento. Uma pessoa visivelmente com sede pode ser tratada com indiferença. Talvez peça água. Pode-se, também, oferecer-lhe algo para beber. Ou ainda, sem perguntar, trazer-lhe a água gelada num copo bonito. A arte está em saber lidar com as variáveis em questão. Uma pessoa com muita sede não quer saber de copo bonito, apenas que se traga a água o mais breve possível. O simples e objetivo costuma ser mais eficaz do que a demora do ornamento.

A sentença de cada ato é categórica e, às vezes, um tanto quanto dura, por mais que não seja proferida. E o somatório dessas sentenças constitui a forma com que lidamos com as oportunidades, ocultas ou não, e que promove e mantém o bem estar. Temos uma tendência de não olhar pelo ponto de vista alheio e esquecemos que – dependendo da importância que tem para nós, não só o olhar, mas todos os sentidos – o bem estar é o bem maior, e pode sim, ser sempre maravilhoso.

Thursday, March 22, 2007

Sou alguém que não está aqui...

Depois de uma semana e meia de volta ao trabalho percebo que ainda não aterrissei. Nem no trabalho, nem nas aulas. A mesa assusta qualquer desavisado, mas não a ponto de me fazer organizá-la. Ainda bem que a Rita sequer tira o pó acumulado, e não é por falta de vontade. Às vezes, quando chego da rua, ela está – cuidadosamente – limpando os poucos espaços vazios entre as pilhas de papéis que visivelmente são lixo. Mas ela os deixa ali. E acredito que vai ser assim, pelo menos até o meio do ano: um estado de flutuação em que corpo e mente só se encontram à noite, quando a porta é fechada.

É nesse momento que o dia realmente acontece, ou seja, não passa tão somente no calendário ou na página da agenda. Se é preciso guardar um instante para marcar a história dos meus dias, guardo toda a noite e as primeiras horas. O acordar e o café da manhã são como uma carga de energia e riso para os mais conturbados dias. A noite inicia e termina com um leve toque de lábios que nos fazem adormecer depois de saciados os mais acirrados diálogos entre dois corpos e duas mentes em harmonia.

Vôo e volto até os mais esperados dias, sem deixar que o agora se perca..

Friday, March 02, 2007

Férias...

Após as viagens de férias estou de volta a Porto Alegre. As aulas começaram ontem, mas só retorno ao trabalho daqui a duas semanas. Tomara que até lá o clima humanamente tolerável também retorne.

Tirando a chuva do Carnaval, as férias foram maravilhosamente boas. Os dias em Bombinhas foram perfeitos. Água muito limpa, muito sol, praias lindas, peixes coloridos e muito, muito amor..

Wednesday, February 07, 2007

Construindo um novo mundo...

Depois de tanto ouvir o Júlio Reny cantar o contrário, descobri que o mundo é um pouco menor que o meu quarto. Há uma infinidade de coisas depositadas quase como em forma de entulho num pequeno espaço, e em cada uma delas uma história atrelada. Saudosista que sou, guardo todas essas quinquilharias com o carinho do momento vivido.

E assim como um dia a criança precisa expandir-se das firmes paredes do lar, do olhar da mãe em tempo integral; deixar de lado os brinquedos e dedicar-se aos cuidados com o material escolar e seu conteúdo, hoje abandono o que há algum tempo já não tem mais significado relevante. Faço agora parte de um mundo que não é construído apenas por mim, e que tem tudo para ser muito maior do que aquele que um dia foi o meu quarto. Mais duas mãozinhas encantadoras dividem tudo o que montamos, desmontamos, guardamos e, principalmente, dividem o carinho multiplicado.

Dou risada quando estou escovando os dentes e ouço que ela escova os cabelos para dormir. Deve ser para aparecer mais linda nos meus sonhos..

Tema de verão...

Já ouvi alguns temas de verão, mas nenhum tão bom e criativo como este!

Tema de Verão - Ipanema

Quero não
Ir à praia dar aquela relaxada e fugir do calorão
Quero não
Ir à praia ver a mulherada sarada, jogar bola e tomar um cascão
Quero não
Ir à praia só pra encontrar a galera, beber chopp e comer camarão
Quero não
Ir à praia só pra esquecer os problemas, dormir tarde e curtir o verão
Quero não, ir à praia
Não tem Ipanema pra escutar
Quero não, ir à praia
Só tem rádio louca pra aturar

Dessa vez não vou agüentar
A rádio B enchendo
Seja em Floripa ou Xangrilá
Meus parceiros tão emburrecendo
Não tem rádio pra eu escutar
Só tem rádio cocô

Se com tudo isso você vai para o mar
Só tome cuidado pra não relinchar - relinchar
Compre um tapa-ouvido, cd’s, um canarinho
Ou ensine a sua mina a assobiar
Sem Ipanema não dá
Não güento ouvir a Rádio A
Eu acho que vou me matar

Quero que acabe logo esse verão
Como odeio essa estação
Onde não tem Ipanema eu fico meio burrão

Quando eu me mando pela Estrada do Mar
Vou aos poucos vou me deprimindo
E avisa a Rádio A: desliga que eu não tô te ouvindo

Monday, January 29, 2007

Seminatore...

Depois de analisar tantas mudanças ao longo de um ano, percebo que a maior perda foi a confiança que tinha em algumas pessoas, principalmente no cuidado que eu julgava que tivessem por mim, por tudo e todos que, a mim, dizem respeito.

Talvez não devesse apostar tanto em tantas pessoas, visto que meu orgulho sempre fez arrancar, com a confiança perdida, boa parte, senão toda, da simples afeição. Também não quero deixar de acreditar na confiança. Ainda continua sendo um valor imprescindível na busca do crescimento com as relações.

Em contrapartida o ganho foi ter me dado conta disso, ainda que não sozinho, mas por circunstâncias e pessoas que espero realmente nunca romper o laço da confiança, por nenhuma das partes.

Friday, January 12, 2007

A resistência do chuveiro queimou!

Foi a primeira coisa que pensei quando o calor começou a ficar mais intenso e vimos a necessidade de trocar a chave do chuveiro, de Inverno para Verão. Já tínhamos percebido que havia algo de errado com a posição Verão, visto que a água não aquecia nada. Mas até então abríamos bem, e a temperatura da água era um quente suportável.

No domingo do dia 24, véspera de Natal, dispunha de bastante tempo: o único compromisso era a Ceia de natal, às nove da noite, lá nos meus pais. Resolvi então abrir o chuveiro pra ter certeza do problema. Tão logo manifestei essa vontade, fui reprimido:

- Tu vai abrir o chuveiro hoje – véspera de Natal?
- Eu ia.. tu acha muito ruim?
- Tu não quer deixar pra outro dia?
- Tá..

Desisti. Teria que fazer aquilo algum outro dia menos importante. Mas devo ter estampado a frustração no rosto..

- Se tu quiser pode mexer no chuveiro..
- Eeeeeeeeeeeeee!!!!

Me muni das ferramentas que tinham na gaveta, desliguei o disjuntor correspondente e dei início à “simples” verificação da resistência. Era pra ser uma coisa bem simples mesmo. A maioria dos homens, e até mesmo muitas mulheres já devem ter aberto um chuveiro pra trocar a resistência. Acho que até veado troca!

Tentei em vão não me molhar. Fiz escorrer o que achava que eram os últimos pingos pela mangueirinha, mas assim que desenrosquei veio o banho. Me molhar não era o problema maior: a água na sola suja do chinelo deixou o chão num tom não muito agradável para o azulejo branco.

Lá estava: a parte do inverno inteira e a do verão queimada.

- Vou sacar e trocar por uma nova!

Meu pensamento me pareceu brilhante e objetivo. Me pareceu. E no instante em que toquei com o alicate na resistência, a parte que estava inteira se rompeu. Um belo mal começo. Agora eu era obrigado a consertar aquele chuveiro e torcer para que o calor permanecesse.

- Tu vai trocar isso, agora? (17h)
- Sim. Vou ali no Zaffari..
- Não tá fechado - o Zaffari?
- Não. Vi que estaria aberto até às 20h, hoje.
- Tá..

Corri até o super e comprei, não só uma, mas duas resistências. Assim, quando queimasse novamente o chuveiro numa fria noite de inverno, eu, o precavido, teria uma resistência sobressalente e salvaria o banho quente da donzela. Esse pensamento me levou saltitante ao caixa e já me imaginava trocando a segunda resistência, na tal noite fria do inverno.

Já em casa, abri a embalagem, identifiquei as partes e troquei. Montei novamente todo o chuveiro, deixei correr um pouco de água para não queimar e liguei o disjuntor. Voltei ao banheiro e...

Nada!

Nenhum barulhinho de banho quente. O primeiro “Puta que o pariu!” foi proferido. Lá fui eu: desliga disjuntor, escorre água pela mangueirinha, desenrosca a parte furadinha, e a constatação: a porra da resistência queimou! Nova! Eu juro que tinha deixado correr um pouco de água antes de ligar. Eu só não tinha era afastado as espiras umas das outras. Assim, a corrente em vez de passar por todo o fio, passou pela superfície, onde a resistência é bem menor, causando o curto! “Antes de ligar, afaste as espiras” dizia na embalagem! E eu não li.

Tive que sacrificar a resistência da noite fria do inverno. Afastei as espiras e montei tudo de novo. Deixei correr a água e liguei o disjuntor. Liguei o chuveiro e..

Nada!

Pela segunda vez proferi o palavrão. Fui até o disjuntor, troquei por num outro que estava ali sem uso, fiz todo o processo e nada! Abri novamente e testei a resistência com um multímetro. A resistência nos terminais era de cerca de 2000 ohms, enquanto era pra ser uns 3 ohms. Pra não parecer que estou falando grego, digo que realmente estou! Assim como Tensão se mede em Volt, Corrente em Ampère e Potência em Watt, a resistência é medida em Ohm. E a relação entre corrente e resistência é inversamente proporcional: quanto maior a resistência menor a corrente e, conseqüentemente, menor a potência. Não ia aquecer nunca. Desmontei tudo de novo e limpei a oxidação dos terminais. A resistência baixou sensivelmente para uns 12 ohms.

Montei tudo de novo e...

Nada!

Como poderia eu apanhar assim para um simples chuveiro? Desisti! Reconheci que a véspera de Natal é o pior dia do ano para se mexer no chuveiro. Reconheci que minha teimosia é faz passar por situações desse tipo, nada agradáveis. Pensei até em chamar um eletricista, mas novamente fui reprimido.

Não havia mais tempo para pensar o que fazer. O banho seria frio. A frustração foi ao mais alto grau. Cabisbaixo caminhei até a cozinha enquanto ela tomava o banho frio. Peguei a embalagem do lixo e, finalmente uma razão lógica: Resistência para chuveiro 220V.

Num mesmo instante me senti alegre e idiota. Consegui comprar as duas resistências para 220V! E estava destacado em amarelo.. Mas tudo bem, agora era só trocar por uma 110 e tudo estaria resolvido... estaria...

Thursday, January 04, 2007

Confusões da modernidade...

É sabido que sou um atrapalhado por natureza. Quase tudo o que faço – ou tento fazer – tem seu momento de desastre. Por conta disso digo que às vezes entro em colapso. Estou até pensando em um livro: Desventuras do Lar. Este seria apenas com as trapalhadas de dentro de casa, como a saga do chuveiro em plena véspera de Natal, que contarei mais tarde. Mas a distração me acompanha em todos os lugares, principalmente aqui no trabalho, onde passo boa parte do dia.

Tocou o celular ( um velho companheiro de trapalhadas). Era da Associação.

- Oi Raul!
- Oi!
- É a Leca, da Astti. Tu reservou o salão da associação né? Tu vai confirmar?
- Vou sim. Eu já paguei. Só esqueci de enviar o comprovante do depósito. Deixa eu ver se eu acho.
- Tá.
- Achei, tá aqui!

Abri a bandeja do fax e posicionei a folha. Deixei o dedo pronto sobre o botão enviar.

- Pode me mandar o sinal de fax?
- Posso sim. Agora?
- Sim, pode mandar.
- Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....

Liguei de volta.

- Astti, bom dia!
- Leca?
- Sim.
- É o Raul.
- O que houve? Não conseguiu?
- Não, eu tava no celular. Não funciona o fax pelo celular. Agora estou ligando do fax, pode mandar o sinal de novo..?

São situações como essa que recheiam o meu dia e me fazem rir sozinho quando lembradas.

Protetor solar...

Acho que ando meio ranzinza mesmo. Depois de declarar que não gosto de Amigo Secreto descubro que não gosto de passar protetor solar. Na verdade eu já sabia disso, mas fica cada vez mais evidenciado quando vou à praia. Reluto em ir pro mar temendo ter de passar o protetor. Mas vou. Sempre acho que vou ficar de camiseta, que vou ficar abrigado à sombra de um guarda-sol e que o sol não vai me pegar. Só tem uma coisa que é certa: o sol não perdoa. Pode-se passar um turno inteirinho debaixo do guarda sol de camiseta, mas basta uma ida ao quiosque para buscar uma cerveja que o torrão tá garantido. É que a gente esquece que a caminhada da casa até a praia e a volta também queimam. Infelizmente o sol não age só quando a pessoa coloca o pé na areia.

Um pouco menos pior do que ficar um pimentão sem achar posição para dormir que não se fique ardendo por umas duas ou três noites é se submeter ao melecado processo do protetor, sozinho. Em vez de a pele assumir o vermelho uniforme, ela dá espaço a marcas de dedos aleatórias pelo corpo, principalmente nas costas. É mais comum nos homens, que não pedem ou não deixam que ninguém passe o protetor nas suas costas.

Em tempo: não agüento as pessoas chamando protetor solar de bronzeador.

A ironia (ou seria incoerência) é que eu sou um dos maiores defensores do uso do protetor solar. Nunca compro de fator menor que 25 e sei que a cada ano são menos “melecantes”.

Usemos o protetor!

Thursday, December 28, 2006

Não gosto de Amigo Secreto...

Pra começar, de secreto não tem muito. Se a brincadeira se dispusesse ao menos a fazer jus ao nome, talvez até fosse interessante. Assim como é feito não vejo graça nenhuma. Mas isso pode ser “ranzismo” meu.

No sorteio dos papeizinhos já começam as caras feias... “Puuuutz, esse mala, de novo!!”, “Bah, nem conheço essa pessoa!”, “Ah, eu quero trocar o meu! Quem tu tirou?” É um festival de inimizade secreta sem tamanho.

É normal que não se saiba a fundo os gostos da pessoa que se tira de amigo. Valeria o bom senso e o bom gosto: um presente que qualquer pessoa acharia muito bom. Mas confiar no bom senso alheio é muito arriscado; no bom gosto, nem pensar! Para isso criou-se uma lista de sugestões, em que, na falta dessa pré-disposição a procurar algo com “a cara da pessoa”, encontra-se, ali, alguma sugestão interessante.

Só que o que era pra ser sugestão tornou-se uma lista obrigatória sem direito a quaisquer alterações. Não se coloca apenas “uma blusa, uma calça, uma bola, chinelo,...”, mas sim “blusa verde 18 da Tok Iguatemi, tamanho P; calça capri Gang, número 36, rosa com detalhe em branco,...” Só falta colocar o preço e as condições de pagamento.

O valor é outra imposição. O que vem a ser bem vindo com a condição financeira da maioria, ainda mais nessa época do ano. Mesmo assim sempre tem os sem noção. Minha sobrinha foi minha amiga secreta pelo segundo ano consecutivo. Entre as sugestões dela havia “Celular Nokia com câmera”. Por sorte havia um perfume dentro da faixa de preço estipulada (R$30,00).

Outro problema do Amigo Secreto lá de casa é o amigo do pai. Meu pai não entra em loja nenhuma que não seja supermercado ou ferragem. No ano passado deu a quantia em dinheiro pra minha irmã. Divertido né? E este ano me deu duas camisas pólo. Muito bonitas, mas obviamente minha mãe que escolheu e comprou.

O ponto positivo é a parte da divulgação dos amigos e entrega dos presentes. Uma boa dose de ironia sadia extravasando algumas “qualidades” e muitas risadas. Lá em casa pelo menos é assim. Tudo é motivo de diversão. Minha mãe iniciou dizendo que o amigo dela era uma pessoa que não tinha sexo definido: era o meu pai!

Feliz Ano Novo!!!

Todo final de ano é a mesma coisa: Feliz Natal e próspero Ano Novo. Há quem não goste do Natal e há quem o trate como um dia comum. Eu gosto, e lá em casa sempre tem festa. Nosso Natal sempre é muito feliz! Por isso, muito obrigado a todos que – ainda que de forma automática – desejaram Feliz Natal!

Agora o Ano Novo é um pouco diferente. Tem também essa parte automática do Feliz Ano Novo, Próspero Ano Novo,... e o ano que termina fica com aquela imagem de “já vai tarde”. O novo ano é cheio de promessas e esperanças e realizações muitas. Tudo isso se compacta dentro do “Próspero Ano Novo” e explode com os fogos da virada. Aqueles sonhos todos ficam muito mais bonitos coloridos e brilhantes em contraste com o negro do céu, e o P do “próspero” soa como o estouro de uma champagne.

Pois bem, não sei se com todos foi assim. Mas quero agradecer a todos que me desejaram Próspero Ano Novo. Foi um ano, sem dúvida, maravilhoso, no melhor dos sentidos que essa palavra pode ter. Um dos anos mais difíceis e prazerosos do aprendizado de jornalismo, em especial nas aulas do Leonam e do Holdfeldt; um ano maravilhoso no amor, que culminou num desejo de entrega mútua e uniu dois corações. Ali se ama e se escreve, a cada dia, um capítulo de uma linda história sem fim. Meu presente de aniversário, de Natal e de todos os dias. E pra finalizar, um ano maravilhoso para todos que, de certa forma, morrem de paixão pelo glorioso Campeão da América e do Mundo: o Sport Club Internacional!!!

Feliz Ano Novo!

Friday, December 22, 2006

Feliz Natal...

Semana que vem farei uma retrospectiva de um dos melhores anos da história. Como sempre, sou contrário àqueles que anseiam desesperados pelo término do ano. Os últimos segundos reservados pela areia da ampulheta me trazem à memória o que teve de melhor neste ano, e isso me faz alegre. Então, por que não, aproveitar essa última semana com essas boas lembranças?

Deixo aqui o meu carinho a todos os amigos que contribuíram com cada sorriso e abraço em todos esses dias.

Um beijo e um abraço eterno, com todo meu amor àquela que divide comigo os dias e as noites, e que comigo protagoniza o melhor da nossa história..

A todos um Feliz Natal!

Tuesday, December 19, 2006

Para a história...

Era segunda, quando escrevi pela última vez. Estava em Campinas, longe da minha família, dos meus amigos e, principalmente, longe do meu amor. Fosse qualquer outra semana, a saudade seria o que pautaria qualquer coisa que fosse escrever. Só que essa semana foi simplesmente a que marcou na história: na do Inter, na minha e na de cada Colorado espalhado pelo mundo. Era natural que houvesse um temor ante o jogo que levaria o Inter à grande final. Provavelmente contra o temível Barcelona, de Ronaldinho, Deco e companhia.

O temor se confirmou e passou. O Barcelona se confirmou e se tornou mais temível ainda, ao aplicar 4 x 0 no América com uma apresentação de luxo com a maioria das jogadas passando pelo Ronaldinho. Se o time catalão assustava, agora ele parecia ignorar qualquer um que se atrevesse a enfrentá-lo.

Apesar de estar às vésperas do maior jogo da história do Inter, mantive-me estranhamente calmo. Consegui não ficar preocupado. No fundo acho que eu gostaria mesmo era de estar ansioso, nervoso, quem sabe até roendo as unhas. Mas não. A leveza estava instaurada, e – exceto alguns flashes de arrepio por tomar consciência do momento – o tempo passou tranqüilamente até a noite do sábado.

Um desses momentos foi na tarde de sexta. Eu voltava do centro ouvindo a Continental. Nada a ver com clima de jogo. Os vidros do carro estavam fechados e eu não ouvia nenhuma possível manifestação da rua. Então começou aquele solinho de teclado em melodia quase infantil seguido de uma lenta marcação longa e contínua de um baixo. Inconfundível! Aquarela do Toquinho. Não sei por que, mas senti um fio de gelo percorrer cada um dos meus braços fazendo eriçar cada ínfimo pêlo e toda frase da música teve um sentido naquela hora.

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo – a Terra e o sol nascente, tudo numa folha, palpável. ...é fácil fazer um castelo – o poderoso castelo do Barcelona. E com o lápis em torno da mão foi feita a luva de um arqueiro. Com ou sem chuva não apenas um pinguinho caiu no pedacinho azul do papel, e uma linda gaivota voou para anunciar a grande conquista. E ela foi, pelo Hawaii, Pequim e Istambul, num barco a vela, num beijo azul: um beijo frio de tchau, de despedida àqueles que ousassem contemplar o vôo da gaivota sem fazê-lo por merecer.

O lindo avião rosa e grená do Barcelona era realmente lindo, um time com tudo em volta colorindo e muitas luzes a piscar. Mas se Deus quisesse ele iria pousar porque a vez de decolar era nossa. O nosso navio de partida tomaria asas com todos nossos amigos bebendo de bem com a vida, e agora o mundo estava ao alcance de um traço. O traço que o contestado Adriano riscou desde antes do meio do campo cruzando o campo na velocidade de quem estava predestinado a fazer história. Foi o menino que caminhou e caminhando chegou no muro. Ali logo em frente a esperar pela gente o futuro estava.

Sem tempo nem piedade nem hora de chegar, sem pedir licença muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar. E foi assim aquela sexta-feira. A dois dias do jogo ouvi a música que me deu todo este significado. Obviamente sem a parte do Adriano. Mas no lugar dele estava o jovem Pato. E hoje vejo que poderia ter sido qualquer um, que pouco importava quem fizesse aquele maravilhoso gol.

Um dia por certo essa linda Aquarela descolorirá. Será quando nossos olhos fecharem, enfim. E toda nossa glória em lembrança se guardará em tons de cinza, por toda a história.

Monday, December 11, 2006

Um pouco de diário...

Na sexta pela tarde recebi um email com minha presença confirmada num curso de GSM pela Huawei a partir de ontem, segunda, aqui em Campinas. Mais do que surpreso com o próprio curso, fiquei com a data da viagem: domingo, 14:50h. Depois de um certo esforço consegui alterar para três horas mais tarde.

A partir de então as horas eram todas elas escassas, e os minutos se esvaíram como areia de ampulheta logrando saudade de olhos que, então, estavam diante de si mesmos. Todo movimento e brilho seriam guardados em memória para posterior lembrança. Uma pequena dose que viria a amenizar, ou pelo menos tentar, a falta física, por mais que se soubesse que não seria mais que quatro dias.
Quando a saudade se manifesta no presente, fazendo viver cada momento como retorno de uma longa viagem, o ausente é frio, e não faz parecer justo.

O domingo amanheceu como o dia que não teria sua noite marcada por palavras doces sussurradas ao ouvido; pelo carinho bom; pelo boa noite entre beijos..

O ambiente do curso é muito bom: pessoas jovens e tecnologia. Tudo parece novo. A maciça presença de jovens chineses realça o aspecto tecnológico e, de minha parte, uma – digamos – xenofobia. Me assusta a quantidade com que ele se apresentam. Falam chinês o tempo todo. Se precisam se comunicar com um brasileiro, o fazem em um inglês improvisado. Seus costumes e, principalmente, sua cultura, me espantam mais ainda. Falando com um ex-colega que agora trabalha na Huawei, descobri que grande parte dos jovens asiáticos não sabiam (e muitos ainda não fazem idéia) do que seja Catolicismo, Beatles ou Natal. Vivem num mundo totalmente à parte, nesses quesitos.

Quinta-feira termina, e por ela anseio. Quando eu voltar o Natal se fará muito próximo e – tomara – o Inter pode estar diante da maior partida de sua história, prestes a conquistar seu maior título. Isso também causa uma sensível inquietação. Nesse dia, quinta, provavelmente as horas pareçam maiores, mas remeterão a uma convergência tal, que por vontade e desejo, tão cedo não diga tchau..

Monday, November 27, 2006

Petit Gâteau...

Que sorte a minha, de ter uma relação muito bem encaminhada! Quando o diferencial é o que conta, alguns pré-requisitos parecem ser imprescindíveis. E hoje vejo que minha carga de conhecimentos gerais está muito aquém do mínimo necessário numa eventual disputa feminina. A não ser que o meu diferencial fosse esse: a falta de pré-requisitos. Meus conhecimentos gerais como argumento amoroso me colocariam num nível de grau médio incompleto. Ou “cursando” para dar uma idéia de alguém que mantém o aprendizado.

Quando ouvi pela primeira vez “petit gâteau”, imaginei tratar-se de um afrancesamento de alguma expressão afim de não explicitar o significado diante de quem não interessasse se fazer ouvir. Estava no Habib’s com uns amigos depois de uma festa. Achei que as gurias estivessem comentando sobre algum “gatinho” nas mesas alheias. Meses depois li a tal palavra no cardápio do mesmo estabelecimento, mas não fiz questão de ver do que se tratava. Em restaurante árabe, o nome da comida não faz a menor diferença para a escolha do prato.

Entre meus tropeços e dribles, como no primeiro gol do Sóbis na final da Libertadores, marquei o início da mais bela conquista. Mesmo com minha desfavorável deficiência de conhecimentos. Meu mundo, agora, estava inserido no universo feminino: o universo das bases e dos glitter, dos scarpins, dos channel e, como não podia deixar de ser, dos petit gâteau.

Numa dessas conversas, as gurias riam muito de um episódio justamente denominado “petit gâteau”, ocorrido com uma delas, dias antes. Ela tinha começado a sair com um carinha. Uma festinha aqui, um barzinho ali... até que ele a convidou para uma janta mais íntima, com vinho e tudo mais. A proposta era ótima. Tudo se encaminhava muito muito bem, a cada detalhe que incrementava a tão esperada noite, ela se enchia de pensamentos prazerosos. Tanto que ela se prontificou a providenciar a sobremesa. Certamente um prato no nível do que era preparado: o Petit Gâteau!

- Vou fazer um Petit Gâteau para sobremesa!

E todo o enlevo que fora construído a cada “Huuuummm” proferido aos sussurros desandou em segundos. Como se alguém acendesse a luz no instante que antecede o primeiro beijo...

- Quê!?
- Petit Gâteau.. vou fazer pra nós, de sobremesa...
- Quê que é isso?
- Ah.. deixa pra lá.. um docinho..

Assim desandou também a maquiagem e todo o tesão daquela noite. Houve a janta, que comeram e beberam tanto até quase não deixarem espaço para o Petit Gâteau - que até agora ele não tinha aprendido a pronunciar – houve também a sobremesa e, por conta desta, o sono.

Wednesday, November 22, 2006

Um simples crachá...

Trabalho há nove anos nessa empresa, e até hoje não consigo me adaptar a alguns “processos”, como denominam. Desde que entrei aqui muita coisa mudou. Mudou horário, mudou endereço, mudaram pessoas. Menos o salário, esse sim poderia ter mudado. Mas tudo bem. Ruim com ele, pior sem.

Por graças nunca tivemos uniforme, embora uma vez eu tenha tentado padronizar minhas roupas de trabalho. Comprei três camisas e três calças azuis. Iria me vestir todos os dias assim: calça e camisa azul. A calça num tom mais escuro, quase azul-marinho.

Minha idéia não teve um dia sequer de êxito. Meus colegas mais próximos, assim que lhes contei sobre a compra, me fizeram entender que ninguém - senão eu e eles - saberia que eu tinha três conjuntos daquela roupa e iriam achar que eu vestia sempre a mesma. E mais: se soubessem, aí sim me achariam um louco.

Por sorte não eram de boa qualidade e em pouco tempo acabei doando tudo pra campanha do agasalho. Poderia ter ao menos tirado uma foto com meu traje personalizado enquanto era novo. Aliás, tenho pouquíssimas fotos aqui do trabalho.
Uma coisa que mudou muito pouco para os demais e muito pra mim foi um pequeno retângulo plástico com um chip dentro: o crachá. O crachá! Tão pequeno e tão problemático... Há quem diga que o telefone é mais problemático. Até já foi. Mas esse último está durando bastante.

Há uns três anos teve uma sessão de fotos para o novo crachá com a nova marca da empresa. Crachá com chip interno e foto impressa, tri tecnológico. O ponto seria registrado apenas aproximando o crachá; as portas dos andares dariam acesso apenas ao pessoal do setor, todas essas facilidades que o tal chip poderia proporcionar. Ah, e as fotos seriam armazenadas em um banco de dados para facilitar uma eventual confecção de segunda via.

Mal sabiam eles (trato eles os detentores do poder, aquelas pessoas pelas quais passam a maioria dos processos burocráticos da empresa) que seriam tantas segundas vias, no meu caso. A segunda via mesmo eu nem lembro por que pedi. Acho que o meu crachá já veio em segunda via.

Um dia eu voltava do serviço da rua e fui pegar o crachá pra passar na catraca da portaria. Nada num bolso, nada no outro, nada em lugar nenhum. Tive que entrar com a identidade. Passei uma semana procurando e nada.

Pedi outro. (perdi outro)

Aí começaram os problemas. Tive que ligar pra um tal de Mr. Bean, como é conhecido nos bastidores. Um dos responsáveis pela segurança.

- Mas tu já pediste uma segunda via.
- Sim, eu sei. Mas eu perdi.
- Perdeu onde?

A velha pergunta...

- Não sei mesmo.
- Pois bem, me mande um email explicando o caso com uma justificativa.

Uma semana depois eu estava com meu crachá. Meu terceiro crachá. Eu havia ficado quase duas semanas me identificando na portaria e me desdobrando nos andares, pois os crachás de visitante só dão acesso a um andar específico. Cansei de ficar trancado no corredor entre o elevador e a porta do andar...

- E aí, Raul, o que anda fazendo por aí?
- Ah.. tô esperando o elevador! Mas que desligado que sou, esqueci de apertar o botão.

E voltava ao meu andar. Quando era muito urgente pegava carona com o crachá de quem estivesse passando. Mas, enfim, estava com meu crachá novinho em folha. Dois meses depois fui transferido e os carros iriam pra revisão. Naquela manhã o motorista, que havia tirado algumas coisas dos carros, veio na minha direção.

- Ó! Acho que isso é teu!
- Bah, obrigado! Onde estava?
- Tava caído embaixo do tapete do carro.

Eu, que antes estava sem o crachá, agora estava com dois! Dei jeito de dar sumiço em um, já que não funcionava mais. Não lembro ao certo quanto tempo durou, mas lembro a situação. Acabava de voltar da praia do Rosa com uns amigos. Isso era março de 2005. Logo depois que me largaram em casa o Pitoko me ligou avisando que tinha sido assaltado. Levaram o carro com tudo, inclusive a minha carteira que eu tinha esquecido no porta-luvas. Meu crachá estava dentro da carteira. Juro que foi o que mais senti falta.

Agora eu não tinha culpa de ter perdido. Afinal, assalto é assalto! Tudo bem, eu não precisava ter esquecido a carteira no carro, mas também podia ter sido assaltado junto.
Aqui eu chegava no auge da problemática: quando um caso de resolução aparentemente simples toma os sentidos de maneira a ensaiar desculpas a si mesmo. Por sorte, o respaldo do assalto era forte, e me fez seguir o processo do pedido.

Dessa vez sim, o senhor Mr. Bean reclamou como um irmão mais velho que nega uma bolachinha recheada ao caçula. Como se ele tivesse que tirar do próprio bolso uma quantia significativa para a produção do meu crachá. E era tão simples: achar meu nome no banco de dados e mandar imprimir um novo. Automaticamente o antigo não funcionaria mais. Mas de simples não teve nada. Tive que registrar ocorrência na polícia e mandar uma cópia, além de – novamente – explicar o caso por email. Mais de uma semana depois veio a resposta:

“Seu quarto crachá está à disposição no departamento de segurança.”

Aquele “quarto crachá” teve um peso tão grande que prometi: não mais passaria por aquela situação. Pelo menos enquanto seu Mr. Bean estivesse no “comando” da segurança. O caso deixava seqüelas. E o inevitável aconteceu. Em fevereiro desse ano, quando fui pro Rio, usei em alguns estabelecimentos o crachá como Identidade, uma vez que tinha o RG impresso. E em algum desses lugares devo tê-lo deixado.

Só fui me dar conta quando já estava em Porto Alegre, aí já era tarde. E eu é que não ia pedir outro. Azar! Todas as vezes que tinha que entrar no prédio sede me submetia àquela identificação com o RG e foto do computador. Aliás, que troço chato esse “Senhor, olha pra câmera!”

Assim fiquei. Quando ia a alguma outra empresa já me identificava com a identidade e dizia o nome da empresa. Mas sempre ouvia: “Posso ver o se crachá?” Dava vontade de dizer que tava lá no Rio, mas não. Respondia apenas que não tinha. Atrasava um pouco a entrada, mas dava certo. Isso até a semana passada. Tive que pedir para a segurança uma liberação para o pessoal de uma terceirizada e me indicaram uma funcionária. Fiquei contente por não ser o Mr. Bean. Aproveitei e perguntei como era o procedimento para pedir o crachá.

- Ah, é comigo mesmo! (cheguei a suspirar)
- É? E como eu faço?
- Me dá teu nome completo e a gente marca um dia pra tu vir bater a foto.
- Não.. te dou o número da matrícula. Já deve ter todos os dados aí.
- Ah.. é segunda via. Aí não é comigo.. (tava bom demais)
- Hum. E com quem é?
- É com o Fábio Irineu, no ramal 389.
- Tá, obrigado!

Pelo menos não era o Mr. Bean! Liguei para o tal Fábio Irineu.

- Alô!
- Fabio?
- Sim!
- Fábio, aqui é o Raul.. blá blá blá.. crachá .. blá blá blá.. segunda via..
- Tá. Faz o seguinte: explica isso num email e manda pro Mr. Bean.

Juro que quase chorei! Mas uma hora isso teria que acabar. Não poderia viver atrás de um medo de algo que não tinha acontecido. Estava decidido a conseguir meu crachá. Ia mandar o tal email, e se o Mr. Bean resolvesse complicar iria ouvir. Afinal, um funcionário não podia ficar sem a identidade funcional, oras! Em último caso faria o pedido pelo meu coordenador, e aí queria ver ele reclamar do meu “quinto crachá”. Esperei chegar a hora de ir embora. Escrevi o email com “CRACHÁ” no assunto e saí. Queria esquecer daquilo pelo menos até o dia seguinte, e aproveitar minha noite como se nunca houvera problema algum com meu crachá.

Na manhã seguinte nem lembrava mais. Liguei o micro e, como de costume, uma lista com vários documentos não lidos. Entre eles um se destacava: “Re: CRACHÁ” E minha manhã, que começara tão boa, logo se encheu de todas aquelas preocupações de como eu responderia à altura aquele sósia do Mr. Bean. Era, sem dúvida, o auge da problemática de novo. A relação com o Mr. Bean se tornava quase pessoal. Mas eu precisava abrir o email. Enchi o peito, fechei os olhos por um instante e li:

“Ok, estamos providenciando um novo.

Abraço!”

Monday, November 13, 2006

Quando um casal apaixonado resolve passar um fim de semana na serra, não quer dizer que seu passado de trapalhadas seja abandonado...



...e quem sabe até volte a mostrar-se vivo

Os finais de semana na Capital costumam ser bastante agitados: um barzinho aqui, futebol, um aniversário ali, um almoço em família acolá.. sempre tem alguma coisa. Azar de quem espera passar a semana para poder namorar em paz.

Há quem diga que uma das virtudes do Homem, é observar aquilo que o cerca, e mudar o que precisa ser mudado. Ou pelo menos tentar. Pois bem, para contrapor todo esse agito, propus algo diferente:

- A gente tem alguma coisa marcada pro final de semana que vem?
- Acho que não. Por quê?
- Queria te convidar para viajar..

A cena era de filme: um café com chantily, mãos dadas, olhares entre si, num abandono total do mundo exterior, vozes em sussurro.

- Vamos.. Pra onde?
- Ainda não sei. Qualquer lugar.

O destino só foi definido na quinta à noite. Gramado. Uma cidadezinha muito bonita e aconchegante na serra. Ideal para o que se propunha. De quebra ainda seríamos contemplados com o início das apresentações do Natal Luz. Tudo transcorrendo muito bem.

A passagem

Na sexta escolhemos uma pousada com quesitos básicos de benefício e custo, sendo um deles a proximidade do centro e da rodoviária. A sexta acabou e eu acabei esquecendo de comprar as passagens pela internet. Ir até a rodoviária, no Centro, era muito inviável. Saí da aula e fui num cyber. Depois de meia hora tentando entender o processo de compra, vi que era preciso primeiro fazer o depósito do valor, e mais 30 minutos para ser creditado no cadastro.

Fiz o depósito e fui embora. Precisaria de alguém com acesso à internet para entrar com o meu login e efetivar a compra. Não foi nada fácil. Nem possível. Todos os contatos imagináveis não estavam em casa ou não atenderam o telefone. Seria pelo horário: 0:22h? Provável que sim. Acordaríamos mais cedo, então, para tentar alguém pela manhã. O ônibus sairia às 8:45h. E toda essa função porque a atendente da rodoviária disse que os lugares se esgotariam em breve. Um pouco antes das oito da manhã acordei o Pitoko, que fez a mão da passagem. Amigo é pra essas coisas.. pra ser acordado antes das 8 e ter que acessar a internet pros amigos viajarem. Vou comprar uma água dele depois, pra agradecer.

A camareira

Fizemos a ficha de cadastro e subimos pro quarto. Largamos as bagagens, conferimos as acomodações e deitamos pra relaxar um pouco. Um beijo entre carícias selava o início do final de semana.

Clunckkk.. - Ãhhh!!!!

Olhamos para a porta. Lá estava a camareira, estática, com o susto estampado no rosto. Desculpou-se e saiu. A primeira grande risada. A melhor, talvez. Só a do trevo pode ter sido melhor..

Houve várias outras depois, pelos mais variados motivos. A do trevo, por exemplo.. Beijávamo-nos num canteiro virtual no meio da via, entre a praça e a outra calçada. Virtual porque era apenas pintado, não era elevado nem tinha meio-fio. Mas os motoristas entendiam que ali não se podia passar, e não o faziam. Mesmo assim ela se aproximou, primeiramente parecendo que pediria alguma coisa, ou uma informação, mas não.

- Desculpa, eu sei que não é da minha conta, mas por que vocês não saem do meio da rua? Daqui a pouco vem um maluco e passa com o carro por cima, aí vão morrer os dois abraçados. Vão ali na praça junto com o Papai Noel!

Outra vez aos risos saímos. E dos vários motivos, vale aquele que, se não existisse, nenhum desses motivadores externos nos arrancaria tanta alegria: o sentir-se bem. Não importava o lugar, não importava o que acontecesse, estávamos felizes, e assim ficamos. E é assim, entre o inusitado e o esperado, que vivemos e rimos de nós mesmos, todos os dias.

Wednesday, November 01, 2006

O vizinho de cima tem uma bicama...


Todas as noites, pontualmente onze e pouco, ele abre a bicama. É um ritual sagrado. Talvez mais certo que o churrasco de domingo do meu pai. Mas esse ritual só começou a ser notado de um tempo pra cá. Teve uma noite em que chegamos um pouco mais empolgados depois de uma festa, e acredito que ele tenha se incomodado com algum barulho de copos, ou risadas, ou.. enfim... Deu três batidas firmes.

Tum Tum Tum!!!

Um breve instante de silêncio e... uma gargalhada de duas vozes ultrapassou cada fresta e ecoou no apartamento de cima que, a partir daquele dia, foram intensificados consideravelmente. A única janela que faz barulho ao abrir ou fechar é a dele. Podemos ouvir também os passos fortes e, obviamente, o abrir e fechar da bicama. A bicama emite um som muito próprio, e aliada ao horário pontual, não tem como não rir. Os dias seguintes se passaram assim: a bicama abrindo e nós rindo. Passamos a fazer especulações sobre o tal Cara da Bicama, se ele morava sozinho, se era gordo (os passos firmes indicavam uma pessoa de peso considerável), se estaria há tempo sem fazer melhor uso da bicama que não para dormir, essas coisas.

Mas teve um dia que ele se enlouqueceu. Acho que novamente tínhamos voltado de uma festa. Empolgados.. Aí veio um primeiro estrondo. Muito forte. Parecia que alguém tinha batido de cabeça numa parede. Mas naquele momento nada do mundo exterior podia abalar o entusiasmo que nos acometia. Ao que o Cara da Bicama apelou:

TUM TUM TUM!!!

Muito mais forte dessa vez. Novo silêncio breve. Só que dessa vez a gargalhada teve de esperar um pouco mais...

Monday, October 30, 2006

Duas famílias, algumas etnias...

Esse negócio de família é engraçado. Entre o aniversário da avó da Alice e o da minha mãe no sábado, e o almoço lá em casa domingo, teve tudo daquilo de família. Coisas que eu não vivia há muito tempo, e que vieram num momento bom. Desde bolo, salgadinho, torta fria e refri até álbum de foto do tempo do Epa. Mãe, vó, tio, tia e cachorro completavam o ambiente familiar com todo seu requinte daqueles que se conhecem há algumas décadas. Nas mãos, cada foto do álbum amarelado fazia reviver na memória um momento distante que foi eternizado enquadrado num pedaço de papel. Tantos rostos e tão diferentes com o passar dos anos.. Rostos que ontem completavam a mesa do churrasco serão os mesmos que motivarão boas risada daqui alguns anos.

Uma nova família começa assim, a partir de duas que se formaram a partir de várias. Uma mistura de cores, de lugares, e da história de um passado bem marcado por rugas. De sonhos..

Monday, October 23, 2006

Aquela que espera...

Quando li Yves Simon, gravei este trecho. Inevitavelmente, a identifiquei nele. E assim pude ver e provar, não apenas da espera, mas da companhia, da cumplicidade, da entrega..

Tirou do bolso um objeto do tamanho de uma caixinha de fósforos. “É para você.” Rasguei o papel e descobri um minúsculo cofre de madeira fechado com um ganchinho. Abri. Sobre um papel de seda havia três minúsculas estatuetas, três mulheres nuas, de cores diferentes. Surpresa.
“Trouxe-as do México, sem ter a menor idéia do que se passava com você. Esse país conhece a arte de encontrar as portas secretas que levam ao interior dos pensamentos. Por que três mulheres? Porque uma história nunca vale por si mesma e no amor a armadilha consiste em estar obcecado por uma só. Observe a primeira. Tem os olhos abertos, os dedos apertados. É a mulher que dá. A segunda tem os dedos abertos. É a mulher que toma. Agora olhe com atenção a terceira. Tem os olhos fechados, as mãos cruzadas sobre o ventre. Que pensa dela?”
Não sabia o que responder.
Ela espera.


Ela me espera sem brincos. Ela não usa brincos. Ela se enfeita de beleza e de um perfume que tira meus pés do chão. Sigo atrás do rastro até a fonte do cheiro natural ainda não marcado pela boa química perfumada que escorre suavemente por sua pele. Besteira minha falar em fonte daquela que em fonte, toda se apresentou. Mas a concepção dos sentidos exige uma materialização daquilo que em conjunto torna pobre qualquer que fosse minha descrição. Do sentido da visão, a macroimagem segmentada dos olhos, uma fração do nariz, a textura do rosto e as pequeninas ranhuras da fina pele dos lábios.. Mas volto ao todo, pois falar da fina pele dos lábios já é lembrar do quão macio, do hálito quente, do gosto..

Meu presente é embriagar-me em toda tua fonte,e nela saciar os meus sentidos. Meu presente é ser tua fonte todos os dias. A ti meu carinho; dos meus olhos o reflexo do brilho dos teus; da minha boca o beijo que escapa da tua boca e por ti percorre.. és toda fonte e eu todo sentido.. de todo meu corpo, o calor, do meu coração, o amor..

Feliz aniversário, Alice..!

Tuesday, October 17, 2006

A vida de um atrapalhado é triste, mas pelo menos tem emoção!

O dia começava meio apreensivo: uma audiência me aguardava no início da tarde, e como nunca participei de uma audiência, isso era aceitável, ainda mais nas circunstâncias em que se apresentava.

Há umas três semanas chegou uma intimação. Já fiquei todo assustado. As poucas informações eram de que eu seria testemunha de acusação de um processo aberto pelo MP contra um figura sobre um delito de trânsito. Aí sim que fiquei mais perdido. Nunca processei ninguém, e não me lembro de ter sido testemunha de nenhum acidente.

Mas intimação é intimação. Fui até o Foro Central e retirei o mandado de notificação para a audiência – crime (medo!), a realizar-se dia 16/10. Como não tinha detalhes, perguntei ao oficial de justiça do que se tratava. Ele me encaminhou à vara de delitos de trânsito e lá pude ver o processo: era sobre o fatídico roubo das baterias do Seu Vivo. Só que com um detalhe importante: no processo consta como se eu fosse testemunha de um roubo ocorrido lá em Santa Maria.

No ano passado presenciei uma tentativa de furto numa das estações do Seu Vivo. Houve uma febre de furtos desse tipo no Estado. Na ocasião tive de registrar ocorrência e, um tempo depois, ir a Santa Maria reconhecer umas fotos de uns vagabundos que pegaram por lá. Até aí tudo bem. Reconheci a gurizada pelas fotos e prestei novo depoimento, ainda sobre o fato ocorrido aqui em porto.

Essas três semanas se passaram assim, meio intrigado. Não queria testemunhar algo que não vi. Acredito que como tenham pego esses vagabundos lá em Santa Maria, querem que eu testemunhe esse fato para que possam prendê-los. Também não quero que minha imagem seja exposta a eles. Fiquei pensando em tudo isso.

Na manhã do dia 16 conversei com um advogado da empresa e expliquei o caso. Ele pediu que eu encaminhasse a notificação por fax. Aproveitei e escrevi tudo, e que me respondesse o quanto antes, pois a audiência seria naquela tarde, às 14h. Menos de cinco minutos depois ele me ligou: disse pra que na próxima audiência eu fique calmo, e só fale sobre aquilo que eu realmente vi, e que foi aqui em Porto, mas que eu cuidasse muito da data e da hora, pois aquela já tinha acontecido às 9:05h da manhã, como estava escrito bem grande na notificação!

Wednesday, October 11, 2006

O que dizer da saudade..?

Tão rica e tão suave, palavra doce que faz mexer toda a boca iniciando em sorriso e ecoando carinho quando proferida. Assim fui lapidando e assimilando tão sublime sentimento que um dia fora entendido como, simplesmente, sentir falta de alguém longe.

Talvez seja ela – a saudade – uma das bases onde se alimentam as mais fortes relações. Uma sensação que começa no calor que se sente aumentar ante cada milímetro em que um lábio se aproxima do outro no ínfimo instante anterior ao beijo, quando as pálpebras descem em cortinas de veludo vermelhas de um espetáculo prestes a ocorrer, onde os atores são sua própria platéia. Um show que se faz sentir falta por cada segundo que nosso relógio consome. A saudade que se manifesta no instante em que os lábios, ainda em contato, úmidos, tomam movimento em sentidos opostos. O mesmo dos braços em leve toque superficial até que apenas as pontas dos dedos se fazem unir deixando pra trás pêlos eriçados como se suplicassem um retorno. Saudade do presente..

Thursday, October 05, 2006

Sorria, tu estás sendo observado!

Quem tu observa? Quem te observa? Andamos na rua, analisamos as pessoas: roupas, modos, comportamento, cabelos, alguma extravagância, peso excessivo, tudo. Alguns olham mais do que outros, que não querem nem saber se o cara do lado tem metade do cabelo vermelho, se usa uma meia de cada cor, se é muito feio, etc.

Eu perco boa parte do tempo que passo na rua analisando esses tipos. Me divirto muito. Foi assim que conhecemos – eu e Alice - o Magua (personagem de O Último dos Moicanos), um varredor de rua que passa o dia em frente a um estacionamento da Mauá. O apelidei assim pelo seu pitoresco cabelo (ou a falta de boa parte dele). Todos os dias ali, empunhando uma vassoura e uma pá com cabinho. Nunca o vi descansando no estreito espaço para passeio da movimentada Mauá.

Começamos a especular sobre a sua vida, se tinha mulher, se ela gostava dele mesmo com aquele cabelo, se tinham momentos íntimos.. é só ingressar na Mauá que meu olho já começa a procurá-lo. Cheguei ao ponto de perguntar à Alice se ela o tinha visto nessas duas semanas que não fui ao centro! Disse-me que só o viu na segunda. Eu estava com saudades da imagem do Magua, como pode?

Então ontem entrei nesse assunto: será que ele sabe que é observado todos os dias? Será que imagina todas essas especulações que fazemos? E nós!? Quem nos observa? Todos devemos ter algum detalhe que vai se apresentar como pitoresco a alguém. E se for alguém que nos tenha no campo de visão seguidamente, sempre vai atentar para tal detalhe. Assim, somos tantos e tantos Maguas varredores por aí. Quem vai saber?

Thursday, September 28, 2006

Cabelos brancos...

Que preocupações poderiam acometer um hippie? – fiquei pensando na volta da Puc, no T9. Não me considero um bom identificador de tribos. No meu tempo existiam os hippies, os punks, os black power, os mauricinhos e patricinhas, e os nem uma coisa nem outra, como eu. O máximo de “estranho” que á vesti poderia até me identificar como uma mistura de hippie com grunge – uma outra tribo, já dos anos 90 - Cabelos compridos, um óculos escuro redondo e camisa de flanela xadrez. Imagina que graça..

Pois bem, por sorte o passar dos anos me fez desistir dessas vestes radicais. Hoje, além desse grunge, que eu acho que já deve estar até ultrapassado, tem mais um monte de tribos novas, cada um com seus detalhes estranhos, como esse tal de Emo. Podem dizer o que quiserem, mas pra mim não passa de uma evolução do punk, agora com a permissão de peças coloridas e de banho, creio eu. Ainda assim um despropósito.

Apesar da minha deficiência de identificação, acho que tratava-se de um hippie mesmo: calça jeans meio surrada com as bainhas desfeitas, arrastando no chão, All Star surrado 9tudo era meio surrado), jaqueta jeans com forro em veludo e o cabelo daquele jeito.. estilo Jim Morrison e aparentemente sujo.

Essas coisas todas não me intrigavam, afinal, era a idéia que eu tinha de um hippie. Agora aqueles cabelos brancos não podiam estar ali. Ainda mais naquela quantidade num guri daquela idade. Devia ter, no máximo, uns 22 anos. Ele e sua cabeleira infestada de fios brancos. Sei bem que cabelos brancos podem ter as mais variadas origens, mas pra mim a que mais evidencia são as preocupações.

Tenho um amigo com uma quantidade considerável de fios brancos. Não vai demorar muito a ser chamado de grisalho. Só que ele é empresário do ramo de TI. Deve ter lá suas preocupações de empresário, seus investimentos, os riscos do mercado.. Coisas essas que, imagino eu, não deveriam preocupar um hippie como aquele do T9. O olhar perdido dele analisando uma franja na jaqueta não eram de alguém que estava preocupado nem com um provável aumento da passagem, quem dirá com a alta do dólar.

De que seriam então, aqueles fiapos albinos? Quase cheguei pra ele e perguntei: “O que te preocupa?”. Mas provavelmente ele olharia devagar pra mim e diria arrastando: “ãaahn!?” Não ia entender nada. Uma coisa é certa: devo ter ganho algum fio branco com esse hippie.

Tuesday, September 19, 2006

Teresa...

Em pouco menos de um mês, Tobias teria de avaliar tudo o que tinha de indispensável em seu apartamento. Ia se mudar para Natal, no Rio Grande do Norte para acompanhar o projeto de instalação de equipamentos de sua empresa naquela cidade.
Como não tinha muito tempo, e a idéia era ficar, no máximo um mês, levou apenas roupas, o notebook, o dvd e alguns discos.
Apesar de o projeto ser no nordeste, o trabalho ocuparia o dia todo, inclusive os finais de semana, e não teria muito tempo para o lazer, tampouco para dar conta de algo que o preocupava há algumas semanas: conhecer alguém.

Na verdade, Tobias não queria apenas conhecer alguém. Depois da segunda semana despindo-se apenas para o chuveiro, a idéia de conhecer alguém especial dava espaço a ter uma mulher em sua cama, nem que fosse por algumas horas. Suas últimas experiências não tinham sido muito encantadoras, por isso a idéia de alguém especial. Uma mulher que o provocasse, que desenvolvesse um bom diálogo sobre coisas interessantes, que tivesse um bom perfume e um olhar instigante. Coisa que não provara ultimamente. Não por ele não despertar interesse nas mulheres especiais. Tobias tinha lá seus predicados, tanto que chegava a trocar algumas palavras nas festas com tipos bastante cobiçados. Porém, Tobias carregava consigo um incrível dom para o azar.

Quase que todas as conversas ao telefone que tínhamos após as festas eram iniciadas por ele com um desanimador “ai meu Deus..!” Parecia que tudo conspirava contra quando conhecia, enfim, alguém interessante. Era o pneu do carro que furava, a chave que quebrava na fechadura, uma dor de estômago repentina e avassaladora. Aliás, isso era um dos piores inimigos de Tobias. Sempre acontecia uma dessas tragédias que faziam com que as moças fossem embora indignadas, crentes que eram elas, as azaradas por darem chance a um tipo tão atrapalhado. Talvez fossem.

Essas eram suas últimas lembranças no campo “mulher”. Nada consolador para quem aumentava o jejum a cada dia. Estava decidido que não iria apelar para o sexo pago. Acreditava que podia conquistar uma mulher que não fosse uma representante comercial do amor. E essa mulher estaria em Natal.

Depois de dias e noites trabalhando no projeto, Tobias resolveu que ia encerrar mais cedo as atividades e tomar uma cerveja. Foi ao hotel, tomou um banho e saiu. No bar, percebia que algumas mulheres o olhavam. Mulheres não muito bonitas, diga-se. Tobias era um tanto paciente. Com a notícia de que ficaria mais um mês no projeto, sem direito a visitar sua casa, decidiu que, naquela noite encerraria seu jejum sexual, nem que a mulher em questão na tivesse nada de interessante ou especial.

Uma morena de cabelos e blusalaranja estava só, numa mesa na parede. Tobias a viu assim que entrou, e posicionou-se estrategicamente no balcão ficando de frente pra ela. Parecia não tê-lo visto. Após algumas cervejas e olhares perdidos, a mulher de blusa laranja lança um olhar fulminante. Antes que pensasse em levantar-se do balcão do bar, a moça veio na sua direção. Sentou-se ao seu lado. Segurava uma garrafa de cerveja pelo gargalo e tomava no bico, o que deixou Tobias inseguro.

- Teresa.
- Oi.. meu nome é Tobias.

Um brinde e um gole.

Trocaram algumas poucas palavras até que ela insinuasse irem para um motel. Ele pagou a conta, e saiu logo atrás dela. Sem mãos dadas, sem beijos. Como se ele apenas seguisse o rastro de seu perfume de maçã. Ela tinha o perfume com aroma de maçã, e ele queria morde-la. Ela o aguardava do lado de fora. O comprimento da saia revelava uma perna bem torneada. Entraram no carro e ela indicou-lhe o caminho. Apenas apontando o braço longo, quase não trocaram palavras. Tobias suava na testa, quase tremia. Por sorte não lembrou de sua sina de azar. Subiram para o quarto, ao que Teresa saltou sobre Tobias, atirando-o por sobre a colcha de cetim.

- Aaaaai..
- O que foi..? – sussurrou ela.
- Nada.. nada..

Sua cabeça tinha batido no controle remoto da tv. Era o sinal que Tobias não queria receber. Num só movimento, Teresa arrancou as roupas e foi preparar a banheira. Antes, falou-lhe ao ouvido:

- Vou te dar um banho..

Enquanto ele tirava a roupa ela abriu a torneira da banheira para aquecer. Ela o olhava nos olhos, fulminante. Enfim Tobias encerraria seu jejum num verdadeiro banquete. Teresa era toda sedução. Tobias a encara. Fica de costas para a banheira. Ela se aproxima. Ele recua. Sente que a banheira está logo atrás. Ela se aproxima mais.. ele decide cair de costas na água.

- Aaaaahhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!! Aaaaahhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!

Tobias salta por cima de Teresa e a atira no chão.

- O que foi, o que foi? – pergunta ela.

Ele apenas grita. Se retorce na cama com as mãos entre as pernas. Ela tenta ajudar, mas ele não deixa tocá-lo. Grita mais e mais. Teresa vai até a banheira e constata: havia ligado somente a água quente. No máximo. Ele recusa ajuda.

Ela vai embora.

Friday, September 15, 2006

Pessoas imprescindíveis...

De todas as pessoas que conheço, tiraria duas pra colocar a foto em quadro. De amigos tantos, e amores um, sempre presentes, esses dois passam a maior parte do tempo longe. Já tentei mudar isso, mas a vida me ensinou a compreender que os cotidianos são diferentes, e querer interferir seria como querer apreciar a beleza de um silvestre fora do habitat.

Considero o Régis e a Vi pessoas imprescindíveis por vê-los como personagens do palco da vida. Sempre fiz questão de que meus maiores amigos conhecessem-nos. Não pelas histórias malucas que protagonizaram. Mas sim pela maneira que interpretam a cada vez que nos contam sobre qualquer coisa, e assim fazem cada ato transformar-se num novo episódio.

O mais engraçado é que os dois não se conhecem.

Saudade, Régis; saudade Vi!

Inspiração...

- Tu vai querer ter uma cadeira de balanço um dia?
- Quê!?
- Uma cadeira de balanço, tu vai querer ter um dia?
- Ha ha.. como assim?
- Já tivemos uma lá em casa..
- Lá na vó tinha uma também.
- Ah sim.. mas a que tinha lá em casa era de criança, desse tamanho
- Bah!
- Mas eu te pergunto porque se um dia, quando fores bem velhinha, tu quiser ter uma, eu te embalo.

Wednesday, September 13, 2006

Extensão do domínio da luta...

Eu lia um trecho de Extensão do Domínio da Luta, do Houellebecq, quando percebi tratar-se de uma leitura típica do Rivo. Não lembrei-me dele pelo comportamento descrito, mas pelo tipo de leitura mesmo.

Assim que li, pensei: isso é a cara do Rivo, vou ligar! Quando ohei pro telefone, lá estava: 1 chamada não atendida - Rivo. Coisas desse tipo me deixam intrigado!

Eis o trecho:

Numa noite de dezembro (não trabalharia na segunda-feira, pois tinha tirado, contra sua vontade, quinze dias de férias "para as festas"), Gérard Leverrier voltou para casa e meteu uma bala na cabeça.

A notícia da morte dele não surpreendeu ninguém na Assembléia Geral, onde era, sobretudo, conhecido pelas dificuldades que tinha para comprar uma cama. Fazia alguns meses que ele se decidira a fazer a tal compra, mas a concretização do projeto se apresentava impossível. A anedota era contada, geralmente, com um leve sorriso irônico; porém, não havia motivo para riso; a compra de uma cama, na atualidade, apresenta, efetivamente, consideráveis dificuldades e pode mesmo levar alguém ao suicídio. Antes de tudo deve-se prever a entrega e, portanto, tirar uma manhã de folga, com todos os problemas ocasionados por isso. Às vezes, os entregadores não aparecem, o que nos obriga a pedir mais uma tarde de folga. Essas dificuldades se reproduzem com todos os móveis e eletrodomésticos; o acúmulo de aborrecimento resultante pode bastar para perturbar seriamente um ser sensível.

Mas a cama, entre todos os móveis, cria um problema especial, eminentemente doloroso. Se quisermos manter a consideração do vendedor, temos que comprar uma cama de casal, útil ou não, tenhamos ou não lugar para ela. Comprar uma cama de solteiro significa confessar publicamente que não se tem vida sexual e que não se pretende ter uma no futuro próximo (pois as camas duram, nos dias de hoje, muito tempo, bem além do prazo de garantia, entre cinco e dez, ou até mesmo vinte anos; é um investimento sério que o compromete praticamente para o resto da vida; as camas duram, em média, bem mais tempo que os casamentos, como se sabe bem mais). Mesmo a compra de uma cama de 140 cm de largura o faz passar por um pequeno-burguês mesquinho e limitado. Aos olhos do vendedor, a cama de 160 cm é a única que merece ser comprada; só assim você tem direito ao respeito dele, à sua consideração, quem sabe até a um leve sorriso cúmplice, exclusivo para as camas de 160.


Já tinha ouvido falar sobre o trecho, mas não tinha noção do quanto era envolvente e verdadeiro. Diariamente passamos por situações do tipo. Obviamente não culminam em suicídio, mas certamente numa morte momentânea onde a única coisa que se deseja é chegar em casa. Desistimos de negócios que empacam em burocracias ou pessoas ignorantes. Em outras situações, desistimos de fazer alguma coisa por criar mil dificuldades que, de fato, não existem.

Isso sem contar nos "parâmetros" pré-determinados aparentemente por ideais capitalistas de consumo, mas com uam boa dose de auto-afirmação por trás.

O óculos de natação tem que ser do tipo competição, anti-embaçante, senão não seremos vistos como nadadores de respeito, e sim comparados aos velhinhos da hidrginástica; os pneus do carro com sulco pra chuva e travas para terrenos acidentados nos dão a impressão de quem vai viajar no final de semana; até mesmo o mouse do computador, se não for com a luzinha embaixo (não digo infra-vermelho porque infra-vermelho é invisível), não seremos vistos como peritos da informática, que usam programas de ponta em empresas totalmente informatizadas; e a cama.. a cama, obviamente tem que ser de casal, de preferência com 160 cm de largura.

Monday, September 11, 2006

Dias de ansiedade e euforia...

Dias loucos, aqueles. A ansiedade tomava conta de cada ato e me fazia correr contra um tempo que não tinha prazo. Sabia que se mais demorasse, explicitaria o que tinha por vir. Depois de tantas voltas, a decisão que por vontade não tinha mais por que tardar.

No meio de tanta gente encontrei. Foi um momento de apreensão e ansiedade, mas que não podia ser contido. Ouvi gritos, ouvi choro, ouvi risos. E eram tão silenciosos diante daquele olhar.

A euforia da felicidade fez-me forte contra a ansiedade dos dias seguintes: os dias dos comunicados formais, marcados pela simplicidade e tomados por uma alegria geral. Toda a felicidade desejada é a que vivemos a cada dia. Assim seja..

Friday, September 08, 2006

Ainda sobre o podre amargo do doce...

"Pouco importa o julgamento dos outros.." Pois é isso. Quando fiquei entre os oito e os oito mil caí na mesmice do quase. Aos porcos da inveja nem oito nem nada; e a quem merece meu autêntico e verdadeiro amor, oito mil vezes mais amor.

**********

A decisão...

Faz umas duas semanas. Não vou dizer que fiquei dias pensando, analisando prós e contras, pesando isso e aquilo. Apenas dei um pouco mais de asas aos sentimentos e simplesmente voei, trazendo pela mão a dona do meu sorriso.

Alice...

Ali se adormecem meus boas noites
Ali se perdem meus olhos e lábios
Devolvidos em sorriso
Encantados pelo beijo

Ali se alimenta meu desejo
Na pele e no perfume
No carinho e no calor
Arrepio e suor

Ali se acordam meus bons dias
Das manhãs de todos meus amanhãs
Ali se faz ouvir ecoando

Te amo..!

Monday, September 04, 2006

O amargo do doce...

O corrompimento dos valores ultrapassa os próprios limites afim de que nele se afundem quem quer que seja. Chega mascarado em doce, mas esconde um amargo podre. E mais podre que a prostituição do corpo nas ruas é a da alma, que nem preço tem. Penso então, que não se trata mais de vaidade. Talvez uma tentativa de afirmação esnobe de uma derrotada.

A saga de uma uma alma derrotada, prostituída, é a eterna luta contra si mesma na perda contínua desses valores em atos inconseqüentes. Queria eu, que meus lábios não tivessem se movido a proferir tamanha desqualificação. Queria que o desprezo não me deixasse sentir o amargo.

Todos os gritos desesperados sucumbem no vácuo do sentimento a eles reservado. Por sorte o fervor do meu sangue noutro peito ainda guarda a ternura da criança que vi nascer. Nela deposito meu amor e recobro o bom de quem ainda não acha que o normal é a inversão do seu valor.

Friday, September 01, 2006

Aniversários...

Ontem, 31 de agosto, houve dois acontecimentos marcantes na história da civilização humana na Terra*.

Nos idos de 1963, dona Anair e seu Antônio selavam o matrimônio. Ela com dezoito e ele com trinta e quatro. Quatorze anos depois, essa união daria fruto a este que vos escreve. Então liguei pra escola onde minha mãe é merendeira pra parabenizá-la, já que ontem esqueci de fazê-lo pessoalmente. Só que o mané aqui é tão perdido pra data que o tal aniversário de casamento foi há um mês: 31 de julho. De qualquer forma ela disse que gostou. E assim, faz 43 anos e 1 mês que estão juntos.

Parabéns pai e mãe!

Mas ontem, ontem mesmo, foi o aniversário do grande amigo FM. Não liguei porque amanhã é o dia da grande festa, e pra ele não ficar se achando muito. Ele que só faz as coisas pra se aparecer. Sacanagem!

Amanhã a imperdível festa de aniversário desse figura. Vai ser ali na Asfinter, atrás do Beira-Rio com pulseirinhas e todas essas frescuras.

Site da festa

Parabéns, cara! Saúde e sorte sempre!

E hoje!!!

Hoje, é o aniversário do meu sobrinho e afilhado Douglas. Sim, aquele mesmo que dei por 2 anos seguidos o mesmo presente: uma Batalha Naval. Mas este ano prometo um presente diferente pro guri. Senão vai ser o primeiro caso de Padrinho deposto.
História da civilização humana na Terra.

(*) Quase sempre que alguém vai dar um discurso sobre qualquer coisa que envolva pessoas, enche lingüiça com essas obviedades. Só não descobri se é pra dar um tom de entendedor ou pra engordar o texto mesmo. "Pessoa humana", "civilização humana", e assim vai. Prestem atenção.

Tempo...

Tem uma hora que as projeções da vida começam a tomar forma. E ainda que sejam de surpresa, não são assustadoras. A não ser que não se entenda o porquê de ser tudo tão bom. Há quem perca a preciosidade do tempo tentando entender isso e há quem simplesmente aproveite o que há de bom, e gaste-o na medida em que surge nos relógios.

Assim cada momento se torna especial, por mais numerosos que sejam, e não há como não querer mais. Tudo o que a vida adiou passa a ter uma razão tão forte que os olhos de guri jamais permitiriam ver. Todo o tempo que passou, se não teve a mesma riqueza de alegria, foi a base para poder olhar pra trás e confirmar que o hoje é o presente maior, e que o futuro, a cada novo instante, novo presente se faz.

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