Cortava um pedaço da fatia da pizza quatro queijos quando a conversa quebrou dos amenos “passa a mostarda.. passa o azeite.. obrigado!” para uma pergunta de opinião pessoal.
- O que tu acha das pessoas que passam uma imagem superficial?
O silêncio congelou a cena travando até mesmo o movimento do corte na fina fatia, enquanto na mente milhares de cenas carentes de opinião própria não deixavam opinar alheiamente.
- Se eu dissesse que são pessoas complicadas não estaria olhando pra mim.
- Hum.. eu não diria que tu és uma pessoa complicada. Aliás.. isso nunca seria uma coisa que eu diria sobre ti.
- Hum.. talvez seja por isso que estamos aqui. Pois bem.. sobre as pessoas que passam uma imagem de superficialidade.. eu diria que ninguém voltaria pra casa pensando: “Que pessoa interessante..!”
Terminei de cortar o pedaço e o levei à boca.
*********************
Equilíbrio...
O grande problema é quando alguém se acha superior na relação. (ou inferior) Aí se pode cair na armadilha de achar que domina o sentimento da pessoa, e que manter a relação só depende de si. Aos poucos uma pequena brecha no sentimento vai se abrindo a novos interesses - não necessariamente a outra pessoa - mas se fica muito vulnerável. Podemos até não querer acreditar, mas a outra pessoa sente o afastamento. Conscientemente ou não, subestimamos os sentimentos apaixonados e acabamos subestimados pela sorte do amor.
Quando se vê a pessoa como uma igual, como segura de si e dos seus sentimentos, se sente uma vontade de conquistar novamente a cada minuto. Tudo o que se faz é em função de satisfazer a pessoa, de certa forma. E fazemos as coisas empolgados, não como obrigação. É preciso sentir um certo mistério. É preciso, em todos os beijos, o mesmo tesão do primeiro. Limpar as cinzas e dar espaço à brasa nova. O equilíbrio está na cumplicidade em querer manter o mesmo fogo, às vezes mais intenso, outras menos, sempre numa intensidade em que nenhum dos dois se queime, mas que se sinta calor. Equilíbrio a quem recai a sorte do amor.
Thursday, July 27, 2006
Monday, July 24, 2006
A saga do telefone... (continuação)
Na terça-feira passada me ligaram pra dizer que “infelizmente não vai ser possível entregar seu telefone...”
Gelei! Tremi! Eu já tava chegando em casa... de noitezinha.. aquele frio.. Mas comecei a suar a testa na hora! Mas mantive a calma e deixei a moça continuar...
“...fora do endereço de correspondência! Só lá no prédio sede mesmo.”
Uuuuuffa!!! Disse que não tinha problema. Então ela deu o prazo de 5 dias úteis.
- Mas moça, 5 dias era a partir de ontem, quando fiz o pedido pela terceira vez!
- Não, senhor.. 5 dias conta a partir de hoje.
- (suspiro) tudo bem!
Aí ontem a nossa secretária lá do prédio sede ligou, dizendo que tava lá, o meu telefone. Bah.. inacreditavel!
Tá aqui agora, o bicho.. falando e tudo! Vamos ver quanto tempo dura!
******************************
Do mar, teu rumo...
Dos olhos, o espelho de águas profundas por onde navego sem norte, guiado pela sorte do meu coração.
Dos cabelos, o vento em brisa, que sopra minha vela e traz pra perto o rumo incerto do horizonte.
Da pele, o calor das noites e madrugadas frias. Das enluaradas e quentes, o suor.
Das mãos, o carinho de quem não veleja mais sozinho. Abandonei a solidão.
Dos braços, o abraço que me conforta o peito onde teu rosto descansa.
Da boca os lábios, e destes, o beijo. De bom dia, de boa noite, de desejo.
Gelei! Tremi! Eu já tava chegando em casa... de noitezinha.. aquele frio.. Mas comecei a suar a testa na hora! Mas mantive a calma e deixei a moça continuar...
“...fora do endereço de correspondência! Só lá no prédio sede mesmo.”
Uuuuuffa!!! Disse que não tinha problema. Então ela deu o prazo de 5 dias úteis.
- Mas moça, 5 dias era a partir de ontem, quando fiz o pedido pela terceira vez!
- Não, senhor.. 5 dias conta a partir de hoje.
- (suspiro) tudo bem!
Aí ontem a nossa secretária lá do prédio sede ligou, dizendo que tava lá, o meu telefone. Bah.. inacreditavel!
Tá aqui agora, o bicho.. falando e tudo! Vamos ver quanto tempo dura!
******************************
Do mar, teu rumo...
Dos olhos, o espelho de águas profundas por onde navego sem norte, guiado pela sorte do meu coração.
Dos cabelos, o vento em brisa, que sopra minha vela e traz pra perto o rumo incerto do horizonte.
Da pele, o calor das noites e madrugadas frias. Das enluaradas e quentes, o suor.
Das mãos, o carinho de quem não veleja mais sozinho. Abandonei a solidão.
Dos braços, o abraço que me conforta o peito onde teu rosto descansa.
Da boca os lábios, e destes, o beijo. De bom dia, de boa noite, de desejo.
Monday, July 17, 2006
A saga do telefone...
Nunca tive muita sorte com telefones celulares. Na verdade, nunca é muito tempo. Já pude sim, receber e fazer chamadas normalmente, olhar para o visor e ver ali as funções básicas prontas para serem usadas, terminar uma ligação e o telefone continuar ligado.. essas coisas que qualquer telefone celular faz.
Uma coisa que nunca fui mesmo, é exigente quanto aos extras. Capacidade de memória, câmera fotográfica, não sei quantos torpedos ao mesmo tempo.. essas frescuras. Telefone pra fazer e receber chamadas e pronto.
Ia tudo muito bem até meados de 2003. O bom e velho 5125 resistia a todas as provas às quais era submetido. Tombos sucessivos, o coitado sofria. E sempre manteve-se inteiro. A não ser a antena.. Ai ai! Será que nunca tive nenhum telefone que ficou intacto mesmo? Pois esse a antena vivia quebrada! Eu a colava com Super Bonder, mas não durava muito. Mas pelo menos funcionava!
Eis que ganhei um novo. Um 8260.. a vedete dos TDMA. Não durou 2 dias. Eu tava ali no posto da Silva Só esperando um amigo. Eu num carro e ele noutro. Eu tinha parado o carro ao lado da lojinha de conveniência: telefone novo no ombro esquerdo, cabeça torta pra esse ombro, copo de cerveja na mão esquerda e mão direita segurando o volante. Meu amigo pára o carro ao lado do meu e diz ao telefone: “olha pro lado!” Não tive dúvidas, virei a cabeça pro lado esquerdo. Blubpt! No mesmo instante senti que faltava um pesinho sobre o ombro esquerdo. Olhei pra dentro do copo e vi o telefone que ganhara havia dois dias submerso na cerveja.
Com umas sucatas de telefone consegui trocar o display. Funcionou até.. A tecla do número 2 ficou com um mau contato. Volta e meia eu o abria pra dar uns ajustes. Na festa de final de ano da vivo resolvi me atirar na piscina. Cheguei num colega de confiança e deixei com ele as chaves do carro, carteira e máquina fotográfica. Pulei na piscina! Com o telefone no bolso!!! EEEEEEEEEEEEEEE!!!! Apelidaram o telefone de Aquaplay! E o pior é que funcionou depois, por mais uns dias. No final de 2004, com o advento do CDMA, ganhamos aparelhos novos. Eu digo ganhamos pois trabalho na vivo e não precisamos comprar telefone. Eu tava passando a virada do ano em Imbé com uma turma de amigos, então, nova. Já estávamos no último dia do final de semana e fomos dar um pulo na praia. Eu tava ali, bem tranqüilo.. brincando na areia e tomando uma ceva. Até que veio uma onda invasora, daquelas que fazem todo mundo sair correndo e levantei-me correndo. A bolsa com as minhas coisas (máquina fotográfica, celular, carteira,...) tava um pouco longe de mim e alguém a levantou a tempo de não molhar. Molhou só a alça. Era uma bolsa dessas novas, com compartimento pra telefone onde? Exatamente! Na alça! Esse não teve nem choro, a água do mar fez o bichinho morrer na hora.
Fui fazer a solicitação na intranet. Nome completo, matrícula, Rg, tipo sangüíneo.. e passar pela aprovação de uns 5 gestores. Ao que passava uns 5 dias eu consultava no sistema. Pedido cancelado! Isso aconteceu umas 4 ou 5 vezes. Uma hora era porque não tinha o tal modelo no depósito, outra era porque um gestor esquecia de aprovar.. e a cada cancelamento desses eu tinha que contar toda a história por telefone antes de fazer um novo pedido.
Abre um parêntese
Nesse meio tempo eu fiquei usando emprestado um telefone do meu chefe. Durou as três semanas de novela do novo pedido. Fui carregar a bateria pra entregar a ele com um carregador de outra marca... Tééééc! Um cheirinho de queimado e nunca mais ligou. Tá aqui na gaveta até hoje.
Fecha.
Passadas as três semanas recebi o telefone. Bem bonitinho! Meio gay até! Branco com azul-claro, parecia uma saboneteira. Mas funcionava que era uma maravilha até o primeiro tombo. “Searching for network...” era a mensagem que aparecia no display. Aí tu dava uma torcida nele e ele voltava a funcionar. Fiquei nessa função de torcer o telefone até o final do ano passado, quando não adiantava mais torcida, porrada nem nada. Antes de fazer o novo pedido tive que pegar um laudo com a assistência técnica. Resultado do diagnóstico: “sem conserto”. Mais três semanas de novela de pedido na intranet e, enfim, um telefone novo!
Nunca entendi por que este telefone não funcionou direito. Não me lembro de tê-lo derrubado, nem de ter derramado nada nele. Mas logo que o recebi já começou a dar umas rateadas. Muito raramente, é bem verdade, mas rateava. Se desligava sozinho, aparecia aquela mensagem de “searching for network...”
Pra quê aquelas reticências??? Pra eu ficar esperando? Nunca achou a network, se quiserem saber. Tinha que desligar, tirar a bateria e ligar de novo. Só que o problema foi aumentando, até que não funcionou mais mesmo. Fiz uma intervenção cirúrgica com um papelzinho dobrado e o dito funcionou por uns 2 meses, rateando bem lá de vez em quando.
Hoje meu telefone tem a duração de uma chamada. Se ele não desliga durante a conversa, desliga no fim. Simplesmente apaga! Em todas, literalmente! Por conta disso me vi obrigado a pedir um novo telefone; conseqüentemente, a concordar com todos aqueles que dizem que o call center da vivo é o pior que existe.
Hoje foi a nona vez que liguei..
- Você está ligando do número tal tal tal... (como se eu não soubesse..) se quiser alguma informação de outra linha, digite o número da linha com o código de área.
- ...(digito o número)
- Após falar com um de nossos atendentes, não desligue! A vivo precisa da sua opinião. Carolina Queiroz, no que posso estar ajudando?
- Meu telefone.. blá blá blá..
- Senhor, qual o número do aparelho pra que eu possa estar olhando no sistema?
- Por que vocês pedem pra eu digitar o número se eu vou ter que dizer depois?
- Senhor, faz parte do procedimento. O senhor pode estar falando o número da linha?
- 51.. 99...
- Senhor, seu pedido foi cancelado porque o modelo pedido saiu de circulação. Estava dando muita reclamação.
- :| E vocês não iam me avisar? Por que pediram um outro número de contato?
- Sengundo consxta no sistema, foi tentado contato com o senhor e não foi conseguido.
- Ninguém tentou contato.
- Senhor, então eu não saberia estar lhe dizendo. O senhor terá que estar fazendo um novo pedido... blá blá blá...
E assim foi. Fiz um novo pedido que deve demorar uns 5 dias pra que chegue o aparelho. Isso, claro, se não ocorrer nenhum contratempo. Mantenho-vos informados.
Uma coisa que nunca fui mesmo, é exigente quanto aos extras. Capacidade de memória, câmera fotográfica, não sei quantos torpedos ao mesmo tempo.. essas frescuras. Telefone pra fazer e receber chamadas e pronto.
Ia tudo muito bem até meados de 2003. O bom e velho 5125 resistia a todas as provas às quais era submetido. Tombos sucessivos, o coitado sofria. E sempre manteve-se inteiro. A não ser a antena.. Ai ai! Será que nunca tive nenhum telefone que ficou intacto mesmo? Pois esse a antena vivia quebrada! Eu a colava com Super Bonder, mas não durava muito. Mas pelo menos funcionava!
Eis que ganhei um novo. Um 8260.. a vedete dos TDMA. Não durou 2 dias. Eu tava ali no posto da Silva Só esperando um amigo. Eu num carro e ele noutro. Eu tinha parado o carro ao lado da lojinha de conveniência: telefone novo no ombro esquerdo, cabeça torta pra esse ombro, copo de cerveja na mão esquerda e mão direita segurando o volante. Meu amigo pára o carro ao lado do meu e diz ao telefone: “olha pro lado!” Não tive dúvidas, virei a cabeça pro lado esquerdo. Blubpt! No mesmo instante senti que faltava um pesinho sobre o ombro esquerdo. Olhei pra dentro do copo e vi o telefone que ganhara havia dois dias submerso na cerveja.
Com umas sucatas de telefone consegui trocar o display. Funcionou até.. A tecla do número 2 ficou com um mau contato. Volta e meia eu o abria pra dar uns ajustes. Na festa de final de ano da vivo resolvi me atirar na piscina. Cheguei num colega de confiança e deixei com ele as chaves do carro, carteira e máquina fotográfica. Pulei na piscina! Com o telefone no bolso!!! EEEEEEEEEEEEEEE!!!! Apelidaram o telefone de Aquaplay! E o pior é que funcionou depois, por mais uns dias. No final de 2004, com o advento do CDMA, ganhamos aparelhos novos. Eu digo ganhamos pois trabalho na vivo e não precisamos comprar telefone. Eu tava passando a virada do ano em Imbé com uma turma de amigos, então, nova. Já estávamos no último dia do final de semana e fomos dar um pulo na praia. Eu tava ali, bem tranqüilo.. brincando na areia e tomando uma ceva. Até que veio uma onda invasora, daquelas que fazem todo mundo sair correndo e levantei-me correndo. A bolsa com as minhas coisas (máquina fotográfica, celular, carteira,...) tava um pouco longe de mim e alguém a levantou a tempo de não molhar. Molhou só a alça. Era uma bolsa dessas novas, com compartimento pra telefone onde? Exatamente! Na alça! Esse não teve nem choro, a água do mar fez o bichinho morrer na hora.
Fui fazer a solicitação na intranet. Nome completo, matrícula, Rg, tipo sangüíneo.. e passar pela aprovação de uns 5 gestores. Ao que passava uns 5 dias eu consultava no sistema. Pedido cancelado! Isso aconteceu umas 4 ou 5 vezes. Uma hora era porque não tinha o tal modelo no depósito, outra era porque um gestor esquecia de aprovar.. e a cada cancelamento desses eu tinha que contar toda a história por telefone antes de fazer um novo pedido.
Abre um parêntese
Nesse meio tempo eu fiquei usando emprestado um telefone do meu chefe. Durou as três semanas de novela do novo pedido. Fui carregar a bateria pra entregar a ele com um carregador de outra marca... Tééééc! Um cheirinho de queimado e nunca mais ligou. Tá aqui na gaveta até hoje.
Fecha.
Passadas as três semanas recebi o telefone. Bem bonitinho! Meio gay até! Branco com azul-claro, parecia uma saboneteira. Mas funcionava que era uma maravilha até o primeiro tombo. “Searching for network...” era a mensagem que aparecia no display. Aí tu dava uma torcida nele e ele voltava a funcionar. Fiquei nessa função de torcer o telefone até o final do ano passado, quando não adiantava mais torcida, porrada nem nada. Antes de fazer o novo pedido tive que pegar um laudo com a assistência técnica. Resultado do diagnóstico: “sem conserto”. Mais três semanas de novela de pedido na intranet e, enfim, um telefone novo!
Nunca entendi por que este telefone não funcionou direito. Não me lembro de tê-lo derrubado, nem de ter derramado nada nele. Mas logo que o recebi já começou a dar umas rateadas. Muito raramente, é bem verdade, mas rateava. Se desligava sozinho, aparecia aquela mensagem de “searching for network...”
Pra quê aquelas reticências??? Pra eu ficar esperando? Nunca achou a network, se quiserem saber. Tinha que desligar, tirar a bateria e ligar de novo. Só que o problema foi aumentando, até que não funcionou mais mesmo. Fiz uma intervenção cirúrgica com um papelzinho dobrado e o dito funcionou por uns 2 meses, rateando bem lá de vez em quando.
Hoje meu telefone tem a duração de uma chamada. Se ele não desliga durante a conversa, desliga no fim. Simplesmente apaga! Em todas, literalmente! Por conta disso me vi obrigado a pedir um novo telefone; conseqüentemente, a concordar com todos aqueles que dizem que o call center da vivo é o pior que existe.
Hoje foi a nona vez que liguei..
- Você está ligando do número tal tal tal... (como se eu não soubesse..) se quiser alguma informação de outra linha, digite o número da linha com o código de área.
- ...(digito o número)
- Após falar com um de nossos atendentes, não desligue! A vivo precisa da sua opinião. Carolina Queiroz, no que posso estar ajudando?
- Meu telefone.. blá blá blá..
- Senhor, qual o número do aparelho pra que eu possa estar olhando no sistema?
- Por que vocês pedem pra eu digitar o número se eu vou ter que dizer depois?
- Senhor, faz parte do procedimento. O senhor pode estar falando o número da linha?
- 51.. 99...
- Senhor, seu pedido foi cancelado porque o modelo pedido saiu de circulação. Estava dando muita reclamação.
- :| E vocês não iam me avisar? Por que pediram um outro número de contato?
- Sengundo consxta no sistema, foi tentado contato com o senhor e não foi conseguido.
- Ninguém tentou contato.
- Senhor, então eu não saberia estar lhe dizendo. O senhor terá que estar fazendo um novo pedido... blá blá blá...
E assim foi. Fiz um novo pedido que deve demorar uns 5 dias pra que chegue o aparelho. Isso, claro, se não ocorrer nenhum contratempo. Mantenho-vos informados.
Friday, July 14, 2006
Uma mesinha de três pernas...
Uma vez escrevi assim: que afinidades, química e querer estar com alguém, e só com este alguém eram as três premissas fundamentais para a manutenção de um relacionamento. Não apenas no sentido de duração, mas em intensidade, desejo constante, saudade nova renovada a cada instante.
Esses elementos seriam como uma mesa de três pernas, o número mínimo necessário para que se mantenha em pé. Se uma delas quebra, a mesa desaba. E sobre essa mesa se constrói aos poucos tudo o que vai sendo vivido, como um equilibrista que com habilidade coloca as taças de cristal, uma sobre a outra. É a fragilidade de toda a relação que investiu nos três pontos fundamentais.
Será que existiria algum quarto ou quinto ponto necessário para a mesinha se manter em pé? Ouvi falar de um banquinho de piano que vivia caindo, justamente por ter só três pernas. Onde entraria, por exemplo, uma situação em que se espera companhia, mas as duas partes não têm a mesma disposição?
Diferenças existem, e também são muito importantes. Acho que ninguém suportaria conviver com alguém completamente igual a si.. as mesmas manias, os mesmos defeitos, a mesma mecha no cabelo.. ia ser muito chato. Voltando à química, uma das bases fundamentais.. dois elementos distintos, com características diferentes, podem produzir uma mistura homogênea.
E quando existe a certeza de estar vivendo mutuamente o melhor momento, nenhuma diferença se contrapõe com vantagem a quaisquer daqueles três elementos. Apenas tempera a mistura, sem nunca deixar de ser homogênea..
E como um dia já escrevi..
Por todo um corpo, um sangue faz ferver, quando na retina de olhos brilhantes reflete a luz de uma união de formas, de forma que se perceba e sinta que nada disso se sente sozinho.
Esses elementos seriam como uma mesa de três pernas, o número mínimo necessário para que se mantenha em pé. Se uma delas quebra, a mesa desaba. E sobre essa mesa se constrói aos poucos tudo o que vai sendo vivido, como um equilibrista que com habilidade coloca as taças de cristal, uma sobre a outra. É a fragilidade de toda a relação que investiu nos três pontos fundamentais.
Será que existiria algum quarto ou quinto ponto necessário para a mesinha se manter em pé? Ouvi falar de um banquinho de piano que vivia caindo, justamente por ter só três pernas. Onde entraria, por exemplo, uma situação em que se espera companhia, mas as duas partes não têm a mesma disposição?
Diferenças existem, e também são muito importantes. Acho que ninguém suportaria conviver com alguém completamente igual a si.. as mesmas manias, os mesmos defeitos, a mesma mecha no cabelo.. ia ser muito chato. Voltando à química, uma das bases fundamentais.. dois elementos distintos, com características diferentes, podem produzir uma mistura homogênea.
E quando existe a certeza de estar vivendo mutuamente o melhor momento, nenhuma diferença se contrapõe com vantagem a quaisquer daqueles três elementos. Apenas tempera a mistura, sem nunca deixar de ser homogênea..
E como um dia já escrevi..
Por todo um corpo, um sangue faz ferver, quando na retina de olhos brilhantes reflete a luz de uma união de formas, de forma que se perceba e sinta que nada disso se sente sozinho.
Monday, July 10, 2006
Quero viajar...
Acho que chega um momento na rotina das pessoas que faz com que elas precisem renovar os ares por uns dias. Pois bem, o meu chegou. E por graças, sorte e mais qualquer outra variante, não exclusivamente.
A primeira idéia de destino foi, obviamente, Bombinhas. Um lugar reservado a poucos felizardos. Sempre gostei de definir esse lugar em poucas palavras.. uma só, talvez: mágico!
Se for esse mesmo, o destino, será como reconhecer um lugar que tenho como uma peça extra da casa, reviver a brisa, o pisar descalço na areia, apreciar de ângulos diferentes as curvas que formam aquela maravilha.
Mas o rumo tomado for outro, da mesma forma será vivido intensamente por quem carece absorver o mais belo que há para se oferecer. Tanto as belas formas reservadas pela geografia, com seus verdes e demais coloridos, quanto a mística guardada nas entranhas arquitetônicas herdada de todos os povos que por ali tenham passado.
Um momento não apenas de apreciar beleza, mas viver e absorver a beleza. Algo como uma obra-prima única criada por artistas renomados, e que a cada ato vai tomando forma, sendo esculpida por quatro mãos de habilidade ímpar inspiradas mutuamente em si mesmas.
A primeira idéia de destino foi, obviamente, Bombinhas. Um lugar reservado a poucos felizardos. Sempre gostei de definir esse lugar em poucas palavras.. uma só, talvez: mágico!
Se for esse mesmo, o destino, será como reconhecer um lugar que tenho como uma peça extra da casa, reviver a brisa, o pisar descalço na areia, apreciar de ângulos diferentes as curvas que formam aquela maravilha.
Mas o rumo tomado for outro, da mesma forma será vivido intensamente por quem carece absorver o mais belo que há para se oferecer. Tanto as belas formas reservadas pela geografia, com seus verdes e demais coloridos, quanto a mística guardada nas entranhas arquitetônicas herdada de todos os povos que por ali tenham passado.
Um momento não apenas de apreciar beleza, mas viver e absorver a beleza. Algo como uma obra-prima única criada por artistas renomados, e que a cada ato vai tomando forma, sendo esculpida por quatro mãos de habilidade ímpar inspiradas mutuamente em si mesmas.
Friday, July 07, 2006
Esse cara..
Fazia horas que eu torcia pela presença do Régis nos nossos churras. Ele até compareceu em alguns na Associação, mas não é a mesma coisa. Quando tem muita gente fica todo mundo disperso, e uma das coisas mais legais no Régis são as histórias que ele conta. Na verdade, pode-se dizer que a vida desse cara é uma história, onde a cada dia surge um episódio inédito.
Aí fizemos um churras de menor impacto e o dito apareceu. Ele e suas histórias incríveis. Todas elas na manga, prontas para deter a nossa atenção e encher o ambiente de riso. Não demorou e ele desatou a contar da vez em que foi dar uma banda de bicicleta com uma namorada do Parcão até a zona sul, acompanhados de uma garrafa de Daikiri Bacardi. Ela tomou um trago e caiu tanto tombo na bicicleta que ele perdeu as contas. E assim foi.. a da boca na calcinha, a do balão, da gata Morgana.. uma melhor que a outra.
O mais interessante é que as histórias não são mirabolantes, são fatos do cotidiano, que para pessoas como ele – um pouco atrapalhadas – ganham requintes por vezes desatrosos. Mas o que mais prende, sem dúvida, é o jeito com que ele as conta. Ele pode contar 34 vezes a mesma história, e nas 34 prenderá o mais disperso fio de atenção e fará brotar risadas de todos os cantos ecoantes da boca. Segundo uma amiga que também estava na platéia do churras: “eu já ouvi muitas vezes essa história, e cada vez é diferente de ouvir..”
Por vezes me pergunto também.. como pode algumas coisas serem, na lógica, tão iguais, mas no momento, sempre diferentes, e nunca deixarem de ser boas. Melhores, aliás..
Aproveito o momento para registrar aqui, um texto desse cara. Um cara que quem conhece logo vê tratar-se de uma pessoa ímpar. Não apenas por essas histórias, mas por fazer dos momentos simples da vida episódios divertidos, de colocar exclamação no final de todas as frases. “Ele fala com exclamação..!” Disse Alice.
Aprendiz de Palhaço
Régis
Acendem-se os refletores !
Abrem-se as cortinas !
- Respeitável público ! ! ! !
O ambiente todo é envolvido por uma música característica, inconfundível, que identifica bem e se mescla em harmonia com todo o espaço, dando ao conjunto um toque de magia e expectativa. Passam a desfilar em frente à platéia vários artistas caracterizados conforme a sua função, a sua especialidade, ao aplauso incessante do público curioso pelo espetáculo que vai iniciar !
São eles, trapezistas, malabaristas, domadores, ilusionistas, mágicos, palhaços. Por um momento imagino o que deve estar se passando no pensamento de cada um deles, na expectativa também deles de como irão se comportar os espectadores diante do show que será apresentado. Imagino e tento me transportar para o papel de cada um, tentando imaginar como me sentiria eu se estivesse tendo que interpretar cada um dos papéis dos personagens que ali estão se apresentando. Conforme vou imaginando, passo a verificar que também eu participo de um grande espetáculo. Um espetáculo em que diariamente estamos fazendo parte, e nem notamos. Um espetáculo em que participamos com várias características diferentes umas das outras, conforme a situação apresentada, fazendo em cada situação um papel diferente.
Muitas vezes sou anfitrião da apresentação, com todas as pompas e regalias pertinentes à mesma, tendo a honra de recepcionar os meus convidados com toda a atenção que merecem. Sou o dono de um universo diminuto, mas soberano sobre as atividades executadas, sendo o responsável pela harmonia e bem estar em que estão envolvidas as pessoas que foram convidadas à participar da cerimônia. Sou o soberano de um feudo imaginário onde estão presentes ao meu redor pessoas que me são muito importantes, e por isso merecem a minha maior atenção e minha sincera admiração.
Em outras vezes sou o domador, enfrentando um leão à cada dia, tendo sempre como desafio a certeza, a desvantagem da minha fragilidade e a confiança em mim mesmo.
Sou sabedor que a batalha é diária e constante, que não poderá ser deixada para mais tarde sob pena de esse tempo demorar muito a chegar, e eu estar mais velho e conseqüentemente mais fraco fisicamente quando vir a acontecer, dando muita vantagem para o inimigo. Sou sabedor de que poderei até perder a luta, mas que só saberei isso se tiver tentado ao menos uma vez. Sou sabedor de que mesmo tentando e perdendo uma vez, só poderei vencer a luta se tentar novamente.
E inteligente o suficiente para saber que se já tentei uma vez, e fui derrotado, tenho grande chance de obter a derrota novamente se tentar da mesma maneira.
...
Em outras vezes sou o alimentador de animais, que continua perseverante e dedicado nas minhas atividades, mesmo sabendo que jamais serei valorizado pelos meus serviços. E mesmo fazendo uma atividade que muitas vezes não é valorizada, e nem mesmo notada, tenho consciência que meu papel é muito importante para alguém, mesmo sabendo que essa pessoa seja a que realmente recebe os aplausos do público, como no caso do domador, quando coloca a sua cabeça na boca do animal.
Muitas vezes me apresento como malabarista, tentando equilibrar muitos problemas ao mesmo tempo, mantendo a serenidade para que consiga manter a estrutura o mais estável possível, porém sendo sabedor de que o pilar que sustenta tudo poderá romper-se num pequeno toque colocando a baixo toda uma estrutura que apresenta-se bastante sólida. Talvez, realmente o motivo a que leva a estrutura a continuar sólida é exatamente essa magia de conseguir transmitir a sensação de robustez, embora tenha sensação de fragilidade, não deixando transparecer para os que se apóiam nela.
E em algumas outras vezes me apresento como Palhaço. Isso mesmo. Palhaço! Palhaço que soa muitas vezes como ofensa, deboche, desprezo! Em muitas vezes cheguei até a usar essa característica para xingar alguém, não imaginando que com a passar do tempo, isso soaria para mim como o maior dos elogios. O Palhaço é simplesmente um artista, talvez o maior artista. Ele tem o dom de na simplicidade do seu ofício, conseguir transformar a realidade em sonho, ou talvez, o sonho em realidade, deixando aflorar apenas o lado inocente de nossas vidas, o lado criança, o lado alegre que possuímos, e que muitas vezes são afogados por todas as outras caracterizações.
Deixa aflorar o sonho que escondemos por estarmos envolvidos em uma vida agitada, corrida, de inversão de valores, de agressões e diferenças, o sonho de uma realidade que está presente dentro de nós mesmos, uma realidade que apenas ficou de lado, renegada por valores que nem mesmo nós sabemos por que modificamos. Sou um desses artistas que, tentam resgatar um pouco da simplicidade da vida, do sorriso estampado pela simples satisfação e alegria de se poder sorrir ! Do prazer de se poder dar uma boa gargalhada, mesmo que já se conheça o motivo, a história, a piada !
Pensando bem, não posso me comparar com um Palhaço, não posso ter essa pretensão, não tenho toda a bagagem necessária para assumir essa responsabilidade, sou isso sim apenas um aprendiz de Palhaço ! Alguém que tenta descobrir em cada um esse lado afogado, reprimido, deixado de lado, que tenta obter de cada um sorriso alegre, despreocupado uma risada gostosa, debochada, uma gargalhada desenfreada!
Alguém que com a ajuda dos amigos, consegue montar o seu circo sempre que tem oportunidade, e repassa velhas e conhecidas piadas e histórias, sempre bem aceitas pelo pequeno público que se apresenta, e que mesmo já conhecedor do final que se aproxima, retribui com uma participação talvez mais importante do que a participação do projeto de artista, premiando com uma risada o todo o esforço dedicado.
Devemos todos tentar ser um pouco Palhaço, um muito Palhaço, sempre que pudermos devemos distribuir alegrias, sorrisos, felicidade. Só dessa maneira seremos recompensados com o mesmo presente ofertado.
E, quando algum dia eu tiver a certeza de que consegui fazer todo mundo feliz, quando eu conseguir arrancar de cada pessoa um sorriso de satisfação, uma risada liberada, uma gargalhada despreocupada, e principalmente quando eu tiver a certeza de não fui o motivo de uma lágrima no rosto de quem quer que seja, que eu não tenha feito mais ninguém triste, neste dia eu poderei ser promovido a Palhaço.
E aí sim, quando fecharem-se as cortinas e terminar o espetáculo, quando todos retornarem para às suas residências, podem ter a certeza que é esse aprendiz de Palhaço, a pessoa mais feliz!
...
Acendem-se os refletores !
Abrem-se as cortinas !
“
- Respeitável público ! ! ! !
“
Porto Alegre, 08/12/2004
Aí fizemos um churras de menor impacto e o dito apareceu. Ele e suas histórias incríveis. Todas elas na manga, prontas para deter a nossa atenção e encher o ambiente de riso. Não demorou e ele desatou a contar da vez em que foi dar uma banda de bicicleta com uma namorada do Parcão até a zona sul, acompanhados de uma garrafa de Daikiri Bacardi. Ela tomou um trago e caiu tanto tombo na bicicleta que ele perdeu as contas. E assim foi.. a da boca na calcinha, a do balão, da gata Morgana.. uma melhor que a outra.
O mais interessante é que as histórias não são mirabolantes, são fatos do cotidiano, que para pessoas como ele – um pouco atrapalhadas – ganham requintes por vezes desatrosos. Mas o que mais prende, sem dúvida, é o jeito com que ele as conta. Ele pode contar 34 vezes a mesma história, e nas 34 prenderá o mais disperso fio de atenção e fará brotar risadas de todos os cantos ecoantes da boca. Segundo uma amiga que também estava na platéia do churras: “eu já ouvi muitas vezes essa história, e cada vez é diferente de ouvir..”
Por vezes me pergunto também.. como pode algumas coisas serem, na lógica, tão iguais, mas no momento, sempre diferentes, e nunca deixarem de ser boas. Melhores, aliás..
Aproveito o momento para registrar aqui, um texto desse cara. Um cara que quem conhece logo vê tratar-se de uma pessoa ímpar. Não apenas por essas histórias, mas por fazer dos momentos simples da vida episódios divertidos, de colocar exclamação no final de todas as frases. “Ele fala com exclamação..!” Disse Alice.
Aprendiz de Palhaço
Régis
Acendem-se os refletores !
Abrem-se as cortinas !
- Respeitável público ! ! ! !
O ambiente todo é envolvido por uma música característica, inconfundível, que identifica bem e se mescla em harmonia com todo o espaço, dando ao conjunto um toque de magia e expectativa. Passam a desfilar em frente à platéia vários artistas caracterizados conforme a sua função, a sua especialidade, ao aplauso incessante do público curioso pelo espetáculo que vai iniciar !
São eles, trapezistas, malabaristas, domadores, ilusionistas, mágicos, palhaços. Por um momento imagino o que deve estar se passando no pensamento de cada um deles, na expectativa também deles de como irão se comportar os espectadores diante do show que será apresentado. Imagino e tento me transportar para o papel de cada um, tentando imaginar como me sentiria eu se estivesse tendo que interpretar cada um dos papéis dos personagens que ali estão se apresentando. Conforme vou imaginando, passo a verificar que também eu participo de um grande espetáculo. Um espetáculo em que diariamente estamos fazendo parte, e nem notamos. Um espetáculo em que participamos com várias características diferentes umas das outras, conforme a situação apresentada, fazendo em cada situação um papel diferente.
Muitas vezes sou anfitrião da apresentação, com todas as pompas e regalias pertinentes à mesma, tendo a honra de recepcionar os meus convidados com toda a atenção que merecem. Sou o dono de um universo diminuto, mas soberano sobre as atividades executadas, sendo o responsável pela harmonia e bem estar em que estão envolvidas as pessoas que foram convidadas à participar da cerimônia. Sou o soberano de um feudo imaginário onde estão presentes ao meu redor pessoas que me são muito importantes, e por isso merecem a minha maior atenção e minha sincera admiração.
Em outras vezes sou o domador, enfrentando um leão à cada dia, tendo sempre como desafio a certeza, a desvantagem da minha fragilidade e a confiança em mim mesmo.
Sou sabedor que a batalha é diária e constante, que não poderá ser deixada para mais tarde sob pena de esse tempo demorar muito a chegar, e eu estar mais velho e conseqüentemente mais fraco fisicamente quando vir a acontecer, dando muita vantagem para o inimigo. Sou sabedor de que poderei até perder a luta, mas que só saberei isso se tiver tentado ao menos uma vez. Sou sabedor de que mesmo tentando e perdendo uma vez, só poderei vencer a luta se tentar novamente.
E inteligente o suficiente para saber que se já tentei uma vez, e fui derrotado, tenho grande chance de obter a derrota novamente se tentar da mesma maneira.
...
Em outras vezes sou o alimentador de animais, que continua perseverante e dedicado nas minhas atividades, mesmo sabendo que jamais serei valorizado pelos meus serviços. E mesmo fazendo uma atividade que muitas vezes não é valorizada, e nem mesmo notada, tenho consciência que meu papel é muito importante para alguém, mesmo sabendo que essa pessoa seja a que realmente recebe os aplausos do público, como no caso do domador, quando coloca a sua cabeça na boca do animal.
Muitas vezes me apresento como malabarista, tentando equilibrar muitos problemas ao mesmo tempo, mantendo a serenidade para que consiga manter a estrutura o mais estável possível, porém sendo sabedor de que o pilar que sustenta tudo poderá romper-se num pequeno toque colocando a baixo toda uma estrutura que apresenta-se bastante sólida. Talvez, realmente o motivo a que leva a estrutura a continuar sólida é exatamente essa magia de conseguir transmitir a sensação de robustez, embora tenha sensação de fragilidade, não deixando transparecer para os que se apóiam nela.
E em algumas outras vezes me apresento como Palhaço. Isso mesmo. Palhaço! Palhaço que soa muitas vezes como ofensa, deboche, desprezo! Em muitas vezes cheguei até a usar essa característica para xingar alguém, não imaginando que com a passar do tempo, isso soaria para mim como o maior dos elogios. O Palhaço é simplesmente um artista, talvez o maior artista. Ele tem o dom de na simplicidade do seu ofício, conseguir transformar a realidade em sonho, ou talvez, o sonho em realidade, deixando aflorar apenas o lado inocente de nossas vidas, o lado criança, o lado alegre que possuímos, e que muitas vezes são afogados por todas as outras caracterizações.
Deixa aflorar o sonho que escondemos por estarmos envolvidos em uma vida agitada, corrida, de inversão de valores, de agressões e diferenças, o sonho de uma realidade que está presente dentro de nós mesmos, uma realidade que apenas ficou de lado, renegada por valores que nem mesmo nós sabemos por que modificamos. Sou um desses artistas que, tentam resgatar um pouco da simplicidade da vida, do sorriso estampado pela simples satisfação e alegria de se poder sorrir ! Do prazer de se poder dar uma boa gargalhada, mesmo que já se conheça o motivo, a história, a piada !
Pensando bem, não posso me comparar com um Palhaço, não posso ter essa pretensão, não tenho toda a bagagem necessária para assumir essa responsabilidade, sou isso sim apenas um aprendiz de Palhaço ! Alguém que tenta descobrir em cada um esse lado afogado, reprimido, deixado de lado, que tenta obter de cada um sorriso alegre, despreocupado uma risada gostosa, debochada, uma gargalhada desenfreada!
Alguém que com a ajuda dos amigos, consegue montar o seu circo sempre que tem oportunidade, e repassa velhas e conhecidas piadas e histórias, sempre bem aceitas pelo pequeno público que se apresenta, e que mesmo já conhecedor do final que se aproxima, retribui com uma participação talvez mais importante do que a participação do projeto de artista, premiando com uma risada o todo o esforço dedicado.
Devemos todos tentar ser um pouco Palhaço, um muito Palhaço, sempre que pudermos devemos distribuir alegrias, sorrisos, felicidade. Só dessa maneira seremos recompensados com o mesmo presente ofertado.
E, quando algum dia eu tiver a certeza de que consegui fazer todo mundo feliz, quando eu conseguir arrancar de cada pessoa um sorriso de satisfação, uma risada liberada, uma gargalhada despreocupada, e principalmente quando eu tiver a certeza de não fui o motivo de uma lágrima no rosto de quem quer que seja, que eu não tenha feito mais ninguém triste, neste dia eu poderei ser promovido a Palhaço.
E aí sim, quando fecharem-se as cortinas e terminar o espetáculo, quando todos retornarem para às suas residências, podem ter a certeza que é esse aprendiz de Palhaço, a pessoa mais feliz!
...
Acendem-se os refletores !
Abrem-se as cortinas !
“
- Respeitável público ! ! ! !
“
Porto Alegre, 08/12/2004
Monday, July 03, 2006
Ah o futebol..
Acho que é de senso comum que toda atividade que envolve muito dinheiro, muita política e muita fama – fama dessas de colocar o nome na história – é passível de resultados distoantes à vontade geral, ainda que de uma nação inteira.
Ilude-se quem pensa no futebol dentro das quatro linhas, camiseta suada e bola na rede. Os uniformes não servem mais para não confundir os jogadores de um time com os do outro, estilistas desenvolvem designs exuberantes e tecidos com tecnologia avançada. Foi-se o tempo das camisas surradas de malha e algodão.
Não houve cabeleira nessa Copa que não passou por algum “instituto de beleza”. Por certo os calções dos jogadores dvem ter um compartimento para guardar o lenço umedecido para não borrar a maquiagem.
Mas assim é, e duvido que mude. E eu, como a maioria dos brasileiros, continuaremos acreditando que nossos craques entrarão em campo dispostos a dar sangue pelos nossos times.
Descobri, nessa copa, que sou mais colorado que brasileiro. Bem mais. Minha euforia, vibração, nervosismo e até mesmo desespero não são comparáveis entre a seleção e o meu colorado. Sinto falta disso.. de ter essa identificação com o time que representa o nosso país. Em outras épocas era bem diferente. Dia desses peguei um táxi com um tiozinho que descre veu com detalhes a partida da final da Copa de 50 quando o Brasil perdeu para o Uruguai com mais de 170 mil no Maraca. O tio era tão desgraçado que me narrou os 3 gols da partida não deixando faltar nenhum jogador que tenha tocado na bola, seja do Uruguai ou do Brasil (Uru 2 x 1 Bra), com nome e sobrenome – ou apelido e nome.
Após o jogo o Brasil calou. Foi um silêncio que a nação só voltou a ver na morte do Getúlio. E descambou a falar do Getúlio. Mas aí é outro papo.
O fato é que o Brasil caiu no primeiro adversário à altura. É o problema de viver na ponta, com tantos craques. Nos damos ao luxo de passar 4 anos de amistosos, onde essas “estrelas” que vimos não são convocadas. Que saudade da magia do futebol.
Quatro estações...
Aos dez anos, as matérias da quarta série eram Língua Portuguesa, Matemática, Educação física, Estudos Sociais e Ciências. Numa dessas aulas de Ciências aprendemos as estações do ano. A professora sempre começava pela primavera e ia até o inverno. Primavera, verão, outono, inverno, sempre nessa ordem. E sempre com algum símbolo característico para cada estação. Os mais legais sempre foram as folhas dos plátanos para o outono e as flores para a primavera.
À medida que íamos crescendo fomos entendendo que existem muito mais características que definem uma ou outra estação. Sorvetes e picolés, praia e bronzeado, para o verão; café colonial e serra, chuva e frio, no inverno. Histórias infantis também se contextualizavam sazonalmente, como a fábula da formiga e da cigarra.
Se pensarmos nas coisas isoladamente, ainda que muito belas, talvez não durem mais do que uma estação, como o bronze do verão, ou a paisagem de folhas secas do outono. Os ciclos – compostos de vários elementos - contemplam todas as estações. As árvores, em especial as frutíferas, têm muito disso, de ciclos. Desde os processos de seiva bruta e seiva elaborada, fotossíntese, até a renovação das folhas e o amadurecimento dos frutos. E os frutos, mesmo depois de maduros e colhidos, trazem consigo novas sementes, que possivelmente darão continuidade ao ciclo, novamente passando por todas as estações.
Nenhuma árvore nasce para dar frutos apenas uma vez, numa só estação, e morrer. Uma árvore não é capim, que pode até ter um verde muito vivo, se alastrar pelos campos indiscriminadamente, mas não vive mais de uma estação, conseqüentemente não dá frutos e tampouco embeleza quando sem folhas. Uma árvore é única. Requer muito cuidado para que sempre produza bons frutos, e seja sempre forte e vistosa, em todas as estações.
Ilude-se quem pensa no futebol dentro das quatro linhas, camiseta suada e bola na rede. Os uniformes não servem mais para não confundir os jogadores de um time com os do outro, estilistas desenvolvem designs exuberantes e tecidos com tecnologia avançada. Foi-se o tempo das camisas surradas de malha e algodão.
Não houve cabeleira nessa Copa que não passou por algum “instituto de beleza”. Por certo os calções dos jogadores dvem ter um compartimento para guardar o lenço umedecido para não borrar a maquiagem.
Mas assim é, e duvido que mude. E eu, como a maioria dos brasileiros, continuaremos acreditando que nossos craques entrarão em campo dispostos a dar sangue pelos nossos times.
Descobri, nessa copa, que sou mais colorado que brasileiro. Bem mais. Minha euforia, vibração, nervosismo e até mesmo desespero não são comparáveis entre a seleção e o meu colorado. Sinto falta disso.. de ter essa identificação com o time que representa o nosso país. Em outras épocas era bem diferente. Dia desses peguei um táxi com um tiozinho que descre veu com detalhes a partida da final da Copa de 50 quando o Brasil perdeu para o Uruguai com mais de 170 mil no Maraca. O tio era tão desgraçado que me narrou os 3 gols da partida não deixando faltar nenhum jogador que tenha tocado na bola, seja do Uruguai ou do Brasil (Uru 2 x 1 Bra), com nome e sobrenome – ou apelido e nome.
Após o jogo o Brasil calou. Foi um silêncio que a nação só voltou a ver na morte do Getúlio. E descambou a falar do Getúlio. Mas aí é outro papo.
O fato é que o Brasil caiu no primeiro adversário à altura. É o problema de viver na ponta, com tantos craques. Nos damos ao luxo de passar 4 anos de amistosos, onde essas “estrelas” que vimos não são convocadas. Que saudade da magia do futebol.
Quatro estações...
Aos dez anos, as matérias da quarta série eram Língua Portuguesa, Matemática, Educação física, Estudos Sociais e Ciências. Numa dessas aulas de Ciências aprendemos as estações do ano. A professora sempre começava pela primavera e ia até o inverno. Primavera, verão, outono, inverno, sempre nessa ordem. E sempre com algum símbolo característico para cada estação. Os mais legais sempre foram as folhas dos plátanos para o outono e as flores para a primavera.
À medida que íamos crescendo fomos entendendo que existem muito mais características que definem uma ou outra estação. Sorvetes e picolés, praia e bronzeado, para o verão; café colonial e serra, chuva e frio, no inverno. Histórias infantis também se contextualizavam sazonalmente, como a fábula da formiga e da cigarra.
Se pensarmos nas coisas isoladamente, ainda que muito belas, talvez não durem mais do que uma estação, como o bronze do verão, ou a paisagem de folhas secas do outono. Os ciclos – compostos de vários elementos - contemplam todas as estações. As árvores, em especial as frutíferas, têm muito disso, de ciclos. Desde os processos de seiva bruta e seiva elaborada, fotossíntese, até a renovação das folhas e o amadurecimento dos frutos. E os frutos, mesmo depois de maduros e colhidos, trazem consigo novas sementes, que possivelmente darão continuidade ao ciclo, novamente passando por todas as estações.
Nenhuma árvore nasce para dar frutos apenas uma vez, numa só estação, e morrer. Uma árvore não é capim, que pode até ter um verde muito vivo, se alastrar pelos campos indiscriminadamente, mas não vive mais de uma estação, conseqüentemente não dá frutos e tampouco embeleza quando sem folhas. Uma árvore é única. Requer muito cuidado para que sempre produza bons frutos, e seja sempre forte e vistosa, em todas as estações.
Friday, June 30, 2006
62 anos e tri atualizada...
Na verdade ela beira os 63, a minha mãe. Mas antes do festão de aniversário, dia 28 de outubro, devemos ter uma bagunça generosa lá em casa daqui a um mês. Em 31 de agosto ela e meu pai comemoram nada mais, nada menos que 43 anos de casados. Cinco filhos e oito netos, é mole?
Apesar de toda essa carga.. apesar de ter passado muitos e muitos anos como dona de casa, essa super mulher é a responsável pelas minhas gargalhadas – ainda que não exteriorizadas – mais sinceras. É com ela que tenho os diálogos mais simples e mais ricos do dia a dia.
- E a França agora hein, mãe..!!? – comentei, lendo o jornal e tomando meu café com leite.
- Allé le blé!!!
- Bah!
- Esses franceses que não venham se fresquear! – dizia ela, temperando uns filés de peixe na pia da cozinha.
- Pois é.. quero só ver!
- Ainda bem que sábado vai ser light, não precisa voltar pro trabalho.
...
Sério.. fiquei pasmo! Minha mãe fala “light”.
Obs.. daqui apouco tem mais, voltem!
Apesar de toda essa carga.. apesar de ter passado muitos e muitos anos como dona de casa, essa super mulher é a responsável pelas minhas gargalhadas – ainda que não exteriorizadas – mais sinceras. É com ela que tenho os diálogos mais simples e mais ricos do dia a dia.
- E a França agora hein, mãe..!!? – comentei, lendo o jornal e tomando meu café com leite.
- Allé le blé!!!
- Bah!
- Esses franceses que não venham se fresquear! – dizia ela, temperando uns filés de peixe na pia da cozinha.
- Pois é.. quero só ver!
- Ainda bem que sábado vai ser light, não precisa voltar pro trabalho.
...
Sério.. fiquei pasmo! Minha mãe fala “light”.
Obs.. daqui apouco tem mais, voltem!
Wednesday, June 28, 2006
Saudade nova..
Já tive saudade de fugir, e uma vontade de ficar. Talvez fosse um fugir da saudade e ficar na vontade. Quando as confusões internas coincidem com as do mundo que nos cerca, tudo conspira para que até o ar que se respira nos fazer engasgar.
Há que se ter serenidade em meio à insanidade de querer viver e fazer tudo ao mesmo tempo para que se tenha certas percepções. Que por mais turbulentas que as coisas pareçam, a simplicidade de um parar e respirar recobra a consciência e devolve em forma de presente, o presente de tudo do melhor que já se quis.
Eu quis viver intensamente e me viciei
Um vício bom, disperso em horas, se esvai no tempo
O que eram apenas boas recordações
Passam a dar sinais de abstinência
Inicia-se logo uma busca incessante
Todo e qualquer vestígio faz valer um sacrifício
Até que se recorre ao poder de transformar
Imaginação em sensação
A lembrança de um simples beijo faz molhar a boca
Posso sentir na pele, a pele macia que me encosta quente
O perfume no pescoço, que ao suspirar arrepia
E o brilho nos olhos de cada bom dia
Os olhos correm ao relógio e meio dia já se foi, para onde não sei.
Minha saudade é nova que meu peito não dói, apenas constrói,
Entre risos e beijos, ofegantes desejos, uma vida que jamais sonhei.
Há que se ter serenidade em meio à insanidade de querer viver e fazer tudo ao mesmo tempo para que se tenha certas percepções. Que por mais turbulentas que as coisas pareçam, a simplicidade de um parar e respirar recobra a consciência e devolve em forma de presente, o presente de tudo do melhor que já se quis.
Eu quis viver intensamente e me viciei
Um vício bom, disperso em horas, se esvai no tempo
O que eram apenas boas recordações
Passam a dar sinais de abstinência
Inicia-se logo uma busca incessante
Todo e qualquer vestígio faz valer um sacrifício
Até que se recorre ao poder de transformar
Imaginação em sensação
A lembrança de um simples beijo faz molhar a boca
Posso sentir na pele, a pele macia que me encosta quente
O perfume no pescoço, que ao suspirar arrepia
E o brilho nos olhos de cada bom dia
Os olhos correm ao relógio e meio dia já se foi, para onde não sei.
Minha saudade é nova que meu peito não dói, apenas constrói,
Entre risos e beijos, ofegantes desejos, uma vida que jamais sonhei.
Monday, June 26, 2006
Um veado quase completo..

Analisando os elementos que compunham o caféda manhã, concluí:
- Comida de veado!
- Como assim?
- Quem mais compra essas coisas, senão um veado? Peito de peru defumado light, requeijão light, leite desnatado.. Pão de centeio light!!! Pão de centeio já é coisa de bicha, imagina pão de centeio light...! Esse pão é de veado!
- Besteira tua..
Passadas algumas semanas, lá estava eu no Bourbon, comprando peito de peru defumado light e requeijão light. Se minha mãe perguntasse alguma coisa diria que nem tinha visto. Minha distração seria meu álibi. Mas o pão eu não compraria nem por decreto. Além do mais, meu pai sempre compra cacetinho. Passei então a tratar o outro pão por “Pão de veado”.. “Alcança o pão de veado..”, “Acabou o pão de veado..”, assim.
Cada comentário era rebatido com.. “Não é pão de veaaaaado..”, “Mas bem que tu come, o pão de veado..” Ou então tinha algumas atitudes associadas de forma maliciosa.. “Hum.. camisa rosa e comendo pão de veado.. não sei não..”. Agora tudo recaía sobre o pão de veado.
Um teste viria, para confirmar a condição masculina convictamente.
Fui buscar um copo d’água na cozinha. Acendi a luz e voltei ao quarto. Abaixei-me para pegar o delicado chinelo que estava ao lado da cama.
- O que houve?
- Ossos do ofício.. Kafka
- Iiiihhh..
...
- (pááááá!!!) – um golpe seco com resultado nem tanto.
- Uuuuhhhi – ecoou do quarto
...
- Já trago a água.
- Houve um assassinato na cozinha, foi isso?
- Mais ou menos..
- Muito grande?
- Não. Pequena.
- Pode falar..
- É sério,. era pequena.
- Não devia estar sozinha..
- Tava sim!
- Elas nunca andam sozinhas..
- Pois estava.
Voltei à cozinha para limpar o local do crime e para a cerimônia fúnebre e avistei um familiar. Porém não foi possível dar o mesmo destino.
- Ponto pra ti..
- Quê..?
- Não estava sozinha.
- Eu te falei..
Bebi a água e me deitei. Mas ainda tinha sede.
- O que foi?
- Vou no banheiro..
- Hum..
- Que isso? Quer mais água?
- É..
...
- Ó!
- Obrigado!
- Na verdade fiquei com medo de voltar à cozinha..
- Hahahahahahaha! Da próxima vez me chama que eu mato!
- Hahahahahahaha, daí sim: um veado completo!!! Hahahahahahahha
- Hahahahahhahahahhahaha
- Hahahahhahahahahahha..
- Hahahahahhahaha
Friday, June 23, 2006
A melhor.. ou a limpa..?
Descobri um dos segredos da humanidade! O do porquê das pessoas relaxarem na aparência. Tem gente que é vaidoso por natureza. Se veste bem em qualquer ocasião, tá sempre reparando no próprio visual. Mas acredito que a grande maioria capriche na produção apenas quando está sozinha. Para um simples encontro com os amigos num bar, escolhe-se uma camisa impecável, uma calça que combine, o melhor sapato e aquele perfume infalível. Num final de semana na praia leva-se chinelo apenas por necessidade. É capaz de recorrer às compras na sexta à noite, em busca de uma bermuda ou um biqíni novo. Já vi gente levando gel para acampamento no meio do mato, pode?
Pode! Quando se está sozinho é preciso estar bonito até pra buscar o pão pro café da manhã. Nada de pantufas e pijama. Descobri isso numa fila de banheiro. Lembro das histórias inusitadas na fila do extinto Elo ou do Cabaret Voltaire. Daria pra escrever um livro.. Filosofias de uma fila de banheiro. Pois numa dessas estava eu - devidamente apertado – aguardando, quieto, a minha vez. Observei o primeiro da fila – um gordinho.
Certo que ele.. ou estava acompanhado ou não estava nem aí para as gurias. Uma camisa xadrez vermelha tipo toalha de cantina, uma calça social cinza-escuro e um relógio de pulseira amarela. Ele não podia ter se vestido assim pensando em despertar interesse em alguma mulher. Ou ele já tinha a dele ou ia ficar sozinho. De repente ele até tivesse tomado banho, só a roupa que era feia.
Aí é que está..! Será que não agimos assim quando estamos já há algum tempo com alguém? Não digo de colocar uma roupa feia, porque embora não se faça mais aquela produção de impacto, pelo menos o bom senso adverte no caso de camisa xadrez vermelha com calça chumbo e relógio amarelo. O que pode ocorrer é preocuparmo-nos mais em colocar uma roupa limpa e confortável do que vestir-se bem.
Desenvolvi essa teoria toda no intervalo de uma ida ao banheiro. Mesmo apertado falei isso pra guria que estava na minha frente, analisando o gordinho. Ao final ela concordou comigo, disse que era bem por aí mesmo, dando uma olhadela naquela camisa xadrez. Depois, virou-se pro meu lado, olhou as minhas roupas e lascou:
- E tu, vestiu a melhor roupa.. ou a limpa?
Após um rápido exercício mental, tive que responder..
- Pior que só passei em casa e passei a mão no que estava limpo.
O banheiro desocupou e ela entrou, levantantando as sobrancelhas e mostrando as palmas das mãos. Fiquei ali, apertado, pensando na minha teoria e estudando uma forma de rever meu vestuário. Hoje vou pra noite com minha camisa nova..
Pode! Quando se está sozinho é preciso estar bonito até pra buscar o pão pro café da manhã. Nada de pantufas e pijama. Descobri isso numa fila de banheiro. Lembro das histórias inusitadas na fila do extinto Elo ou do Cabaret Voltaire. Daria pra escrever um livro.. Filosofias de uma fila de banheiro. Pois numa dessas estava eu - devidamente apertado – aguardando, quieto, a minha vez. Observei o primeiro da fila – um gordinho.
Certo que ele.. ou estava acompanhado ou não estava nem aí para as gurias. Uma camisa xadrez vermelha tipo toalha de cantina, uma calça social cinza-escuro e um relógio de pulseira amarela. Ele não podia ter se vestido assim pensando em despertar interesse em alguma mulher. Ou ele já tinha a dele ou ia ficar sozinho. De repente ele até tivesse tomado banho, só a roupa que era feia.
Aí é que está..! Será que não agimos assim quando estamos já há algum tempo com alguém? Não digo de colocar uma roupa feia, porque embora não se faça mais aquela produção de impacto, pelo menos o bom senso adverte no caso de camisa xadrez vermelha com calça chumbo e relógio amarelo. O que pode ocorrer é preocuparmo-nos mais em colocar uma roupa limpa e confortável do que vestir-se bem.
Desenvolvi essa teoria toda no intervalo de uma ida ao banheiro. Mesmo apertado falei isso pra guria que estava na minha frente, analisando o gordinho. Ao final ela concordou comigo, disse que era bem por aí mesmo, dando uma olhadela naquela camisa xadrez. Depois, virou-se pro meu lado, olhou as minhas roupas e lascou:
- E tu, vestiu a melhor roupa.. ou a limpa?
Após um rápido exercício mental, tive que responder..
- Pior que só passei em casa e passei a mão no que estava limpo.
O banheiro desocupou e ela entrou, levantantando as sobrancelhas e mostrando as palmas das mãos. Fiquei ali, apertado, pensando na minha teoria e estudando uma forma de rever meu vestuário. Hoje vou pra noite com minha camisa nova..
Wednesday, June 21, 2006
Brincando na chuva..
Meu pai fica louco se saio de casa sem guarda-chuva quando está chovendo. “Olha o guarda-chuva!” – alerta ele enquanto tomo café. Sempre foi assim. E eu sempre tento dar um jeito de sair de fininho quando ele se distrai. Parece coisa de criança até.
Aliás, devo ter um que de criança que não me abandona. Por um lado dá um medo de, de repente, ter crescido e a mente não ter acompanhado. Mas por outro uma imensa alegria de ver graça em tudo. Mesmo quando me mantenho sério muitas vezes estou gargalhando por dentro. Digo isso por uma frase que ouvi dia desses: “Às vezes te vejo como uma criança.”
Na hora aquilo me soou estranho, quis saber o que, em mim, fazia passar essa imagem. Depois de um pouco de conversa, e de ver que não era uma crítica de uma imagem ruim, eu mesmo percebi muitos momentos dessa parcela criança.
Um deles, que me foi lembrado, foi o de apertar o botãozinho da sinaleira pra atravessar a rua. Um dia me disseram que dava choque, aquele botãozinho. E até hoje dá um friozinho cada vez que me aproximo da caixinha preta que o envolve. E talvez isso tudo se manifeste em trejeitos que fazem eu ter essa imagem.
E o que é ser criança? Não mais é que a faixa de idade em que temos um pouco mais de liberdade de expressão. Podemos brincar ajoelhados ou mesmo debruçados com carrinhos réplicas de Ferraris; encher o tanque de água simulando uma lagoa, podemos criar diálogos falando sozinhos, enfim, uma série de coisas que, se fizéssemos hoje, seríamos chamados de loucos.
À criança se dá essa liberdade, e até se criam escudos que defendem esses atos. Aquelas rodelas de couro costuradas nos joelhos das calças de abrigo pra poder se ajoelhar à vontade sem rasgar a roupa. Lembram? Parece ridículo hoje, não? Mais ridículo é imaginar um adulto brincando ajoelhado e criando diálogos imaginários com bonequinhos no meio da sala.
Então, já que minhas calças não podem ter as rodelas de couro nos joelhos, tampouco posso brincar ajoelhado ou criar diálogos com meus bonequinhos, recheio minha vida e, conseqüentemente, a de quem está ao meu redor com elementos que remetem à infância. Algum gesto, palavras, uma pronúncia errada propositalmente, lembrança dos brinquedos e das brincadeiras da época.. tudo para buscar e provocar o riso na sua forma mais pura e limpa.
Um riso puro e limpo. Feliz de quem não tem vergonha de mostrar sua parcela criança e assim o conserva. Muito melhor do que ter saudade de bons momentos é ter a consciência desses momentos e vivê-los intensamente, ainda que com jeito de criança. É o que torna cada instante eterno. Um durante sem gosto de acabar. Um agora com perfume de ontem e desejo de amanhã.. um enquanto um tanto quanto sem fim.
Aliás, devo ter um que de criança que não me abandona. Por um lado dá um medo de, de repente, ter crescido e a mente não ter acompanhado. Mas por outro uma imensa alegria de ver graça em tudo. Mesmo quando me mantenho sério muitas vezes estou gargalhando por dentro. Digo isso por uma frase que ouvi dia desses: “Às vezes te vejo como uma criança.”
Na hora aquilo me soou estranho, quis saber o que, em mim, fazia passar essa imagem. Depois de um pouco de conversa, e de ver que não era uma crítica de uma imagem ruim, eu mesmo percebi muitos momentos dessa parcela criança.
Um deles, que me foi lembrado, foi o de apertar o botãozinho da sinaleira pra atravessar a rua. Um dia me disseram que dava choque, aquele botãozinho. E até hoje dá um friozinho cada vez que me aproximo da caixinha preta que o envolve. E talvez isso tudo se manifeste em trejeitos que fazem eu ter essa imagem.
E o que é ser criança? Não mais é que a faixa de idade em que temos um pouco mais de liberdade de expressão. Podemos brincar ajoelhados ou mesmo debruçados com carrinhos réplicas de Ferraris; encher o tanque de água simulando uma lagoa, podemos criar diálogos falando sozinhos, enfim, uma série de coisas que, se fizéssemos hoje, seríamos chamados de loucos.
À criança se dá essa liberdade, e até se criam escudos que defendem esses atos. Aquelas rodelas de couro costuradas nos joelhos das calças de abrigo pra poder se ajoelhar à vontade sem rasgar a roupa. Lembram? Parece ridículo hoje, não? Mais ridículo é imaginar um adulto brincando ajoelhado e criando diálogos imaginários com bonequinhos no meio da sala.
Então, já que minhas calças não podem ter as rodelas de couro nos joelhos, tampouco posso brincar ajoelhado ou criar diálogos com meus bonequinhos, recheio minha vida e, conseqüentemente, a de quem está ao meu redor com elementos que remetem à infância. Algum gesto, palavras, uma pronúncia errada propositalmente, lembrança dos brinquedos e das brincadeiras da época.. tudo para buscar e provocar o riso na sua forma mais pura e limpa.
Um riso puro e limpo. Feliz de quem não tem vergonha de mostrar sua parcela criança e assim o conserva. Muito melhor do que ter saudade de bons momentos é ter a consciência desses momentos e vivê-los intensamente, ainda que com jeito de criança. É o que torna cada instante eterno. Um durante sem gosto de acabar. Um agora com perfume de ontem e desejo de amanhã.. um enquanto um tanto quanto sem fim.
Monday, June 19, 2006
Ainda sobre vulcões...
Fragmentos do texto que escrevi no dia 17 de janeiro, sobre vulcões..
Que amantes incondicionais são como vulcões: podem passar um bom tempo na calmaria, totalmente pacíficos. Porém, por baixo de uma espessa crosta, extremamente dura de rocha que é, escondem uma paixão que, quando em erupção, nada mede sua temperatura. Derretem as mais sólidas camadas magmáticas que os encrostam.
O fogo é que atrai homens e mulheres, é comum e fundamental aos amantes.
Não precisava mais de pedras, e sim de abalos sísmicos.
Hoje, cinco meses depois, digo que, há muito, um forte tremor fez me descobrir vulcão. Depois, abalos menores não foram capazes de causar impacto sequer parecido. Assim, por anos e anos sem registros sísmicos relevantes como o de outrora, a camada de crosta tornou-se cada vez maior e mais difícil de ser quebrada.
Cheguei a acreditar que jamais sentiria o sangue como lava quente percorrendo as veias sedentas de calor. Passaria o resto dos dias como montanha que tinha sim um calor incontrolável guardado, e que assim ficaria. Contentaria-me com lembranças saudosas e intempéries efêmeras que não provariam desse calor.
Como pode o homem ser tão descrente e despretensioso? Talvez medo de sofrer, de se frustrar, de sentir que se subiu tão alto que uma queda seria fatal a qualquer sentimento futuro. Mas por razões que estão acima do entendimento veio à tona o incandescente numa fusão de lavas, antes distintas, agora únicas.
O calor supera o medo, e a maior preocupação é, não a de se frustrar, mas de não frustrar. De que um eventual sofrimento não diminui nem oculta tantos momentos de felicidade sem medida. Sintonia e desejo alimentam o fogo e mantém a chama, que por dois corpos num só, se alastra, funde vontades e sonhos, faz uma cadeia de atos que culmina em êxtase mútua.
Se as noites não podem ser maiores, são infindas até que se adormeça. E que bom que não são eventuais. São todas e são plenas.
Que amantes incondicionais são como vulcões: podem passar um bom tempo na calmaria, totalmente pacíficos. Porém, por baixo de uma espessa crosta, extremamente dura de rocha que é, escondem uma paixão que, quando em erupção, nada mede sua temperatura. Derretem as mais sólidas camadas magmáticas que os encrostam.
O fogo é que atrai homens e mulheres, é comum e fundamental aos amantes.
Não precisava mais de pedras, e sim de abalos sísmicos.
Hoje, cinco meses depois, digo que, há muito, um forte tremor fez me descobrir vulcão. Depois, abalos menores não foram capazes de causar impacto sequer parecido. Assim, por anos e anos sem registros sísmicos relevantes como o de outrora, a camada de crosta tornou-se cada vez maior e mais difícil de ser quebrada.
Cheguei a acreditar que jamais sentiria o sangue como lava quente percorrendo as veias sedentas de calor. Passaria o resto dos dias como montanha que tinha sim um calor incontrolável guardado, e que assim ficaria. Contentaria-me com lembranças saudosas e intempéries efêmeras que não provariam desse calor.
Como pode o homem ser tão descrente e despretensioso? Talvez medo de sofrer, de se frustrar, de sentir que se subiu tão alto que uma queda seria fatal a qualquer sentimento futuro. Mas por razões que estão acima do entendimento veio à tona o incandescente numa fusão de lavas, antes distintas, agora únicas.
O calor supera o medo, e a maior preocupação é, não a de se frustrar, mas de não frustrar. De que um eventual sofrimento não diminui nem oculta tantos momentos de felicidade sem medida. Sintonia e desejo alimentam o fogo e mantém a chama, que por dois corpos num só, se alastra, funde vontades e sonhos, faz uma cadeia de atos que culmina em êxtase mútua.
Se as noites não podem ser maiores, são infindas até que se adormeça. E que bom que não são eventuais. São todas e são plenas.
Monday, June 12, 2006
Pra quem o cara agradece?

Por que tudo isso? Achamos que conhecemos a nós mesmos e muito daqueles que estão ao nosso redor. Chegamos a apostar e querer que um dia seremos surpreendidos por pessoas e situações desconhecidas, quando estivermos desprevenidos. E acabamos criando defesas e barreiras, tanto para o novo quanto para o que já faz parte da nossa vida.
Acontece que, inconscientemente, as barreiras para o que ou quem conhecemos tornam-se mais frágeis, vulneráveis.. funcionam mais como advertências de não ultrapassar certos limites, e não bloqueio, como para o novo. E essas surpresas avassalam como o fogo que se alastra, e chutamos essas barreiras pra longe, nos permitindo tornar o que se achava conhecido em novo.. permitindo tornar-se novo, a cada ato, para quem era conhecido.
Desprovidos das defesas sentimos um calor incontrolável tomando conta.. buscamos à volta algo que sirva para conter, sabendo que longe já está. Nos arrastamos, já deitados de costas, numa vã tentativa de fuga. Mas as pernas já não mais respondem e não há forças para gritar. Deixamo-nos levar então, à mão do embalo dessa surpresa boa, sempre tentando entender a razão, o porquê.
Por sorte entendemos que preocupações e medos em demasia podem ocultar o sabor, sem igual, do presente. A sorte do amanhã não nos pertence. É prêmio a quem não deixa passar o hoje sem brilho. E já que não há mais tanta relevância em querer saber o porquê, apenas de viver intensamente cada segundo do presente que é hoje, nos resta então agradecer àquele que, por seus motivos, resolveu nos presentear assim: para cada dia bom, uma noite melhor; para cada bom dia doce, um boa noite enlouquecedor, e para todo antes ótimo, um agora maravilhoso..
Obrigado, JC!!!
Friday, June 09, 2006
Pobre do mosquitinho...
Essa semana recebemos um email para conhecimento e providências. O conteúdo: retirar os adesivos dos bonecos da vivo dos carros. Teria que mandar numa dessas empresas de sinalização. Eu tinha ido ali na Paquetá do Parcão comprar os kits pra assistir aos jogos do Brasil no Opinião. Quando voltei fiquei olhando o carro.. os bonecos.. e pensei: vou puxar uma pontinha do decalque...
A pontinha veio vindo, veio vindo... até que tirei todo o boneco da porta. Gostei da brincadeira e fui pro próximo. Assim fui.. até que tirei todos os adesivos do carro. Ficou muito diferente. Pois bem, precisava mandar lavar, embaixo dos adesivos tava bem limpinho, mas o resto... O problema é que ficou boa parte da cola na lataria, e vi que aquilo ia logo logo atrair sujeira.
Mandei lavar. Tive o cuidado de pedir pro cara remover a cola. Pergunta se ele tirou.. Óbvio que não. Cada vez que encostava a mão na porta grudava. Quando fui, enfim, sair com o carro, notei um pontinho escuro na porta do carona. Era um mosquitinho que grudara suas asas na cola da porta e se debatia como louco pra tentar sair dali. Percebi que tinha que ajudá-lo. Peguei a pontinha da chave e fui empurrar a asinha... ploft.. saiu um pedaço do pobre do bicho e grudou mais adiante.
Ele parou de se debater, não sei por quê. Bom, já que o bicho já era, resolvi meter a mão e, pelo menos, deixar a porta limpa, sem vestígios de mosquito suicida, ou de parte dele. “Salivei” o dedo e tentei tirar o corpo dali. Que nada... os restos do bicho foram se espalhando, se espalhando e sujando mais e mais a porta.
Desisti! Tá lá, o bicho!
Eight days a week...
Algo como o chocolate, que costuma quebrar regras. Quando longe dos olhos não perturba. Mas assim, como diante do chocolate favorito, o barulhinho da embalagem se abrindo, o aroma.. aliado à forma, textura.. temperatura, aquela que se derrete ao mais leve toque. Compulsão? Desejo? Vício? Descontrole... Eu diria prazer..
Sem nenhuma moderação quer mais, pede mais.. e estar longe dos olhos não é mais garantia de controle.. as horas passam, a noite cai.. às vezes fria, de repente quente..
Por que tão ardente? Se no calor o chocolate se derrete.. e busca novamente a boca que jamais sacia.. do prazer do sabor, de uma semana de oito dias...
Perspectiva...
Há duas semanas encasquetei com essa música do Jorge Mautner. Faz tempo que a conheço, sempre gostei. Mas agora eu queria a letra inteira, com as palavras em russo e tudo! Às vezes a ouço na Ipanema ou na FM Cultura. Então fui buscar a letra na rede mundial de computadores. Como bom seguidor de Murphy, não a encontrei. Deixei passar, procuraria outro dia. Não! Eu queria a letra agora (há duas semanas) e estava disposto a vasculhar o site que fosse para encontrá-la. Procurei, procurei, procurei.. nada! Google, Altavista.. nada! Tomei uma atitude de emergência: coloquei anúncio no nick do msn: “Alô!!! Um UPA e um BEIJO pra quem me conseguir a letra de Perspectiva do Jorge Mautner” Fiz isso depois de esgotar todas as fontes onde eu poderia procurar.
O engraçado foi ver a preocupação do pessoal, não sei se com o meu desespero ou com a recompensa. Sim, porque teve gente que até perguntou se tinha como ganhar a recompensa sem ter me conseguido a letra. Hahahhahahhaa!!! E outros.. “bah, não achei nada!”, “Não consegui achar essa música..” É óbvio! Óbvio! Eu estava há duas semanas procurando. O que leva uma pessoa a pensar que em cinco minutos acharia? E olha que não foram poucos. Mas, de qualquer forma, gostei muito do empenho do pessoal.
Depois dessas duas semanas a atitude mais drástica: eu ia comprar o cd. Azar! Como o personagem sou eu.. não tinha na Banana Records e nem na Multisom. Acabei comprando na Toca do Disco e... pirata! Ou seja, sem encarte!
Só que agora.. eu!!!! Tive o trabalho de digitar a letra todinha e publico, para todo o mundo, coim exclusividade, para todos os amantes da boa música e das boas palavras..
Perspectiva – Jorge Mautner e Nelson Jacobina
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Assim vou caminhando
Por esta vida
Assim eu vou andando
Por esta imensa avenida
Vivendo não sei bem por quê
Sempre numa grande expectativa ahh
E avenida em russo quer dizer perspectiva
E avenida em russo quer dizer perspectiva
Sendo assim eu lhe pergunto
Se você não quer ser
A minha avenida, a minha ávida vida
A minha expectativa, a minha perspectiva
A minha expectativa, a minha perspectiva
Por exemplo
Perspectiva é avenida
Avenida Nevsky: perspectiva Nevsky
Avenida Getúlio Vargas: perspectiva Getúlio Vargas
Avenida Brasil: perspectiva Brasil
Avenida Paulista: perspectiva Paulista
É.... glasnost... transparência
E abertura é perestroika
Karandash é lápis e babushka é vovó
E camarada, ah camarada é tovarish
E paz, paz é mir mir mir
Gosto de quem gosta...
Para a rua, tambores e poetas
Ainda há palavras lindas
U R S S – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Ó tu, União Soviética, Cristo entre as nações
Para o júbilo, o planeta ainda está imaturo
É preciso arrancar alegria lá do futuro
Morrer nesta vida não é difícil
O difícil é a vida e seu ofício
E os demais todo mundo sabe
O coração tem moradia certa
Bem aqui no meio do peito
Mas é que comigo
A anatomia ficou louca
E sou todo, todo, todo, mas todo...
Coração
A pontinha veio vindo, veio vindo... até que tirei todo o boneco da porta. Gostei da brincadeira e fui pro próximo. Assim fui.. até que tirei todos os adesivos do carro. Ficou muito diferente. Pois bem, precisava mandar lavar, embaixo dos adesivos tava bem limpinho, mas o resto... O problema é que ficou boa parte da cola na lataria, e vi que aquilo ia logo logo atrair sujeira.
Mandei lavar. Tive o cuidado de pedir pro cara remover a cola. Pergunta se ele tirou.. Óbvio que não. Cada vez que encostava a mão na porta grudava. Quando fui, enfim, sair com o carro, notei um pontinho escuro na porta do carona. Era um mosquitinho que grudara suas asas na cola da porta e se debatia como louco pra tentar sair dali. Percebi que tinha que ajudá-lo. Peguei a pontinha da chave e fui empurrar a asinha... ploft.. saiu um pedaço do pobre do bicho e grudou mais adiante.
Ele parou de se debater, não sei por quê. Bom, já que o bicho já era, resolvi meter a mão e, pelo menos, deixar a porta limpa, sem vestígios de mosquito suicida, ou de parte dele. “Salivei” o dedo e tentei tirar o corpo dali. Que nada... os restos do bicho foram se espalhando, se espalhando e sujando mais e mais a porta.
Desisti! Tá lá, o bicho!
Eight days a week...
Algo como o chocolate, que costuma quebrar regras. Quando longe dos olhos não perturba. Mas assim, como diante do chocolate favorito, o barulhinho da embalagem se abrindo, o aroma.. aliado à forma, textura.. temperatura, aquela que se derrete ao mais leve toque. Compulsão? Desejo? Vício? Descontrole... Eu diria prazer..
Sem nenhuma moderação quer mais, pede mais.. e estar longe dos olhos não é mais garantia de controle.. as horas passam, a noite cai.. às vezes fria, de repente quente..
Por que tão ardente? Se no calor o chocolate se derrete.. e busca novamente a boca que jamais sacia.. do prazer do sabor, de uma semana de oito dias...
Perspectiva...
Há duas semanas encasquetei com essa música do Jorge Mautner. Faz tempo que a conheço, sempre gostei. Mas agora eu queria a letra inteira, com as palavras em russo e tudo! Às vezes a ouço na Ipanema ou na FM Cultura. Então fui buscar a letra na rede mundial de computadores. Como bom seguidor de Murphy, não a encontrei. Deixei passar, procuraria outro dia. Não! Eu queria a letra agora (há duas semanas) e estava disposto a vasculhar o site que fosse para encontrá-la. Procurei, procurei, procurei.. nada! Google, Altavista.. nada! Tomei uma atitude de emergência: coloquei anúncio no nick do msn: “Alô!!! Um UPA e um BEIJO pra quem me conseguir a letra de Perspectiva do Jorge Mautner” Fiz isso depois de esgotar todas as fontes onde eu poderia procurar.
O engraçado foi ver a preocupação do pessoal, não sei se com o meu desespero ou com a recompensa. Sim, porque teve gente que até perguntou se tinha como ganhar a recompensa sem ter me conseguido a letra. Hahahhahahhaa!!! E outros.. “bah, não achei nada!”, “Não consegui achar essa música..” É óbvio! Óbvio! Eu estava há duas semanas procurando. O que leva uma pessoa a pensar que em cinco minutos acharia? E olha que não foram poucos. Mas, de qualquer forma, gostei muito do empenho do pessoal.
Depois dessas duas semanas a atitude mais drástica: eu ia comprar o cd. Azar! Como o personagem sou eu.. não tinha na Banana Records e nem na Multisom. Acabei comprando na Toca do Disco e... pirata! Ou seja, sem encarte!
Só que agora.. eu!!!! Tive o trabalho de digitar a letra todinha e publico, para todo o mundo, coim exclusividade, para todos os amantes da boa música e das boas palavras..
Perspectiva – Jorge Mautner e Nelson Jacobina
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Gosto de quem gosta
Das coisas sem querer prendê-las
Gosto de quem gosta, como eu
De ficar namorando, ficar se beijando, olhando
Para as estrelas
Assim vou caminhando
Por esta vida
Assim eu vou andando
Por esta imensa avenida
Vivendo não sei bem por quê
Sempre numa grande expectativa ahh
E avenida em russo quer dizer perspectiva
E avenida em russo quer dizer perspectiva
Sendo assim eu lhe pergunto
Se você não quer ser
A minha avenida, a minha ávida vida
A minha expectativa, a minha perspectiva
A minha expectativa, a minha perspectiva
Por exemplo
Perspectiva é avenida
Avenida Nevsky: perspectiva Nevsky
Avenida Getúlio Vargas: perspectiva Getúlio Vargas
Avenida Brasil: perspectiva Brasil
Avenida Paulista: perspectiva Paulista
É.... glasnost... transparência
E abertura é perestroika
Karandash é lápis e babushka é vovó
E camarada, ah camarada é tovarish
E paz, paz é mir mir mir
Gosto de quem gosta...
Para a rua, tambores e poetas
Ainda há palavras lindas
U R S S – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Ó tu, União Soviética, Cristo entre as nações
Para o júbilo, o planeta ainda está imaturo
É preciso arrancar alegria lá do futuro
Morrer nesta vida não é difícil
O difícil é a vida e seu ofício
E os demais todo mundo sabe
O coração tem moradia certa
Bem aqui no meio do peito
Mas é que comigo
A anatomia ficou louca
E sou todo, todo, todo, mas todo...
Coração
Tuesday, June 06, 2006
Nuvens...

E saíram! Em março, quando mandei revelar os filmes, tive uma surpresa muito boa: muitas das fotos eram merecedoras de moldura. Me empolguei mais ainda pra fazer o tal curso. Fiz e aprendi bastante coisa interessante. Como revelar fotos, por exemplo. Mas um outro ponto do curso que me deixou de queixo caído foram os filtros. Bah, existe filtro pra tudo que se pode imaginar.. pra dar efeito de estrelinha, pra bater foto bem de pertinho, pra dar um tom de determinada cor..
Mas o filtro mais legal de todos é o polarizador! Tu encaixa ele na frente da lente e ele polariza a luz dispersa, tirando o reflexo da água e dos vidros, e dando vida aos tons de verde das árvores e realçando o azul intenso do céu, fazendo ali contrastar o branco das nuvens que ficam como algodão no anil. Uma maravilha aos olhos..
E eu, que sempre gostei de apreciar as nuvens, especialmente quando elas permitiam à minha fértil imaginação formar coisas das mais diversas, estava fascinado! Agora o cachorro, urso, dinossauro.. tinham um toque especial. Podia perder horas apreciando as formas mais diversas e fascinantes que as nuvens de algodão tomavam.
Assim, como as chamas de uma fogueira e as ondas do mar, as nuvens encantam pelo simples fato de, mesmo sendo diferentes umas das outras, em nenhum momento perderem a graça e a beleza, e a capacidade de fazer nossa imaginação viajar. Como podem..? Nenhuma igual à outra, nenhuma sem brilho, sem a graça, todas belas, especiais, mágicas..
E pensar que são água.. e que um simples estender de braços não as alcança, há que se ir aos céus para senti-las. E não são palpáveis, apenas úmidas, completamente.. e em dias de chuva, uma delas, carregada positivamente, e outra, negativamente, se aproximam.. e do seu contato, tamanha energia é produzida que seu efeito é sentido a distâncias extremas. E seu contato não cessa.. até que precipitam mutuamente.. como se não fossem parar.. e não param. Ainda que a previsão seja de sol, nunca se sabe quando vai chover, mas quando chove..
Friday, June 02, 2006
Significados de um tchau..

Um tchau, geralmente, é a última palavra de um diálogo. É o que caracteriza o desligamento, seja ele físico ou não.. um telefonema, uma conversa no msn, um email..
Quando sentimos segurança em relação a alguém, um tchau é apenas como reticências, um segue, um continua, um até mais. Quando não, assusta. Não dá a certeza de um novo oi. Dependendo das circuntâncias que antecederam o tchau, em contrapartida àquela falta de segurança, essa incerteza assusta mesmo.
Podemos pensar que cada tchau pode ser uma despedida, ainda que já venha carregado de saudade. Um tchau ouvido como adeus pode ser a despedida mais triste quando se trata de alguém que se gosta e quer muito.
E não vai ser em palavras que um tchau vai mudar de significado. Deixar de ser despedida e se tornar até breve... Pequenas atitudes e gestos, com o passar do tempo, carregarão um tchau – antes de partida, sem garantia de retorno – de elementos que cada vez mais o deixarão com cara de até logo: o tom de saudade na entonação, a linha de um olhar, que estica sem romper, um derradeiro carinho, suave.. um último toque nas pontas dos dedos, que se seguram e.. finalmente se soltam, mas não pra se desprender.. como um último gole numa taça de um bom vinho que anseia encher novamente e ser deliciosamente degustado.
E por mais que tudo isso aconteça, o gosto bom da certeza incerta de uma despedida sempre vai deixar um próximo oi.. melhor do que todos os anteriores. Quando um tchau for o selo de algo saciado, aí sim seria de assustar. Por isso um bom tchau tem que ser, na origem, assim, tênue a um adeus, mas tão carregado de saudade que um medo bom o fará soar como um até breve...
Wednesday, May 31, 2006
O poder da brisa e do vento sobre as dunas...

Sempre gostei de apreciar as dunas da praia. Talvez mais até do que o próprio mar. Quando criança gostava de passear por aquelas dunas gigantes que tinham perto da lagoa de Quintão. Nem chamávamos de dunas, na época. Crescemos conhecendo aqueles grandes morros de areia por cômoros.
Muitas e muitas vezes saí a caminhar sem rumo pelas areias brancas e finas em alto relevo nos finais de tarde. Os passos deixados no chão eram apagados pelo vento que sempre soprava mais forte à noite. No outro dia, já de manhã, não havia mais marcas, fossem de pegadas ou de qualquer elemento externo que viesse a marcar a superfície da areia.
Outro fato impressionante é como aquelas dunas gigantes se movem tão rápido. O vento que sopra, mexe apenas com as areias da superfície. Mas acabam por deixar à mostra o que tem por baixo. E assim, pouco a pouco, sem que se perceba na hora, a grande duna se deixa levar longe. Algo impensável para uma estrutura que aparenta tamanha firmeza.
O superficial dá essa impressão de não mexer com o que está por baixo. Mas o superficial é justamente o que está exposto. E por mais que a grande duna pareça não se deixar abalar por uma simples brisa, esta pode soprar contínua, persistente, revelando camadas cada vez mais profundas e as deixando sensivelmente vulneráveis.
Assim são conduzidas, por maiores e fortes que sejam dunas, pelo vento e pela brisa que sopram sem parar. Desde os grãos de areia mais finos e sensíveis da superfície até os mais profundos e resistentes que a sustentam.
Quando menos se espera montes de areia, antes firmes e incólumes, vulneráveis estarão a brisas e ventos despretensiosos que os levarão a terrenos desconhecidos, quem sabe numa só duna, maior e mais bela. O importante é que mantenham a forma e o significado belo daqueles que os apreciam. E nunca se desmanchem à simples areia do chão, sem forma, sem significado, sem sentido. Sejam sempre duna, com sua superfície sensível e estrutura resistente.
Monday, May 29, 2006
Aquele quadro...
Logo abaixo do quadro estava escrito: "Este quadro não é de se apaixonar, lembre sempre disso". Fiquei intrigado com aquela legenda e a guardei. No mesmo instante ouvi um comentário.. "Eu sei!" Algum tempo depois vim a saber.. o quadro era sim, de se apaixonar. Mas era muito caro e esse era o risco.
Por vezes nos deparamos com situações assim. Não existe uma lógica no valor das coisas que nos apaixonam. E quando menos esperamos estamos pagando preços loucos pra visitar lugares, conhecer melhor as pessoas, comprando quadros.
Desde que a saúde não me falte quero viver loucamente assim, sem lógica, sem preço, sem medida e sem tamanho. Nunca sem prazer, frio na espinha, arrepio e pele. Olhar e sorriso, sempre com sorriso no olhar. Assim entendi que por mais que aquele pintor tenha colocado lá, aquela legenda, havia, no fundo outro sentido. Vã tentativa de ocultar o valor sem preço de tamanha entrega.
Por vezes nos deparamos com situações assim. Não existe uma lógica no valor das coisas que nos apaixonam. E quando menos esperamos estamos pagando preços loucos pra visitar lugares, conhecer melhor as pessoas, comprando quadros.
Desde que a saúde não me falte quero viver loucamente assim, sem lógica, sem preço, sem medida e sem tamanho. Nunca sem prazer, frio na espinha, arrepio e pele. Olhar e sorriso, sempre com sorriso no olhar. Assim entendi que por mais que aquele pintor tenha colocado lá, aquela legenda, havia, no fundo outro sentido. Vã tentativa de ocultar o valor sem preço de tamanha entrega.
Friday, May 26, 2006
Vaidade...
Quanto mais me surpreendo com algumas pessoas e suas atitudes, mais elas aparecem e acontecem. Teve um tempo que eu já me espantei mais com quem tentasse insistir em algo que era sabido sem chance. E o tempo fez eu olhar pra mim e ver o quanto eu tinha atitudes teimosas, que resultavam em nada; insistentes, que demoravam muito pra alcançar um objetivo de relevância duvidosa; e persistentes, que com muita luta me levavam a um bom prêmio.
Sempre tive uma linha de comportamento assim, cabeça dura, fosse manifestada por teimosia, insistência ou persistência. O problema é quando o objetivo é muito mais fruto de uma vaidade do que real interesse em receber e se entregar, ainda mais quando se trata de sentimentos. Por isso tenho relevado esses comportamentos de objetivos infundados ou duvidosos.
Agora o que eu ainda não consegui assimilar é a distorção dos fatos em detrimento da vaidade. Se eu perco – e nossa vida vive recheada de derrotas – procuro não tratar desse fato como o mais importante, o mais decisivo. Tento dar mais valor às lembranças de uma vitória gostosa. Não me engano nem tento fazer imagem pra ninguém, de que saí de uma situação por cima, que fulano ou fulana se deram mal, que fizeram isso ou aquilo de errado.. E mais: se perguntam como resolvi determinado problema, digo se tive sucesso ou não.
Distorcer um fato ou uma fala pode trazer transtornos inimagináveis. A mente humana, inspirada em fatos isolados, cria situações, personagens, falas, atitudes e mistura tudo isso numa trama que é repassada como algo real podendo envolver pessoas que só virão a saber muito tempo depois. E provavelmente vão ser pegas de surpresa sem saber o que dizer, uma vez que nunca participaram de nada do que foi dito. E se participaram, a maioria dos dados não fecha.
Um dia te vergarás e verás teus sentimentos expostos. Poderão ser acolhidos ou dispensados. Conseqüentemente feridos. Se assim forem, marcados ficarão, e um peito não mais se voltará àquela direção. E ainda que se curve e volte tal inspiração, a lembrança de um desdém não dará mais esperança a este alguém.
Aos ventos soará, no entanto, entre flores e cândidas palavras, que a antiga inspiração fora tentada novamente. E isso será dito com argumentos de querer bem, de querer proteger. Pura vaidade de uma imagem que fora colocada alto demais para se alcançar. Caiu e se quebrou: não mais foi inspiração. Foi sim, já sem brilho, buscar oferta.. e não achou.
Sempre tive uma linha de comportamento assim, cabeça dura, fosse manifestada por teimosia, insistência ou persistência. O problema é quando o objetivo é muito mais fruto de uma vaidade do que real interesse em receber e se entregar, ainda mais quando se trata de sentimentos. Por isso tenho relevado esses comportamentos de objetivos infundados ou duvidosos.
Agora o que eu ainda não consegui assimilar é a distorção dos fatos em detrimento da vaidade. Se eu perco – e nossa vida vive recheada de derrotas – procuro não tratar desse fato como o mais importante, o mais decisivo. Tento dar mais valor às lembranças de uma vitória gostosa. Não me engano nem tento fazer imagem pra ninguém, de que saí de uma situação por cima, que fulano ou fulana se deram mal, que fizeram isso ou aquilo de errado.. E mais: se perguntam como resolvi determinado problema, digo se tive sucesso ou não.
Distorcer um fato ou uma fala pode trazer transtornos inimagináveis. A mente humana, inspirada em fatos isolados, cria situações, personagens, falas, atitudes e mistura tudo isso numa trama que é repassada como algo real podendo envolver pessoas que só virão a saber muito tempo depois. E provavelmente vão ser pegas de surpresa sem saber o que dizer, uma vez que nunca participaram de nada do que foi dito. E se participaram, a maioria dos dados não fecha.
Um dia te vergarás e verás teus sentimentos expostos. Poderão ser acolhidos ou dispensados. Conseqüentemente feridos. Se assim forem, marcados ficarão, e um peito não mais se voltará àquela direção. E ainda que se curve e volte tal inspiração, a lembrança de um desdém não dará mais esperança a este alguém.
Aos ventos soará, no entanto, entre flores e cândidas palavras, que a antiga inspiração fora tentada novamente. E isso será dito com argumentos de querer bem, de querer proteger. Pura vaidade de uma imagem que fora colocada alto demais para se alcançar. Caiu e se quebrou: não mais foi inspiração. Foi sim, já sem brilho, buscar oferta.. e não achou.
Monday, May 22, 2006
Uh, mamãe!
Conheci o Ernesto num churras pós Festival do Chopp lá no Belém Velho, no sítio do Coimbra. Um cara bacana! Foi um domingo muito animado, nós ainda de ressaca da noite anterior e tendo pela frente dois barris de 30L pra derrubar. A maioria dos presentes era da família do Coimbra, e alguns amigos, como nós.
Só que os amigos do bairro eram umas peças raras, como o Ernesto. Daqueles que contam as histórias mais engraçadas e não riem. E se alguém contasse outro caso hilário ele ouvia atento, mas não ria. Só comentava: “Bacana, bacana!” E logo puxava outra das suas. Uma pior que a outra. Com todo aquele chopp a galera quase se mijava rindo.
Ao cair da noite já estávamos rindo sem motivo. Só que o Ernesto não nos deixava sem motivo pra rir. Até que o assunto caiu em sexo. Brochada! Ele logo se aprumou. Passou a mão no cabelo. Aliás, o cabelo era outro detalhe que lhe rendia um aspecto bastante pitoresco. Crespo meio compridinho e com franja. Não demorou a chamarem-no de Santana, o guitarrista.
E o assunto foi rolando.. porque o fulano já brochou, o beltrano tomou uma guampa, o cicrano tá pensando em tomar Viagra..
Aí o Ernesto saltou: “Opa, disso eu posso falar, eu é que sei!” Pois bem, tivemos que perguntar.. “e aí Santana, como é que é o troço..?” e dávamos risada..
“É.. vocês tão rindo (ele sempre sério). Tu não sabe, tu não sabe.. (apontava pra nós). Eu sei! Uh! Tu toma e.. uh, mamãe! Tu olha pra lâmpada assim.. (estendia o braço na direção da lâmpada como se fosse apertar um seio) , ah.. tu olha pra lâmpada e.. Uh, mamãe!”
Entre muitas risadas um outro amigo dee pergunta:”E o coração, Ernesto?”
“Bah.. o coração.. nem me fala.. o coração do cara fica com cinco quilo! Assim ó.. (colocava as duas mãos no coração). O troço é bacana mesmo! Uh, mamãe!”
Só que os amigos do bairro eram umas peças raras, como o Ernesto. Daqueles que contam as histórias mais engraçadas e não riem. E se alguém contasse outro caso hilário ele ouvia atento, mas não ria. Só comentava: “Bacana, bacana!” E logo puxava outra das suas. Uma pior que a outra. Com todo aquele chopp a galera quase se mijava rindo.
Ao cair da noite já estávamos rindo sem motivo. Só que o Ernesto não nos deixava sem motivo pra rir. Até que o assunto caiu em sexo. Brochada! Ele logo se aprumou. Passou a mão no cabelo. Aliás, o cabelo era outro detalhe que lhe rendia um aspecto bastante pitoresco. Crespo meio compridinho e com franja. Não demorou a chamarem-no de Santana, o guitarrista.
E o assunto foi rolando.. porque o fulano já brochou, o beltrano tomou uma guampa, o cicrano tá pensando em tomar Viagra..
Aí o Ernesto saltou: “Opa, disso eu posso falar, eu é que sei!” Pois bem, tivemos que perguntar.. “e aí Santana, como é que é o troço..?” e dávamos risada..
“É.. vocês tão rindo (ele sempre sério). Tu não sabe, tu não sabe.. (apontava pra nós). Eu sei! Uh! Tu toma e.. uh, mamãe! Tu olha pra lâmpada assim.. (estendia o braço na direção da lâmpada como se fosse apertar um seio) , ah.. tu olha pra lâmpada e.. Uh, mamãe!”
Entre muitas risadas um outro amigo dee pergunta:”E o coração, Ernesto?”
“Bah.. o coração.. nem me fala.. o coração do cara fica com cinco quilo! Assim ó.. (colocava as duas mãos no coração). O troço é bacana mesmo! Uh, mamãe!”
Thursday, May 18, 2006
Um dia antes de amanhã...
Por minutos fiquei tentando entender o que pode ser definido por expectativa. Não consegui chegar numa resposta objetiva, óbvio. Feliz de mim, que posso ter ssa sensação de esperar muito por um momento. Mais: ciente de que mesmo com todo esse entusiasmo para algo que sequer aconteceu, o resultado quantitativo sempre será aquém do esperado. E que o momento vivido será de prazer pleno por ter sido tão esperado e ao mesmo tempo frustrante por estar se esvaindo como ouro moído por entre os dedos. Restará nas mãos resquícios do brilho reluzente que se foi entre sorrisos.
Tem gente que simplesmente não se dá conta de que está vivendo um dos momentos mais felizes da vida. Depois vai ficar lembrando, com ar nostálgico e saudoso daquilo que não mais se recupera.. bah, tava bom... Fica aquele gosto de querer reviver o momento, saboreando cada segundo. Mas o tempo não permite nada mais além do que as lembranças guardadas. Feliz de quem vive sabendo disso e guarda todos esses pormenores num lugar em evidência na memória. E quanto maior a expectativa, maior será essa evidência.
Ao apagar das luzes, não será um sentimento de.. acabou! Mas sim de.. eu vivi! Eu estava ali!É diferente. Experimente comer um Bauru do Trianon pensando na vida.. em alguma preocupação. Será dinheiro posto fora. Dia desses parei ali e pedi: bauru com ovo, queijo duplo e uma coca com bastante limão. Em seguida o garçom trouxe e fui comendo, olhando as mensagens do celular e prestando atenção no rádio. Quando vi já tinha devorado o bauru, mal tinha colocado a mostarda maravilhosa e só tinha um pouco do refri pela frente. A vontade era de pedir outro pra poder saborear, mas o estômago não deixava.
Quem gosta daquele bauru sabe que cada mordida precisa ser sentida com todos os dentes envolvidos, todas as folhas de alface quebrando, a mostarda precisa arder na medida certa a língua e, por fim, uma leve quebrada com um gole de coca com bastante limão. Assim que tem que ser. E assim precisam ser vividos os melhores momentos da vida, sabendo-se que está neles. Provavelmente eles não se repitam, mas serão muito mais intensos se aproveitados assim, saboreados por completo, cada segundo.
Amanhã é a festa do meu aniversário, e por enquanto só estou ansioso, mas bastante ansioso. Criei uma expectativa que aumenta a cada instante. Podia dormir a noite de hoje só pensando na de amanhã, mas não. Hoje vou pra rua me entregar à noite, que não me terá amanhã. Amanhã serei da minha festa e dos meus amigos. Amanhã a noite se entrega a mim. Ontem vi a lua das mais bonitas que já se apresentou. Amanhã a quero como meu travesseiro, ao final de um tudo que vai acontecer e que guardarei como momento único. Ao escorrer aquele ouro por entre os dedos, colocarei a outra mão embaixo e levantarei novamente.
Ao final de tudo vou correr como criança, com as mãos ainda reluzentes, e vou limpá-las na lua que vai ser travesseiro de um travesso, que vai dormir em sorriso depois de uma noite no paraíso!
Tem gente que simplesmente não se dá conta de que está vivendo um dos momentos mais felizes da vida. Depois vai ficar lembrando, com ar nostálgico e saudoso daquilo que não mais se recupera.. bah, tava bom... Fica aquele gosto de querer reviver o momento, saboreando cada segundo. Mas o tempo não permite nada mais além do que as lembranças guardadas. Feliz de quem vive sabendo disso e guarda todos esses pormenores num lugar em evidência na memória. E quanto maior a expectativa, maior será essa evidência.
Ao apagar das luzes, não será um sentimento de.. acabou! Mas sim de.. eu vivi! Eu estava ali!É diferente. Experimente comer um Bauru do Trianon pensando na vida.. em alguma preocupação. Será dinheiro posto fora. Dia desses parei ali e pedi: bauru com ovo, queijo duplo e uma coca com bastante limão. Em seguida o garçom trouxe e fui comendo, olhando as mensagens do celular e prestando atenção no rádio. Quando vi já tinha devorado o bauru, mal tinha colocado a mostarda maravilhosa e só tinha um pouco do refri pela frente. A vontade era de pedir outro pra poder saborear, mas o estômago não deixava.
Quem gosta daquele bauru sabe que cada mordida precisa ser sentida com todos os dentes envolvidos, todas as folhas de alface quebrando, a mostarda precisa arder na medida certa a língua e, por fim, uma leve quebrada com um gole de coca com bastante limão. Assim que tem que ser. E assim precisam ser vividos os melhores momentos da vida, sabendo-se que está neles. Provavelmente eles não se repitam, mas serão muito mais intensos se aproveitados assim, saboreados por completo, cada segundo.
Amanhã é a festa do meu aniversário, e por enquanto só estou ansioso, mas bastante ansioso. Criei uma expectativa que aumenta a cada instante. Podia dormir a noite de hoje só pensando na de amanhã, mas não. Hoje vou pra rua me entregar à noite, que não me terá amanhã. Amanhã serei da minha festa e dos meus amigos. Amanhã a noite se entrega a mim. Ontem vi a lua das mais bonitas que já se apresentou. Amanhã a quero como meu travesseiro, ao final de um tudo que vai acontecer e que guardarei como momento único. Ao escorrer aquele ouro por entre os dedos, colocarei a outra mão embaixo e levantarei novamente.
Ao final de tudo vou correr como criança, com as mãos ainda reluzentes, e vou limpá-las na lua que vai ser travesseiro de um travesso, que vai dormir em sorriso depois de uma noite no paraíso!
Thursday, May 11, 2006
Acho que minha mãe é uma bruxa...
Há alguns dias estou lutando contra uma febre daquelas. Começou segunda de noite, do nada. Tinha passado o dia todo muito bem. Cheguei em casa e senti um frio incomum, com um princípio de tremor. Como eu tava bem empolgado com o filme do Vinícius (de Moraes) que eu tinha pego na locadora, nem dei bola e fiquei lá na sala assistindo. Uma hora e meia depois, não agüentando mais tremer, fui dormir. Mas parecia que o cobertor não era suficiente. Me enrolei bem e segui ali, batendo queixo. Às duas da manhã acordei com o corpo muito quente e com muito frio. Só o que atinei a fazer foi ir à cozinha e tomar um copo d’água. Às quatro, a mesma coisa. Achei que fosse morrer de frio. Às seis horas a tremedeira me acordou de novo. Foi então que recorri à minha mãe. Ela prontamente se levantou, me deu um comprimido e preparou um chá de limão com açúcar queimado, guaco e muito sazon. Consegui dormir um pouquinho melhor, mas levantei com muita febre.
Passei o dia seguinte todo errado. Se tirava a blusa dava frio, se colocava, calor. Sempre tremendo. Assim foi o dia todo. Não via a hora de voltar da aula e tomar aquele chá preparado com tanto carinho pela minha mãe. Depois de passar a aula inteira fungando, tossindo e tremendo, cheguei em casa. O chá era o mesmo da noite anterior.. limão, açúcar queimado, guaco e muito sazon de mãe. Até gostaria de pedir pra mãe fazer um novinho, mas como eu sabia que ela tinha acabado de voltar do aniversário da minha irmã e certamente tomado umas coisinhas a mais, não quis acordá-la.
Esquentei aquele mesmo e fui tomar... quer dizer...
Servi na xícara e notei um objeto estranho não identificado. Apurei a vista para a caneca e atribuí o tal objeto como uma asinha de mosquito, pra ser brando. Tenho que ser forte, pensei. Peguei um garfo e, com cuidado, tirei a asinha. Será que minha mãe é meio bruxa e colocou alguns ingredientes daqueles de desenho??? Aí achei algo que parecia ser uma perninha. Bah, perninha é sacanagem! Bravamente tirei a tal perninha. Pronto, meu chá poção mágica estava isento de seres do reino animal.
Mas não adiantou, tomei um golezinho mínimo, já que estava muito quente.. logo lembrei da imagem da perninha e desisti. Tomei os comprimidos com água e fui dormir. A noite em si foi uma das piores, talvez pior do que a anterior, quando deu o creps. Levantei num mal estar horrível, todo suado e louco de frio. Como pode isso? Sequei-me e voltei a deitar, com muito frio. Tapei-me e logo senti calor. Tirei um cobertor. Às 4 e pouco levantei novamente, muito suado e com muito frio. Sequei-me novamente e tirei o outro cobertor, ficando apenas com o lençol. Como imaginei que o lençol da cama estivesse suado, enrolei-me no lençol e deitei.
Quando acordei, a primeira coisa que pensei foi ver se estaria com febre ou não. Não estava! Estava com um pouquinho de frio, mas por estar frio mesmo e eu estar apenas com o lençol. Coloquei mais um cobertor e fiquei mais um pouquinho na cama. Sensação ótima de sentir um quentinho bom, não o de febre. Fiquei tri feliz!
Não sei se foi a tal perninha, mas que eu fiquei bom, fiquei!
Passei o dia seguinte todo errado. Se tirava a blusa dava frio, se colocava, calor. Sempre tremendo. Assim foi o dia todo. Não via a hora de voltar da aula e tomar aquele chá preparado com tanto carinho pela minha mãe. Depois de passar a aula inteira fungando, tossindo e tremendo, cheguei em casa. O chá era o mesmo da noite anterior.. limão, açúcar queimado, guaco e muito sazon de mãe. Até gostaria de pedir pra mãe fazer um novinho, mas como eu sabia que ela tinha acabado de voltar do aniversário da minha irmã e certamente tomado umas coisinhas a mais, não quis acordá-la.
Esquentei aquele mesmo e fui tomar... quer dizer...
Servi na xícara e notei um objeto estranho não identificado. Apurei a vista para a caneca e atribuí o tal objeto como uma asinha de mosquito, pra ser brando. Tenho que ser forte, pensei. Peguei um garfo e, com cuidado, tirei a asinha. Será que minha mãe é meio bruxa e colocou alguns ingredientes daqueles de desenho??? Aí achei algo que parecia ser uma perninha. Bah, perninha é sacanagem! Bravamente tirei a tal perninha. Pronto, meu chá poção mágica estava isento de seres do reino animal.
Mas não adiantou, tomei um golezinho mínimo, já que estava muito quente.. logo lembrei da imagem da perninha e desisti. Tomei os comprimidos com água e fui dormir. A noite em si foi uma das piores, talvez pior do que a anterior, quando deu o creps. Levantei num mal estar horrível, todo suado e louco de frio. Como pode isso? Sequei-me e voltei a deitar, com muito frio. Tapei-me e logo senti calor. Tirei um cobertor. Às 4 e pouco levantei novamente, muito suado e com muito frio. Sequei-me novamente e tirei o outro cobertor, ficando apenas com o lençol. Como imaginei que o lençol da cama estivesse suado, enrolei-me no lençol e deitei.
Quando acordei, a primeira coisa que pensei foi ver se estaria com febre ou não. Não estava! Estava com um pouquinho de frio, mas por estar frio mesmo e eu estar apenas com o lençol. Coloquei mais um cobertor e fiquei mais um pouquinho na cama. Sensação ótima de sentir um quentinho bom, não o de febre. Fiquei tri feliz!
Não sei se foi a tal perninha, mas que eu fiquei bom, fiquei!
Tuesday, May 09, 2006
Só eu...
A semana passada tinha o final de semana marcado por duas festas meio fortes.. uma no Opinião e o Festival do Chopp de Feliz, no sábado. Eu não tava muito afim de ir no Opinião, tô meio saturado. Saí da aula de sexta e fui pra Lima e Silva, onde encontraria uns amigos. Me deram um chá de cadeira que quase fui embora, mas depois chegaram, o Miojo e o Ragador com duas amigas.
Tomamos umas ali no bar e fomos no aniversário de uma amiga do Miojo. Aqui tenho que fazer uma pausa pra falar desse bar, o Mr Dam. Sexta rola só som nacional do mais alto bom gosto. Preciso voltar lá mais muitas vezes!
Esse bar fica ali na José do Patrocínio, grudado no Opinião. Então o diabinho do ombro esquerdo já começou a me dar idéias. Me imaginei entrando às duas da manhã no Opinião, encontrar aquela galera toda. Ia ser uma surpresa daquelas, a Pi ia me ver e gritar “Aeeeeeeeeeeeeeeeee...” ia ser uma loucura!
Não pensei duas vezes: me despedi do pessoal ali e me toquei pro Opinião. As pessoas pareciam que me olhavam todas com o mesmo pensamento: “Olha.. ele veio, ele veio!! Dá passagem!!” Juro, eu entrei ali num astral que podia ver as gurias cutucando umas às outras pra me mostrar. Passei reto pelo balcão do bar até o banheiro dos fundos, subi, dei aquele abraço na Mari da chapelaria e continuei andando lá por cima. Achei estranho não ter encontrado ninguém, havia uns 70 nomes na lista. Fui até a área reservada pros aniversários, nada.. As pessoas continuavam a me olhar sorridentes e receptivas. Desci novamente, passei pela pista e não encontrei ninguém! Algo estava muito errado. Não podiam ter ido todos embora.
Tive que tomar uma atitude: mandei msg pra Pi.. “Cadê a galera da showtur no Opinas?” e continuei a obsrvar ao redor. Dez minutos depois veio a resposta acompanhada de muita desilusão e de todas aquelas carinhas – outrora receptivas – me olhando torto com seus olhares fulminantes que me expulsaram dali:
“É amanhã!”
Tomamos umas ali no bar e fomos no aniversário de uma amiga do Miojo. Aqui tenho que fazer uma pausa pra falar desse bar, o Mr Dam. Sexta rola só som nacional do mais alto bom gosto. Preciso voltar lá mais muitas vezes!
Esse bar fica ali na José do Patrocínio, grudado no Opinião. Então o diabinho do ombro esquerdo já começou a me dar idéias. Me imaginei entrando às duas da manhã no Opinião, encontrar aquela galera toda. Ia ser uma surpresa daquelas, a Pi ia me ver e gritar “Aeeeeeeeeeeeeeeeee...” ia ser uma loucura!
Não pensei duas vezes: me despedi do pessoal ali e me toquei pro Opinião. As pessoas pareciam que me olhavam todas com o mesmo pensamento: “Olha.. ele veio, ele veio!! Dá passagem!!” Juro, eu entrei ali num astral que podia ver as gurias cutucando umas às outras pra me mostrar. Passei reto pelo balcão do bar até o banheiro dos fundos, subi, dei aquele abraço na Mari da chapelaria e continuei andando lá por cima. Achei estranho não ter encontrado ninguém, havia uns 70 nomes na lista. Fui até a área reservada pros aniversários, nada.. As pessoas continuavam a me olhar sorridentes e receptivas. Desci novamente, passei pela pista e não encontrei ninguém! Algo estava muito errado. Não podiam ter ido todos embora.
Tive que tomar uma atitude: mandei msg pra Pi.. “Cadê a galera da showtur no Opinas?” e continuei a obsrvar ao redor. Dez minutos depois veio a resposta acompanhada de muita desilusão e de todas aquelas carinhas – outrora receptivas – me olhando torto com seus olhares fulminantes que me expulsaram dali:
“É amanhã!”
Thursday, May 04, 2006
Vamu dominá...
Comecei o mês com os ouvidos lapidados: America no Teatro do Sesi. Como era feriado do Dia do Trabalho, também era dia de Passe Livre. É incontestável que é uma ótima iniciativa essa de um dia de passagem grátis no mês. Pode parecer muito pouco o 1,85, mas tem gente que simplesmente não tem. E então as pessoas usam esse dia pra ir da Vila Elizabete, na zona leste até o Belém Novo, nos confins da zona sul, onde mora a irmã mais velha com sua penca de filhos.
Nos dias normais, uma pessoa gastaria, pra ir e voltar, sete reais e quarenta. Duas, quatorze e oitenta: quinze pila! Não é tão irrisório assim. O lance é que não são cinco famílias que passam por esse drama, de não ter o somatório dos múltiplos de 1,85, são trocentas mil famílias, cada uma com o bando de ranhentinhos a tira colo, sacolas mil e pacotes diversos. Resultado: todos os ônibus são lotados nesse dia. Sim, porque toda família desprovida dos 15 pilas tem parentes longe e precisa usar o dia de passe livre pra fazer a visita.
Até aí não teria problema, senão passar um pouquinho de aperto pra chegar à porta de trás. É que não são só as famílias que não têm os 7 ou 15 pilas, a gurizada que cresceu também não tem. E eles formam hordas. Medo! Eles se juntam em grupos de uns quinze, de uns 16 a 20 anos e saem pela cidade. Vão aos shoppings, praças de skate, todos juntos e barulhentos. Sinceramente, dá medo! Pode até ser que minha idade esteja contribuindo, mas tenho certo receio de bandos travestidos em bonés que tapam os rostos, óculos espelhados, bermudões até as canelas e correntes de cachorro penduradas em tudo que é parte do corpo.
Mas vamos lá, o show me esperava. Peguei um ônibus que passasse pela Assis Brasil e depois pegaria outro até a Fiergs. Passei a carteira pro bolso da frente e fiquei ali no corredor do meio. Uma mão no corrimão do teto e a outra verificando, vez que outra, os bolsos. Uma vez tirei a mão inteirinha de um guri de dentro do meu bolso, num jogo do Inter. Baita cara de pau! Não demorou muito e a horda dos acorrentados entrou. Por sorte consegui um lugar pra sentar. Aos gritos foram se acomodando no fundo do ônibus. Era notável o desconforto das pessoas, inclusive das mães daquelas famílias sem quinze pila.
Tudo fluía tranqüilo, apesar da bagunça. Até que, nas imediações do Carrefour, um deles grita: “AGORA VAMU DOMINÁ O T1”, seguido de um: “VAMOOOOOOOOO!!!!”
Como assim, “dominá o T1”? Seria o que eles estavam fazendo ali? Apenas entrar todos e fazerem prevalecer suas vozes sobre as demais? Ou não... ou algo como fazer o motorista mudar o itinerário? Ou pior.. um deles assumir o volante!!! Mais: um outro pular no banco do cobrador e resolver cobrar passagem em dia de Passe livre. Fiquei imaginando todas essas coisas enquanto desciam ali na parada do Itau. Tomara que os próximos passageiros tivessem a mesma sorte.
Cheguei são e salvo ao show. Apreciei aquela maravilhosa apresentação de folk-rock e voltei pra casa. Menos mal que na volta os ônibus estavam vazios e pude chegar tranqüilamente em casa. Mas foi bom encarar uma outra realidade, e nada melhor do que fazer isso num Dia de Passe Livre.
Nos dias normais, uma pessoa gastaria, pra ir e voltar, sete reais e quarenta. Duas, quatorze e oitenta: quinze pila! Não é tão irrisório assim. O lance é que não são cinco famílias que passam por esse drama, de não ter o somatório dos múltiplos de 1,85, são trocentas mil famílias, cada uma com o bando de ranhentinhos a tira colo, sacolas mil e pacotes diversos. Resultado: todos os ônibus são lotados nesse dia. Sim, porque toda família desprovida dos 15 pilas tem parentes longe e precisa usar o dia de passe livre pra fazer a visita.
Até aí não teria problema, senão passar um pouquinho de aperto pra chegar à porta de trás. É que não são só as famílias que não têm os 7 ou 15 pilas, a gurizada que cresceu também não tem. E eles formam hordas. Medo! Eles se juntam em grupos de uns quinze, de uns 16 a 20 anos e saem pela cidade. Vão aos shoppings, praças de skate, todos juntos e barulhentos. Sinceramente, dá medo! Pode até ser que minha idade esteja contribuindo, mas tenho certo receio de bandos travestidos em bonés que tapam os rostos, óculos espelhados, bermudões até as canelas e correntes de cachorro penduradas em tudo que é parte do corpo.
Mas vamos lá, o show me esperava. Peguei um ônibus que passasse pela Assis Brasil e depois pegaria outro até a Fiergs. Passei a carteira pro bolso da frente e fiquei ali no corredor do meio. Uma mão no corrimão do teto e a outra verificando, vez que outra, os bolsos. Uma vez tirei a mão inteirinha de um guri de dentro do meu bolso, num jogo do Inter. Baita cara de pau! Não demorou muito e a horda dos acorrentados entrou. Por sorte consegui um lugar pra sentar. Aos gritos foram se acomodando no fundo do ônibus. Era notável o desconforto das pessoas, inclusive das mães daquelas famílias sem quinze pila.
Tudo fluía tranqüilo, apesar da bagunça. Até que, nas imediações do Carrefour, um deles grita: “AGORA VAMU DOMINÁ O T1”, seguido de um: “VAMOOOOOOOOO!!!!”
Como assim, “dominá o T1”? Seria o que eles estavam fazendo ali? Apenas entrar todos e fazerem prevalecer suas vozes sobre as demais? Ou não... ou algo como fazer o motorista mudar o itinerário? Ou pior.. um deles assumir o volante!!! Mais: um outro pular no banco do cobrador e resolver cobrar passagem em dia de Passe livre. Fiquei imaginando todas essas coisas enquanto desciam ali na parada do Itau. Tomara que os próximos passageiros tivessem a mesma sorte.
Cheguei são e salvo ao show. Apreciei aquela maravilhosa apresentação de folk-rock e voltei pra casa. Menos mal que na volta os ônibus estavam vazios e pude chegar tranqüilamente em casa. Mas foi bom encarar uma outra realidade, e nada melhor do que fazer isso num Dia de Passe Livre.
Tuesday, May 02, 2006
Dia do berro...
2 de maio de 1977. Há exatos 29 anos o primeiro filho da puta me bateu e fez chorar. Feliz dele que eu ainda não sabia proferir nenhum palavrão. Imagina só.. 9 meses no conforto quentinho da barriga da minha querida mãe, de repente sou puxado pela cabeça (imagina uma pessoa te puxando pela cabeça), sou levado pro frio e ainda por cima um filho da mãe vem e me dá um tapão na bunda. Primeira mostra de provalecimento desse mundão.
Mas em seguida, bem em seguida, vi que se existe um paraíso, isso daqui é o pré. Em primeiro lugar uma família maravilhosa que sempre esteve junto comigo e nunca me deixou faltar nada. Principalmente carinho, apoio, educação, cumplicidade e um amor incondicional que desfruto até hoje.
Logo depois, no colégio, lá na rua, pelo mundo enfim.. conheci essa outra maravilhosa relação com as pessoas que chamamos de amizade. E é pelos meus amigos que agradeço ao Barbudão lá de cima. A inspiração da minha alegria radiante está no sorriso franco, nos abraços apertados, nos olhares cúmplices, em todas as caras e bocas que recebo em troca das minhas traquinagens e alimentam meu senso de humor.
Cidadão do mundo, do mundo sou. Das raízes da minha terra tiro o alimento do meu dia, a cada dia. E em cada laço de amizade estendo meus braços e abraço aqueles que longe estão. Para o show da vida ganhei o ingresso, e de platéia passei a artista. Sem ensaio damos espetáculo, e os boas noites são os aplausos de mais uma conquista.
Premiado com uma vida repleta de agrados, família, saúde, amigos, alegrias e amores, vejo nos sorrisos as flores que enfeitam meu jardim. Águas novas passadas e lágrimas, alegres e tristes, regam esse jardim. A chuva lava a alma e leva à terra todas as coisas que recebo, e depois de cada noite fazem brotar vida nova no orvalho de cada manhã.
Parabéns!
Mas em seguida, bem em seguida, vi que se existe um paraíso, isso daqui é o pré. Em primeiro lugar uma família maravilhosa que sempre esteve junto comigo e nunca me deixou faltar nada. Principalmente carinho, apoio, educação, cumplicidade e um amor incondicional que desfruto até hoje.
Logo depois, no colégio, lá na rua, pelo mundo enfim.. conheci essa outra maravilhosa relação com as pessoas que chamamos de amizade. E é pelos meus amigos que agradeço ao Barbudão lá de cima. A inspiração da minha alegria radiante está no sorriso franco, nos abraços apertados, nos olhares cúmplices, em todas as caras e bocas que recebo em troca das minhas traquinagens e alimentam meu senso de humor.
Cidadão do mundo, do mundo sou. Das raízes da minha terra tiro o alimento do meu dia, a cada dia. E em cada laço de amizade estendo meus braços e abraço aqueles que longe estão. Para o show da vida ganhei o ingresso, e de platéia passei a artista. Sem ensaio damos espetáculo, e os boas noites são os aplausos de mais uma conquista.
Premiado com uma vida repleta de agrados, família, saúde, amigos, alegrias e amores, vejo nos sorrisos as flores que enfeitam meu jardim. Águas novas passadas e lágrimas, alegres e tristes, regam esse jardim. A chuva lava a alma e leva à terra todas as coisas que recebo, e depois de cada noite fazem brotar vida nova no orvalho de cada manhã.
Parabéns!
Thursday, April 27, 2006
Um véio magal...
Será que vamos guardar algumas de nossas manias mesmo quando formos bem velhinhos? Homem – via de regra – adora carro. Por motivos financeiros, não se vê mais tantos carros esportivos, roncos de motores, aceleradas.. o que se vê é a magaleada enfiando aerofólios e spoilers em carrinhos de passeio e um clip de funk no dvd poluindo os ouvidos alheios. Antigamente era tri comum Opala 6 cilindros ou Maverik de 6 ou até 8 cilindros e seus roncos inconfundíveis. Um carro do mesmo porte hoje, como um Omega ou Mustang, é privilégio de pouquíssimos, muitas vezes em idade avançada que não querem mais saber de exibir os roncos dos motores.
Pois não é que hoje vi um Maverikão 4 portas novíssimo. Inteiraço mesmo. Branco, rodas originais, tudo original, aliás. Pilotando? Um senhor.. beeeem velhinho! Vestia um casaco Gabardine creme. E o que ele fazia? Acelerava! Brllrlrlrlrlrllruuuuuummm.... E mais.. Balançava o carro enquanto acelerava, segurando no freio de mão. Bah, daí eu não acreditei! O véio parecia um guri brincando de acelerar e balançar o carro na sinaleira. Muito engraçado! Claro, se fosse um gurizão eu ia chamar de magal. Mas achei engraçado. Será que eu vou brincar de enfiar a mão na boca aos 76?
Eu tenho um ímã pra veado...
Olha, num breve exercício mental lembrei de alguns episódios. Pensei logo em outra coisa pra não virem mais e más recordações. Já até publiquei uma delas (22/06/04), que foi aquela em que um magrão me convida pra dividir uma cerveja e eu, ingenumente, aceito. Aí ele me convida pra sairmos do balcão e sentarmos numa mesa, que ele tinha tudo o que eu queria.. fala sério!
Noutra ocasião eu e uns colegas de serviço estávamos saindo ali do Bauru e Cia, na Demétrio e indo pegar o carro na Espírito Santo. Eua ia na frente e os guris logo atrás. No sentido contrário vinham dois senhores, já de cabelos brancos, um deles com um blusãozinho rosa bebê sobre os ombros e brincos dourados nas duas orelhas. Ao passar por mim, falou: “Ui.. meu gaaaaaalo!!!” Eu inventei de perguntar “O quê?” e aí sim.. “Te chamei de meu galo, ué!!!”. Acabou totalmente com a minha reputação entre os colegas.
Vou puxar só essas duas do arquivo, tá mais que bom.
Mas aí tô eu no Azimute, bem tranqüilo, eu e dez gurias. Pra não dizer que era só eu de homem tinha o namorado de uma das gurias. Aí fui no bar buscar uma cerveja. Me escorei no balcão e fiquei esperando o garçom me atender. Tava bem cheio, muita gente no bar. De repente senti uma assoprada quente e contínua no pescoço, muito de perto. Imaginei logo, não se tratar de uma mulher. Mas fiquei frio, nem ohei pro lado. Mas aí veio de novo.. mais demorado ainda.
Eu odeio briga, ainda mais em bar. Em lugar nenhum, pra falar a verdade. Sou tri cagão. Olho roxo e cara esfolada não são pra mim. Mas eu precisava tomar uma atitude. Tomara que eu não tivesse que brigar, mas se tivesse, azar! Vierei-me e olhei bem pra cara do marmanjo. Nem cara de veado tinha.
- Tu tá com algum problema? – já falei pensando que ia ter que enfiar a mão na cara do infeliz.
- Não, por quê? – bem cara de pau!
- Não mesmo?
- Não..
- Então tá.
Voltei-me ao balcão e pedi a cerveja. Ele não fez mais nada. Pode não ter sido a atitude de muitos, mas achei a mais sensata pra que o veado visse que eu não tinha gostado e sem causar tumulto no bar.
Contei pras gurias e elas deram risada! Uma delas até perguntou como era o figura. Quando o descrevi ela disse: “eu sabia!”. Diz ela que entrou no bar, olhou pro magrão e deduziu: é!
No dia seguinte voltamos ao Azimute. E quem encontramos? O tal! Bah.. quando as gurias me mostraram vi ainda que ele tava me olhando, talvez reconhecendo da noite anterior. Curtimos a noite tranqüilamente, sem percalços. Ele ainda conversou com uma de nossas amigas, dizendo que tinha adorado seu perfume. Ela respondeu que tinha versão masculina. O que ele disse? Que tinha gostado era daquele mesmo! Quando descemos pra ir embora faltava uma das gurias. A Sandi. Uma das nossas amigas prontamente disse que subiria novamente pra chamá-la. Voltou toda se rindo.
- O que houve?
- (ela não parava de rir)
- Fala, mulher!
- (risadas)
- Já sei, ela ficou com o veado!
- ... (balançou a cabeça positivamente, rindo muito)
Bah, quando contei o episódio do bar pras gurias, essa nossa amiga não tava. O pior, depois, foi agüentar as piadinhas das gurias de que ele só tinha ficado com a Sandi pra se aproximar de mim. Pode? Hahahahahahahaha!!!!
Pois não é que hoje vi um Maverikão 4 portas novíssimo. Inteiraço mesmo. Branco, rodas originais, tudo original, aliás. Pilotando? Um senhor.. beeeem velhinho! Vestia um casaco Gabardine creme. E o que ele fazia? Acelerava! Brllrlrlrlrlrllruuuuuummm.... E mais.. Balançava o carro enquanto acelerava, segurando no freio de mão. Bah, daí eu não acreditei! O véio parecia um guri brincando de acelerar e balançar o carro na sinaleira. Muito engraçado! Claro, se fosse um gurizão eu ia chamar de magal. Mas achei engraçado. Será que eu vou brincar de enfiar a mão na boca aos 76?
Eu tenho um ímã pra veado...
Olha, num breve exercício mental lembrei de alguns episódios. Pensei logo em outra coisa pra não virem mais e más recordações. Já até publiquei uma delas (22/06/04), que foi aquela em que um magrão me convida pra dividir uma cerveja e eu, ingenumente, aceito. Aí ele me convida pra sairmos do balcão e sentarmos numa mesa, que ele tinha tudo o que eu queria.. fala sério!
Noutra ocasião eu e uns colegas de serviço estávamos saindo ali do Bauru e Cia, na Demétrio e indo pegar o carro na Espírito Santo. Eua ia na frente e os guris logo atrás. No sentido contrário vinham dois senhores, já de cabelos brancos, um deles com um blusãozinho rosa bebê sobre os ombros e brincos dourados nas duas orelhas. Ao passar por mim, falou: “Ui.. meu gaaaaaalo!!!” Eu inventei de perguntar “O quê?” e aí sim.. “Te chamei de meu galo, ué!!!”. Acabou totalmente com a minha reputação entre os colegas.
Vou puxar só essas duas do arquivo, tá mais que bom.
Mas aí tô eu no Azimute, bem tranqüilo, eu e dez gurias. Pra não dizer que era só eu de homem tinha o namorado de uma das gurias. Aí fui no bar buscar uma cerveja. Me escorei no balcão e fiquei esperando o garçom me atender. Tava bem cheio, muita gente no bar. De repente senti uma assoprada quente e contínua no pescoço, muito de perto. Imaginei logo, não se tratar de uma mulher. Mas fiquei frio, nem ohei pro lado. Mas aí veio de novo.. mais demorado ainda.
Eu odeio briga, ainda mais em bar. Em lugar nenhum, pra falar a verdade. Sou tri cagão. Olho roxo e cara esfolada não são pra mim. Mas eu precisava tomar uma atitude. Tomara que eu não tivesse que brigar, mas se tivesse, azar! Vierei-me e olhei bem pra cara do marmanjo. Nem cara de veado tinha.
- Tu tá com algum problema? – já falei pensando que ia ter que enfiar a mão na cara do infeliz.
- Não, por quê? – bem cara de pau!
- Não mesmo?
- Não..
- Então tá.
Voltei-me ao balcão e pedi a cerveja. Ele não fez mais nada. Pode não ter sido a atitude de muitos, mas achei a mais sensata pra que o veado visse que eu não tinha gostado e sem causar tumulto no bar.
Contei pras gurias e elas deram risada! Uma delas até perguntou como era o figura. Quando o descrevi ela disse: “eu sabia!”. Diz ela que entrou no bar, olhou pro magrão e deduziu: é!
No dia seguinte voltamos ao Azimute. E quem encontramos? O tal! Bah.. quando as gurias me mostraram vi ainda que ele tava me olhando, talvez reconhecendo da noite anterior. Curtimos a noite tranqüilamente, sem percalços. Ele ainda conversou com uma de nossas amigas, dizendo que tinha adorado seu perfume. Ela respondeu que tinha versão masculina. O que ele disse? Que tinha gostado era daquele mesmo! Quando descemos pra ir embora faltava uma das gurias. A Sandi. Uma das nossas amigas prontamente disse que subiria novamente pra chamá-la. Voltou toda se rindo.
- O que houve?
- (ela não parava de rir)
- Fala, mulher!
- (risadas)
- Já sei, ela ficou com o veado!
- ... (balançou a cabeça positivamente, rindo muito)
Bah, quando contei o episódio do bar pras gurias, essa nossa amiga não tava. O pior, depois, foi agüentar as piadinhas das gurias de que ele só tinha ficado com a Sandi pra se aproximar de mim. Pode? Hahahahahahahaha!!!!
Monday, April 24, 2006
Meus parabéns!!!
Eu tinha dez anos e nunca tinho ido a um velório. No dia de finados sempre íamos no cemitério de Canoas, onde estavam os túmulos de dois avós. Mas a enterros e velórios ainda não.
Aos dez anos eu tava na quarta série e tinha aulas de português com a tia Carla Lemos, que era nossa vizinha. Um amor de pessoa. Antes de eu ser seu aluno vivia indo à sua casa brincar com um coelho que ela tinha. Grande, branco e com os olhos bem vermelhos. Depois que passei a ser seu aluno não quis mais ir lá brincar com o coelho. Talvez tenha estabelecido no meu subconsciente uma relação de distância professor/aluno.
Nesse mesmo ano, o marido da dona Carla tava com uns problemas financeiros e deu uma sumida. Todos achavam que ele ia procurar algum tipo de ajuda, pedir dinheiro emprestado, sei lá. Mas simplesmente sumiu e não deu notícias. A dona Carla que tinha qiue se virar desdobrando os credores que não paravam de aparecer, além de não saber mais onde procurar o marido.
O desespero foi tanto, que ela mandou um de seus filhos à praia, ver se ele não tinha ido se exilar na casa que tinham em Capão. Naquela época não tinha celular, as informações demoravam bem mais pra chegar. No final do dia, finalmente, a notícia de que o Seu Heitor realmente tinha se recolhido à casa de Capão. E lá, num ato de profundo egoísmo e falta de humildade pra pedir ajuda, cortara os pulsos. Deixava assim, além de todas as contas, a dor tatuada na mulher e nos três filhos.
A comoção lá na rua foi geral. Todos trataram de consolar Dona Carla e seus filhos. Depois de um tempo, a família conseguiu reverter a situação financeira e até hoje vivem muito bem. Aliás, a casa da Dona Carla é a mais simpática de toda a rua. Mas ainda tinha o velório e o enterro do Seu Heitor, que foi lá no João XXIII.
Minha mãe era muito amiga da Dona Carla. Mas meu pai não quis acompanhá-la no velório. Aí ela me convidou. Fomos com um vizinho, o Seu Fernando. Era uma noite chuvosa e fria de uma quarta-feira de agosto. Desci correndo do Del Rey do Seu Fernando e me abriguei embaixo de uma marquise. Nunca vi tanta gente lá da rua reunida. Minha mãe me deu a mão e nos aproximamos da capelinha onde acontecia o velório.
Tinha uma fila enorme de pessoas que chegavam até a Dona Carla, falavam baixinho no seu ouvido, abraçavam-na e saíam. Resolvi que ia entrar na fila e acompanhar a minha mãe. Fiquei à frente dela. Só que tinha um porém: eu Não sabia o que se dizia a uma viúva numa hora dessas. E não quis perguntar à minha mãe. Ah, e eu era a única criança presente. Fiquei ali, quietinho na fila esperando a minha vez. Tentava escutar o que diziam, mas não tinha como.
Faltava só uma pessoa, o Seu Agostinho. Foi lá, sussurrou, deu um abraço e saiu. Era a minha vez. Eu já estava um pouco tremendo pelo frio que fazia. Não tinha a mínima idéia do que se falava naquela ocasião. Me aproximei. Dei os quatro passos que separavam o primeiro da fila até a poltrona da Dona Carla. Abracei-a, puxei ar pra pegar um pouco de fôlego e soltei, de uma só vez:
- Meus parabéns!
Aos dez anos eu tava na quarta série e tinha aulas de português com a tia Carla Lemos, que era nossa vizinha. Um amor de pessoa. Antes de eu ser seu aluno vivia indo à sua casa brincar com um coelho que ela tinha. Grande, branco e com os olhos bem vermelhos. Depois que passei a ser seu aluno não quis mais ir lá brincar com o coelho. Talvez tenha estabelecido no meu subconsciente uma relação de distância professor/aluno.
Nesse mesmo ano, o marido da dona Carla tava com uns problemas financeiros e deu uma sumida. Todos achavam que ele ia procurar algum tipo de ajuda, pedir dinheiro emprestado, sei lá. Mas simplesmente sumiu e não deu notícias. A dona Carla que tinha qiue se virar desdobrando os credores que não paravam de aparecer, além de não saber mais onde procurar o marido.
O desespero foi tanto, que ela mandou um de seus filhos à praia, ver se ele não tinha ido se exilar na casa que tinham em Capão. Naquela época não tinha celular, as informações demoravam bem mais pra chegar. No final do dia, finalmente, a notícia de que o Seu Heitor realmente tinha se recolhido à casa de Capão. E lá, num ato de profundo egoísmo e falta de humildade pra pedir ajuda, cortara os pulsos. Deixava assim, além de todas as contas, a dor tatuada na mulher e nos três filhos.
A comoção lá na rua foi geral. Todos trataram de consolar Dona Carla e seus filhos. Depois de um tempo, a família conseguiu reverter a situação financeira e até hoje vivem muito bem. Aliás, a casa da Dona Carla é a mais simpática de toda a rua. Mas ainda tinha o velório e o enterro do Seu Heitor, que foi lá no João XXIII.
Minha mãe era muito amiga da Dona Carla. Mas meu pai não quis acompanhá-la no velório. Aí ela me convidou. Fomos com um vizinho, o Seu Fernando. Era uma noite chuvosa e fria de uma quarta-feira de agosto. Desci correndo do Del Rey do Seu Fernando e me abriguei embaixo de uma marquise. Nunca vi tanta gente lá da rua reunida. Minha mãe me deu a mão e nos aproximamos da capelinha onde acontecia o velório.
Tinha uma fila enorme de pessoas que chegavam até a Dona Carla, falavam baixinho no seu ouvido, abraçavam-na e saíam. Resolvi que ia entrar na fila e acompanhar a minha mãe. Fiquei à frente dela. Só que tinha um porém: eu Não sabia o que se dizia a uma viúva numa hora dessas. E não quis perguntar à minha mãe. Ah, e eu era a única criança presente. Fiquei ali, quietinho na fila esperando a minha vez. Tentava escutar o que diziam, mas não tinha como.
Faltava só uma pessoa, o Seu Agostinho. Foi lá, sussurrou, deu um abraço e saiu. Era a minha vez. Eu já estava um pouco tremendo pelo frio que fazia. Não tinha a mínima idéia do que se falava naquela ocasião. Me aproximei. Dei os quatro passos que separavam o primeiro da fila até a poltrona da Dona Carla. Abracei-a, puxei ar pra pegar um pouco de fôlego e soltei, de uma só vez:
- Meus parabéns!
Wednesday, April 19, 2006
Herança de mãe...
Minha mãe não sabe, mas ela me deixou uma herança em vida que dinheiro nenhum paga. Na verdade fiquei procurando uso pra essa palavra que só ouvi sendo pronunciada com naturalidade nas novelas da globo nos idos de 80. Nessas novelas em que marmanjos como a Lucinha Lins e o Cássio Gabus Mendes tratam os pais por mamãe e papai, que meiguinho. Pois nessas novelas se falava muito em herança.
A herança a que me refiro, que minha mãe me deixou na infância e que só me dei conta há alguns dias, não tem dólares, nem apartamentos, nem sítios nem haras – aliás, haras é outra coisa que só vi em novela – é uma coisa muito mais simples: me chamar lá do pátio, quando eu estava brincando, pra tomar o café da tarde...
- Raulziiiiiiiiiiiiinho!!! – gritava ela da cozinha.
- Quêêêêê.. mããããe...??? – eu respondia, invariavelmente brincando com meus Playmobil
- Vem tomar café!!!
Na verdade eu já sabia, porque o cheirinho do café passado percorria todos os cantinhos do pátio e invadia até as cozinhas - desprovidas de minha mãe - dos vizinhos, que não se continham e davam uma espiadela por cima do muro, sempre fazendo um comentário..
- Passando um cafezinho, Dona Nair?
- Tô.. daqui a pouquinho minha filha chega do colégio e gosta de tomar um café..
Falavam isso por cima do muro, muitas vezes sem ver umas às outras. Quem mora em casa tem dessas coisas. E era bom aquele café. Posso dizer que até hoje é, mas o segredo estava nas guarnições. Elas é que são minha herança. Naquele tempo o pão não era esse cacetinho amassado que comemos hoje. Era pão de meio e pão de quarto, que o seu Herny, o italiano do armazém, vendia quentinho. Minha mãe servia o café com leite na minha caneca de porcelana, um hábito que tenho até hoje, e cortava o pão de meio, ainda quente, em fatias de dois dedos, e passava a manteiga da Corlac, aquela do papel dourado.
Eu arregalava os olhos pra manteiga que se derretia em cima da fatia do pão e assoprava o café pela borda da caneca pra não queimar a língua. Isso quando minha mãe não inventava de fazer um bolo de laranja, que igual nunca vi. Até hoje o velho pé de laranja ornamenta o nosso pátio e colore-se de laranja em setembro. Minha diversão era colher as laranjas com um artefato de madeira com uma lata de nescau na ponta e depois, fazer delas o suco para o bolo. Lembro que ela dava o toque final no bolo com uma calda de laranja por cima e as raspas da casca que perfumavam toda a casa.
São essas coisas que nenhum hotel de luxo, nenhum restaurante mais requintado, nem mesmo os cafés coloniais de gramado vão conseguir reproduzir. Existia toda a mística que envolve uma criança que brinca no pátio com seu Playmobil e terá o maior prazer em interromper o seu brinquedo, porque tudo o que a rodeia é amor, desde o seu lar, a sua mãe e tudo o que ela faz.
A herança a que me refiro, que minha mãe me deixou na infância e que só me dei conta há alguns dias, não tem dólares, nem apartamentos, nem sítios nem haras – aliás, haras é outra coisa que só vi em novela – é uma coisa muito mais simples: me chamar lá do pátio, quando eu estava brincando, pra tomar o café da tarde...
- Raulziiiiiiiiiiiiinho!!! – gritava ela da cozinha.
- Quêêêêê.. mããããe...??? – eu respondia, invariavelmente brincando com meus Playmobil
- Vem tomar café!!!
Na verdade eu já sabia, porque o cheirinho do café passado percorria todos os cantinhos do pátio e invadia até as cozinhas - desprovidas de minha mãe - dos vizinhos, que não se continham e davam uma espiadela por cima do muro, sempre fazendo um comentário..
- Passando um cafezinho, Dona Nair?
- Tô.. daqui a pouquinho minha filha chega do colégio e gosta de tomar um café..
Falavam isso por cima do muro, muitas vezes sem ver umas às outras. Quem mora em casa tem dessas coisas. E era bom aquele café. Posso dizer que até hoje é, mas o segredo estava nas guarnições. Elas é que são minha herança. Naquele tempo o pão não era esse cacetinho amassado que comemos hoje. Era pão de meio e pão de quarto, que o seu Herny, o italiano do armazém, vendia quentinho. Minha mãe servia o café com leite na minha caneca de porcelana, um hábito que tenho até hoje, e cortava o pão de meio, ainda quente, em fatias de dois dedos, e passava a manteiga da Corlac, aquela do papel dourado.
Eu arregalava os olhos pra manteiga que se derretia em cima da fatia do pão e assoprava o café pela borda da caneca pra não queimar a língua. Isso quando minha mãe não inventava de fazer um bolo de laranja, que igual nunca vi. Até hoje o velho pé de laranja ornamenta o nosso pátio e colore-se de laranja em setembro. Minha diversão era colher as laranjas com um artefato de madeira com uma lata de nescau na ponta e depois, fazer delas o suco para o bolo. Lembro que ela dava o toque final no bolo com uma calda de laranja por cima e as raspas da casca que perfumavam toda a casa.
São essas coisas que nenhum hotel de luxo, nenhum restaurante mais requintado, nem mesmo os cafés coloniais de gramado vão conseguir reproduzir. Existia toda a mística que envolve uma criança que brinca no pátio com seu Playmobil e terá o maior prazer em interromper o seu brinquedo, porque tudo o que a rodeia é amor, desde o seu lar, a sua mãe e tudo o que ela faz.
Monday, April 17, 2006
Uma Páscoa com a família que a gente escolhe..
Depois do Carnaval, o evento mais esperado por todos é um só: a Páscoa. Mas não a Páscoa assim.. como é que eu vou dizer? Aquela loucura toda que se sucedeu lá pelas bandas de Jerusalém há dois mil anos e lembrada até hoje como uma das maiores histórias de amor já ocorridas. Todo aquele sacrifício, todo aquele sangue, toda a entrega, não são suficientes pra fazer frente aos coelhinhos de chocolate e todos seus ovinhos. Mesmo sem saber explicar a relação de um coelho com a Páscoa e muito menos da relação do ovo com esse coelho, a indústria do chocolate, nessa época, é mais promissora a cada ano. Ainda que o mascote achocolatado fosse trocado por uma galinha grávida, garanto que em pouco tempo o sucesso seria obtido.
Isso é só uma observação. Eu faço a minha parte nesse sucesso todo do chocolate. E quanto à história do JC na cruz, apenas lembro, nenhuma atitude mais cristã. Uma coisa que sempre procuro fazer é passar esse momento com o maior número de amigos possíveis. A galera sempre se agiliza pra uma trip na praia ou um acampamento, seja nos canions de Cambará do Sul, na Cascata do Chuvisqueiro ou às margens do Paranhana em Três Coroas. Qualquer lugar é lugar quando se quer curtir um fim de semana entre amigos.
Assim foi a Páscoa deste ano. As propostas iniciais eram muitas, desde o Forte Santa Tereza, no Uruguai até a praia da Pinheira, em SC. Depois de lotar a caixa de emails com discussões se íamos pra cá ou pra lá, acabamos optando pelo camping de Três Coroas. E isso só foi acontecer na tarde de quinta. Chegamos até a pensar em desistir, pelas desistências, mas como não é número que faz uma indiada acontecer, prosseguimos. Eu ia fazer uma indiada à parte, mas fui interceptado.
Pra garantir lugar nos carros, que eram poucos, saí do trampo correndo e comprei uma passagem pra Três Coroas para as 20h de quinta. Fui pra casa organizar as coisas e partir logo. Às 18:10, extamente, entrei em casa. O Plano: até 18:30 arrumar a parte das roupas e até às 19h os outros utensílios: lonas, cordas, fósforos, fogãozinho, panela, bola.. e tudo mais que se pode usar num camping. A barraca tava na casa de um amigo. Eu iria de táxi de casa até a rodoviária, passando na casa desse amigo pra buscar a barraca. A idéia era de eu chegar na rodoviária de Três Coroas e ficar esperando a galera num boteco qualquer.
Eu tava bem tranqüilo dobrando uma camiseta amarela e ajeitando-a na mala quando vi as horas. PQP!!! 18:50h E eu ainda não tinha nem tomado banho. Bah, passei voando embaixo do chuveiro e tratei de arrecadar tudo o que eu via pela frente.. isqueiro, cordinha, lâmpada, violão, rádio,... entrei no primeiro táxi que vi e dei o destino.
Parênteses: o tiozinho motora do táxi tinha mais tique que louco de porta de hospital. Se remexia todo no banco e dava uns solavancos pra arrancar o carro. Uma hora virei pra ele e fiquei olhando sério, como perguntando se ele tava com algum problema. Parou de pular na hora. Ainda quis dizer que acampar na Barra do Ribeiro e Magistério seria mais interessante que Três Coroas... tsc tsc tsc
No caminho pra casa do meu amigo recebi a ligação da Ro, que já saiu dizendo:
- Não compra passagem!
- Como assim?
- Não compra, a gente vai junto. Aí tu vai com a gente!
- Bah, que show! Eu já comprei, mas tudo bem. Guardo-a de recordação.
Parei no Bourbon e fui comprar as coisas que faltavam, esperando eles chegarem, ela e o Scooby. Dali em diante foi só tranqüilidade. Lá no camping foi aquela função de sempre.. escolher lugar pra colocar as barracas, retirar as pedras* que estorvavam, catar tocos pra fazer a fogueira, procurar tomadas pra luz...
* Esse lance das pedras foi engraçado. Achei o lugar ideal pra colocar a barraca, mas tinha uma pedra de tamanho considerável incomodando. Passei uma meia hora escavando na volta e me matando pra tirar a dita cuja dali. Ficou um baita buracão. Montei toda a barraca e no fim, a surpresa: o buraco tava longe da barraca. Não faria diferença nenhuma se a pedra ficasse ali.
O segundo carro chegou no meio da madrugada agitando todo mundo. Era a primeira noite de uma Páscoa muito divertida no meio do mato. No sábado jogamos futebol com uma gurizada que tava acampada por lá, entre eles um magrão com a camiseta do MST. Os guris o apelidaram na hora de "Zé Rainha". Foi muito engraçado, e serviu de inspiração pra uma boa sessão de risadas na manhã seguinte. O Rodrigão puxou a seqüência de frases, e nós demos continuação..
- Quando o Zé Rainha pegou a bola teve um latifúndio pra trabalhar!
- Hahahahahhahaha
- Zé Rainha só queria saber de invadir a área!
- Hahahahhahahha
- Zé Rainha entrou impedido!
- Hahahahahahhaha
- Eu vi: Zé Rainha amanheceu acampado na área do campo!
- Hahahahahahhahahaha
- Zé Rainha orientava sua equipe: nada de marcação homem a homem, a marcaçao deve ser por área!
- Hahahahahahahahahahaha
E assim foi.. como é bom rir de qualquer besteira. Aliás, esse foi um dos pontos marcantes do findi: diversão. Tudo era motivo de graça, de riso. Na sexta giramos horas na cidade em busca de peixe, mas tava tudo fechado. Acabamos num pesque e pague, onde fomos muito bem recebidos pela família que almoçava. Ficamos ali de papo e acabamos comprando um peixe de 8kg. Eles foram tão receptivos que nos deram os peixes que não tinham comido, assim como a salada de maionese. Tiveram todo o cuidado em dizer que não se tratava de sobra, mas que já haviam comido e não tinham mais fome. E nem precisava, os peixes e a salada estavam numa travessa sobre a mesa, ainda quentinhos. Momento ímpar!
Imagem & Ação
Quem já jogou sabe que esse é um dos molhores jogos que já foi inventado, ainda mais quando se joga regado a ceva, caipira e vinho. Caneta e papel, inspiração pras mímicas, divisão dos times.. e lá vai! Pode virar a ampulheta! Olha.. o jogo era pura risada! Saía cada desenho, cada mímica que nos mijávamos de rir.. mas uma carece de menção honrosa:
- Tá, eu vou desenhar.. - disse o Scooby
- Tá, vai lá então, pode começar?
- Pode. - viraram a ampulheta.
- ... (ele desenhando.. parecia uma forca)
- FORCA!
- ABAJUR!
- Faz outro desenho!
- .... (outro desenho... igual!)
- SAMAMBAIA! - HAHAHAHAHHAHA
- QUE PUTARIA É ESSA?
- FAZ OUTRO DESENHO, VAI ACABAR O TEMPO!
- ... (ele circulava aquilo que pareciam um monte de samambaias)
O tempo acabou. O time das gurias vibrava. Mas o que seria aquilo? Então ele revelou, pra espanto geral, inclusive das gurias:
- Um Laboratório, oras - falou na maior cara de pau!
Mau Deus, aquilo não era laboratório nem se tivesse legenda. Ele ainda tentou fazer um bonequinho ao lado, do tamanho daquilo que era pra ser um microscópio. Depois a ampliação da lâmina, que ficou parecendo um prédio.. olha.. sem comentários. Vou scanear e colocar aqui o desenho, aguardem!
Depois de tudo, só o que tenho a fazer é agradecer por um final de semana tão especial, sem todos os amigos que eu gostaria, mas onde cada um dos que foram fizeram encher cada minuto. Todos se divertindo com todos, sem máscaras, sem incompatibilidades. E se a paixão de JC não foi mais lembrada que os chocolates, com certeza a vivemos um pouquinho, na partilha do peixe, na ajuda pra montar e desmontar as barracas, na humildade em aceitar o peixe daquela família, e, principalmente, por fazer acontecer algo que estava quase morto. Ainda que com poucos integrantes, deixar marcado um evento que foi aberto a todos, sem restrições.
Isso é só uma observação. Eu faço a minha parte nesse sucesso todo do chocolate. E quanto à história do JC na cruz, apenas lembro, nenhuma atitude mais cristã. Uma coisa que sempre procuro fazer é passar esse momento com o maior número de amigos possíveis. A galera sempre se agiliza pra uma trip na praia ou um acampamento, seja nos canions de Cambará do Sul, na Cascata do Chuvisqueiro ou às margens do Paranhana em Três Coroas. Qualquer lugar é lugar quando se quer curtir um fim de semana entre amigos.
Assim foi a Páscoa deste ano. As propostas iniciais eram muitas, desde o Forte Santa Tereza, no Uruguai até a praia da Pinheira, em SC. Depois de lotar a caixa de emails com discussões se íamos pra cá ou pra lá, acabamos optando pelo camping de Três Coroas. E isso só foi acontecer na tarde de quinta. Chegamos até a pensar em desistir, pelas desistências, mas como não é número que faz uma indiada acontecer, prosseguimos. Eu ia fazer uma indiada à parte, mas fui interceptado.
Pra garantir lugar nos carros, que eram poucos, saí do trampo correndo e comprei uma passagem pra Três Coroas para as 20h de quinta. Fui pra casa organizar as coisas e partir logo. Às 18:10, extamente, entrei em casa. O Plano: até 18:30 arrumar a parte das roupas e até às 19h os outros utensílios: lonas, cordas, fósforos, fogãozinho, panela, bola.. e tudo mais que se pode usar num camping. A barraca tava na casa de um amigo. Eu iria de táxi de casa até a rodoviária, passando na casa desse amigo pra buscar a barraca. A idéia era de eu chegar na rodoviária de Três Coroas e ficar esperando a galera num boteco qualquer.
Eu tava bem tranqüilo dobrando uma camiseta amarela e ajeitando-a na mala quando vi as horas. PQP!!! 18:50h E eu ainda não tinha nem tomado banho. Bah, passei voando embaixo do chuveiro e tratei de arrecadar tudo o que eu via pela frente.. isqueiro, cordinha, lâmpada, violão, rádio,... entrei no primeiro táxi que vi e dei o destino.
Parênteses: o tiozinho motora do táxi tinha mais tique que louco de porta de hospital. Se remexia todo no banco e dava uns solavancos pra arrancar o carro. Uma hora virei pra ele e fiquei olhando sério, como perguntando se ele tava com algum problema. Parou de pular na hora. Ainda quis dizer que acampar na Barra do Ribeiro e Magistério seria mais interessante que Três Coroas... tsc tsc tsc
No caminho pra casa do meu amigo recebi a ligação da Ro, que já saiu dizendo:
- Não compra passagem!
- Como assim?
- Não compra, a gente vai junto. Aí tu vai com a gente!
- Bah, que show! Eu já comprei, mas tudo bem. Guardo-a de recordação.
Parei no Bourbon e fui comprar as coisas que faltavam, esperando eles chegarem, ela e o Scooby. Dali em diante foi só tranqüilidade. Lá no camping foi aquela função de sempre.. escolher lugar pra colocar as barracas, retirar as pedras* que estorvavam, catar tocos pra fazer a fogueira, procurar tomadas pra luz...
* Esse lance das pedras foi engraçado. Achei o lugar ideal pra colocar a barraca, mas tinha uma pedra de tamanho considerável incomodando. Passei uma meia hora escavando na volta e me matando pra tirar a dita cuja dali. Ficou um baita buracão. Montei toda a barraca e no fim, a surpresa: o buraco tava longe da barraca. Não faria diferença nenhuma se a pedra ficasse ali.
O segundo carro chegou no meio da madrugada agitando todo mundo. Era a primeira noite de uma Páscoa muito divertida no meio do mato. No sábado jogamos futebol com uma gurizada que tava acampada por lá, entre eles um magrão com a camiseta do MST. Os guris o apelidaram na hora de "Zé Rainha". Foi muito engraçado, e serviu de inspiração pra uma boa sessão de risadas na manhã seguinte. O Rodrigão puxou a seqüência de frases, e nós demos continuação..
- Quando o Zé Rainha pegou a bola teve um latifúndio pra trabalhar!
- Hahahahahhahaha
- Zé Rainha só queria saber de invadir a área!
- Hahahahhahahha
- Zé Rainha entrou impedido!
- Hahahahahahhaha
- Eu vi: Zé Rainha amanheceu acampado na área do campo!
- Hahahahahahhahahaha
- Zé Rainha orientava sua equipe: nada de marcação homem a homem, a marcaçao deve ser por área!
- Hahahahahahahahahahaha
E assim foi.. como é bom rir de qualquer besteira. Aliás, esse foi um dos pontos marcantes do findi: diversão. Tudo era motivo de graça, de riso. Na sexta giramos horas na cidade em busca de peixe, mas tava tudo fechado. Acabamos num pesque e pague, onde fomos muito bem recebidos pela família que almoçava. Ficamos ali de papo e acabamos comprando um peixe de 8kg. Eles foram tão receptivos que nos deram os peixes que não tinham comido, assim como a salada de maionese. Tiveram todo o cuidado em dizer que não se tratava de sobra, mas que já haviam comido e não tinham mais fome. E nem precisava, os peixes e a salada estavam numa travessa sobre a mesa, ainda quentinhos. Momento ímpar!
Imagem & Ação
Quem já jogou sabe que esse é um dos molhores jogos que já foi inventado, ainda mais quando se joga regado a ceva, caipira e vinho. Caneta e papel, inspiração pras mímicas, divisão dos times.. e lá vai! Pode virar a ampulheta! Olha.. o jogo era pura risada! Saía cada desenho, cada mímica que nos mijávamos de rir.. mas uma carece de menção honrosa:
- Tá, eu vou desenhar.. - disse o Scooby
- Tá, vai lá então, pode começar?
- Pode. - viraram a ampulheta.
- ... (ele desenhando.. parecia uma forca)
- FORCA!
- ABAJUR!
- Faz outro desenho!
- .... (outro desenho... igual!)
- SAMAMBAIA! - HAHAHAHAHHAHA
- QUE PUTARIA É ESSA?
- FAZ OUTRO DESENHO, VAI ACABAR O TEMPO!
- ... (ele circulava aquilo que pareciam um monte de samambaias)
O tempo acabou. O time das gurias vibrava. Mas o que seria aquilo? Então ele revelou, pra espanto geral, inclusive das gurias:
- Um Laboratório, oras - falou na maior cara de pau!
Mau Deus, aquilo não era laboratório nem se tivesse legenda. Ele ainda tentou fazer um bonequinho ao lado, do tamanho daquilo que era pra ser um microscópio. Depois a ampliação da lâmina, que ficou parecendo um prédio.. olha.. sem comentários. Vou scanear e colocar aqui o desenho, aguardem!
Depois de tudo, só o que tenho a fazer é agradecer por um final de semana tão especial, sem todos os amigos que eu gostaria, mas onde cada um dos que foram fizeram encher cada minuto. Todos se divertindo com todos, sem máscaras, sem incompatibilidades. E se a paixão de JC não foi mais lembrada que os chocolates, com certeza a vivemos um pouquinho, na partilha do peixe, na ajuda pra montar e desmontar as barracas, na humildade em aceitar o peixe daquela família, e, principalmente, por fazer acontecer algo que estava quase morto. Ainda que com poucos integrantes, deixar marcado um evento que foi aberto a todos, sem restrições.
Monday, April 10, 2006
Trilha sonora...
Tenho uma estranha mania de associar músicas a filmes. Quem me conhece sabe: basta alguém cantarolar uma melodia, ou ouvir um trechinho de uma música quando se troca de estação no rádio e eu já lanço..
- Tu viu esse filme?
- Qual? – as pessoas perguntam.
Aí entra a minha indignação. Além de eu querer que todos tenham visto os mesmos filmes que eu, quero que tenham decorado a trilha sonora de cada um deles.
- Apocalipse Now! Vai dizer que tu não viu!!!!?
- Não. Não vi.
- Bah.. tens que ver!
Então tento convencer a pessoa de que ela precisa ver o tal filme. Invariavelmente é assim. Ontem mesmo.. dois dos meus sobrinhos estavam lá em casa. Faziam arte por toda a casa: espalhavam a areia que o pai comprou pra terminar a reforma dos fundos, jogavam água nos cachorros, subiam na grade do portão.. essas coisas que guri faz. Mas um deles, o Mano, tem um viés pra música. Toca violão. E pior que toca direitinho!
Vendo o guri tocar me encorajei e fui pro teclado com os dedos bastante enferrujados. Mas consegui brincar com a Blowers Daughter, do filme Closer – Perto Demais. Tanto que minha irmã ficou me assistindo à porta, e pediu que eu ensinasse o Mano a tocá-la no violão.
Já fui logo falando do filme:
- Ah, tu viu esse filme, então?
- Não, qual? – tri boiando, ela!
- Closer! – numa entonação de obviedade.
- Não..
- Closer, perto demais
- Não, não vi. Com quem é? É bom?
- Ah deixa.. é bom, uma hora tu pega pra ver.
Me caiu a ficha, então, de que ela entendera como sendo a música do Seu Jorge com a Ana Carolina.. “É isso aí”.
É isso aí, às vezes tenho uma vontade de ter um cinema e passar para os meus amigos todos os filmes bons que já vi.
Boa semana a todos!
- Tu viu esse filme?
- Qual? – as pessoas perguntam.
Aí entra a minha indignação. Além de eu querer que todos tenham visto os mesmos filmes que eu, quero que tenham decorado a trilha sonora de cada um deles.
- Apocalipse Now! Vai dizer que tu não viu!!!!?
- Não. Não vi.
- Bah.. tens que ver!
Então tento convencer a pessoa de que ela precisa ver o tal filme. Invariavelmente é assim. Ontem mesmo.. dois dos meus sobrinhos estavam lá em casa. Faziam arte por toda a casa: espalhavam a areia que o pai comprou pra terminar a reforma dos fundos, jogavam água nos cachorros, subiam na grade do portão.. essas coisas que guri faz. Mas um deles, o Mano, tem um viés pra música. Toca violão. E pior que toca direitinho!
Vendo o guri tocar me encorajei e fui pro teclado com os dedos bastante enferrujados. Mas consegui brincar com a Blowers Daughter, do filme Closer – Perto Demais. Tanto que minha irmã ficou me assistindo à porta, e pediu que eu ensinasse o Mano a tocá-la no violão.
Já fui logo falando do filme:
- Ah, tu viu esse filme, então?
- Não, qual? – tri boiando, ela!
- Closer! – numa entonação de obviedade.
- Não..
- Closer, perto demais
- Não, não vi. Com quem é? É bom?
- Ah deixa.. é bom, uma hora tu pega pra ver.
Me caiu a ficha, então, de que ela entendera como sendo a música do Seu Jorge com a Ana Carolina.. “É isso aí”.
É isso aí, às vezes tenho uma vontade de ter um cinema e passar para os meus amigos todos os filmes bons que já vi.
Boa semana a todos!
Thursday, April 06, 2006
Distantes...
Ainda eu fique sem palavras. Ainda que eu fique sem jeito. Nem sei se vou saber te olhar. Só sinto algo estranho no peito enquanto conto as horas. A cada dia que passa repenso se devo ou não ir ao teu encontro.
Aí encontro o ombro dos amigos, e neles o incentivo a não desistir. Depois de tanto tempo não há mais motivos para protelar. Não há porque esperar uma oportunidade. Hei de fazê-la. Desenraizar os pés da comodidade e regar com um abraço apertado os campos de um laço fraterno que outrora fora esquecido.
Não haverá mais, então, essa falta, mas sim o compromisso de não deixar esse nó soltar-se novamente. E noutro abraço selar-se-á, agora, a saudade.
Manias internérdicas
Nerd porque, por eu achar que essas coisas remetem a pessoas muito ligadas num troço, não necessariamente nos estudos. Me refiro a emoticons do msn e comunidades do orkut, pra não espraiar muito. Não vou dizer que dá raiva ou que odeio, mas é um saco tentar manter uma conversa no msn cheio de “Ois” piscantes, “bom dias” cheios de estrelinhas com um passarinho em cima do B, tendo que entender que um bonequinho andando na tela é um “vou”, e uma casinha esquiita é a própria casa. Tem pessoas que conseguem escrever uma grase sem que apareça uma única palavra crua, só desenhinhos. Eu acho legais muitos emoticons, mas uns criativos, usados vez lá que outra. Indiscriminadamente assim, não. Fiquei de cara esses dias que fui escrever alguma palavra que tinha “lamb” no meio e me apareceu uma vaquinha dando um lambida! Aí tive que trocar pra maiúsculo.
Outra coisa que eu não entendo são essas comunidades de “Eu sou fã do fulano..” Pior, o convite enviado pelo próprio fulano! Hahahahhahahaha O orkut já tem aquela paradinha de classificação pra colocar quem são teus fãs. Tá mais do que bom. Agora uma comunidade.. dá licença! Até tenho nas minhas comunidades uma de fãs do Décio. Mas o cara é o cara, se tiver 18 comunidades com o mesmo nome entro em todas. Agora os reles mortais.. deleto! Hehehehe..
*****************
Amansa burro: o textinho ali de cima fiz para um amigo que não vê a irmã há alguns anos.
Aí encontro o ombro dos amigos, e neles o incentivo a não desistir. Depois de tanto tempo não há mais motivos para protelar. Não há porque esperar uma oportunidade. Hei de fazê-la. Desenraizar os pés da comodidade e regar com um abraço apertado os campos de um laço fraterno que outrora fora esquecido.
Não haverá mais, então, essa falta, mas sim o compromisso de não deixar esse nó soltar-se novamente. E noutro abraço selar-se-á, agora, a saudade.
Manias internérdicas
Nerd porque, por eu achar que essas coisas remetem a pessoas muito ligadas num troço, não necessariamente nos estudos. Me refiro a emoticons do msn e comunidades do orkut, pra não espraiar muito. Não vou dizer que dá raiva ou que odeio, mas é um saco tentar manter uma conversa no msn cheio de “Ois” piscantes, “bom dias” cheios de estrelinhas com um passarinho em cima do B, tendo que entender que um bonequinho andando na tela é um “vou”, e uma casinha esquiita é a própria casa. Tem pessoas que conseguem escrever uma grase sem que apareça uma única palavra crua, só desenhinhos. Eu acho legais muitos emoticons, mas uns criativos, usados vez lá que outra. Indiscriminadamente assim, não. Fiquei de cara esses dias que fui escrever alguma palavra que tinha “lamb” no meio e me apareceu uma vaquinha dando um lambida! Aí tive que trocar pra maiúsculo.
Outra coisa que eu não entendo são essas comunidades de “Eu sou fã do fulano..” Pior, o convite enviado pelo próprio fulano! Hahahahhahahaha O orkut já tem aquela paradinha de classificação pra colocar quem são teus fãs. Tá mais do que bom. Agora uma comunidade.. dá licença! Até tenho nas minhas comunidades uma de fãs do Décio. Mas o cara é o cara, se tiver 18 comunidades com o mesmo nome entro em todas. Agora os reles mortais.. deleto! Hehehehe..
*****************
Amansa burro: o textinho ali de cima fiz para um amigo que não vê a irmã há alguns anos.
Tuesday, April 04, 2006
Numa madrugada, num quarto frio...
Aos amigos recorri quando fui tomado pela falta de tudo, apesar do tudo que me era oferecido. Era uma manhã de atípico frio de março e a noite anterior fora marcada pelo medo de caminhar algumas quadras numa rua de poucas casas com a iluminação falha. Na lembrança as mesmas risadas inéditas dos mesmos amigos surpreendentes como companhia. Naquela noite, ao contrário das outras, havia me deitado cedo. Não sei ao certo que horas eram quando duas sensações insuportáveis me acordaram e ao mesmo tempo me prenderam à cama. As poucas horas que passaram desde que adormeci serviram pra fazer os rins trabalharem e preencherem todo o volume da bexiga; e o cair brusco da temperatura não fizeram conhecimento do fino lençol que me cobria.
Uma imensa força não foi suficiente pra conseguir abrir os olhos. Estaria ainda dormindo enquanto o corpo sofria aquelas sensações desconfortantes? As forças então foram usadas pra tentar acordar com o auxílio do corpo que tremia sem parar e das pernas unidas uma à outra pra não molhar a cama. Os olhos, enfim, se abriram. Mas o corpo insistia em tentar abraçar mais o fino lençol em vão. Parecia que o frio aumentava. Recobrei o tino e me levantei. Notei que a janela ficara aberta e por isso uma brisa muito fria invadia o quarto naquela madrugada. Fui ao banheiro e depois estendi o cobertor que hibernava no roupeiro. Enrolei-me feito um lagarto no casulo e adormeci, permanecendo assim por mais umas cinco horas.
A manhã já se fazia quente novamente e alguns raios de sol faziam fachos de luz por entre as frestas da veneziana culminando em algum desenho estranho na parede, próximo à tomada. Em vã tentativa de decifrá-los refletia sobre tudo o que estava ao meu redor e como eu estava me sentindo em relação a essas coisas. Foi então que percebi que minha agenda mental não era suficiente pra dar conta de tantos afazeres, tantos amigos, tantos sentimentos conflitantes, tantas coisas pra dizer, mas nenhuma palavra pra expressar. Uma vontade de fugir e uma saudade de ficar. Pensamentos, sensações e sentimentos dúbios, reversos, imersos num mar confuso e turbulento.
Se as coisas não fossem amarradas seriam muito mais fáceis. E não teriam nenhuma graça. Tudo causa, tudo implica. E como tudo que nos satisfaz plenamente depende de alguém, tudo o que fizermos repercutirá uma reação. Boa ou ruim. Às vezes ruim sem que tenhamos vontade de que acontecesse assim. Às vezes boa demais sem que desejássemos que acontecesse assim. Digo que depende de alguém porque posso achar que me satisfaço plenamente com o sol que nasce no horizonte do oceano, mas logo preciso compartilhar esse momento. Tudo o que sentimos passa por uma necessidade de ser exposto.
Talvez a dor seja guardada. Por vezes é. Talvez por querer preservar a reação de quem está próximo a nós. Já o riso geralmente é exposto e quer ser muito compartilhado. Intensificado se for possível. Mas nesse momento eu estava só. Eu, o fino lençol, o cobertor que me salvou, o desenho feito pelo sol na parede e todo o universo do meu quarto. Nada podia ser compartilhado, nem mesmo um sorriso que não aconteceu. Nem mesmo uma lágrima. Nem o calor do corpo que agora não mais precisava se cobrir. Nem o brilho dos olhos nem o quente dos lábios.
A vida toma sentido pela esperança de que nada disso transborde e se perca. Que nada disso vá embora, apenas acumule. Até mesmo a dor, porque ela valorizará a vitória de cada batalha. Mas que principalmente se acumule os sorrisos que provocarão outros, as lágrimas que farão chorar outros olhos, o calor do corpo, que junto a outro parecerá febril, o quente dos lábios que em outros lábios.. braços estarãoa eriçar e olhos a se fechar, olhos que destes que brilham.. por estes se farão perder.
Uma imensa força não foi suficiente pra conseguir abrir os olhos. Estaria ainda dormindo enquanto o corpo sofria aquelas sensações desconfortantes? As forças então foram usadas pra tentar acordar com o auxílio do corpo que tremia sem parar e das pernas unidas uma à outra pra não molhar a cama. Os olhos, enfim, se abriram. Mas o corpo insistia em tentar abraçar mais o fino lençol em vão. Parecia que o frio aumentava. Recobrei o tino e me levantei. Notei que a janela ficara aberta e por isso uma brisa muito fria invadia o quarto naquela madrugada. Fui ao banheiro e depois estendi o cobertor que hibernava no roupeiro. Enrolei-me feito um lagarto no casulo e adormeci, permanecendo assim por mais umas cinco horas.
A manhã já se fazia quente novamente e alguns raios de sol faziam fachos de luz por entre as frestas da veneziana culminando em algum desenho estranho na parede, próximo à tomada. Em vã tentativa de decifrá-los refletia sobre tudo o que estava ao meu redor e como eu estava me sentindo em relação a essas coisas. Foi então que percebi que minha agenda mental não era suficiente pra dar conta de tantos afazeres, tantos amigos, tantos sentimentos conflitantes, tantas coisas pra dizer, mas nenhuma palavra pra expressar. Uma vontade de fugir e uma saudade de ficar. Pensamentos, sensações e sentimentos dúbios, reversos, imersos num mar confuso e turbulento.
Se as coisas não fossem amarradas seriam muito mais fáceis. E não teriam nenhuma graça. Tudo causa, tudo implica. E como tudo que nos satisfaz plenamente depende de alguém, tudo o que fizermos repercutirá uma reação. Boa ou ruim. Às vezes ruim sem que tenhamos vontade de que acontecesse assim. Às vezes boa demais sem que desejássemos que acontecesse assim. Digo que depende de alguém porque posso achar que me satisfaço plenamente com o sol que nasce no horizonte do oceano, mas logo preciso compartilhar esse momento. Tudo o que sentimos passa por uma necessidade de ser exposto.
Talvez a dor seja guardada. Por vezes é. Talvez por querer preservar a reação de quem está próximo a nós. Já o riso geralmente é exposto e quer ser muito compartilhado. Intensificado se for possível. Mas nesse momento eu estava só. Eu, o fino lençol, o cobertor que me salvou, o desenho feito pelo sol na parede e todo o universo do meu quarto. Nada podia ser compartilhado, nem mesmo um sorriso que não aconteceu. Nem mesmo uma lágrima. Nem o calor do corpo que agora não mais precisava se cobrir. Nem o brilho dos olhos nem o quente dos lábios.
A vida toma sentido pela esperança de que nada disso transborde e se perca. Que nada disso vá embora, apenas acumule. Até mesmo a dor, porque ela valorizará a vitória de cada batalha. Mas que principalmente se acumule os sorrisos que provocarão outros, as lágrimas que farão chorar outros olhos, o calor do corpo, que junto a outro parecerá febril, o quente dos lábios que em outros lábios.. braços estarãoa eriçar e olhos a se fechar, olhos que destes que brilham.. por estes se farão perder.
Thursday, March 30, 2006
Minha mãe bebe e perde os critérios...
Faz horas que não falo sobre minha mãe. É uma pena, principalmente pra ela, que o que tenho a contar não lhe seja muito favorável.
Meu pai é um figura muito conservador e nada festivo. Não tolera palavrões, mau comportamento das crianças, música alta, conversas esticadas no telefone, bebedeiras e nem chegar tarde em casa. Tirando o “chegar tarde em casa” e “música alta”, nada do resto eu pratico em casa. É certo que meus tragos deixam vestígios por horas depois que eu acordo, mas lá em casa não bebo um gole sequer. Deixo meus eventuais palavrões pra rua e, se possível, mantenho o bom comportamento.. hehehehe
Quem acaba sofrendo o pênalti é minha mãezinha. Dona de um vasto vocabulário chulo, uma queda significativa por umas geladas a qualquer hora do dia e que, se pudesse, vivia fazendo palhaçadas pra alegrar quem está por perto, tem que “se comportar” em casa. Mas ela é feliz, o que importa pra Dona Anair é ver a casa sempre em harmonia. Seu Antônio, por mais que tudo ande na boa, tá sempre reinando com alguma coisa. É só não ligar que ele logo se aquieta.
Já disse aqui que ele vai pra praia só depois que todos já foram e começa a bater a saudade. Pois é.. por conta disso minha mãe deita e rola lá na praia. Todos os dias do verão me ligava pra contar das suas peripécias. Das quais, uma delas me deixou consideravelmente chocado.
O sapo..
Nossa casa da praia fica a cinco quadras do mar. Há poucas casas construídas por perto. Alguns cômoros de areia e um que outro banhado de água da chuva, o que atrai bastante os sapos, que vivem invadindo a casa em busca de insetos.
Ainda era de manhã quando minha mãe e minha irmã foram no mercadinho buscar umas cervejas pra tomar durante o dia, coisa que não acontece aqui em Poa. Aqui, duas garrafas durante o almoço bastam, não importa quantas pessoas estejam à mesa. Assim passaram o dia. As crianças brincando nos cômoros de areia e elas se gelando e rindo. Almoço preparado regado a cerveja e, logo depois, uma soneca.
No final da tarde elas voltavam a dar início aos trabalhos, mais umas geladas, as crianças correndo e gritando nos cômoros.. todos felizes.
Minha mãe tem um sério problema de incontinência, tanto urinária quanto... deixa pra lá. Ainda era de tardezinha quando ela, já bem embalada pelas cervejas que tomavam, sentiu que pre-ci-as-va ir ao banheiro. Como os sinais eram adversos, resolveu que ia no dos fundos. Como além de adversos, os sinais eram de extrema urgência, resolveu dar a volta por fora da casa. Levantou-se de fininho e deu início à empreitada de chegar ilesa ao banheiro e, enfim, aliviar-se. Sentiu que uma forte pressão a forçava a não mais prender uma nádega junto à outra. Mas recém havia passado pela primeira janela. Ainda restavam duas.
Enquanto isso as crianças continuavam brincando e minhas irmãs bebendo e rindo, lá na frente. Na última curvinha que antecedia o banheiro, o inevitável... Minha pobre mãezinha não se conteve e.. como vou dizer? Isso mesmo que vocês estão pensando! Antes mesmo de entrar no banheiro, como todos estavam lá na frente, tirou as calças premiadas e largou no tanque. Terminou o serviço no vaso e tomou um banho. Ainda tonta, colocou uma roupa limpa e voltou lá pra frente com as gurias, que não desconfiaram de nada.
À noite minha sobrinha se preparava pra ir com as amigas pra boate, enquanto minha mãe, agora limpinha, e minhas irmãs lá.. se gelando e dando uma olhada na gurizada. Prepararam a janta, assistiram TV e foram dormir.
Já de manhã, minha sobrinha voltou pra casa, lavou o rosto e foi dormir, enquanto todos acordavam. Levantou-se um pouco antes do almoço, já reclamando:
- Que droga esses sapos! Tão por toda parte! – resmungava com voz sonolenta.
- O que foi, minha filha.. te incomodaram? – Consolou minha irmã.
- Ahhh.. cheguei e fui lavar o rosto ali no tanque. Tinham umas roupas da vó. Eu tirei pro lado e tinha um baita dum sapo! Eu joguei água nele, mas ele não quis sair.
Todos entreolharam-se. A essa hora o tanque já havia sido limpo, e o então sapo, retirado.
- TALIIIITHAAAAAA!!!! – gritou minha outra irmã.
- É.. eu jogava água nele e dizia: “Sai, sapo!” mas ele não saía. Aí lavei o rosto e fui dormir.
Acho que já estava na hora de o meu pai aparecer...
Meu pai é um figura muito conservador e nada festivo. Não tolera palavrões, mau comportamento das crianças, música alta, conversas esticadas no telefone, bebedeiras e nem chegar tarde em casa. Tirando o “chegar tarde em casa” e “música alta”, nada do resto eu pratico em casa. É certo que meus tragos deixam vestígios por horas depois que eu acordo, mas lá em casa não bebo um gole sequer. Deixo meus eventuais palavrões pra rua e, se possível, mantenho o bom comportamento.. hehehehe
Quem acaba sofrendo o pênalti é minha mãezinha. Dona de um vasto vocabulário chulo, uma queda significativa por umas geladas a qualquer hora do dia e que, se pudesse, vivia fazendo palhaçadas pra alegrar quem está por perto, tem que “se comportar” em casa. Mas ela é feliz, o que importa pra Dona Anair é ver a casa sempre em harmonia. Seu Antônio, por mais que tudo ande na boa, tá sempre reinando com alguma coisa. É só não ligar que ele logo se aquieta.
Já disse aqui que ele vai pra praia só depois que todos já foram e começa a bater a saudade. Pois é.. por conta disso minha mãe deita e rola lá na praia. Todos os dias do verão me ligava pra contar das suas peripécias. Das quais, uma delas me deixou consideravelmente chocado.
O sapo..
Nossa casa da praia fica a cinco quadras do mar. Há poucas casas construídas por perto. Alguns cômoros de areia e um que outro banhado de água da chuva, o que atrai bastante os sapos, que vivem invadindo a casa em busca de insetos.
Ainda era de manhã quando minha mãe e minha irmã foram no mercadinho buscar umas cervejas pra tomar durante o dia, coisa que não acontece aqui em Poa. Aqui, duas garrafas durante o almoço bastam, não importa quantas pessoas estejam à mesa. Assim passaram o dia. As crianças brincando nos cômoros de areia e elas se gelando e rindo. Almoço preparado regado a cerveja e, logo depois, uma soneca.
No final da tarde elas voltavam a dar início aos trabalhos, mais umas geladas, as crianças correndo e gritando nos cômoros.. todos felizes.
Minha mãe tem um sério problema de incontinência, tanto urinária quanto... deixa pra lá. Ainda era de tardezinha quando ela, já bem embalada pelas cervejas que tomavam, sentiu que pre-ci-as-va ir ao banheiro. Como os sinais eram adversos, resolveu que ia no dos fundos. Como além de adversos, os sinais eram de extrema urgência, resolveu dar a volta por fora da casa. Levantou-se de fininho e deu início à empreitada de chegar ilesa ao banheiro e, enfim, aliviar-se. Sentiu que uma forte pressão a forçava a não mais prender uma nádega junto à outra. Mas recém havia passado pela primeira janela. Ainda restavam duas.
Enquanto isso as crianças continuavam brincando e minhas irmãs bebendo e rindo, lá na frente. Na última curvinha que antecedia o banheiro, o inevitável... Minha pobre mãezinha não se conteve e.. como vou dizer? Isso mesmo que vocês estão pensando! Antes mesmo de entrar no banheiro, como todos estavam lá na frente, tirou as calças premiadas e largou no tanque. Terminou o serviço no vaso e tomou um banho. Ainda tonta, colocou uma roupa limpa e voltou lá pra frente com as gurias, que não desconfiaram de nada.
À noite minha sobrinha se preparava pra ir com as amigas pra boate, enquanto minha mãe, agora limpinha, e minhas irmãs lá.. se gelando e dando uma olhada na gurizada. Prepararam a janta, assistiram TV e foram dormir.
Já de manhã, minha sobrinha voltou pra casa, lavou o rosto e foi dormir, enquanto todos acordavam. Levantou-se um pouco antes do almoço, já reclamando:
- Que droga esses sapos! Tão por toda parte! – resmungava com voz sonolenta.
- O que foi, minha filha.. te incomodaram? – Consolou minha irmã.
- Ahhh.. cheguei e fui lavar o rosto ali no tanque. Tinham umas roupas da vó. Eu tirei pro lado e tinha um baita dum sapo! Eu joguei água nele, mas ele não quis sair.
Todos entreolharam-se. A essa hora o tanque já havia sido limpo, e o então sapo, retirado.
- TALIIIITHAAAAAA!!!! – gritou minha outra irmã.
- É.. eu jogava água nele e dizia: “Sai, sapo!” mas ele não saía. Aí lavei o rosto e fui dormir.
Acho que já estava na hora de o meu pai aparecer...
Subscribe to:
Posts (Atom)